Joacir Soares d'Abadia*

Aqui se encontra um resumo de todas as aulas do curso de Teologia da disciplina "Doutrina Social da Igreja" (DSI) que foi ministrada a partir de "seminário" exposto pelos alunos com a direção do Professor Padre Paulo Batista Borges.

No início do curso o professor passou um filme de Darcy Ribeiro, o qual versava a respeito das culturas que influenciaram a etnia brasileira.

Os temas foram bem variados. Porém, sempre dando ênfase naquilo que é peculiar da Doutrina Social da Igreja. Os temas encontram-se no início de cada enunciado juntamente com o dia de sua apresentação.

Então, o que se segue é uma reflexão em forma de resumo. De forma que, a abrangência ficou limitada pelo fato de ser um resumo, no qual contem somente as ideias mais relevantes.

Documentário "O Povo Brasileiro" do antropólogo Darcy Ribeiro (04/08/2009 - 25/08/2009)

O desenvolvimento da cultura brasileira

No documentário "o povo brasileiro" baseado na Obra de Darcy Ribeiro, explana-se a respeito do desenvolvimento da cultura brasileira. Partindo desde a conquista por parte de Portugal, passando pelos diferentes cultural que influenciaram esse povo até culminar com os dias atuais do autor.

No início do documentário é anunciado que "ninguém sabe como será daqui a cinquenta anos". Visto que as coisas estão em constantes mudanças. É através deste fato se pode afirmar que antes mesmo do Brasil ser conquistado por Portugal ele já existia. Não enquanto Brasil, mas como uma "nação" constituída por várias tribos indígenas.

Os índios diziam que a finalidade da vida era, antes que qualquer outra coisa, viver. Eles, para viver, tinham que construir tudo quanto referisse busca pela sobrevivência. Contudo, ao realizar suas atividades eles buscavam ao máximo de perfeição pois se via retratado naquilo que fazia. Uma de suas características peculiares era o banho, que foi os Portugueses herdaram ao chegar aqui. Por outro lado, estes conquistadores já tinham uma familiaridade com água, ao passo que vivia em m país de pescadores e navegadores.

No entanto, os portugueses receberam influência de outros povos como por exemplo dos hárabes, os quais influenciaram toda a cultural portuguesa deixando a navegação em evidência. Assim, os portugueses ousavam indagar: "o que fazer para conhecer o desconhecido?" A resposta vinha da própria água, com a possibilidade das embarcações, visto que eles estavam bem equipados com grandes navios.

Outro povo que influenciou os portugueses foi o Africano. A África era considerada como o país dos negros. Eles dividiam o universo em dois mundos: um visível e outro invisível. Tendo Deus como o princípio tanto de um como do outro. Porém, eles cultuavam os ancestrais para receberem boa fertilidade e ótima agricultura e, de outro modo, enxergavam o homem como sendo o centro da criação.

Com isso, a ética deste povo era vital. A transição da vida para a morte era marcada pelo sol. E tinha com rito a dança. Eles falavam através da dança. Era uma dança ritualística que os proporciona vislumbrar o céu (sky), este espaço colossal.

Aqui teve o início das apresentações dos seminários, tendo como primeiro tema "a Pessoa humana" apresentado por Pedro Márcio com o título: "PESSOA HUMANA NA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA" (25/08/2009)

O termo "pessoa", ao logo dos tempos foi tendo diversas visões e definições: ontológica, psicológica, ético-axiológica, relacional, religiosa..., mas a final de contas talvez só a definição ontológica e antropo-teológica alcance a fundo a natureza e o mistério último da pessoa, de modo a fundamentar as demais definições e visões, como ressalta o apresentador.

A definição psicológica, por exemplo, quer dizer simplesmente que a pessoa é um ser capaz de auto-percepção: a pessoa é um EU; o que faz não é outra coisa que desenvolver o elemento de "natureza racional" contido na definição ontológica.

Pessoa é, segundo a óptica tomista, o que de mais nobre há no Universo, um "subsistens in rationali natura - subsistente de natureza racional" (Summ. Theol., I, q. 29, a. 3. ).

