INTRODUÇÃO
A palavra humanização pode ser entendida como a maneira de ver e considerar o ser humano a partir de uma visão global, buscando superar a fragmentação da assistência. Um dos aspectos que envolvem uma prática dessa natureza está relacionado ao modo como lidamos com o outro. Assim, essa característica implica em fazermos a diferença no modo como lidamos com outro, tratando-o com dignidade e respeito, valorizando seus medos, pensamentos, sentimentos, valores e crenças, estabelecendo momentos de fala e de escuta (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
Humanizar não é uma técnica ou artifício, é um processo vivencial que permeia toda a atividade das pessoas que assistem o paciente, procurando realizar e oferecer o tratamento que ele merece como pessoa humana, dentro das circunstâncias peculiares que se encontra em todos os momentos no hospital (LIMA, 2004).
Na humanização Neonatal são preconizadas várias ações, as quais estão voltadas para o respeito às individualidades, à garantia da tecnologia que permita a segurança do recém-nato e o acolhimento ao bebê e sua família, com ênfase no cuidado voltado para o desenvolvimento e psiquismo, buscando facilitar o vinculo pais-bebê durante sua permanência no hospital e após alta.
A importância do envolvimento da equipe de enfermagem na assistência ao binômio mãe-filho ressalta a necessidade de humanizar essa assistência facilitando a interação entre equipe profissional-RN-mãe. Esse cuidado proporciona o crescimento e desenvolvimento e recuperação do RN de forma satisfatória e contribui para minimizar os efeitos nocivos provocados pela hospitalização, tornando os pais elementos ativos dentro do processo de hospitalização, além de contribuir para uma boa qualidade de sobrevida do bebê (MOREIRA, 2001).
Para os pais a UTI Neonatal é um ambiente de esperança e de medo. Esperança por saber que este é um local preparado para atender melhor seu filho e aumentar as chances de sobrevida. Medo por saber dos riscos inerentes aos pacientes que vão para tal ambiente, e ainda, sentimentos de frustração, por não estarem em geral, preparados para esta separação. Na intenção de diminuir os efeitos dessa separação, têm surgidos métodos que buscam garantir à mãe e à criança a oportunidade de estarem juntos após o parto para que o desenvolvimento do apego não seja prejudicado (FERREIRA; VIEIRA, 2003).
A humanização da assistência na UTIN deve se pautar no cuidado singular, na integridade e no respeito à vida. É dependente do encontro envolvendo cuidador e ser cuidado. A construção da “integralidade não deve ser transformada em um conceito, mas sim numa prática do cuidado que trata da valorização da vida, do respeito ao outro e das diferenças entre os seres humanos” (PINHO, 2006).
Portanto, na UTIN o cuidado de enfermagem deve estar voltado às necessidades da criança e sua família, desenvolvendo uma proposta do cuidado centrado na família, encorajando-os ao envolvimento afetivo e no cuidado de seu filho. Com isso, pretende-se preservar a indissolubilidade do binômio mãe-filho, reduzindo assim o tempo de internação, aumentando o calor afetivo e a colaboração da equipe de saúde, criando um vinculo de confiança entre família e equipe (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006).

A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)
A estrutura e organização da UTIN deve levar em conta os avanços terapêuticos e tecnológicos disponíveis para o cuidado do recém- nascido de alto risco para que possa atender a essas novas realidades. Todo planejamento e organização da UTIN, da escolha do material, recursos humanos, bem como planta física, deve levar em consideração e enfatizar o cuidado centrado na família em todos os aspectos da assistência, da admissão até a alta hospitalas, quando então a assistência integral ao recém-nascido de alto risco e família será enfatizada. A estrutura do hospital onde será implantada a UTIN deverá ser analisada para se certificar de que possui todos os serviços técnicos e humanos de apoio para atender as demandas do cuidado do recém-nascido enfermo, 24 horas por dia, como: laboratório clínico e patológico, radiologia, farmácia, ECG, serviço social, ecocardiograma, gasometria, banco de sangue, entre outros (TAMEZ e SILVA, 2006).
