SILVA, Daiane Kelen Cardoso¹
SOUZA, Alessandra Machado²
FERREIRA, Tadeu Nunes ³
Resumo: A anemia ferropriva é uma doença caracterizada por baixa concentração de ferro no organismo. Problema de Saúde Pública em todo o mundo, sendo 95% das anemias decorrentes da carência de ferro atingindo especialmente à população infantil. (BISCEGLI,2008) OBJETIVO: Conhecer e abordar a importância do fornecimento de informações relacionadas a administração de sulfato ferroso, na prevenção e tratamento da anemia ferropriva em menores de 24 meses de idade. MÉTODO: Caracteriza-se como estudo de revisão bibliográfica em que a busca dados consistiu na pesquisa de adjuvantes ou não da absorção do ferro. Detectou-se que a presença de vitamina C(ácido ascórbico) e açúcares(ribose) beneficiam tal metabolismo, mas também deve-se evitar administrar sulfato ferroso no intervalo da ingestão de alimentos contendo cafeína, cálcio, proteínas e polifenóis, por serem inibidores da absorção do ferro. RESULTADO: A pesquisa permitiu conhecer a importância dos alimentos que ajudam e inibem a absorção do ferro. Isso porque no país, existe o Programa Nacional do Ferro que consiste em fornecer sulfato ferroso profilático para crianças de 6 aos 18 meses de idade pela atenção primária.(BRASIL,2005)


1-Introdução

A anemia ferropriva é uma associação de vários fatores etiológicos gerando um déficit entre a demanda orgânica e a quantidade de ferro absorvida. Dentre os fatores de risco à anemia mais citados na literatura, são: baixa renda familiar, baixo grau de instrução materna, inacessibilidade aos serviços de saúde, impróprias condições no saneamento básico e dieta pobre em ferro. Destacam-se como determinantes do problema: baixa ingestão do mineral (Fe) e de alimentos que promovam sua absorção, deficiência de outros nutrientes envolvidos no seu metabolismo e presença de inibidores. Crianças menores, em fase acelerada de crescimento, nascido com <2500g, desmame precoce em alimentação complementar à base de leite de vaca deficiente em alimentos contendo ferro do tipo heme (carnes) são as maiores vítimas de anemia carencial,(OLIVEIRA,2007). "Quanto à deficiência de ferro, ela pode afetar o desenvolvimento cognitivo e o crescimento físico das crianças, assim como a imunidade e a morbidade por infecções, sendo que as maiores prevalências ocorrem no segundo ano de vida" (MODESTO, 2007, p.3).
No Brasil, o programa nacional de suplementação do ferro e a obrigação de fortificar farinhas de trigo e milho com ferro, ácido fólico e orientação nutricional fazem parte do conjunto de medidas direcionadas para promoverem a diminuição da anemia ferropriva. O programa consiste em fornecer sulfato ferroso profilático para crianças de 6 aos 18 meses de idade (BRASIL, 2005).
Pelo apresentado percebe-se a importância da realização do estudo abordando informações associadas a administração de sulfato ferroso,pois contribuirá para um melhor tratamento e prevenção da anemia ferropriva.Isso porque a pesquisa na saúde, especificamente na enfermagem, permite uma melhor prática do cuidado, baseado em evidências que beneficiará principalmente o paciente. Por que na proporção que o enfermeiro se torna mais capacitado, utilizando o recurso da pesquisa o conhecimento científico adquirido será criticado para realização de procedimento e tomada de decisões (LOBIONDO-WOOD & HABER, 2001)

2-Objetivo:

Conhecer e abordar a importância do fornecimento de informações relacionadas a administração de sulfato ferroso, na prevenção e tratamento da anemia ferropriva em menores de 24 meses de idade.

3-Metodologia:

O estudo caracteriza-se como estudo de revisão bibliográfica em que a busca dados consistiu na pesquisa de adjuvantes ou não da absorção do ferro, mas também sobre anemia ferroriva, cuidados na administração de sulfato ferroso e políticas atuais sobre o tratamento e prevenção da anemia ferropriva.A a coleta dos mesmos foi realizada em literaturas e artigos científicos na base de dados Scielo.