Assim se pode concluir dizendo que a pessoa é um ser inteligente e consciente, capaz de refletir sobre si mesma e, portanto, capaz de responder a suas ações.

Apresentação do segundo seminário com o tema "Família". Apresentado por José Osmar G. da Silva, o qual usou como título: "A FAMÍLIA E SEUS VALORES EM MEIO ÀS AMEAÇAS E DESAFIOS DO NOSSO TEMPO" - (01/09/2009)

O expositor diz que a definição do termo "família" tem sua raiz etimológica do hebraico bêt'ab, ("casa do pai") indica um conjunto de pessoas ligadas por um vínculo de parentesco e os agregados. Ressaltou que essa concepção de família é evidente ao longo do Antigo testamento, na qual tem seu prolongamento até os primeiros séculos da nossa era. Na atualidade em todos os países desenvolvidos, este corpo familiar ficou restrito somente aos cônjuges e seus filhos. Deste modo, entra as propriedades e os fins do Matrimônio.

Mencionou as propriedades do matrimônio: unidade e indissolubilidade com suas implicações éticas e reafirmou que o Matrimônio não se reduz ao aspecto puramente físico do relacionamento sexual. É muito mais abrangente, envolve a capacidade total e irrestrita da doação de si mesmo a outra parte (cf. Ef, 5,25).

A Gaudium et Spes ensina que "A unidade do matrimônio, confirmada, manifesta-se também claramente na igual dignidade pessoal da mulher e do homem que se deve reconhecer no mútuo e pleno amor" (GS, 49). A este respeito lembra que a unidade oumonogamia de um homem e de uma mulher que se doa com um amor total e exclusivo opõem-se radicalmente à poligamia, a poliandria.

Já em relação à Indissolubilidade, afirmou que, em virtude da aliança do amor conjugal, o homem e mulher "já não são dois mais uma só carne" (cf. Mt. 19, 6; Gn. 2, 24). Chamados a crescer continuamente em comunhão plena pela fidelidade cotidiana do recíproco amor total. "Testemunhar o valor inestimável da indissolubilidade e da fidelidade matrimonial é uma das tarefas mais preciosas e mais urgentes dos casais cristãos do nosso tempo" (Familiares consortio n. 20). Assim, a indissolubilidade perpetua o vínculo matrimonial opondo-se assim ao divórcio, entendido como dissolução do vinculo matrimonial.

Foram mencionados tratados também os fins do Matrimônio: bens do cônjuge e geração e educação da prole.

Quanto ao bem dos cônjuges, permite que a doação recíproca entre homem e a mulher seja definitiva. Por outro lado, diz, a transmissão da vida é tarefa fundamental da família. Realizar através da história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela geração (cf. Gn 5,1-3).

Em síntese. Conclui dizendo que "o matrimônio e o amor conjugal por sua própria índole se ordenam à procriação e educação dos filhos". Assim sendo, a comunidade cristã não reconhece outra forma de Matrimônio, porém na atualidade se percebe várias tentativas de romper com este vinculo sagrado entre um homem e uma mulher.

Nesta aula tivemos a apresentação do Flávio Luiz na qual abordou o tema "A fome" e como título teve: "A fome no mundo" - (08/09/2009).

O tema "a fome no mundo" partiu, sobretudo, das Sagradas Escrituras. Falou-se da fome no Antigo e no Novo Testamento. Mostrou que a fome tem a ver com a falta de caridade, pois ao na medida em que alguns retêm para si os bens materiais sempre fica outro precisando. Nesse sentido pode-se dizer que a caridade não tem limite, a prática do bem requer uma atitude de confiança, que é capaz de perceber o sofrimento do outro e ser um com ele.

"Pois tive fome e me deste de comer. Tive sede e me deste de beber (...)" ( Mt 25, 35). E Jesus continua o seu ensinamento exortativo. "Por que tive fome e não me destes de comer. Tive sede é não me destes de beber" (Mt 25,42). E conclui com essas palavras "(...) Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que os deixastes de fazer" (Mt 25, 45).