Na UTIN há equipes especializadas de médicos e enfermeiros, além de outros profissionais de saúde e pessoal de apoio contando com a retaguarda de exames complementares, laboratoriais e radiológicos, tudo funcionando 24 horas por dia; equipamentos modernos como incubadoras, respiradores, monitores cardíacos e de oxigenação, entre muitos outros, são obrigatórios neste ambiente de UTIN de modo a garantir todos os cuidados que o bebê precisa (Grupo de Trabalho de

Humanização
Segundo Nogueira (1997) palavra humanização pode ser entendida como a maneira de ver e considerar o ser humano a partir de uma visão global, buscando superar a fragmentação da assistência. Um dos aspectos que envolvem uma prática dessa natureza está relacionado ao modo como lidamos com o outro. Uma das características do processo de trabalho em saúde é que o mesmo “se funda numa inter-relação pessoal muito intensa”. Assim, essa característica implica em fazermos a diferença no modo como lidamos com outro, tratando-o com dignidade e respeito, valorizando seus medos, pensamentos, sentimentos, valores e crenças, estabelecendo momento de fala e de escuta.
Humanizar de acordo com os valores ético consiste fundamentalmente, em tornar uma prática bela, por mais que ela lide com o que tem de mais degradante, doloroso e triste na natureza humana, o sofrimento, a deteriorização e a morte. Refere-se, portanto, a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro e de reconhecimento dos limites. O ponto chave do trabalho da humanização está no fortalecimento desta posição ética de articulação do cuidado ético técnico cientifico, já construído, conhecido e denominado, ao cuidado que incorpora a necessidade, a exploração e acolhimento do imprevisível, do incontrolável, ao indiferente e singular (MORAES et al., 2004).
Segundo Lima (2004) “humanizar não é uma técnica ou artifício, é um processo vivencial que permeia toda a atividade das pessoas que assistem o paciente, procurando realizar e oferecer o tratamento que ele merece como pessoa humana, dentro das circunstâncias peculiares que se encontra em cada momento no hospital”.
A humanização representa um conjunto de iniciativas que visa à produção de cuidados em saúde, capaz de conciliar a melhor tecnologia disponível com promoção de acolhimento, respeito ético e cultural ao paciente, espaços de trabalho favoráveis ao bom exercício técnico e a satisfação dos profissionais de saúde e usuários (DESLANDES, 2004).
Assim humanizar passa a ser responsabilidade de todos, individual e coletivamente. Jamais estará dada, sendo preciso reconstruí-la em todos atos de saúde, quer aqueles burocráticos – administrativos, quer aqueles relacionais. Humanização no setor saúde é ir além da competência tecnocientífica – política dos profissionais, compreende o desenvolvimento da competência das relações inter-pessoais que precisam estar pautadas no respeito à vida, na solidariedade, na sensibilidade de percepção das necessidades singulares dos sujeitos envolvidos (CASATE e CORRÊA, 2005).
Segundo Baraúna (2000) humanizar é acolher esta necessidade de resgate e articulação de aspectos indissociáveis: o sentimento e o conhecimento. Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática na qual o enfermeiro, o profissional que cuida da saúde do próximo, encontre a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido, do imprevisível, do incontrolável, do diferente e singular, reconhecendo os seus limites. A possuir uma pré-disposição para a abertura e o respeito ao próximo como um ser independente e digno.

Humanização em UTIs
A humanização em UTI onde se presta cuidados a pacientes críticos, os profissionais de saúde especialmente os enfermeiros, necessitam utilizar a tecnologia aliada a empatia, a experiência e a compreensão do cuidado prestado fundamentado no relacionamento interpessoal terapêutico, a fim de promover um cuidado seguro, responsável e ético em uma realidade vulnerável e frágil. Cuidar em Unidades Criticas é ato de amor, o qual esta vinculado: a motivação, comprometimento, postura ética e moral, características pessoais, familiares e sociais (SILVA, 2000).
