A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR

Lael Kennerly Nascimento
Bacharel em Enfermagem pelas Faculdades
Integradas de Jaú- Fundação Dr. Raul Bauab
Coordenadora Ambulatorial na APAE de Jaú
[email protected]

Resumo: A educação à distância como formação do educador é um tema de relevante importância, pois fica notada a dimensão desta modalidade de ensino. É de interesse geral um estudo direcionado de um tema atual, porém, com muitos pontos a serem esclarecidos e divulgados. O problema caracteriza pela abrangência do alcance da Educação a Distância, pois em seus primórdios, a modalidade visava à formação técnica, mas diante de sua aceitação alcançou a formação superior. Como objetivo, este estudo buscou compreender a importância da Educação a Distância, seu contexto histórico e seu alcance ao curso superior na formação de educadores. A relevância se dá pelo seu caráter social e científico. Este trabalho foi realizado com auxílio de ferramentas como sites, revistas e artigos científicos.

Palavras-chave: Educação. Educação a Distância. Ensino superior. Educador.

Abstract: Distance education in teacher education is a topic of significant importance, as it is noticed the size of this mode of education. It is of interest directed a study of a current theme, but with many points to be clarified and disseminated. The problem is characterized by the breadth of the extent of Distance Education, because in its early days, the mode was intended for technical training, but before its acceptance reached higher education. As a goal, this study sought to understand the importance of distance education, its historical context and its reach to higher education in teacher training. The relevance is through its social and scientific. This work was done with tools such as magazines and papers.

Keywords: education, distance education, higher education.

Introdução

Nos últimos anos a educação no Brasil passou por diversas mudanças, graças aos programas gerados pelo governo e pela iniciativa privada, milhares de pessoas tiveram a oportunidade de ingressar no ensino superior. Programas como PROUNI, Fies e outros incentivos, tornaram real o sonho da faculdade para muitos brasileiros, porém nossa nação dispõe de um enorme território, e muitas vezes essa educação não é acessível para todos, como é o caso de algumas cidades no interior de alguns estados no norte e nordeste de nosso país, gerando então inúmeros problemas, como a falta de professores qualificados, falta de qualidade nos ensinamentos para os alunos, impedimento da formação continua tanto paro os alunos quanto para os professores.
Atualmente, quando toda sociedade passa por mudanças em todos os aspectos, assim também é na Educação, na sua forma de se organizar, consequentemente ocorrem mudanças na forma de aprender e também ensinar. A educação leva a mudança de forma acelerada em virtude da disponibilidade de equipamentos com tecnologia cada vez mais aperfeiçoada, levando os profissionais de todos os setores a se adequarem ou se atualizarem a essas velozes ferramentas.
Com esses avanços tecnológicos o sistema responsável pela educação no país investe na distribuição de oportunidades por todo o Brasil. Nas regiões onde possui um maior desenvolvimento, é mais fácil investir nos setores de pesquisa para melhorar cada vez mais a qualidade do ensino. Nas regiões onde e difícil o acesso para primeira graduação é mais simples investir em núcleos supervisionados pelas grandes universidades do país, onde elas oferecem o curso superior a distância, sendo na maioria das vezes via internet.
Sem dúvida, o programa de Educação a Distância (EAD), representou um grande passo na carreira profissional de muitos brasileiros, sendo que há muito a se fazer em relação este assunto, muitos paradigmas necessitam serem quebrados em torno desta temática. Mediante esta questão o problema de pesquisa caracteriza-se em: Qual a visão dos docentes, discentes e do mercado de trabalho com relação à tecnologia da EAD? Com isso objetivamos relacionar os benefícios que o programa de EAD pode proporcionar aos profissionais da área de educação, e entender quais as dificuldades encontradas pelos mesmos.