A fome ainda reina em nossas comunidades porque não temos tido a consciência de que aquele que está passando fome é um irmão meu e, necessariamente, é o próprio Cristo que na pessoa do infeliz sofre. Deste modo, afirmou o apresentador que "a fome ameaça não só a vida das pessoas, mas também a sua dignidade".

Com as palavras da CNBB pode concluir esta pequena memória, pois ela afirma: "Garantir o alimento para todos, superando a miséria e a fome, exige de cada um de nós o engajamento pessoal. Mais do que isto, supõe a experiência pessoal do humilde e corajoso processo de gestação de uma nova sociedade, que atenda aos direitos e às necessidades básicas da população: educação, saúde, reforma agrária, política agrícola, demarcação das terras indígenas e das terras remanescentes dos quilombos, distribuição de renda, reforma fiscal e tributária, moradia".

O tema "Pobreza e Caridade" foi explanado por mim, Joacir Soares d'Abadia e usei como título "A CARIDADE E O PROBLEMA DA POBREZA NA PERIFERIA

" - 15/09/2009

Tanto a pobreza evangélica como a caridade cristã estão intimamente relacionadas como a realidade social. Fala-se muito da pobreza espiritual inspirada no Sermão da Montanha onde Jesus diz que são felizes os pobres em espírito. Mas, além dessa pobreza, a qual são "bem aventurados" aqueles que a possuem, tem-se aquela relacionada ao social: a pobreza material. Essa, leva muitos pobres mendigar por um pedaço de pão, uma moradia e até mesmo por vestes. Eles esperam, infatigavelmente, que, pela caridade cristã os homens de boa vontade se movam de compaixão deles e lhes façam uma caridade material – tirando-os da indigência e dando-lhes humanidade.

A caridade cristã, tem como dever a promoção da vida e dignidade do ser humano em todas as suas esferas, seja no campo espiritual como também no material. Deste modo, este trabalho tem como objetivo olhar o homem na sua totalidade, baseando, claro, na Doutrina Social da Igreja, nos documentos da Igreja e nos pensadores e teólogos.

Partindo de uma abordagem social da pobreza e da caridade, deter-se-á na questão "periferia". Aliás, o tema é apresentado como campo de atualização da caridade no intuito de superação da pobreza que tanto assola os miseráveis que vivem nas periferias das grandes cidades. Para tanto, faz-se necessário trilhar um caminho, o qual analisa a caridade e o problema da pobreza, por um lado, a periferia, de outro.

Em síntese, a caridade será enxergada a partir do trabalho, o qual dignifica qualquer pobre que luta com o drama da pobreza, visceralmente, na periferia, onde o problema da pobreza torna-se o problema do próprio homem.

"Justiça e a promoção da paz". Apresentado por Agenor - (29/09/2009)

O expositor fez uma abordagem geral dando ênfase na promoção da justiça e da paz. Em seguida distinguiu justiça e paz. A justiça "sédeq" é a virtude moral que consiste na verdade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhe é devido (CEC, § 1807). É "a virtude de dar a cada um o que é seu", segundo o dicionário Aurélio. A paz é uma palavra que vem do hebraico "shalom", no sentido etimológico significa "plenitude", e abrange vários sentidos como "terminar", "contemplar", "pagar" e etc.

Falou-se também que a justiça é uma virtude moral. O Catecismo da Igreja Católica nos diz que "A justiça é a virtude moral que consiste na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. A justiça para com Deus chama-se "virtude de religião". Para com os homens, ela nos dispõe a respeitar os direitos de cada um e a estabelecer nas relações humanas a harmonia que pro­move a equidade em prol das pessoas e do bem comum. O homem justo, muitas vezes mencionado nas Escrituras, distingue-se pela correção habitual de seus pensamentos e pela retidão de sua conduta para com o próximo. "Não favoreças o pobre, nem prestigies o poderoso. Julga o próximo conforme a justiça" (Lv 19,15). "Senhores, dai aos vossos servos o justo e eqüitativo, sabendo que vós tendes um Senhor no céu" (Cl 4,1)" (CEC, § 1807)".