Na humanização do cuidado Neonatal, o Ministério da Saúde preconiza várias ações, as quais estão voltadas para o respeito às individualidades, à garantia da tecnologia que permita a segurança do recém-nato e o acolhimento ao bebê e sua família, com ênfase no cuidado voltado para o desenvolvimento e psiquismo, buscando facilitar o vínculo pais-bebê durante sua permanência no hospital e após a alta (REICHERT; LINS; COLLET, 2007). Segundo Scochi (2000) a importância da manutenção da qualidade de vida do prematuro internado em uma UTI Neonatal determinou a busca de um atendimento individualizado e direcionado ao desenvolvimento integral do bebê e sua família. Assim, o pai e a mãe foram inseridos no processo de trabalho, tendo em vista o fornecimento de estímulos sensoriais ao neonato, ao estabelecimento do vinculo e apego, além do preparo para o cuidado domiciliar melhorando a qualidade de vida do bebê. A família, quando introduzida no processo de trabalho da unidade, foi considerada pelos profissionais como um agente e foi envolvida na implementação de intervenções que os profissionais julgavam ser importantes para suprir as necessidades da criança e da família. Contudo, nem sempre a família tem sido ouvida nesse processo e, portanto, não conhece a expectativa da equipe em relação a sua participação na assistência. Ao adentrar ao hospital, a família traz consigo a necessidade de vivenciar o nascimento do seu filho, provando sensações novas, enfrentando risco de seqüelas e da morte, tendo medo e insegurança de realizar o cuidado domiciliar (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006). Segundo Clipping (2001) a humanização leva a um contato mais próximo, a uma relação mais humana entre o bebê, a família e os próprios profissionais. O hospital não é um ambiente ideal para bebês, e hoje em dia os profissionais são muito técnicos é necessário que se tente buscar criar um espaço mais adequado e assim não tratar os neonatos como números, mostrando que apesar de serem frágeis e pequenos, merecem respeito como seres humanos em primeiro lugar enfim, criar uma nova humanização dentro de um local que às vezes por causa da correria fica difícil encontrar.

ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO


A Humanização do cuidado de Enfermagem na UTIN
O trabalho de enfermagem é considerado como um processo particular do trabalho coletivo em saúde. Tem um caráter subsidiário, complementar e tem como objeto de trabalho, o corpo humano individual e coletivo.
A preocupação com a humanização da assistência em uma unidade de terapia intensiva neonatal não deve se restringir ao ato de saúde em si. Pensar na melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais implica em mudanças nas formas de gestão hospitalar, na melhoria da infra-estrutura e no fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais (GAÍVA, 2004).
Além dos aspectos de compromisso e infra-estrutura e gestão hospitalar, a humanização envolve o ato de saúde em si. Nas UTI’s observa-se a preocupação da equipe de enfermagem com o quadro clínico do recém nascido, porém, identifica-se a dificuldade em vislumbrar o bebê em sua integridade, que faz parte de uma família, e que essa se encontra desequilibrada. Portanto, na UTIN o cuidado de enfermagem deve ser voltado às necessidades da criança e sua família, encorajando-os ao envolvimento afetivo e no cuidado de seu filho.
Com isso, pretende-se preservar a indissolubilidade do binômio mãe-filho, reduzindo assim o tempo de internação, aumentando o calor afetivo e a colaboração da equipe de saúde, criando um vinculo de confiança entre família e equipe (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006).
A enfermagem identifica como ações de humanização no cotidiano do cuidado aquelas que envolvem a família na assistência, deixando a mãe sempre ao lado do bebê. Observa-se que a família é apreendida de forma fragmentada, pois a enfermagem restringindo-se a responder os questionamentos de rotinas do hospital, já que muitas vezes os familiares nem sabem o que perguntar, pois não entendem o que está acontecendo com o filho, a gravidade do problema, porque precisa permanecer naquela unidade de internação. A equipe não percebe que esses fatores potencializam o processo de aflição e estresse vivenciado, desestruturando a vida social e emocional da família.

Humanização da Assistência na UTI Neonatal
A equipe de saúde que trabalha na UTIN é confrontada diariamente com questões relacionadas à morte, utilizando muitas vezes de mecanismos de defesa para evitar o confronto com a angústia, gerada pela participação do sofrimento do paciente, podendo causar, se não trabalhado adequadamente, o estresse, o sofrimento psíquico. Nesse processo, o sofrimento pode ser potencializado pela forma como está organizado o trabalho, a saber, jornadas prolongadas, ritmo acelerado, falta de descanso ao longo do dia, ou até mesmo a jornada dupla de serviço, intensa responsabilidade na realização de tarefas para um paciente que não expressa suas angustias, irritações e medos. A vivência cotidiana com essa realidade pode levar a sentimentos de frustração, raiva, falta de confiança em si próprio, diminuição da satisfação com o trabalho, podendo, inclusive, desencadear sintomas de depressão (KNOBEL, 1998).
