A Educação e suas Perspectivas Históricas

 

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História, Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social, docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora

Resumo

 A humanidade desenvolve-se através dos tempos e a educação segue as necessidades sociais e culturais das épocas históricas. O homem moderno enfrenta grandes desafios como: a criação e educação de seus filhos. O discernimento para o melhor e pior vem das necessidades de mercado e dos costumes de nossa sociedade.

Palavras Chaves

Educação, Sociedade, Necessidade, Educação de Base, Educação Superior

A modernidade é uma das propulsoras de grandes desfios. Entre eles como educar os filhos. Para isso temos que levar em conta os avanços tecnológicos e as exigências do mercado de trabalho. No mundo antigo a educação era clássica, desenvolvia as habilidades físicas paralelas com as habilidades intelectuais.

Quando se fala em educação clássica, sempre lembramos de Sócrates ensinando os jovens aristocrátas nas ágoras gregas. Qual era o método usado para se passar o conhecimento? Eram salas de aulas com os alunos assentados em fileiras?

Não! Era através da análise em grupo, da reflexão da vida e das necessidades e aptidões dos alunos. Neste sistema a relação mestre/discípulo era empregada sem autoritarismo ou culpa, até porque nessa época não existia o fantasma do vestibular. Matérias como  retórica, lógica, hermenêutica, ética, oratória, álgebra e estética eram analisadas de forma natural e eram colocadas em prática no dia a dia. Mesmo quando Platão fundou a Academia (recebe este nome a escola de Platão devido ser próxima aos Jardins de Acadêmicos), o método de ensino não foi alterado.

“Para Sócrates, a sabedoria dependia de conhecer a si mesmo, do conhecimento e controle de seus próprios limites; o reconhecimento de sua própria ignorância, por parte de cada  individuo, consistia, assim, no primeiro passo, absolutamente necessário, para o verdadeiro saber”. (ANDERY,PG 63)

Com a queda do Império Romano do Ocidente e com as invasões bárbaras os senhores feudais "tracam" o conhecimento intelectual dentro dos mosteiros aos cuidados dos monges e dos padres Católicos.  Neste período, todo o desenvolvimento filosófico se limita a Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e outro doutores da igreja. Os poucos que tinham acesso ao conhecimento eram submetidos não a um saber natural como na Grécia e em Roma, e sim a um saber dogmático e restrito, pois o controle da igreja era severo. Nesse sentido, podemos entender que na Idade Média, a massa não tinha acesso ao conhecimento intelectual, a ciência e a filosofia se submetiam a teologia cristã que era conduzida aos interesses do Papa e dos reis Europeus.

“Santo Agostinho viveu no período de decadência do Império Romano, sentindo as graves conturbações sociais daquele momento e as invasões dos chamados povos bárbaros. Esse momento, bem como sua tardia conversão, parece dar um significado às suas preocupações, não só no sentido de fundamentar e estruturar as noções do cristianismo, como também no sentido de preocupar-se fundamentalmente com a condição da vida humana”.( ANDERY, PG 145)

O mercantilismo e o crescimento dos Burgos trouxeram uma necessidade de se preparar melhor alguns setores da sociedade, como, por exemplo, a academia real de navegação onde eram treinados homens para a construção, manutenção e manejo das caravelas. Temos ainda a Revolução Industrial Inglesa que através dos sercamentos tirou a terra dos camponeses e obrigou uma migração ás cidades. Nas mesmas, estes camponeses seriam a mão de obra necessária para o avanço da industrialização Inglesa, porém não se fala em educação e sim em submissão às forças produtivas e ao interesse estatal e privado dos Burgueses.  A nobreza e a alta burguesia vão investir na educação de seus filhos, dando valor a arte, a música, a matemática, a poesia e a outros tantos gostos aristocrátas. Volto salientar que era restrito a quem tinha poder político ou monetário, as massas eram totalmente privadas do acesso a cultura erudita burguesa.

“As sociedades podem evidentemente substituir com alguns membros inadequadamente socializando, sendo que o números ou proporção deles com relação à totalidade dos membros de uma sociedade variará de sociedade a sociedade. Não obstante, para que uma sociedade possa substituir, deve ser satisfatoriamente transmitida a cada individuo a maior parte da quota mínima necessária à adequada socialização dos indivíduos, o Maximo dos modos de ajustamento à situação total, os recursos de comunicação, das orientações cognitivas, sistemas de alvos, atitudes inerentes à regulamentação dos meios, modos de expressão afetiva, além de outras, a fim de torná-lo capaz de comportar-se adequadamente nos seus múltiplos papeis através da vida”. (CARDOSO, PG 61)

No Brasil a partir dos anos trinta do século passado, a educação tem um grande avanço, seguindo o modelo da educação francesa que era tida como excelência nessa época. A Igreja Católica contribui bastante nessa fase, já que grande parte da educação privada de excelência esta sobre seus cuidados. A educação pública básica chega até a população urbana. No entanto, o estudante saía da quarta série lendo e escrevendo, dominando as quatro operações e com um conhecimento significativo de história, geografia, latim e francês.