Fez referência da justiça no AT, no NT e no CEC. Mencionou a promoção da justiça e da paz pelos sacerdotes e seminaristas e versou sobre a palavra paz no sentido bíblico, onde Jesus é o "Príncipe da paz" (Is 9, 5) e é a nossa justiça. Disse que "a partir Dele é que podemos falar e sugerir uma formação educacional no nível da consciência baseado em princípios como da caridade, da solidariedade para alcançarmos a paz tão sonhada".

"A bondade e a fidelidade outra vez se irão unir, a justiça e a paz de novo se darão as mãos" (Sl 84, 11). Isso, claro, com a união dos homens em torno de um mesmo ideal de vida: a busca pela paz aqui na terra para viver eternamente em paz.

Foi apresentada por Pedro Nogueira tendo por tema "Trabalho e salário"e titulo: "O TRABALHO À LUZ DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA" - (06/10/2009)

"Meu Pai trabalha e, eu também trabalho" (Cf. Jo 5,36; 10,25; 14,10; 17,4). Foi apresentado o trabalho à luz da Doutrina Social da Igreja partindo da dimensão objetiva e subjetiva.

O trabalho humano, como se afirmou, tem uma dúplice dimensão: objetiva e subjetiva. Em sentido objetivo é o conjunto de atividades, recursos, instrumentos e técnicas de que o homem se serve para produzir, para dominar a terra, segundo as palavras do Gênesis. O trabalho em sentido subjetivo é o agir do homem enquanto ser dinâmico, capaz de levar a cabo várias ações que pertencem ao processo do trabalho e que correspondem à sua vocação pessoal.

A Gaudium et Spesreforça que o trabalho é um direito fundamental e é um bem para o homem (GS, n. 26) um bem útil, digno dele porque apto a exprimir e a acrescer a dignidade humana.

Por outro lado, a Rerum Novarum diz que a Igreja ensina o valor do trabalho não só porque este é sempre pessoal, mas também pelo caráter de necessidade (RN, n.11).

O trabalho é necessário para formar e manter uma família[1], para ter direito à propriedade,[2] para contribuir para o bem comum da família humana[3].

Em síntese, pode se perguntar: o trabalho à luz da doutrina social da Igreja prefere qual das dimensões a objetiva ou a subjetiva?

Tema: "A economia", seminário apresentado por Cícero Lima - (20/10/2009)

"Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza" (Mt 6, 24).Aqui São Mateus nos coloca diante de uma barreira, porque para servir a Deus o homem deve servir de forma exclusiva, sem deixar que as preocupações do mundo o impeça de servir ao Deus Verdadeiro. O dinheiro pode ser causa de afastamento de Deus quando não usado corretamente.

O dinheiro faz parte da economia de um povo. A palavra economia vem do grego oikos, que significa "casa", e nomos, que significa costume, lei, ou também gerir e administrar. Por isso chega-se à interpretação "regras da casa" (lar) ou "administração da casa".

A Igreja trata do tema "economia" de forma simples, mas, contudo, complexa. Ela a enxerga a partir da mensagem evangélica, a qual precisa atingir o cotidiano de cada cidadão tendo em vista que a pessoa está atingida seja pela pobreza seja pela riqueza.

No tocante ao "problema da pobreza está ligado ao problema do pecado, pois, neste, o homem torna-se preso aos próprios instintos e desejos egoístas. No pecado, o homem fecha-se em si mesmo, desviando-se da abertura que possui para o outro. Por isso, o amor constitui o melhor antídoto para que o homem se deixe guiar para o Bem. As riquezas estão ligadas ao acúmulo de bens. A partilha é um dos meios justos de se passar da carência à suficiência", como nos diz o expositor.

