Escrever sobre educação nos leva sempre a refletir especialmente a respeito de que tipo de educação nos estamos referindo, porque a vastidão pode ser um elemento que nos leve ao isolamento. Cada vez que falo sobre o tema, são demais as opções que fogem entre os dedos. Teríamos de estar nos atualizando todo o dia, e mesmo assim, seria pouco. Teríamos de ler todos os dias, e mesmo assim o tempo seria pouco e, especialmente, empreenderíamos viagens sobre diversos tipos de conhecimento, de paradigmas, de disciplinas, de ideologias, de questões cruciais e do que se envolve no que denominamos de educação formal, o que seria uma tarefa digna de um iluminado, e, de iluminado, pouco temos.

Vivemos em uma época na qual existe uma tendência enorme a misturarmos conceitos, redimensionarmos o desconhecido e complicarmos até a exaustão o que parece simples. Somos complexos na análise da educação, e, como somos fruto de nosso inconsciente, é ali que plantamos nossas divergências habituais.

Mas uma coisa, pelo menos uma me parece clara, embora a outros me parece ser, não raro, turbulenta. Tive um insight, e nele a educação me surgiu como um círculo, no qual se admite quatro quadrantes, simples como nos parece quando alguma coisa inexplicável nos ocorre. Vejamos, pois:

um dos quadrantes é a formação;

um dos quadrantes é a informação;

um dos quadrantes são os valores;

um dos quadrantes é o conhecimento.

Percebam que não quiz, deliberadamente, escrever primeiro, segundo, terceiro e quarto quadrantes porque, no caso, este tipo de abordagem simplesmente desinteressa. O que importa é a autocomplementariedade entre todos os quadrantes, e penso que não consigo isolar um dos quadrantes sem que, necessariamente não acorram, para sua existência, os demais. Com isso quero dizer claramente que não há, por exemplo, valores sem formação, sem informação e sem conhecimento. Portanto, embora os quadrantes possam ser visualmente postos como independentes, essa é uma das ilusões às quais nos prendemos. Não, eles são independentes entre si no que se refere às suas intrínsecas naturezas, mas não podem ter essa natureza sem a interveniência dos outros três quadrantes. 

Portanto, a estrutura é de rede, e não linear. A estrutura é complexa e não simples, até porque podemos pensar em uma superestrutura. Assim, pareço definir, pro tempore, o que seja educação, de forma razoavelmente simples. Falta, contudo, a complementariedade necessária e, mais que isso, entendermos conceitualmente o que sejam os desdobramentos do que, agora está posto e lançado. Mas não aqui, não agora. Com vagar e com tempo, que é preciso maturar e, especialmente, matutar.