Patrícia Correia Falcão¹

Rafaela Maria de Albuquerque Silva¹¹

O estudo da história da educação é algo indispensável ao conhecimento contemporâneo. A educação brasileira é composta por diversas histórias nas quais, podemos observar que marcam profundamente a época que foram construídas.

 Com a chegada do navegador Pedro Alvares Cabral e seus tripulantes ao solo brasileiro, umas das primeiras ações foi realizar uma missa que comemorava a chegada em novas terras. Dessa forma nos faz perceber que além do caráter econômico dos europeus, também tinham uma forte fervor religioso católico. Assim Portugal trouxe membros da ordem de Jesus que teriam por obrigação ampliar o número de fiéis no Novo Mundo.

Com as atividades educativas dos padres jesuítas, podem ser considerados os responsáveis pela implementação da educação formal na sociedade brasileira. No entanto, não podemos afirmar que foram os jesuítas os primeiros a efetuarem processos educativos no Brasil, pois até mesmo antes da chegada dos portugueses já existia uma população ameríndia que possuía suas próprias ações educativas, portanto, um tipo de educação. Mas que logo viria ser, superada por esta.

Assim, quando falamos da educação brasileira e, entendendo essa educação como um fenômeno abrangente, é preciso reconhecer o fato que as práticas educativas no Brasil não passam a existir como uma função de presença dos portugueses, mas sim dos jesuítas.

Os padres jesuítas foram os primeiros professores do Brasil se a abordagem recair na chamada educação formal – escolarizada. Se consideramos que antes do chamado descobrimento aqui viviam outras pessoas, uma população ameríndia e, se consideramos que o conceito de educação remete – nós a uma abrangência incalculável; teremos necessariamente que considerar que antes da chegada da Companhia de Jesus, existiam aqui outras educações, portanto, outras histórias da educação (ROSÁRIO E SILVA, In:www.ufpi.br)

Com a chegada dos padres Jesuítas ao Brasil por volta de 1549 com a expedição chefiada por Tomé de Souza. A presença dos integrantes da Companhia de Jesus, se constituiu como uma reação ao crescimento das ideias luteranas da época. Tendo como objetivo combate ás críticas reformistas e a grande expansão do protestantismo. Assim podemos considerar que a Companhia de Jesus se empenhou na busca pela manutenção da hegemonia da Igreja Católica, onde os padres jesuítas buscavam dar coerência de um mundo defendido pela Igreja Católica Romana.

Os Jesuítas tiveram como alvo inicial de sua pedagogia os indígenas. Onde tinham como interesse “guiar” os nativos à fé, à moral e aos costumes europeus católicos. Não demorou muito pra que as Missões se constituíssem como um espaço privilegiado dos padres pra sua obra catequética. Onde ensinavam os nativos a ler, a escrever e contar tanto no latim (língua sagrada) como no português, além de usar o teatro como forma de evangelização e desconstrução da cultura local e posterior substituindo por valores cristãos. O projeto pedagógico e sistema de ensino atravessava toda a vida do nativo, desde a infância até a idade adulta. Para o historiador Leonel França (1952), o Ratio studiorum procurou lapida certos comportamentos humanos para torna – lós civilizados e domesticados.

O Ratio studiorum não era um tratado sistematizado de pedagogia, mas sim uma coletânea de regras e prescrições práticas e minuciosas a serem seguidas pelos padres jesuítas em suas aulas. Portanto, era um manual prático e sistematizado que apresentava ao professor a metodologia de ensino a ser utilizada em suas aulas (Neto e Marciel,2008, 180).

Assim o alvo primordial seriam os índios, que desde as primeiras anotações feitas por Pero Vaz de Caminha era considerados um povo inocentes que iriam entender e se converterem sem nenhum problemas.

A educação brasileira carrega, portanto, uma marca inevitável do projeto de colonização planejado por Portugal e desenvolvido pela companhia de Jesus. Com o projeto de colonização adotado pelo jesuíta Manoel de Nobrega onde estava centrado na importância do papel do colonizador no Novo Mundo, sendo aquele que levaria a civilização para os nativos (Leite, 1945).

 Dessa forma o Padre Manoel de Nobrega liderou os primeiros missionários que desembarcava na costa brasileira. Também com a ajuda de Padre José Anchieta, desenvolveram um intenso trabalho, onde acredita – se que o ensino jesuítico tenha sido a ponte que permitiu a passagem do descobrimento a colonização.

Assim a influência jesuíta não se restringiu a um projeto pedagógico, sendo ela própria a personificação da estrutura política de colonização portuguesa. Casa – Grande e Senzala (Freyre,2006,217): “o homem indígena, porém, quase que só encontrou, nos adventícios, senhores de engenho para os fazerem trabalhar na lavoura da cana e padres para os obrigarem a aprender a contar, ler e escrever”. Das caravelas, o europeu trouxe com ele as igrejas, colégios e monarquias para domesticar o homem nativo.

Com a chegada da família real em 1808, foi fundada a primeira escola de ensino superior no Brasil, em fevereiro do mesmo ano. Dessa forma com a primeira universidade no país antecipava, também, os movimentos culturais, políticos e econômicos que estavam transformando a Europa, para depois serem derramados sobre o Brasil.