Tendo a pobreza e a riqueza como realidades que devem ser beneficiárias da economia, o homem não pode se desumanizar por causa do trabalho, senão ele – na busca pela economia – passa a ser "tratado como mero instrumento de produção" o que "é um grande perigo porque ... são capazes de coisificar o homem", afirma Cícero.

Assim o nosso expositor conclui dizendo que "O melhor caminho, que inclusive é proposto pela Igreja, é aquele apoiado na reta razão e na filosofia social cristã, onde a atividade econômica se encontre por sua vez reconduzida a uma ordem sã e bem equilibrada apoiada numa rigorosa busca pela justiça comutativa e caridade cristã".

O tema: "O meio ambiente" foi apresentado por João Paulo (03/11/2009)

De tudo o que fora dito pode se destacar que o meio ambiente não acrescenta algo diferente à relação do homem com Deus, mas ajuda ao homem reconhecer a existência de Deus e a glorificá-lo, já que tendo o homem uma dimensão física corpórea, precisa de sinais sensíveis para se relacionar.

Porém, seu relacionar com Deus toma uma dimensão que vai além de um relacionar puramente humano: "Não como 'filósofo', que parte da natureza e chega a Deus, mas como 'teólogo', que tendo por pressuposto sua fé em Deus, sabe reconhecê-Lo na criação, e por isso dá graças incessantemente". Aqui cabe uma interrogação: "será que um filósofo, por partir da natureza e chagar a Deus, está errado em sua busca?" O Salmo nos responde dizendo: "Ó Senhor, quão variadas são as vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes" (103, 24).

Uma viva relação, boa e dinâmica de fé, em que a natureza conduz a Deus e é expressão mesma de sua grandeza e poder. Essa relação boa com o meio ambiente provém da relação com Deus Criador.

A atitude do homem frente ao meio ambiente deve ser de governo, segundo o entendimento bíblico. Porque o homem deve governar segundo a justiça e santidade, nunca se apartando de Deus como referencial.

O homem sempre em relação com o meio ambiente, e que serve também de causa instrumental para o aperfeiçoamento da mesma, quando é epicentro da natureza que o circunda, como ser mais excelente da criação.

O autor conclui que é preciso realmente de uma reforma, que parta do Evangelho e passe pela mente, assim, chegando a uma série de ações práticas à luz destes dois princípios.

O tema: "ordem social" teve por expositor Valbério Bruno (04/11/2009)

"A ordem social é um direito sagrado que serve de alicerce a todos os outros", assim abriu o expositor referido sua apresentação. O qual diz que esse direito, todavia, não vem da natureza; está, pois, fundamentado sobre convenções. Disso, se tem vários pensadores que refletiram sobre a "Ordem social". Vejamos alguns.

Para Marx, é as relações de produção ou a estrutura econômica que é a base de uma ordem social. No entanto, para Durkheim, é um conjunto de normas sociais compartilhadas. Mas já na percepção de Parsons, é um conjunto de instituições sociais determinando o comportamento moral.

Na ordem social se precisa de um governo. Governar, diz santo Tomás, é levar as coisas a seu fim, ou realizar uma ordem. Não se pode governar sem ser capaz de impor obediência, ou seja sem autoridade e poder. Pois autoridade e poder são elementos essenciais de toda sociedade; sem eles não duraria a ordem social,do contrário a sociedadese destruiria em anarquia da desobediência.

O homem nasceu para viver em sociedade, portanto, não podendo viver no isolamento nem se proporcionar o que é necessário e útil à vida, nem adquirir a perfeição do espírito e do coração. A Providência o fez para se unir aos seus semelhantes, numa sociedade tanto doméstica quanto civil, única capaz de fornecer o que é preciso à perfeição da existência.

A ordem social, então, ajuda o homem ser mais homem. Coloca-o em contato com os outros refletindo sua realidade humana: ser social.