A função da Educação a distancia no desenvolvimento de uma nação

Que a educação é a base fundamental do desenvolvimento de uma nação é uma máxima insubstituível. No Brasil, segundo dados históricos, passou-se quase meio século até que as primeiras intuições escolares tomassem forma e se estabelecessem como tal, conforme nos aborda Saviani (2008, p.54) "no Brasil a origem das instituições escolares pode ser localizada em 1549 com a chegada dos jesuítas que criaram, na então colônia portuguesa, a primeira escola brasileira".
Através do contexto histórico subsequente ao surgimento das então primeiras escolas ficam evidentes vários períodos que marcaram a educação no Brasil. Conforme Saviani (2008) o primeiro período (1549-1759) é dominado pelos colégios jesuítas; o segundo (1759-1827) está representado pelas "Aulas Régias" instituídas pela reforma pombalina, como uma primeira tentativa de se instaurar uma escola pública estatal inspirada nas idéias iluministas segundo a estratégia do despotismo esclarecido; o terceiro período (1827-1890) consiste nas primeiras tentativas, descontínuas e intermitentes, de se organizar a educação como responsabilidade do poder público representado pelo governo imperial e pelos governos das províncias; o quarto período (1890-1931) é marcado pela criação das escolas primárias nos estados na forma de grupos escolares, impulsionada pelo ideário do iluminismo republicano; o quinto período (1931-1961) se define pela regulamentação, em âmbito nacional, das escolas superiores, secundárias e primárias, incorporando crescentemente o ideário pedagógico renovador; finalmente, no sexto período, que se estende de 1961 aos dias atuais, dá-se a unificação da regulamentação da educação nacional abrangendo a rede pública (municipal, estadual e federal) e a rede privada as quais, direta ou indiretamente, foram sendo moldadas segundo uma concepção produtivista de escola.
De acordo com o mesmo autor, atualmente, o ensino superior cresceu significativamente no país. Como prova, os dados mostram que em 1981 havia no Brasil 65 universidades, sete delas com mais de 20.000 alunos. Nesse mesmo ano, o número de estabelecimentos isolados de ensino superior excedia a oitocentos, duzentos e cinquenta dos quais com menos de 300 alunos. As novas faculdades isoladas não eram lócus de atividades de pesquisa, dedicando-se, exclusivamente, ao ensino. O setor público foi o responsável pelo desenvolvimento da pós-graduação e das atividades de pesquisa e modernizou um segmento importante do sistema universitário brasileiro.

EAD: conceito, importância e evolução histórica

Das várias acepções que cabem a EAD no vasto universo da literatura, Rodrigues (1998, p.27) nos conceitua o termo de forma simples, porém objetiva ao afirmar que:

Alunos e professores estão separados pela distância e algumas vezes também pelo tempo. Partindo desta premissa, pode-se afirmar que a EAD está vinculado à mídia, ao meio de comunicação. A EAD consiste na forma de ensino mais aberta e flexível, quanto ao tempo a ser dedicado aos estudos, porém com maior rigor em suas regras, sendo necessária a submissão as análises no sentido de construir e preservar conceitos do EAD e Aprendizagem Aberta (AA), com maior autonomia ao estudante. É uma modalidade que caracteriza a separação entre o professor e o aluno no espaço e no tempo com comunicação mediada de forma tecnológica. Embora haja distância, não se exclui o contato direto dos alunos com os profissionais.

Embasado no princípio de que a educação passou por diversas mudanças que visam à melhoria do desenvolvimento do país, Carvalho (2006) demonstra que a EAD assume um papel de maior importância, pois proporciona a acessibilidade a um número maior de pessoas, no que diz respeito à educação formal. Tal princípio respalda-se no objetivo que proporciona condições mínimas de equidade e de acesso ao aprendizado.


A Educação a Distância assume um papel fundamental neste novo século na disseminação do conhecimento, propiciando a acessibilidade aos que estão excluídos do processo de educação formal. Assim, acessibilidade aqui precisa ser compreendida como uma dimensão que permite ao aluno as condições mínimas de equidade no que diz respeito à educação, ou seja, todos têm acesso ao mesmo nível de aprendizado com oportunidades iguais na obtenção do conhecimento (CARVALHO, 2006, s/p).