4-RevisãodeLiteratura: A anemia ferropriva é uma doença caracterizada por baixa concentração de ferro no organismo. Um grave problema de Saúde Pública em todo o mundo, sendo 95% das anemias decorrentes da carência de ferro. Tem maior prevalência de acontecer nos países em desenvolvimento, com maior grau de comprometimento à população infantil. No Brasil, encontra-se um aumento na prevalência de anemia em crianças ao longo dos anos. (BISCEGLI,2008)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define anemia como "um estado em que a concentração de hemoglobina do sangue é anormalmente baixa em conseqüência da carência de um ou mais nutrientes essenciais". (BRASIL, 2002)
O risco de anemia é maior ao longo do primeiro ano de vida da criança, tal risco aumenta de 33,7% para 71,8%, do primeiro para o segundo semestre de vida.(MODESTO2007)
Menores de dois anos têm maior vulnerabilidade a anemia ferropriva pela demanda gerada no crescimento e a insuficiente ingestão do mineral na biodisponibilidade e quantidade correta na dieta de tal faixa etária.(ENGSTROM,2008)
A anemia ferropriva é uma associação de vários fatores etiológicos gerando um déficit entre a demanda orgânica e a quantidade de ferro absorvida. Dentre os fatores de risco à anemia mais citados na literatura são baixa renda familiar, baixo grau de instrução materna, inacessibilidade aos serviços de saúde e imprópria condições no saneamento básico e dieta pobre em ferro. Destacam-se como determinantes do problema: baixa ingestão do mineral (Fe) e de alimentos que promovam sua absorção, deficiência de outros nutrientes envolvidos no seu metabolismo e presença de inibidores. Crianças menores, em fase acelerada de crescimento, nascido com peso < 2500g, desmame precoce em alimentação complementar à base de leite de vaca deficiente em alimentos contendo ferro do tipo heme (carnes) também contribuem (OLIVEIRA, 2007).
O ferro é importante para a homeostase celular, essencial no transporte de oxigênio, atua na síntese de hemoglobina (Hb), eritroblastos, da mioglobina dos músculos e nos citocromos do fígado. A deficiência de ferro trás conseqüências para todo o organismo, sendo a anemia a manifestação de maior relevância (GROTTO, 2008).
O tratamento para anemia ferropriva é uma dose de sulfato ferroso (25mg de ferro/mL ou 100mg/mL) por dia, no intervalo das refeições, para crianças com palidez palmar, durante dois meses. Vale ressaltar que a posologia é determinada de acordo com a idade e peso da criança, bem como a forma do medicamento apresentada, solução ou xarope,(BRASIL,2004).

Grotto (2008) cita que em média uma dieta fornece de 13 a 18mg de ferro, mas apenas 1 a 2mg é absorvida. Sendo tal processo metabólico beneficiado pela presença de acidez (ex: ácido ascórbico) e açúcares (ex: ribose).
"Estudo desenvolvido em Pontal, São Paulo, demonstrou que o suco de laranja enriquecido com ferro, incorporado ao cardápio da creche, pode contribuir para a recuperação de crianças com deficiência de ferro e prevenir a deficiência em outras crianças." (BISCEGLI, 2008; p.9).

Modesto (2007) enfatiza a vitamina C como otimizadora da absorção do ferro não heme, origem vegetal, presentes na cenoura e beterraba, por exemplo. E também, esclarece a importância da ingestão de produtos animais, carne vermelha; vísceras e alimentos enriquecido com ferro.
Oliveira (2007), por sua vez, enumera que fitatos e polifenóis presentes no cajú, uva, banana inibem a absorção de ferro.

De acordo com Levy-Costa & Monteiro apud Oliveira (2007; p.9) o predomínio de leite de vaca na dieta está relacionado com o aumento do risco de anemia. Há relatos na literatura de que o leite de vaca e componentes (proteínas e cálcio) alteram o metabolismo do ferro, por inibir sua absorção.
Goldenzwaig (2005) descreve os seguintes cuidados de enfermagem durante a administração de sulfato ferroso: verificar a necessidade de reposição de ferro antes de sua administração; informar que a medicação pode ser diluída em suco ou água, tal medida reduz a ocorrência de manchas nos dentes. Evitar usar o sulfato com os seguintes alimentos: leite, ovos, café e chá, investigar a presença de desconforto gastrintestinal, caso positivo reavaliar a dosagem do ferro, informar sobre o aspecto das fezes. Monitorar durante a terapia a concentração de hemoglobina e hematócrito, contra indicar o uso concomitante com anti-ácidos e tetraciclinas devido interação medicamentosa, neste caso estabelecer esquema de administração com intervalo mínimo de 2 horas entre eles.

BRASIL (2005) estabeleceu que ao fornecer o sulfato ferroso ao usuário associar orientações acerca de alimentação saudável e rica em ferro, e também informar sobre os alimentos facilitadores e dificultadores de sua absorção. Quem acompanha o crescimento e desenvolvimento infantil (CD), deve investigar a utilização do medicamento e o mesmo é válido nas visitas domiciliares pelos agentes de saúde. Tudo isso com o objetivo de prevenção.
Os responsáveis devem ser orientados que a medicação deve ser administrada antes das refeições 30 minutos no mínimo com suco de fruta rico em vitamina C, nunca com leite. Eles também devem saber dos efeitos adversos do sulfato ferroso: fezes enegrecidas, diarréia, comum de acontecerem, mas que isso não contra indica o seu uso (BRASIL, 2005).
Associado a prevenção e estratégias, deve-se fornecer educação nutricional para implementar o cuidado e principalmente promover o aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade e sua continuidade, informar sobre dieta complementar para reduzir o consumo de leite de vaca e principalmente incentivar o consumo de alimentos contendo ferro (OLIVEIRA, 2007).


