O Brasil é um país gigantesco, de proporções continentais. Tais considerações são fartamente usadas para definir os problemas que se enfrenta por ter um país tão grande. A educação adotada em regiões tão diferentes como as existentes no Brasil tende a ser uniformizada com a adoção do Plano Nacional de Educação – PNE – do Ministério da Educação e os Currículos Básicos Comuns de cada disciplina. É uma ideia interessante do ponto de vista em ter uma educação igual para todos. Porém, na prática isso dificulta a ação dos profissionais de educação quando a política educacional não deixa ser postas em práticas tais iniciativas visando o aumento dos índices de desenvolvimento educacional a cada nível administrativo – federal, estadual e municipal.

Cada setor tem sua própria visão de desenvolvimento educacional olhando apenas o lado político de sua administração. É importante, por exemplo, um município dizer que erradicou o analfabetismo, pois chama a atenção como se tal município fosse desenvolvido a ponto de oferecer mão de obra capacitada, ou quase, para investimento de empresas confiantes que terão trabalhadores capazes. Na verdade a erradicação do analfabetismo hoje é um tema complexo. Um indivíduo que esteja cursando o Ensino Médio não obrigatoriamente é alfabetizado. O que se entende por alfabetização política é saber ler e escrever, ledo engano para elevar o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Para ser considerado um alfabetizado é necessário uma pessoa saber ler e interpretar sinais e não apenas reconhecer os sinais, a saber, letras e números. Fato é que as escolas estão sendo forçadas a aderirem a um sistema de ensino que mascara os índices para que a federação como um todo alcance índices de primeiro mundo na educação.

A forma educacional brasileira é baseada na aprovação do indivíduo a qualquer preço para mostrar que o Brasil caminha a passos largos rumo ao desenvolvimento pleno com a ambição de figurar entre os países desenvolvidos. Mas que desenvolvimento é este em que jovens “passam” de ano de acordo com a faixa etária e não pelo conhecimento adquirido e comprovado por avaliações diagnósticas que professores podem usar como critério em promover ou reter o jovem? Estados estão adotando o sistema educacional da PROGRESSÃO, isto é, não se retém o estudante pelo simples fato de não saber até três disciplinas - Minas Gerais, por exemplo, e muitos de seus municípios -, e com a perspectiva de aumentar esta quantidade. Em Minas Gerais, a criança que começa a estudar aos seis anos de idade vai, com certeza, chegar ao final do Ensino Médio, mesmo que carregue a deficiência ainda do sexto ano. E o que se aprende até o sexto ano é justamente a alfabetização. Ou seja, se a criança não for alfabetizada até o sexto ano não há importância, daí ser complexa a interpretação de alfabetização.

O governo federal abriu as portas e continua a ampliar esta abertura para os estudantes de escolas públicas que queiram ingressar nas faculdades e universidade. É uma ótima iniciativa, ou melhor, seria uma ótima iniciativa se tais pessoas chegassem com condições de se manterem nos cursos escolhidos. Não faltam pesquisas que mostra a deficiência nos ensinos anteriores ao ensino superior como causa incisiva da evasão nas faculdades e universidades, algo em torno dos 25% dos que ingressam nos cursos superiores. Então não há uma iniciativa coesa entre os ciclos de ensino. Acabar com analfabetismo a qualquer custo vai mostrar o erro a médio prazo e tais índices de desenvolvimento mostrarão sua verdadeira face: o Brasil ainda é um país analfabeto.

Profissionais da educação se esforçam em cumprir metas cada vez mais exigentes dos governantes para atingir seus ideais políticos e ainda assim acabam por se frustrarem porque não conseguem expor seus pensamentos e mostrar onde estão os erros. Certamente que a vontade dos professores é que realmente seus pupilos alcancem uma formação superior, mas para isso precisam aprender e aprender requer esforço, o que a política educacional não tem mais interesse em cobrar ou esperar. Ter resultado positivo em uma quantidade menor de estudantes é prejuízo para qualquer governo. É preciso ser rápido em colocar as crianças nas escolas e mais rápido ainda em tirá-las. Por quê? Porque custa caro construir escolas, mantê-las em perfeito funcionamento, alimentar e transportar alunos. A única parte barata na educação é justamente quem mais se esforça para dar uma educação digna e igualitária: os professores.

Em um levantamento rápido e tomando por base que um professor do Ensino Médio tenha como remuneração o piso nacional de salário para a educação - Lei 11.738/2008, hoje em aproximados R$ 1. 567,00, para uma carga horária de 22h/aula – e que tenha em sua sala de aulas a quantidade máxima de 35 estudantes, o que quase nunca é respeitado, tem-se a conclusão matemática de que cada professor ganha a remuneração de R$ 17,80 por aula dada, o que leva a remuneração de R$ 0, 50, isso mesmo, CINQUENTA CENTAVOS POR “CLIENTE”. Existe alguma remuneração mais baixa que a do professor no Brasil? Qualquer outra profissão paga mais se comparada a responsabilidade, a cobrança da sociedade e ainda o desempenho como pais e psicólogos que tais profissionais precisam desempenhar. Então na educação pagar um professor é a parte mais barata.

É ciente que não basta uma educação descente para que o Brasil chegue ao primeiro mundo, muito outros fatores são necessários, mas mentir que a educação no Brasil está melhorando como apregoa o governo em todas as mídias é tapar o sol com a peneira. Repetindo o que aqui já foi dito para ficar bem esclarecido a quanto anda a educação brasileira, o Brasil ainda é um país analfabeto. Os políticos deviam ouvir mais os professores, pois são estes que vivem a realidade da educação e sabem o que precisam. Especialistas, secretários e outros deveriam estar em sala de aulas para saberem o que fazer, mas o medo de descobrir a verdade os impede.