Na EAD não implica a presença física do professor, indicado para ministrar aulas. Ele poderá estar presente em alguns momentos para determinadas tarefas, afirma o mesmo autor.
Scremin (2002) contribui para enfatizar a importância da EAD como agente democratizador da educação na era da sociedade do conhecimento, suas possibilidades e suas implicações na sociedade. É considerada uma estratégia de ampliação de possibilidades de acesso à educação.
Apesar de ênfase dada por vários autores sobre a importância da EAD, Belloni (1999) nos afirma que, no princípio, esta modalidade de ensino era desprestigiada socialmente, sendo, portanto, caracterizada como um paliativo em relação ao método tradicional de ensino em uso no país. O autor apresenta esta realidade retrograda com as seguintes palavras:

A EAD, inicialmente, era de baixo prestígio na sociedade, tida como segunda opção, ou até mesmo como ensino de segunda categoria, sem referência e qualidade, sendo paliativa em relação à educação convencional, com reação do mercado de trabalho, onde por si só, era desqualificado o profissional e suas capacidades profissionais. Contudo, com o aumento da demanda na área educacional e a evidência comprovada do autoprofissionalismo com eficácia no mercado de trabalho, entre outras múltiplas causas, provocaram o aumento da busca, a preocupação pelo aumento da oferta e a mistura das possibilidades, até mesmo na mesma instituição, promovendo uma ampliação das possibilidades de comparação e aumento das evidências da qualidade, conceitos e referências, da EAD (BELLONI, 1999, s/p).

Conforme Moore e Kearsley (1996), o desenvolvimento da EAD acompanhou a evolução das tecnologias de comunicação em cada momento histórico, desde seu início até hoje, e dividiu-se em três fases:

 Geração textual: cerca de 1960, baseado essencialmente na auto-aprendizagem por meio de material impresso;
 Geração analógica: entre 1960 e 1980, era baseado na auto-aprendizagem, utilizando-se impressos e, sendo complementados com suporte de recursos tecnológicos de áudio e vídeos, e ou disponíveis;
 Geração digital: até a presente data, baseada na auto-aprendizagem com suporte de recursos tecnológicos altamente diferenciados.

Em relação ao aspecto histórico da EAD, a literatura nos mostra que desde seu surgimento a mesma cresceu de forma exponencial. E nota-se que este crescimento ocorre na maioria dos países que adotaram esta modalidade de ensino, conforme mostra Carvalho (2006) quando diz que:

A EAD vem se desenvolvendo em ritmo crescente na maioria dos países do mundo e, à medida que progride, os seus contornos vão se desenhando de acordo com a multiplicidade de propósitos que assume na sua trajetória, modificando-se continuamente em função das demandas sociais e da incorporação das novas tecnologias, com repercussões de ordem qualitativa da maior relevância.

De acordo com Korczagin (2005), assim como no mundo, a história da EAD no Brasil deve-se ao surgimento dos meios de comunicação, pois a crescente evolução da tecnologia está propiciando a esta modalidade de ensino uma interação bastante semelhante ao ensino presencial. Os principais projetos e programas de EAD no Brasil tiveram início entre 1922 e 1925, com a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e de um plano sistemático de utilização educacional de radiodifusão como forma de ampliar o acesso à educação.
Para Blois (2005) a EAD, no Brasil, teve seu marco no ano de 1996, quando lhe foi outorgada a legitimidade e visibilidade. A lei maior da Educação no país ? a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de nº 9.394, em seu artigo 80, refere-se ao EAD e ao papel do Poder Público, nesses termos: "O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de EAD em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada".
Em conformidade com a exposição do autor acima, o Ministério da Educação (2007) enfatiza de forma mais clara e objetiva os passos que consolidaram a EAD no Brasil quando mostra as Leis e os Decretos sob os pilares dos quais a modalidade está assentada.
No Brasil, a modalidade de educação a distância obteve respaldo legal para sua realização com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação ? Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 ?, que estabelece, em seu artigo 80, a possibilidade de uso orgânico da modalidade de educação a distância em todos os níveis e modalidades de ensino. Esse artigo foi regulamentado posteriormente pelos Decretos 2.494 e 2.561, de 1998, mas ambos revogados pelo Decreto 5.622, em vigência desde sua publicação em 20 de dezembro de 2005.
No Decreto 5.622, ficou estabelecida a política de garantia de qualidade no tocante aos variados aspectos ligados à modalidade de educação a distância, notadamente ao credenciamento institucional, supervisão, acompanhamento e avaliação, harmonizados com padrões de qualidade enunciados pelo Ministério da Educação.