"Novos desenhos de programas centrados na suplementação com ferro passam a considerar não apenas a eficácia, mas também a efetividade - capacidade de produzir os efeitos desejados sob condições esperadas de uso ou quando parte de programas operacionais. Nessa nova concepção, o foco das ações, antes voltado para o tratamento, desloca-se para a prevenção da ADF, sendo a adesão um ponto chave para o sucesso da intervenção" (ENGSTROM, 2008, p.3).
Segundo o preconizado pela estratégia (AIDPI),Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância, elucida que uma criança ao ser classificada com anemia tem possibilidades de desenvolver uma doença grave.(MINISTÉRIO DA SAÚDE,2001)

"A deficiência de ferro tem como conseqüências: perda da resistência às infecções, com infecções de repetição em curtos intervalos de tempo; redução da capacidade lúdica; perda de apetite e distúrbios na área neuropsicomotora ? muitas vezes irreversíveis, mesmo após o tratamento adequado" (BISCEGLI, 2008; p.3).

Assim, se torna um problema de saúde pública por prejudicar o desenvolvimento mental, piscomotor, baixa no desenvolvimento do indivíduo e contribuindo para aumento da taxa de mortalidade infantil (JORDÃO, 2009).
No país, existe o Progama Nacional do Ferro que consiste em fornecer sulfato ferroso profilático para crianças de 6 aos 18 meses de idade pela atenção primária(BRASIL,2005).Além disso o tratamento de anemia pode ser realizado em tal nível de assistência a saúde. A lei orgânica de saúde nº8080 define saúde como direito fundamental do ser humano e informa que o Estado deve promover condições para que tal direito se cumpra.(BRASIL,2002) . O Estatuto da Criança e do Adolescente nos artigos 7° e 11° garante que a proteção à vida e à saúde da criança devem ser assegurados através de políticas sociais e públicas bem como atendimento pelo Sistema Único de Saúde(ECA,1991).
5-Conclusão
Sabendo que na atenção primária a prevenção e os cuidados com a saúde da criança são prioridades, cabe somente aos profissionais de saúde implementarem o que for preciso na profilaxia e tratamento da anemia ferropriva. A enfermagem destaca-se, pois a mesma realiza o acompanhamento do desenvolvimento infantil, consultas por queixas, e prescrição de sulfato ferroso. Tudo isso associado à função de orientar, tornando-se representante com maior parcela de atuação nesse processo. (OLIVEIRA &CADETTE, 2009)
Assim, o estudo permitiu detectar que na prevenção e tratamento da anemia ferropriva a administração de sulfato ferroso não é essencial, mas associar informações sobre adjuvantes ou não da absorção do ferro, juntamente ao fornecimento do medicamento e avaliação contínua do processo se fazem necessárias. Desta maneira, haverá uma melhor promoção do tipo de cuidado prestado e eficiência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BISCEGLI, Terezinha Soares et al. Estado nutricional e carência de ferro em crianças freqüentadoras de creche antes e 15 meses após intervenção nutricional. Rev. paul. pediatr., São Paulo, v. 26, n. 2, jun. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual operacional do Programa Nacional de Suplementação de Ferro/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 28p. - (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

ENGSTROM, Elyne Montenegro et al . Efetividade da suplementação diária ou semanal com ferro na prevenção da anemia em lactentes. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 5, out. 2008. Disponível em <http://www.scielo.br.

GOLDENZWAIG, Nelma Rodrigues Soares Choiet. Administração de medicamentos na enfermagem. 5 ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2005.

GROTTO, Helena Z. W.. Metabolismo do ferro: uma revisão sobre os principais mecanismos envolvidos em sua homeostase. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São Paulo, v. 30, n. 5, out. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.

JORDAO, Regina Esteves; BERNARDI, Júlia Laura D.; BARROS FILHO, Antônio de Azevedo. Prevalência de anemia ferropriva no Brasil: uma revisão sistemática. Rev. paul. pediatr., São Paulo, v. 27, n. 1, mar. 2009. Disponível em <http://www.scielo.br.

LOBIONDO-WOOD, Geri, HABER, Judith. Pesquisa em Enfermagem, método avaliação crítica e utilização. 4 ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2001.

MODESTO, Simone Paula; DEVINCENZI, Macarena Urrestarazu; SIGULEM, Dirce Maria. Práticas alimentares e estado nutricional de crianças no segundo semestre de vida atendidas na rede pública de saúde. Rev. Nutr., Campinas, v. 20, n. 4, ago. 2007. Disponível em <http://www.scielo.br.

OLIVEIRA, Maria A. A.; OSÓRIO, Mônica M.; RAPOSO, Maria C. F. Fatores socioeconômicos e dietéticos de risco para a anemia em crianças de 6 a 59 meses de idade. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 83, n. 1, fev. 2007. Disponível em http://www.scielo.br.

OLIVEIRA, Valéria Conceição; CADETTE, Matilde Meire Miranda. Anotações do enfermeiro no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Rev. Acta Paul Enferm., 2009, 22-03, p.301.