O Império foi marcado por grandes derrotas em relação à Educação, pois, era claro o interesse dos nobres em que o ensino se limitasse àqueles que tinham dinheiro.

Nesse período pouco se fez ao ensino primário, pois, nunca fora o objetivo da corte, como já citado, anteriormente.

"O desprezo que a elite nutria pelo trabalho, sobretudo pelo trabalho manual – que estava bem de acordo com a estrutura social e econômica vigente – explica em parte o abandono do ensino no primário e o total desinteresse pelo ensino profissional. A repulsa pelas atividades manuais levava essa elite a considerar vis as profissões ligadas às artes e aos ofícios. Só mesmo o descaso com que o ensino com que o ensino primário era tratado e a falta de visão na busca de soluções para os problemas educacionais permitem entender a adoção por tanto tempo do método lancasteriano, nas escolas brasileiras." ( Werebe- 1974, p. 369).

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O método Lancaster (1789) era o que o Brasil tinha de melhor nessa época, as crianças tinham um pouco de noção da leitura, do cálculo, da escrita, e do catecismo. Esse método é instituído para suprir a falta de professores e apesar de suas falhasfoi usado por 15 anos.

A metodologia Lancasteriana era formada em um ambiente definido que atendia cerca de 100 alunos sendo que, nesse espaço só havia um professor e esse, por sua vez, escolhia um aluno, o mais adiantado, que deveria ensinar 10 outros (decúria). Assim ele era chamado de decurião. Como relata Fávero ( art. 2002, p. 67)

"Esses alunos auxiliares se denominavam monitores e o professor, à semelhança de um inspetor de serviços, tudo vigiava e só interferia nos casos difíceis. Era um método destinado, na Europa, a solucionar o problema da educação popular e numerosa, tendo sido lá abandonado rapidamente por sua ineficácia; no Brasil, porém, a despeito dos péssimos resultados obtidos, foi difundido por 15 anos."

Como citado anteriormente por Fávero, não obtiveram muitos resultados, pois nada era ensinado a fundo, o ensino passava a ser superficial, visto que, os alunos eram quem ensinavam os próprios colegas de turma e muitas falhas foram aparecendo.

Aos 03 de maio de 1823 dá-sea inauguração da Assembléia Constituinte e Legislativa . Nessa ocasião Dom Pedro I declarou :

"Tenho promovido os estudos públicos quanto é possível, porém, necessita-se para isto de uma legislação particular." 

E para concluir faz um apelo à Assembléia :

"Todas estas coisas (do ensino) devem merecer-vos suma consideração."

Durante todo o Período Imperia vigorou a Constituiçãi de 1823 que dizia no artigo 179 :

"(...)é garantida pela Constituição Imperial, entre outras maneiras pela constituição gratuita a todos os cidadãos e a criaçãode colégios e universidades."

Apesar de todas as idéias discutidas e das propostas apresentadas na Assembléia Constituinte nada de efetivo resultou em favor da Educação.

Em 15 de outubro de 1827 uma lei determinava dois artigos importantes em favor da educação no Brasil:

"Artigo 1º - Criação de escolas de primeiras letras por todo território nacional;

Artigo 11 – Criação de escolas para meninas, nas cidades e vilas mais populosas."

Segundo Fávero "é triste dizer, porém, nenhum desses dispositivos foi cumprido."

Quanto ao ensino secundário, ainda continuava o sistema imposto por Pombal no século XVIII, sistema de aulas régias. Esse sistema consistia em aulas particulares em diferentes casas, onde o aluno deveria ir até a casa de um regente educacional e receber as aulas necessárias.

As Disciplinas estudadas e tidas como bases para entrar numa universidade eram:

  1. Latim;
  2. Comércio;
  3. Geometria;
  4. Francês;
  5. Retórica;
  6. Filosofia.

Osistema das aulas régias extinguiu em 1857 porque não tratavam de todas as disciplinas necessárias para entrar na universidade e a dificuldade de locomoção da casa de um professor para outro.