É sabido que a EAD é um grande desafio, no entanto proporciona indicadores de qualidades. As argumentações de Scremim (2002, s/p) para tais indicadores ficam expressas nas seguintes informações.
As bases legais da EAD estão estabelecidas pela LDB ? Lei nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996 e pelos Decretos Nº. 2.494 de 10 de fevereiro de 1998, que altera a redação dos artigos 11 e 12 de abril do Decreto 2.494 e pela Portaria Nº. 301, de 07 de abril de 1998, que trata da normatização dos procedimentos de credenciamento de instituições para oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distância. Pela Resolução nº. 001/01 de 03 de abril de 2001, que estabelece normas para funcionamento de cursos de pós-graduação a distância compreendendo programas de especialização, mestrado e doutorado. A legislação vem sendo alterada visando à regulamentação de itens específicos devido à crescente demanda de processos para implantação de cursos na modalidade a distância

A EAD e sua relação com a tecnologia

Os estudos realizados em torno do assunto EAD concluem que esta modalidade de ensino se propagou tanto no Brasil como mundo, graças aos avanços tecnológicos da comunicação. Tal pensamento respalda-se no pressuposto pelo Ministério da Educação quando nos diz que:



O desenvolvimento da EAD em todo o mundo está associado à popularização e democratização do acesso às tecnologias de informação e de comunicação. No entanto, o uso inovador da tecnologia aplicada à educação deve estar apoiado em uma filosofia de aprendizagem que proporcione aos estudantes efetiva interação no processo de ensino-aprendizagem, comunicação no sistema com garantia de oportunidades para o desenvolvimento de projetos compartilhados e o reconhecimento e respeito em relação às diferentes culturas e de construir o conhecimento. Portanto, o princípio da interação e da interatividade é fundamental para o processo de comunicação e devem ser garantidos no uso de qualquer meio tecnológico a ser disponibilizado (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2007).

É sabido que o uso da tecnologia propiciou o avanço da EAD, principalmente com o advento da internet, pois informações que antes estavam restritas apenas as prateleiras das bibliotecas passaram a estar disponíveis na rede mundial de computadores. Além da difusão destas informações via WEB, despontaram também outros meios de comunicação que foram além daqueles já existentes como, por exemplo, o uso de disquetes, CD-Roms, DVD-Roms ou Pen-drives. Este pensamento coaduna-se com as palavras de Scremim (2002, s/p) que nos afirma o seguinte:

O uso de tecnologias proporciona os meios de comunicação, rompendo as barreiras da distância geográfica, pois apesar da distância deve se estabelecer relações de diálogo, críticas e participações. Existem muitos recursos tecnológicos hoje disponíveis, mas é necessário avaliar se são ou não as mais adequadas e se estão embasados em critérios próprios ou nos já padronizados. O material escrito, seja ele nas diversas formas, (impresso ou em multimídia) permanece no papel de extrema importância nos programas de educação na modalidade a distância.

A gestão dos sistemas de ensino a distância

Na visão de Polak, Duarte e Assis (2005), o crescimento da EAD no país acompanha o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação. Contudo, ainda não atingiu o ideal desejado. Isto se dá pelo fato de que ainda são percebidos os efeitos da exclusão social e a compreensão das dificuldades existentes entre os sistemas de EAD e os presenciais de ensino, fato este que leva à transposição da gestão.
Para que haja compreensão da gestão do sistema de EAD, segundo Polak; Duarte e Assis (2005), é fundamental que seja lançado um olhar ao passado para entender quais eram os enfoques objetivados e como é a funcionalidade da mesma atualmente. Assim, estes autores nos afirmam que:

Para compreender a gestão do sistema de EAD é preciso registrar que antigamente o enfoque era prescritivo e normativo, definindo a gestão como previsão, organização, comando, coordenação e controle. Atualmente estas funções deram lugar ao planejamento, à organização, à direção e ao controle. É preciso retroagir no tempo e ver que muitas das antigas premissas estão presentes no século XXI, o que indica ser preciso considerar o salientado por Sun Tzu (500 a.C), ao destacar que a tendência da gestão é "concentrar-se nos pontos fortes, reconhecer as fraquezas, agarrar as oportunidades e proteger-se contras as ameaças (POLAK; DUARTE; ASSIS, 2005, s/p).

Na realização desse conjunto de funções distingue-se o trabalho do gestor, independentemente do nível hierárquico em que se situe e do tipo de instituição em que atue. Para tanto, o gestor deve ter habilidade para trabalhar com seus membros de forma cíclica, dinâmica e interativa. Com isto, observa-se que as instituições são sistemas abertos, onde tudo é relativo, nada é absoluto. Esta função é reforçada com o surgimento de novas terminologias que classificam a gestão como: participativa, holística, virtual e intrapreneuring , etc. (PEREIRA, 2004).

