A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COMO PROMOTORA DE LIBERDADE E TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE: TRÊS HISTÓRIAS DE VIDA

Introdução

O objetivo central deste texto é relatar como a educação, em especial na fase adulta, abre novas perspectivas quanto à vida profissional e pessoal, por meio dos relatos da história de vida de pessoas que tenham completado sua educação formal tardia recorrendo a programas como a EJA - Educação para Jovens e Adultos - e como esse retorno à educação, nas palavras dos sujeitos, modificou seu modo de pensar, abrindo novas expectativas, novas motivações, oportunidades, demonstrando que os educandos da modalidade têm sua realidade transformada após o retorno à sala de aula.
Os alunos adultos estão inseridos no mundo do trabalho e das relações
1 Professora de ensino técnico no Centro Paula Souza. Orientada por Paulo Constantino.
interpessoais de um modo diferente do adolescente, pois trazem consigo uma história mais "longa e complexa de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas." (OLIVEIRA, 1999, p.16). Ao mesmo tempo, estes possuem trajetórias muito comuns: "pobres, desempregados, na economia informal, [...] nos limites da sobrevivência. São jovens e adultos populares. Fazem parte dos mesmos coletivos sociais, raciais, étnicos, culturais". [...] (ARROYO, 2007, p. 29).
A estes adultos, a EJA, uma modalidade de função essencialmente reparadora, pretende
[...] não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. (BRASIL, 2000, p.7).
Reconhece-se que muitos jovens e adultos, por penúria de recursos financeiros, se viram precocemente obrigados a abandonar os estudos para serem introduzidos no mercado de trabalho, com o desígnio de integrar a renda financeira familiar. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2015) conforme dados da pesquisa nacional por amostra de domicílios, apresenta que de 2001 a 2009 houve uma queda de 7% no índice de analfabetismo funcional. Em relação a taxa de analfabetismo em jovens e adultos com faixa etária acima dos quinze anos ou mais, os dados levantados compreende os anos de 1992 a 2011, onde os números demonstram 17,2% e 8,6% respectivamente, ou seja, representa um declínio equivalente a metade no indice de analfabetos. Essa queda deu-se, em parte, pelo retorno dos adultos à sala de aula, pois grande parcela dos indivíduos que não concluíram os estudos na faixa etária habitual, retornaram às escolas.
A reinserção desses jovens e adultos à rede de ensino representa mais do que um sonho, é a perspectiva de condições sólidas para ascensão social e a consolidação da trajetória profissional, com importantes contribuições no resgate da autoestima e para o ingresso de cidadãos atuantes em uma sociedade democrática.

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