“A cultura é um patrimônio de bens que o homem acumula através da história, mas não é apenas um cabedal de bens. O ser humano por si mesmo burila-se ou aprimora-se em seus atos mais naturais. Cremos que o homem assinala um processo de aprimoramento crescente através das idades. O homem civilizado, o homem culto, reveste-se de certa”dignidade”ao realizar os atos mais naturais da vida, enriquecido de algo denunciador de um aperfeiçoamento no seio da espécie, em contraste com a rude animalidade do homem primitivo”. (REALE, PG168)

Com a Industrialização em massa, pós guerra (Segunda Guerra Mundial), os cursos técnicos e a migração dos camponeses para os grandes  centros como São Paulo e Rio de Janeiro atrás das vantagens da vida urbana provoca um crescimento desacerbado e sem o devido planejamento. Com isso os problemas de infra estrutura das cidades se revertem as favelas, falta de vagas nas escolas públicas, o crescimento da pobreza e o aumento da violência.

Perspectivas do sistema democrático a partir da constituição de 1988, trouxeram novas discussões sobre o processo educacional do país. Temos uma grande quantidade de cursos técnicos onde se formam profissionais para atender a demanda de mercado. O governo criou instituições técnicas de nível médio como o SENAI e o CEFET que tem um nível significativo de formação. As escolas de base Estaduais e Municipais garantem á todos o ensino gratuito do curso fundamental e médio, temos ainda as Universidades Federais de curso superior que garantem uma formação contínua com mestrado, doutorado e pós-doutorado. A questão é que as escolas privadas de base preparam melhor os estudantes, facilitando assim o acesso destes nos cursos superiores.

“No processo constituinte pré-CF/1988, após muitas controversas e resistências políticas, definiu-se a possibilidade de repassar verbas públicas para as escolas privadas, derrotando assim o principal objetivo dos defensores da escola pública na ocasião, que era garantir a exclusividade de tais recursos para os estabelecimentos mantidos pelo Estado”. (MINTO, PG 249)

O ENEN trouxe uma nova roupagem para o acesso aos cursos Federais, mas mesmo assim a diferença da formação é real. Independente do acesso ou não deste jovem ao ensino superior, o nível de desinteresse por parte dos estudantes é alarmante, grande parte dos jovens que chega a universidade não tem o hábito de pesquisa, leem mal, e não estudam fora do horário de aula. Esta limitação na formação intelectual dos jovens brasileiros é um dos motivos de discussão por parte dos intelectuais da área.

“A contra-reforma universitária fez-se possível. Ainda, por meio da implantação das diretrizes formuladas, propostas ou simplesmente defendidas, pelo setores sociais que apoiavam o regime, além de intensas campanhas do setor privado contra as universidades públicas e o setor público em geral”.(MINTO, PG 17)

Nunca se discutiu tanto sobre aulas mais atrativas, formas de decorar melhor a matéria para o vestibular e para os concursos públicos, muitos professores estão se tornando "artistas de circo" para atrair a atenção de seus alunos. Mas e o conhecimento? Estamos formando seres pensantes ou reprodutores do sistema vigente. Este modelo é o ideal para nossos filhos? Se for, como explicar a falta de interesse e de perspectiva de vida da maioria dos adolescentes.

O que podemos fezer  com todo o bombardeio de informações, trazidos pelos meios de comunicação é filtrar para se ter conhecimento real e natural. Talvez este seja o grande desafio do século XXI, formar homens e mulheres melhores do que foi a formação de nossa geração, já que nunca se consumiu tanto, nunca se poluiu tanto e nunca se teve um índice de violência como se tem nos dias de hoje. É claro que os problemas sociais estão ligados diretamente a má  distribuição de renda, mas a educação de qualidade é uma das ferramentas para mudar esses índices. “São, portanto, três etapas rapidíssimas rádio, televisão, informática, todas ao longo de único século. Três etapas que conduzem a três níveis progressistas de informação e de homogeneidade”. (MASI,PG 79)

 

Bibliografia

 

 ANDERY, Maria Amália, Para Compreender a Ciência, Ed Garamod Universitária, 2007, Rio De Janeiro – RJ

MINTO, Lalo Watanabe, As Reformas do Ensino Superior no Brasil, Ed Autores Associados, 2006, Campinas – SP

MASI, Domenico, O Ócio Criativo, Ed Sextante, 2000, Rio de Janeiro – RJ

REALE, Miguel, Introdução À Filosofia, Ed Saraiva, 1989, São Paulo - SP

CARDOSO, Fernando Henrique, Homem e Sociedade, Ed Companhia Editora Nacional, 1975, São Paulo - SP