Aspectos institucionais

Como qualquer outra instituição escolar, a EAD deve estar devidamente estruturada em todas as esferas competentes do ensino no país. Tais medidas visam aumentar a credibilidade do curso diante da clientela em suas pretensões.
Na visão de Ribeiro (2007), a implantação de um Centro de Educação a Distância ? CEAD ? tem sido um procedimento comum das instituições educacionais, como órgão capaz de cumprir esta função no processo de gestão. Contudo, ainda existem desafios enormes a serem superados na implantação efetiva de um CEAD. O primeiro deles se refere à estruturação e planejamento estratégicos que, realmente, dêem conta de atender aos clientes internos do CEAD, os professores, tutores, equipes de produção de mídias, suporte técnico e gestores, que estarão na linha de frente durante os primeiros meses do funcionamento do CEAD, quando estão sendo criados os programas, cursos e materiais de EAD.
Além disso, prossegue o mesmo autor, o sucesso na estruturação destes centros influencia diretamente o sucesso do atendimento dos clientes externos, uma vez que estes profissionais deverão ser capazes de compreendê-las e equacioná-las de forma eficiente, aperfeiçoar recursos e garantir a sustentabilidade do projeto, em larga escala e longo tempo.

A EAD no ensino superior

A literatura mostra que nos anos 80 a Universidade de Brasília cria os primeiros cursos de extensão a distância; Curso de Pós-Graduação Tutorial a distância; TV Educativa do Mato Grosso do Sul; Projeto Ipê; TV Cultura de São Paulo; Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos, conforme mostra Hermida (2006).
Ainda, de acordo com Hermida (2006), a Resolução n.º 1, de 3 de abril de 2001, do Conselho Nacional de Educação, estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto-sensu.

De acordo com o Art. 2º do Decreto n.º 2.494/98, os cursos a distância que conferem certificado ou diploma de conclusão do Ensino Fundamental para Jovens e Adultos, do Ensino Médio, da Educação Profissional e de Graduação serão oferecidos por instituições públicas ou privadas, especificamente credenciadas para esse fim. (HERMIDA, 2006, p.13)

É de fundamental importância entender que a EAD é uma modalidade de ensino que abrange não só o ensino fundamental e médio, mas que também está presente no ensino superior. Está verdade se fundamenta na visão de Costa e Faria (2008) que mostram que o estudo do processo de desenvolvimento do ensino superior no Brasil é um desafio, em face de tantas e tão complexas dimensões nele implicadas. Em termos quantitativos, os números são eloquentes.
Nas bases legais da Educação Superior a Distância no Brasil estão incluídos os cursos de graduação e educação profissional em nível tecnológico, além da pós-graduação. No caso dos primeiros, os cursos de graduação, segundo a regulamentação e a instruções disponíveis no sítio do Ministério da Educação, a instituição interessada deve credenciar-se junto ao Ministério da Educação e solicitar para isto, a autorização de funcionamento para cada curso que pretenda oferecer (COSTA; FARIA, 2008).

A formação do professor/tutor para lecionar na EAD e sua finalidade

De acordo com Vieira (2002), a análise da formação de professores como política educacional requer um entendimento teórico, no qual se pode afirmar que a política educacional é uma manifestação da política social. Como as demais políticas sociais, a política educacional envolve um amplo conjunto de agentes sociais e se expressa, sobretudo, por meio de iniciativas direta ou indiretamente promovidas pelo poder público e, portanto, o Estado é uma referência fundamental para a sua compreensão.
O mesmo autor (2002) nos afirma que a educação em geral, mais especialmente a educação superior no Brasil, passa pela mercadorização intensa e também pelo movimento de redefinição da esfera pública, pois novas bases são construídas em busca de um novo espaço, cujo centro se encontra na racionalidade do sistema de produção capitalista. Apesar de parecer um contraponto dizer que há formação para o docente dos cursos de EAD, já que o conceito fundamental da EAD é mostra alunos e professores separados pela distância e algumas vezes também pelo tempo, é necessário que o docente que vai lecionar neste segmento educacional tenha formação específica para atuar. Autores mostram que devido ao crescimento da EAD no Brasil, houve a necessidade de preparar tutores para dar suporte aos alunos de tais cursos.
Nota-se que, apesar dos enfrentamentos e das divergentes concepções de autores, todos concordam que a necessidade de formação e preparação do professor/tutor é uma realidade indispensável. O autor abaixo expõe isto afirmando que:


A partir desse crescimento, surge a necessidade de preparação de professores/tutores para atuar na modalidade a distância, pois considera-se inviável desenvolver uma proposta de EAD sem investir na preparação de uma equipe de professores/tutores que tenham domínio do conteúdo e conheçam a aplicabilidade pedagógica das novas tecnologias na prática do professor. Para isso, fez-se necessário o planejamento e a elaboração de um curso de formação de tutores. Nesse planejamento estão contemplados a preparação do material didático, a criação e organização do ambiente virtual de aprendizagem e o sistema de avaliação, bem como a importância da formação do tutor como elemento fundamental para que os cursos alcancem a qualidade almejada. (VIEIRA, 2002, p.25)

A preocupação com a formação do professor/tutor visa compensar a ausência da sala de aula física como nas escolas tradicionais. Este pensamento fica mais bem definido nas palavras de Morgado (2003, p.15) que nos afirma o seguinte:

A presença do professor/tutor é de fundamental importância, pois ao professor/tutor cabe a responsabilidade de apoiar e facilitar a aprendizagem do aluno. Ele não é um professor no sentido tradicional do termo (sentido dado no ensino presencial), embora seja um especialista dos conteúdos. Ele é antes quem faz a mediação entre os conteúdos e o estudante através das tecnologias, definindo-se o seu papel em torno de um diálogo individualizado, com a função de estimular, manter o interesse e motivar, apoiar, dar feedback, ou seja, facilitar e guiar a aprendizagem através da sua relação com o estudante.

Em relação ao papel do professor/tutor preparado para EAD, Morin (1996) categoricamente nos afirma o seguinte:

O papel do professor está além de facilitador ou do transmissor. O professor necessita trabalhar num contexto criativo, aberto, dinâmico, complexo. Em lugar da adoção de programas fechados, estabelecidos a priori, passa a trabalhar com estratégias, ou seja, com cenários de ação que podem modificar-se em função das informações, dos acontecimentos, dos imprevistos que sobrevenham no curso dessa ação. Isso implica trabalhar com incertezas, com complexidades. Na relação professor?aluno conhecimento deve estar presente à interatividade, não como consequência da presença das novas tecnologias, mas como foco, como uma característica, um requisito, para a construção do conhecimento.

A EAD e a formação de educadores

A EAD, segundo a literatura, avançou além dos limites inicialmente propostos, pois, em princípio, seu objetivo era levar a educação ao maior número de pessoas que, por razões diversas, não tinha acesso à sala de aula regular. Sua abrangência chegou também na formação e atualização do professor/tutor, conforme descreve o texto abaixo:
O movimento inicial da educação a distância, o de proporcionar formação regular e continuada aos professores em exercício, é repleto de mérito. Não se pode falar o mesmo, entretanto, do que veio depois, quando os cursos de formação de professores passaram a disputar os alunos dos cursos presenciais, substituindo a sala de aula pela formação em trânsito, descolada dos espaços tradicionais de ensino-aprendizagem (GIOLO, 2008, s/p).

Para o mesmo autor, no Brasil, a EAD encontra-se sobre enorme efervescência, com diversas políticas do governo federal voltadas para a implementação de projetos nesta modalidade educativa com foco prioritário para a formação de professores.
De acordo com Rocha (2006), a formação do professor/tutor na modalidade de EAD tem como princípios pedagógicos o "aprender a aprender" (um dos quatro pilares da UNESCO), levando o educando a ter autonomia para selecionar as informações pertinentes a sua ação, a refletir sobre uma situação problema e escolher a alternativa adequada de atuação para resolvê-la, a análise reflexiva sobre os resultados obtidos e depurar seus procedimentos, reformulando suas ações e a buscar compreender os conceitos envolvidos e levantar e testar outras hipóteses.
O mesmo autor afirma ainda que, a formação de professor/ educador pelo método de EAD não se trata de uma formação apenas na dimensão pedagógica de acumulação de teorias e técnicas. Trata-se de uma formação que estimula a prática, a reflexão, a investigação e os conhecimentos teóricos requeridos para promover uma transformação na ação pedagógica.
A formação continuada é tida como um complemento da formação de professores, que é um mecanismo primordial e essencial no desencadeamento de mudanças em sua práxis, segundo relata Plácido (2009, p.45):



