UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR
DISCIPLINA: INDIVÍDUO, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO.
PROFª Drª IVANILDE APOLUCENO DE OLIVEIRA
INTERPRETAR A REALIDADE, ENFRENTAR O "DESCONHECIDO" É UM
DOS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO FUTURO.
Discente: Ezelina Costa da Silva
Sandra Maria Oliveira dos Santos
BELÉM
2008
A história nos tem mostrado que a humanidade desde os povos antigos, não
sabe lidar com o inesperado. As civilizações tradicionais acreditavam numa verdade
baseada no divino (Deuses). Já a civilização moderna tem sua certeza voltada para o
progresso, embora a tecnologia utilizada tenha trazido muitos benefícios, também
trouxe muitas indagações, mostrando que a humanidade não estava preparada para o
aspecto negativo do progresso.
O Conhecimento, por sua vez, ainda é tratado nas escolas como algo pronto e
acabado, tido como verdade absoluta, transmitido mecanicamente para o aluno, sendo
este apenas um repetidor daquilo que um dia foi dito e/ou pensado por alguém, sem
que lhe seja permitido refletir sobre o que está sendo repassado em sala de aula. Com
isso o processo de construção e reconstrução de novas idéias, pensamentos e
conceitos se quebram.
Nesse contexto, a evolução do conhecimento é negada, o novo causa receio,
tornando-nos meros coadjuvantes no complicado processo de ensinar e aprender,
processo este, que jamais deveria esquecer da criticidade e reflexão, para nos
relacionarmos melhor com o inesperado da vida.
A educação deveria tratar das incertezas de forma articulada ao conhecimento,
quer seja das ciências biológicas, físicas, da matemática, enfim de forma a permitir
novas elaborações de conceitos, para que o enfrentamento aos imprevistos flua
positivamente permitindo a verdadeira construção de algo novo, um conhecimento que
sirva para todos, seja para quem o constrói, seja para quem o reconstrói. Dando ao
conhecimento um aspecto libertador. É necessário que todos os atores envolvidos no
processo de ensinar e aprender constitua a vanguarda ante as incertezas do nosso
tempo.
De acordo com MORIN(2000), é preciso interpretar a realidade de forma
complexa, para então visualizar o invisível e o visível no contexto do real, ou seja,
torna-se necessário decodificar nossa idéia de realidade para compreender as
possibilidades e necessidades de cada realidade. No caso da educação, é necessário
compreender que uma determinada realidade revela-se em contradições que
reconhecem o possível e o impossível, o certo e o incerto. Enfim, as interpretações e
as traduções da complexidade do real.
MORIN(2000), nos revela que a noção do caráter incerto faz com que a ação
e/ou o ato pensante torne-se oportuno ao conhecimento desejado, ou seja, a incerteza
do conhecimento legitima a oportunidade da reflexão acerca do desejado. Isto é, esta
incerteza busca a compreensão de fatos e os dados previamente definidos, isolados, a
de que a vida é constituída de certezas e probabilidades concretas e irreversíveis.
Nesta questão MORIN(2000), enfoca que a ação é escolha e nela devemos ter
a consciência do risco. Nesta ação, o pensamento deve estar centralizado para o
surgimento de oportunidades e possibilidades realizáveis. O fato leva em consideração
que na educação esta ação é recomendável para que as possibilidades sejam
refletidas em prol da busca do bem comum, a coletividade.
Nossa aventura na terra perpassa por séculos de incertezas e verdades préestabelecidas.
Nossa relação com o conhecimento adquirido sempre nos causou
vários questionamentos. As organizações sociais preocupam-se em estabelecer
comportamentos, regras e modelos de desenvolvimento adequados aos padrões
exigidos. Sabemos que vivemos em uma sociedade de classes e que por séculos
vivemos assim seguindo as convenções sociais, econômicas e políticas.
Não podemos prever o futuro, MORIN(2000), nos fala sobre as apostas do
imprevisível, quando poderíamos imaginar, por exemplo, que a forte economia norte
americana enfrentaria uma crise econômica tão séria como a atual, onde a
desvalorização do dólar está cada vez mais afetando nosso dia a dia? E o que nós
enquanto país "eternamente" em desenvolvimento podemos esperar desta crise? São
apostas nessas e em outras incertezas que as sociedades vão construindo e
reconstruindo seus saberes ao longo dos tempos. É imprevisível sabermos de que
forma vamos nos relacionar com nossas apostas de hoje, mas principalmente que
reflexo nos darão no futuro.
MORIN(2000), nos fala sobre o surgimento de uma nova consciência do nosso
cotidiano, já que o ser humano vive em constantes mudanças, e que o enfrentamento
ao "desconhecido" é um dos sete saberes necessários à educação do futuro. Por isso
que, esta deve se voltar para as incertezas ligadas ao conhecimento. Ainda, segundo
o autor, vivemos em um mundo onde os humanos são inimigos uns dos outros,
movidos pela violência de não saber lidar com suas diferenças de raça, de religião, de
ideologias, etc. A humanidade com h minúsculo não consegue gerar a humanidade
com H maiúsculo onde os humanos são amigos uns dos outros e a igualdade é
realmente possível. Não estamos prontos para o inesperado e o novo. É necessárias
estarmos preparados para compreender e aceitar a imprevisibilidade.
REFERÊNCIAS
MORIN, Edgar.Cap.III Os Sete Saberes Necessários à Educação do
Futuro.2ed.São Paulo: Cortez: Brasília-DF:UNESCO,2000(P.47-115)