Para que o trabalho não se torne mecanizado e desumano, é necessário que os profissionais estejam instrumentalizados para lidar as situações do cotidiano, recebendo auxilio psicológico e aprendendo a administrar sentimentos vivenciados na pratica assistencial. Vale salientar que, para o desenvolvimento de ações humanizadas seja a filosofia da instituição. Portanto, esta deve estar comprometida com um projeto terapêutico que contemplem a humanização das relações de trabalho, da assistência e do ambiente de trabalho. Nesse contexto, é fundamental o incentivo à equipe, valorizando os profissionais enquanto seres bio-psico-sociais, pois, quando se sentem mais respeitados, valorizados e motivados como pessoas e profissionais, podem estabelecer relações interpessoais mais saudáveis com os pacientes, familiares e equipe multiprofissional (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003).
Outro aspecto importante que influencia no desenvolvimento do trabalho é o fato de a equipe de enfermagem, geralmente, estar vinculada a mais de um emprego, dobras de plantões, horas extras, sobrecarga de trabalho sem descanso, resultando em fadiga, tensão e irritação. Devido ao esforço físico diário, repetições de tarefas e a necessidade do trabalho ser realizado em pé, os trabalhadores sofrem com o desgaste físico (SILVA, 1996).
A importância da qualidade de vida do prematuro determinou a busca de um atendimento individualizado e direcionado ao desenvolvimento integral do bebê e de sua família. Assim, o pai e a mãe foram inseridos no processo de trabalho, tendo em vista o fornecimento de estímulos sensoriais ao neonato, ao estabelecimento do vínculo afetivo e apego, além do preparo para o cuidado domiciliar melhorando a qualidade de vida do bebê e da família (SCOCHI, 2000).
Com a inclusão da família no processo assistencial, surgiu a necessidade de instrumentalizar os profissionais com os conhecimentos em psicologia familiar, apego entre mãe e filho, relacionamento interpessoal e direitos humanos, para que a atuação seja de atenção à saúde humanizada.
A enfermagem acerca da humanização do cuidado tem em vista as especificidades de seu objeto de trabalho. Na UTIN a humanização da assistência de enfermagem procura pautar-se no cuidado singular do recém nascido e sua família, na integralidade e no respeito à vida. O encontro envolvendo cuidador e ser cuidado deve ter como fio condutor a escuta sensível para a construção de uma pratica do cuidar que seja capaz de conciliar a melhor tecnologia disponível com a promoção de acolhimento, vinculo e responsabilização.

A Enfermagem como Agente Facilitador no Processo de Humanização
A UTIN é por excelência, o ambiente destinado ao atendimento de bebês de alto risco e, para tanto, exige de toda a equipe um preparo que sustente a complexidade das atividades desenvolvidas.
No tocante à equipe de enfermagem assume um leque de atribuições, capacidades e responsabilidades que são essenciais para avaliar, entender e apoiar com segurança o RN e a sua família durante o tempo crítico de permanência no hospital (MOREIRA, 2001).
A Enfermagem tem papel relevante na manutenção das condições da vitalidade dos recém nascidos, devendo fundamentar suas ações em conhecimentos científicos. Cabe ao enfermeiro da UTIN organizar o ambiente, planejar e executar os cuidados de enfermagem de acordo com a necessidade individualizada e resposta de cada criança, exercendo assim, uma assistência integral, de qualidade e humanizada (SCOCHI, 2001).
A capacitação dos profissionais de enfermagem para aprender as necessidades singulares de cada bebê é de grande importância para que os procedimentos e cuidados de rotina, dolorosos e invasivos sejam empregados de forma individualizada e singular. Um dos primeiros passos nesse sentido é a observação acurada das respostas comportamentais e fisiológicas do bebê, visando à diminuição do estresse e da dor, contribuindo para o seu conforto, segurança e desenvolvimento (REICHERT; LINS; COLLET; 2007).
