A arte visual é uma forma de linguagem que passa uma informação ou uma mensagem tanto quanto qualquer outro meio de comunicação, é por isso que os alunos têm que conhecer a arte como uma experiência de aprendizagem ilimitada, na qual todos, que observam na dimensão onírica, na comunicatividade das formas, dos traços, das cores, das sobreposições das tintas nos induz a criar imagens para que possamos refletir em que o autor estava pensando ou em que mensagem queria nos transmitir.

É importante salientar que os discentes não têm uma educação visual e poucos sabem o que significa ou que importância tem cada forma em uma obra. A princípio todos têm um choque, pois não compreendem o que significa àquele amaranhado de formas na tela, e tão pouco que inferências têm que terem para compreender a mensagem por trás daquela pintura. Assim sem os olhos da reflexão e da crítica o alunado apesar de ver não conseguem enxergar os fenômenos artísticos que servem como base para uma análise reflexiva, e quando eles não têm esse estudo comprometem todo ou qualquer nível de análise para que se possa compreender a leitura imagética da obra.

A dificuldade se encontra também no método em que os professores utilizam juntamente com os recursos didáticos, pois a maioria ainda utiliza os desenhos mimeografados no qual cada aluno pinta como bem quer não tendo uma reflexão sobre o processo de pintura, bem como uma reflexão no processo de evolução na história da Arte.

A princípio o que se deve especular é a eficácia das aulas de Artes, logo após em fazer uma análise nos princípios conceituais, procedimentais e atitudenais no contexto de produção nas aulas de educação artística. Nesse contexto há uma mudança radical que direciona a atenção dos educadores para aulas embasadas em pintar desenhos, ao invés de estudar o processo histórico da arte com suas influências na antropologia, na filosofia, na psicologia e principalmente na cultura. "Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática." (FREIRE, 2008. P. 39) É possível reconhecer o processo literário/artístico usado pelos educadores no âmbito escolar, pois há diferenças biofisiopsicologicas para cada arte e em cada época. E a valorizar assim a pluralidade cultural do indivíduo baseando-se nas diferenças étnicas, de sexo, de crença e de classe social.

O professor que desrespeitar a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de assinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. (FREIRE, 2008. p. 59 e 60)

É no processo educativo que o professor usa de meios escusos para romper com a dialogicidade e discrimina de forma mesquinha a produção artística por causa de suas culturas e etnias. No caso do conhecimento artístico quando há um domínio do imaginário, do conhecimento crítico, da crítica da arte, do processo evolutivo e das suas particularidades da história da arte fará com que o professor privilegie sua atuação e é no terreno das imagens que a arte aflora todo seu poder de comunicação.

As formas artísticas apresentam uma síntese subjetiva de significações construídas por meio de imagens poéticas (visuais, sonoras, corporais, ou de conjunto de palavras, como no texto literário ou teatral). Não é um discurso linear sobre objetos, fatos, questões, idéias e sentimentos. A forma artística é antes uma combinação de imagens que são objetos, fatos, questões, idéias e sentimentos, ordenados não pelas leis da lógica objetiva, mas por uma lógica intrínseca ao domínio do imaginário. O artista faz com que dois e dois possam ser cinco, uma árvore possa ser azul, uma tartaruga possa voar. A arte não representa ou reflete a realidade, ela é realidade percebida de um outro ponto de vista.(PCN de Arte, 1997. p. 37)

Outro ponto fundamental é o estudo da linguagem total em que se baseia na análise usufruindo-se da razão, intuição, emoção, criatividade, relações de textura e principalmente a inter e transdisciplinariedade pictórica.

A manifestação artística tem em comum com o conhecimento científico, técnico ou filosófico seu caráter de criação e inovação. Essencialmente, o ato criador, em qualquer dessas formas de conhecimento, estrutura e organiza o mundo, respondendo aos desafios que dele emanam, num constante processo de transformação do homem e da realidade circundante. O produto da ação criadora, a inovação, é resultante do acréscimo de novos elementos estruturais ou da modificação de outros. Regido pela necessidade básica de ordenação, o espírito humano cria, continuamente, sua consciência de existir por meio de manifestações diversas. (PCN de Artes. 1997. p. 32)

A educação pela expressão é feita por meios de apropriação da história relacionada com a sua convivência em que as incertezas da linguagem visual trazem mais gozo do que a facilidade da arte televisiva, que mesmo ainda ludibria o expectador por não saber fazer a integração da educação visual numa área de Educação em que se situa no campo concreto da expressão plástica e do desenho, no entanto a sua escrita visual tem uma linguagem específica das artes plásticas e seus elementos visuais da comunicação adentram no campo da linguagem em que a intencionalidade e a informação são elementos constantes na obra pictórica.