Com isso, em 1835, são criados os Liceus Provincianos que tinham como objetivo reunir todas as aulas avulsas em um mesmo lugar, constituindo-se assim os primeiros currículos seriados, mas com preocupação predominante de fornecer as disciplinas exigidas nos exames preparatórios para o ensino superior :

"Foi a partir do Ato Adicional que se enfatizam as primeiras providências tendentes a imprimir alguma organização aos estudos públicos secundários. Surgem, então, os primeiros liceu provinciais graças à reunião de cadeiras avulsas existentes nas capitais das províncias: O Ateneu do Rio Grande do Norte, em 1835, os Liceus da Bahia e da Paraíba em 1836." ( Haidar, 1972, p.22)

Entre esses liceus, no Rio de Janeiro foi criado , em 1837, na corte, o Colégio Pedro II que será destacado a seguir pelo fato de ter sido um colégio modelo em todo país.

O Colégio Pedro II originou-se do Seminário dos Órfãos de São Pedro, criado em 1739, por Frei Antônio de Guadalupe, "para criação de meninos nas costas da igreja de São Pedro". Recebeu diversos nomes: Seminário de São Joaquim, e Imperial de São Joaquim até receber a denominação de Colégio de Pedro II. Transformou-se em Instituto de Ensino Secundário pelo decreto de 2 de dezembro de 1837 que dizia:

"Art. 1. - O Seminário de São Joaquim é convertido em colégio de instrução secundária.

Art. 2 - Este colégio é denominado Colégio de Pedro II. 

Art. 3 - Neste colégio serão ensinadas as línguas latina, grega, francesa, inglesa, retórica e os princípios elementares de geografia, história, filosofia, zoologia, mineralogia, álgebra, geometria e astronomia."... 

Nesse seminário, o objetivo era ensinar aos órfãos o caminho eclesiástico, entretanto o ensino da gramática latina e a música eram componentes fundamentais de seu currículo (Gabaglia, 1914, p.16)[1]

"'Nas costas da igreja de São Pedro, nos chãos que se compraram ao Pe. Manoel Marques Esteves', destinava-se aos meninos órfãos 'aos quais se dava a educação que era conveniente aos que buscavam ter ingresso no estado Eclesiástico.'"

Com as instalações insuficientes, muda-se para a Rua do Valongo em terrenos doados por Campos Dias. Entretanto D. João VI nomeia o abade Alvarenga José dos Santos Salgueiro, cuja nomeação descontenta o Bispo, e esse, deixa de prestar cuidados que o seminário necessita e esse acaba por entrar em decadência que veio a extinguir-se em 05 de janeiro de 1818, manchando assim a reputação de D. João VI no Brasil.

A necessidade de haver um colégio de base no Rio de Janeiro era grande, pois a elite, principalmente os membros da corte necessitavam de aprendizado eficaz e foi assim que em 19 de maio de 1821, que D. Pedro restabelece o Seminário São Joaquim, restituindo-lhe o patrimônio.

A inauguração e o começo das aulas ocorreu no dia 25 de março de 1838, após a reforma do arquiteto Grandjeam de Montigny. Estavam presentes o jovem imperador e suas irmãs, o regente Pedro de Araújo Lima, assim como todos os Ministros de Estado. Estas presenças ilustres demonstravam a importância política que o colégio teria, desempenhando outros papéis além da instrução.

Como diz Haidar ( op. Cit, p. 95)

"A história do Ensino público secundário na Corte reduz-se, durante o Império, à história do Colégio de Pedro II, o único estabelecimento dessa natureza existente na cidade do Rio de Janeiro. Em tais condições o conhecimento das intenções que nortearam as inúmeras reformas sofridas pelo Colégio criado por Vasconcelos equivale, de certo modo, ao conhecimento do pensamento oficial acerca de natureza e dos objetivos do ensino secundário."

O Colégio Pedro II era o padrão de ensino secundário e a única Instituição a realizar os exames que possibilitavam o ingresso nos cursos superiores.

A França era o modelo de ensino da época . Modelo de ensino em que predomina o ensino das letras clássicas e das línguas modernas, ciências e história justificadas por Bernardo de Vasconcelos como disciplinas esmeradas.

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