Para que a assistência de enfermagem do bebê seja de qualidade, é fundamental atender as necessidades de repouso, calor, nutrição, higiene, observação e atendimento contínuo. A observação rigorosa do comportamento da criança deve ser feita antes de ser submetida a uma manipulação, durante os cuidados rotineiros e depois da execução dos mesmos, com a finalidade de identificar sinais de dificuldade de adaptação do bebê ao ambiente extra-uterino, porém, vale ressaltar que não deve se deter apenas ao atendimento das necessidades biológicas do RN, mas envolver suas necessidades emocionais, aprendendo-o de forma holística.
Na pratica clinica, o desempenho do papel da enfermagem junto aos pacientes nem sempre revela ações de apoio à interação pais/recém-nascidos, mas se mostram centrados nos aspectos técnico biológicos, o que se constitui em fonte geradora de conflito, na medida em que tal situação reflete contradição entre a formação acadêmica e o exercício profissional (SCOCHI, 2001). É importante que os profissionais de enfermagem, implementem suas ações no fortalecimento de relações interpessoais que envolvam a criança e os pais, possibilitando reflexões e fornecendo apoio necessário acerca de seus conhecimentos, ansiedades e expectativas. Tal conduta é prioritária, em se tratando de UTIN, pois neste setor a capacidade técnica é fundamental para a sobrevida dos recém nascidos, porém, priorizações das questões psicoafetivas dos bebês e de seus familiares não deve ser deixada de lado (CARVALHO, 2002).
A enfermagem e a família sempre estiveram próximas, vivendo momentos difíceis que demandam dela ações, sentimentos e pensamentos que, muitas vezes ultrapassam suas possibilidades conhecidas, a família necessita de um enfermeiro capaz, que lhe ajude a olhar esses momentos como possibilidade de superar-se nas habilidades que lhe faltam para o enfrentamento da doença do bebê (LAMY; GOMES; CARVALHO; 1997).
Salientando o papel da enfermagem na UTIN, ressaltamos que a assistência e o cuidado de enfermagem devem ser considerados como a mola propulsora para humanizar o ambiente da UTI (ARAÚJO, 2005).
O relacionamento entre o profissional de enfermagem e a família deve ser um encontro de subjetividade do qual emergem novas compreensões e interpretações, contribuindo para o sucesso do tratamento e a superação da crise ocorrida durante a hospitalização. Nesse sentido é importante estar atento ao fato de que as propostas de humanização em saúde também envolvem o processo de formação do profissional, ainda centrado no aprendizado técnico e individualizado, com tentativas muitas vezes isoladas de exercício da critica, criatividade e sensibilidade levando a cristalização dos sentimentos do profissional na construção de uma relação de ajuda eficiente aos usuários dos serviços de saúde bem como seus familiares (FERNANDES; ANDRAUS; MUNARI; 2006).
Portanto, humanizar a assistência à família e ao bebê implica oferecer um cuidado integral e singular a ambos, dando ênfase às suas crenças, valores, individualidades e personalidade, uma vez que cada ser é único, porém, envolvido em um contexto familiar, que possui uma história de vida, e por isso, deve ser respeitado para que se possa manter a dignidade desse grupo durante a hospitalização.


FAMÍLIA
O vínculo afetivo entre pais/ família e filho
Segundo Jamez (2006), somente nos últimos anos é que se reconheceu a importância em atender não só as necessidades do neonato, mas também os aspectos psicossociais dos pais. Muitas UTI neonatais já assumiram esse papel importante de guiar os pais a passar por esse período estressante de hospitalização. Atualmente está sendo promovido o cuidado centrado na família, onde os pais são participantes ativos desde admissão até a alta hospitalar. É essencial que a família acompanhe o filho durante essa fase, participando dos cuidados, para que possa ser capaz de cuidar dele após a alta hospitalar e todos se sentirem seguros quanto a esse aspecto.