A formação continuada além de outros, tem como objetivos, propor novas metodologias e colocar os profissionais em contato com as discussões teóricas atuais, visando contribuir para as mudanças que se fazem necessárias e urgentes para a melhoria da ação pedagógica na escola. Por esse motivo a formação continuada de professores torna-se uma medida indispensável e necessária no sentido de melhor atender as exigências das tantas 844 transformações, como também, propiciar a estes (professores) oportunidades de se inserirem e inserir seus alunos nas diversas formas de sociabilidade que o mundo globalizado dispõe e impõe.

Na concepção de Rocha (2006, p.28), formar o educador para a EAD é algo que está associado além da formação pedagógica:

Formar esse educador é criar condições para que ele se estruture filosófica, científica, afetiva e pedagogicamente para a ação educativa, que vai lhe exigir uma atitude dialeticamente crítica sobre o mundo midiático e sua própria prática docente. Isso significa que este educador nunca vai estar definitivamente "pronto", formado, pois sua preparação se dá no dia- a- dia, mediante a reflexão sobre a sua atividade docente.

Metodologia

Este trabalho constitui-se de revisão bibliográfica de caráter qualitativo. Os artigos foram encontrados em livros, revistas e nos bancos de dados/artigos científicos que abordam o assunto, estando os mesmos disponíveis WEB. Contudo, na pesquisa realizada na base de dados on line encontrou-se diversos estudos que abordam o assunto da EAD com diferença de títulos, mas, cujo conteúdo, em sua grande maioria, é consensual entre os autores.
As fontes bibliográficas virtuais e impressas foram identificadas utilizando-se as seguintes palavras-chave: Educação. Educação a Distância. Ensino superior. Educador.

Considerações finais

Foi possível entender neste estudo que, apesar da educação no Brasil ter se iniciado após meio século de sua descoberta, a mesma cresceu e se desenvolveu de forma significativa. Apesar de ainda apresentar grandes deficiências, a educação no Brasil segue na busca de melhorias por meio de investimentos dos governos federal, estaduais e municipais.
A EAD é uma modalidade de ensino que cresce em todo o mundo, e que foi muito bem aceita e assimilada no Brasil. Ela tem seu marco oficial no ano de 1996, quando lhe foi outorgada a legitimidade e visibilidade. A mesma encontra respaldo na Lei maior da Educação no país ? a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de nº 9.394, em seu artigo 80.
O avanço da EAD se dá graças ao advento dos meios de comunicação em massa, onde se destaca o uso da Internet. Segundo os autores pesquisados, o uso de tecnologias proporciona os meios de comunicação, rompendo as barreiras da distância geográfica, pois apesar da distância deve se estabelecer relações de diálogo, críticas e participações. Existem muitos recursos tecnológicos hoje disponíveis, mas é necessário avaliar se são ou não as mais adequadas e se estão embasados em critérios próprios ou nos já padronizados. O material escrito, seja ele nas diversas formas, (impresso ou em multimídia) permanece no papel de extrema importância nos programas de educação na modalidade a distância.
Como qualquer outra instituição escolar, a EAD deve estar devidamente estruturada em todas as esferas competentes do ensino no país.
Nos anos 80 a Universidade de Brasília cria os primeiros cursos de extensão a distância em nível superior. Sendo assim, surgem no país muitas outras faculdades que, com bases legais da Educação Superior a Distância no Brasil, oferecem cursos de graduação e educação profissional em nível tecnológico, e a pós-graduação.
Com base na legalidade da EAD, conclui-se que a formação de educadores é uma realidade palpável, cuja formação tem por objetivo levar o educando a ter autonomia para selecionar as informações pertinentes a sua ação, a refletir sobre uma situação problema e escolher a alternativa adequada de atuação para resolvê-la, a análise reflexiva sobre os resultados obtidos e depurar seus procedimentos, reformulando suas ações e a buscar compreender os conceitos envolvidos e levantar e testar outras hipóteses.


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