Os Jesuítas tiveram grande importância na construção da educação. Inicialmente, com o propósito de forma novos padres, criaram as escolas de ordenação e, como ação secundária, ofereceram formação a uns poucos filhos dos colonos e aos mestiços. Esse trabalho evoluiu muito e os Jesuítas foram os precursores e mantiveram o monopólio na construção de seminários, colégios e internatos no Brasil, onde continua a formação de novos padres, que também passam a oferecer cursos para os filhos da burguesia.

Logo os Jesuítas começaram a exercer uma forte influência em nossa educação, sobre a sociedade, especialmente na burguesia, que foi formada em suas escolas. Eles introduziam, no período colonial, uma concepção de educação que contribui para o fortalecimento das estruturas de poder hierarquizadas e de privilégio para um pequeno grupo. Enfim, a educação tinha o papel de ajudar a perpetuar as desigualdades sociais e de classe.

Os Jesuítas criaram também os aldeamentos e os recolhimentos destinados à catequese, à evangelização e à preparação de mão – de – obra, “civilizando” as tribos indígenas para que colaborassem na exploração das riquezas da terra. Por ordem da Coroa Portuguesa, os jesuítas celebravam os rituais religiosos nas aldeias, batizavam os nativos, ensinavam a estes a língua portuguesa, os bons costumes e o catecismo, além de força – lós ao trabalho (BRETAS, 1991).

A presença dos jesuítas no Brasil sofreu um duro golpe. Na época, o influente ministro Marquês de Pombal decidiu que os Jesuítas deveriam ser expulsos do Brasil por conta da grande autonomia política e econômica que conseguiam com a catequese. Portanto depois desse episódio, a herança religiosa ainda se encontra manifestada em vários setores da nossa sociedade. Muitas escolas tradicionais do país, bem como várias instituições de ensino superior espalhadas nos mais diversos pontos do território brasileiro, ainda sai administradas por setores dirigentes da Igreja Católica. Somente a partir do século XIX foi que as escolas laicas passaram a ganhar mais espaço no cenário educacional brasileiro.

Em meio a uma sociedade tão competitiva o processo de transformação política, econômica e social, não se pode eximir o papel da educação como mediador de conflitos e produtora de uma sociedade capaz de superar seus obstáculos. A educação atual deve preparar o aluno a qualificação de conhecimento básico, à preparação cientifica e à capacidade para usar as diferentes tecnologias relativas as áreas de atuação.

Portanto analisando o processo educacional, numa perspectiva mas globalizada e menos operacional (normas, leis, pareceres, etc.), percebemos assim que a educação e o acesso constante à informação são cada vez mais indispensáveis para combater a exclusão social.

A companhia de Jesus foi protagonista das relações políticas, econômicas e educacional, influenciando de forma decisiva a formação do povo brasileiro. Ainda que o movimento jesuítico tenha sido encerrado em meados do século XVIII, seu legado não deixou reverberar/refletir nas eras anteriores, imprimindo marcas tão peculiar, que ela confundiu-se com a própria fundação do ensino superior no país.

Esses (índios) tinham a natureza como lar e como escola. Já os Jesuítas haviam de converter e “educar” um povo que vivia sem roupas e falava uma língua totalmente desconhecia. Assim o primeiro ato dos representantes da companhia de Jesus foi fundarem uma escola elementar. Apesar que nesse período a educação era voltada exclusivamente para os homens. Já o papel da mulher estava voltado para ao serviço doméstico. E estas só podiam ser instruídas nos conventos.

Compreendendo as raízes do ensino iniciado no Brasil com a companhia de Jesus, sem perder de vista a particularidade lusitana no cenário europeu, frente as reformas que transformavam a sociedade do século XVI.  A intenção pedagógica daqueles missionários esteve além da pura transmissão de conhecimento.

Ao invés disso, ela foi o dispositivo central na proposta de exploração portuguesa, que foi baseada em sistema disciplina de educação. Assim algumas características que os Jesuítas implantavam algumas maneiras que nos dias atuais ainda utilizamos, como a formas das carteiras em filas, entre outras.

Comentando sobre conceitos educacionais e sua interação na sociedade, Hanna Arendt (em sua obra entre o passado e o futuro), enfatiza que a educação “está entre as atividades mais elementares e necessárias da sociedade humana” (1972, p234). A educação pode ser considerada como um bem público e seus benefícios devem atingir toda a sociedade, contribuindo para o melhoramento da mesma. Assim um dos grandes desafios da educação brasileira, e forma um cidadão consciente e crítico.

Após a vinda da família imperial, inicia o conhecimento do período imperial, a educação, assim com outros setores da sociedade se viu sob um novo conceito, uma nova maneira de conceber o processo educacional. Dessa forma após alguns conflitos da época, a educação entra neste contexto como formadora de mão – de – obra para a indústria nascente. Em 1961 foi criada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 4024/61. Esta foi a primeira a arregimentar todos os níveis de ensino.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

 FRANÇA, Leonel. O método pedagógico dos jesuítas. Rio de Janeiro: Agir, 1952.

NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete. O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas discussões. Revista Educar. Editora UFPR Curitiba, nº31, p169 – 189, 2008.

LEITE, Serafim. História da companhia de Jesus no Brasil. Rio de janeiro: Instituto nacional do Livro. Lisboa: Portugália, 1945.

FREYRE, Gilberto. Casa – Grande & Senzala. 51ª edição. São Paulo: editora global,2006.

QUEIROZ, Cecília; MOITA, Filomena. A Companhia de Jesus e a Educação no Brasil. Carpina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.

ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.