O nascimento de um bebê idealizado pelos pais durante a gestação é um momento de muitas modificações e realizações. Com as primeiras manifestações de vida em seu útero, a mulher começa a imaginar como será o seu bebê, atribuindo-lhe características pessoais, passando a desenvolver, a partir deste momento, sentimentos de apego que influenciarão por toda a vida da criança (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
A separação do bebê de seus pais logo após o nascimento devido uma patologia, gera reações diferentes e imprevisíveis, especialmente quando esse bebê é internado em uma UTIN. Tal experiência representa aos pais um momento conflituoso em suas vidas, gerando alterações no seu cotidiano, trazendo sentimentos de angústia, dúvidas, medo do prognóstico e dificuldade na aceitação da separação e condição do filho (RICHERT; LINS; COLLET, 2007).
Separar uma mãe de seu bebê antes que ela esteja pronta para compartilhá-lo com outras pessoas podem diluir seu sentimento de competência e importância para com o bebê (BRAZELTON, 1988).
O ambiente da UTIN que é tão familiar para os profissionais de saúde, para os pais, é percebido como assustador, razão pela qual eles têm dificuldade de reconhecer o bebê como seu. Essa dificuldade no reconhecimento ocorre porque, durante a gravidez, os pais sonham com um bebê imaginário saudável, perfeito e lindo. Então, quando do nascimento, há um contraste muito grande entre a criança imaginária e aquela que eles visualizam (FERRAZ e CHAVES, 1996).
A situação critica vivenciada pelo recém-nascido de risco é geradora de grande estresse na família, especialmente nos pais, sendo intensificado pelo próprio ambiente físico da UTIN, pela insuficiência de informação. Promove um desequilíbrio emocional do bebe e de seus pais. Com a internação os pais podem criar fantasias ameaçadoras em torno das diferentes situações que envolve o termo UTI (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
O desequilíbrio emocional gera conflitos e agrava a sensação de culpa dos pais, dificultando sua compreensão que é importante para o bebê que eles estejam presentes no processo de hospitalização, a equipe de saúde deve considerar esses sentimentos no processo cotidiano de humanizar a assistência (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
A família vive uma tensão entre a aproximação e o distanciamento da criança devido a doença, a possibilidade de terminalidade. O estabelecimento e a manutenção do vínculo durante o período de hospitalização é fundamental para despertar do cuidado da família para com o bebê, como também, para acelerar o processo de recuperação da saúde deste. O contato íntimo com os pais com o bebê e o apego dos mesmos, exerce profundos efeitos no futuro crescimento e desenvolvimento do filho. Esse apego não pode ser visto somente como o inicio de um processo de experiências com o neonato bastante complexo (REICHERT; LINS; COLLET, 2007).
A recuperação do bebê não depende unicamente dos cuidados médicos e de enfermagem, mas também dos cuidados e do carinho que possa vir a receber de seus pais (LAMY e GOMES, 1997).
Um ponto importante a ser considerado no tratamento do RN de risco é reduzir a ansiedade dos pais por meio de oferecimento do apoio, para ajudá-los na expressão de seus sentimentos (FERRAZ e CHAVES, 1996).


Apego para o recém-nascido
O apego como o resultado de um processo, depende de toda uma relação de troca mútua de estímulos que levam a uma “dependência” entre os participantes do processo. O processo de vinculação culmina com o apego, que se inicia no momento em que se planeja ter um filho, que se desenvolve com as experiências que a mãe e o filho vão sofrendo durante a gestação é após o nascimento da criança em que a mãe passa a conhecer e compreender melhor o filho (BRAZELTON, 1988).
Esse sentimento influencia no desenvolvimento da criança e nas suas relações sociais, bem como auxilia a mãe a desempenhar com maior competência seu papel materno (FERREIRA e VIERA, 2003).
Nos casos onde a interação mãe/RN é impossibilitada, devido a complicações de saúde da mãe ou do RN, a troca de idéias, o apoio e o conforto emocional devem ser oferecidos por parte da enfermagem, a fim de ajudar os pais a se vincular aos filhos mesmo sem este contato prévio. Tal contato facilita e acelera o tempo para que o apego se desenvolva porem, não limita a ocorrência deste somente neste período (KLAUS e KENNELL, 1993).
