A educação é fundamental no ensino fundamental

 

O desenvolvimento educacional no período fundamental do ensino brasileiro deve possuir como base a educação construtivista e não elitizada. Uma educação de características paulofreirianas, em que a essência seja dialógica e que lute contra o formato bancário de educação, que limita o educando a ser um simples deposito de supostos conhecimentos do educador.

            Para se entender tais pressupostos é necessário compreender e conhecer Paulo Freire, o educador que vive até os dias de hoje nas reflexões educacionais. Conhecer seus objetivos e conquistas na formação do cidadão, na emancipação da pessoa humana, e na liberdade integral dos povos. Ele foi e será sempre um marco na história, pois em nenhum momento desistiu do ser humano e não abandonou sua luta pela democracia e pela paz.

            Entende-se que a visão de educação transformadora desenvolvida por Paulo Freire, do diálogo entre subjetividade e objetividade, visando à formação do sujeito de forma integral, possui como prioridade a formação de um sujeito capaz de se relacionar em um ciclo político, cultural, familiar e ser um cidadão capaz de formular suas próprias idéias e seus próprios objetivos. Utilizando seu próprio contexto pensa a alfabetização como um processo de conscientização e libertação relevante para hoje, pois produz uma sociedade consciente, capaz de formular questionamentos e críticas acerca de sua nação e de si mesmo. Desta forma, a sociedade oprimida, que se liberta pela educação, torna-se a principal agente do desenvolvimento amplo e igualitário de sua comunidade e de seu país.

            O sujeito que adquire dignidade, ética, responsabilidade e autonomia através de sua formação e que desenvolve através da palavra a equação ação-reflexão igual a práxis, torna-se parceiro para que uma nova perspectiva de vida surja, em uma nova forma de ver o mundo e nova motivação, em que este cidadão não será apenas mais um em meio à sociedade, mas  será um fazedor de cultura,

            Pode-se dizer que a educação e a formação do individuo não se limitam apenas a um conjunto de métodos e conteúdos desenvolvidos na escola, mas transcendem as questões acadêmicas e invadem os ciclos da crença, da ecologia, da cultura, e muitos outros que fazem parte do dia-a-dia do cidadão. Mas, ainda que o sujeito possua esta formação do dia-a-dia e encontre uma educação que transcenda o academicismo, ele pode compreender a escola como uma das facilitadoras de sua formação. Nesta escola, o sujeito observa um relacionamento horizontal, entre educador e educando, e que mantém a valorização do ser humano e seu contexto, desenvolvendo um papel muito importante, na formação do cidadão.

Valendo-se da escola como uma das colaboradoras da formação de um cidadão, pode-se dizer que é importante que a educação fundamental brasileira e de outras nações valorizem a formação de suas crianças e adolescente, importando-se com constantes investimentos em suas práticas educacionais, para que o indivíduo ali inserido não seja um educando dentro de “quatro paredes”. É necessária uma educação capaz de formar discentes para a vida. Que incentivem o aprimoramento e a constante formação de um corpo docente, capacitado para desenvolver uma educação dialógica, que compreenda que não existe docente sem discente e que maior que o conteúdo a ser ensinado é a vida do sujeito.

Um projeto aplicável no ensino fundamental, que vise a uma educação para a humanidade, deve abranger aspectos éticos, morais, de voluntariado e culturais, abordando sempre os vários aspectos do contexto do educando, podendo, desta forma, contar com a contribuição de educadores de várias áreas, que poderiam desenvolver temas transversais, interdisciplinares como meio-ambiente e ecologia, saúde, política, tecnologia, arte, entre outros, e desta maneira, um diálogo a respeito de questões importantes na vida do cidadão e no dia-a-dia de sua comunidade. Assim, o aluno do ensino fundamental estaria se desenvolvendo dentro de seu próprio contexto, sem ficar alienado ou restrito a sua realidade e passaria para a próxima etapa de seu aprendizado, denominado como ensino médio, com uma visão mais ampla de mundo e de cidadão fazedor de cultura. Suas perspectivas de futuro dentro da sociedade seriam mais abrangentes e criticas.

A educação dialógica possui a capacidade de gerar algo mais na vida do educador e do educando, pois ambos trocam experiências. Um estará aprendendo com o outro, e juntos estarão se libertando em um relacionamento de comunhão de idéias e objetivos, de forma que suas vidas se transformem. O educador e o educando se colocam como cidadãos que não sabem tudo, mas possuem mente e reflexões livres para formular suas próprias idéias. Estes cidadãos possuirão sempre a capacidade de fazer a diferença, não serão mais os oprimidos, mas também não serão os elitizados, saberão ser humanos e justos e viverem uma vida, em que o que vale mais que qualquer coisa são as pessoas.

            Percebe-se que a educação, como geradora de verdadeiros cidadãos, quer seja ela informal, através de movimentos populares, quer seja através de certa formalidade acadêmica, terá sempre papel importante na vida de qualquer sociedade do mundo, pois é a partir da educação que ocorre o desenvolvimento nas diversas áreas da vida de uma sociedade.