Para que possa ser compreendida, necessita que ocorra antes um processo de alfabetização, um passado importante no sentido da alfabetização do olhar é levar a pessoa a ver a arte. Essa iniciação deve começar em casa, mas é na escola que surge a oportunidade de freqüentar o campo da arte indo a museus e exposições e assistindo a apresentações. Ver é olhar criteriosamente, treinando o olhar e questionando o gosto, "conversando" com o objeto de contemplação, contextualizando-o à época de sua criação e extraindo dele toda plenitude de seu significado. Mais que nunca, a arte representa um excelente exercício de emprego das habilidades do comparar, compreender, descrever, classificar. Cor, luz, forma, linhas, relevos, temas, estilos, tintas são campos progressivos dessa exploração. É evidente que essa alfabetização do olhar necessita de ajuda de especialistas em artes, mas em sua ausência singela humilde dos pais e professores em admitir que, além de seu olhar, existem outros mais expressivos já ensina a anima sua busca. Convidar uma criança a aprender um pouco mais para ensinar os adultos é uma maneira de animar suas pesquisas e brindar sua auto-estima. (ANTUNES, 2001. p. 79 e 80)

Os códigos de comunicação visual exercem uma forte interpretação e compreensão da linguagem imagética na dialogicidade, na qual aperfeiçoa o domínio da inteligência sobre os significados perceptivos, mas pode limitá-los também. E ao reconhecer a importância do código visual como uma publicidade para as diversas entidades como a comercial, social, política, religiosa e familiar, em que pode ampliar de forma holística o esquema de percepção do olhar, em que consiste melhorar através da aprendizagem da capacidade de discriminação.

... a cultura que vai nos ajudar a contextualizar e a globalizar, não apenas em virtude da necessária variedade de conhecimentos, mas também da ginástica mental a que somos levados. Por esse motivo, a falha não está na especialização, mas na hiperespecialização, que se transforma em uma clausura e tolhe a cultura. É preciso religar as duas culturas, a chamada humanista (a literatura, as artes, a filosofia) e a científica. (MORIN, 2003. P. 50)

Assim, a produção e a organização da arte visual exercem uma forte influência no ensino-aprendizagem do cidadão, pois sabemos que em todo âmbito social há uma abordagem seqüencial de imagens que nos induzem, nos intencionam e nos propõem a algo, porque somos alienáveis, e baseando nessa observação é que acredito no aprendizado lúdico nas obras pictóricas e no desenvolvimento cognitivo dos jovens.

É, pois, fundamental que compreendamos o papel de leitor que tais textos nos reservam. E para tal compreensão precisamos contemplar, à luz clara do meio-dia, o retrato de nós mesmos que esses textos apresentam. Em outras palavras: a imagem com que tais textos nos representam corre o risco de afivelar-se ao nosso rosto como máscara, deixando nossa face na sombra. (LAJOLO, 2001. P. 37)

É importante não restringir o uso do imaginário de uma criança, visto que ela tem uma forte relação com a linguagem imagética, em que se traduz em uma relação íntima com o mundo que a cerca, traduzindo suas relações com o mundo imaginário de seu cérebro interferindo, dessa maneira, positivamente no uso de sua linguagem onírica, no qual ela cria um amigo imaginário para se relacionar e aflora a sua imaginação poética frete aos símbolos imagéticos.

Muitas vezes a educação visual é encarada com preocupação por parte dos familiares, pois há censura feita às crianças, já que eles encaram como devaneios dela por ser muito ligada no mundo da imaginação, sendo que essa preocupação jamais deveria existir, visto que representa um ótimo exercício cerebral para a criança, e quando inibe essa educação visual a transforma de forma débil e ineficiente para um parâmetro ideológico, reflexivo e crítico do ser humano.

REFERÊNCIA

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37 ed. São Paulo: Paz e Terra. 2008.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2005

ANTUNES, Celso. A teoria das inteligências libertadoras. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

LAJOLO, Mariza. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6 ed. São Paulo: Ática, 2001. (Série: Educação em ação)

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: arte / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

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