Para Brazelton (1988), a mulher após um parto prematuro inconscientemente tende a culpar-se pelos fatos que deram errado e busca muitas vezes esconder-se sob uma depressão. Esse sentimento interfere no estabelecimento de um relacionamento com o filho, visto que as mães sentem-se perigosas para o filho e com isso evita de tocá-lo. Com isso as mães conformam em deixar os cuidados para a figura da enfermeira, quem a mãe julga ter maior competência para cuidar do seu filho, sem colocá-lo em risco. Que pensam que elas podem oferecer um melhor atendimento materno para seus filhos, que são acompanhados de um sentimento de inferioridade.
O relacionamento afetivo entre a mãe e o filho um fator distinto que influencia o desenvolvimento da identidade materna e é relacionado com a realização do papel da mãe que busca proporcionar amparo físico, bem como psicológico para o filho. Uma mulher deve desenvolver o laço emocional com o filho de modo a prover os cuidados apropriados á criança para o bem sucedido desenvolvimento da sua identidade de mãe (FOWLES, 1996).

Método Mãe-Canguru
O contato pele a pele, também conhecido como “cuidado canguru”, levou esse nome porque as mães canguru carregam seus filhotes em contato pele a pele enquanto esses se desenvolvem. O contato pele a pele é um método em que o RN, após o nascimento, é colocado pele a pele com a mãe em posição vertical na região torácica entre os seios (JAMES e SILVA, 2006).
Para amenizar e facilitar a adaptação materna e a recuperação mais rápida do RN, quando separados, tem um método que tem por princípio o contato pele a pele da mãe com o RN, a fim de que essa possa ajudar na recuperação do seu filho, bem como desenvolver gradativamente seu sentimento de responsabilidade e adequação, alem de prevenir para que o sentimento de apego se desfaça neste momento de crise (FERREIRA e VIERA 2003).
O programa é dirigido á RNs de baixo peso, para manter o RN em contato direto com o corpo, para lhe oferecer, estímulo e afeto; privilegiar o aleitamento materno; favorecer o estabelecimento precoce do vínculo afetivo entre a mãe e seu filho; fazer o acompanhamento do desenvolvimento do RN; proporcionar apoio e treinamento ás famílias (CHARPAK, 1999).
Segundo os autores, o método mãe-canguru tem dois objetivos fundamentais: suprir a insuficiência de recursos maternais, onde a incubadora é substituída pela mãe e o RN pode então continuar seu crescimento junto ao seio materno, que lhe fornece calor, alimento e proteção contra as infecções hospitalares; evitar a separação prolongada entre a mãe e o RN, visto que o RN carregado pela mãe pode integrar-se a família, ás vezes, desde o momento do seu nascimento.
Segundo ao Ministério da Saúde (1999), aplicabilidade do método pode ser dividida em três etapas:
Estabelece após o nascimento de um RN de baixo peso que necessita de internação, compreendendo ações como orientar a mãe e a família sobre as condições de saúde da criança e estimular livre e precoce acesso dos pais á Unidade Neonatal, propiciando sempre que possível o contato tátil com o RN, devendo ser iniciadas medidas para estímulo á amamentação;
A mãe e a criança estão aptas a permanecer em enfermaria conjunta onde à posição canguru será realizado pelo maior tempo possível;
Acompanhamento ambulatorial, onde as atribuições da equipe de saúde do ambulatório de acompanhamento são realizar exame físico completo da criança.
Para que o método tenha sucesso, a família deve ser estimulada e orientada quanto á participação e, nesse sentido, o papel da enfermagem é de grande relevância, visto que pode auxiliar e apoiar os pais na realização dos cuidados com o seu filho (FERREIRA e VIERA 2003).
Com o uso do método constatou satisfação materna na participação. Segundo o artigo publicado por Pereira (2002), que relata falas de mãe que perceberam melhoras nos seus filhos quando ficaram em contato com elas; elas tinham maior disposição para cuidar de seus filhos, e acreditaram na sua recuperação, perceberam que seus filhos acalmavam quando em contato com elas; maior segurança das mães quando estavam com os filhos e também pelo suporte técnico oferecido pela equipe.

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