Nesta aula teve a apresentação de Bruno Laselva na qual abordou o tema "O papel do Estado" e teve como título: "AS FUNÇÕES DO ESTADO NA PERSPECTIVA DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA" - (09/11/2009)

A noção de "Estado" é antiga e precede ao pensamento cristão. O conceito de Estado não é um conceito geral válido para todos os tempos, mas é um conceito histórico, concreto, que surge quando nascem a ideia e a prática da soberania, o que só ocorreu no século XVII: a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estados é a de 1648, ano em que foi assinada a paz de Westfália.

O expositor disse que duas questões se manifestam: o problema da formação originária dos Estados (de agrupamentos humanos ainda não integrados em qualquer Estado); e o problema da formação derivada (a formação de novos Estados a partir de outros preexistentes).

Isso tudo foi despertando a consciência para a busca da unidade (entre os Estados), que afinal se concretizaria nos tratados de paz de Westfália, que tiveram o caráter de documentação da existência de um novo tipo de Estado, com a característica básica de unidade territorial dotada de um poder soberano: era já o Estado Moderno.

Durante os séculos XVII e XVIII, as teses de Locke, Montesquieu e Adam Smith motivaram uma oposição frente ao absolutismo dos monarcas, oferecendo as bases para a edificação do Estado liberal-burguês que excluía a intervenção do Estado em campo econômico, pois julgava que a mola do interesse privado acabaria trazendo o bem-estar econômico universal.

Diante destas considerações faz-se necessário perguntar: "o que é o Estado?" as respostas são múltiplas, vejamos algumas. David Easton diz que o Estado é um sistema político. O renomado filósofo Jürgen Habermas, cuja fonte de seu pensamento emana da tradição marxista define o Estado "como um poder estatal soberano, tanto interna quanto externamente, quanto ao espaço, refere-se a uma área claramente delimitada, o território do Estado; e socialmente refere-se ao conjunto de seus integrantes, o povo do Estado. O domínio estatal constitui-se nas formas do direito positivo, e o povo de um Estado é portador da ordem jurídica limitada à região de validade do território desse mesmo Estado". Segundo o filósofo francês, Jacques Maritain, o Estado é um "instrumento ao serviço do homem".

Concluo esta memória com um trecho de um artigo que escrevi e que tem como título "A abstração do Estado", no qual se lê: "podemos dizer que o Estado é uma entidade abstrata soberana que trás consigo o conjunto dos poderes políticos duma nação, governo, que tem seus limites determinado pela divisão territorial. Assim, com ele ou sem ele as pessoas continuam vivendo normalmente, usando da tecnologia para continuar a viver nesta nação politicamente organizada, que é o Estado".

Nesta aula teve a apresentação de Francisco Edivan na qual abordou o tema "A Globalizazão" intitulado de: "A GLOBALIZAÇÃO:OPORTUNIDADES E RISCOS" (10/11/2009)

Pode-se entender a globalização como o processo de integração entre as economias e sociedades dos vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros, e à difusão de informações. Ao falar de globalização se pensa logo em marcado, comercio.

Por comércio entende-se a compra e venda de produtos ou valores. O comércio internacional se oportunamente orientado, promove o desenvolvimento e é capaz de criar novos empregos e de fornecer úteis recursos.

Uma das tarefas fundamentais dos atores da economia internacional, como foi apresentada, é a obtenção de um desenvolvimento integral e solidário para a humanidade, ou seja, "promover todos os homens e o homem todo".

Foi dito também que o Magistério adverte a exigência de propor uma grande obra educativa e cultural. Mas entra a pergunta: em quê? A caridade é a via mestra da doutrina Social da Igreja. Viver a caridade na verdade (Caritas in veritate) leva a compreender que a adesão aos valores do cristianismo é um elemento útil e mesmo indispensável para a construção de uma sociedade e de um verdadeiro desenvolvimento humano integral.

A Igreja inteira, em todo o seu agir, quando anuncia, celebra e atua na caridade, tende a promover o desenvolvimento integral do homem.

Por fim, ele falou de economia de comunhão citando como exemplo Chiara Lubich. Assim, onde a globalização entra e deixa a comunhão reinar ali terá êxito vários campos do atuar humano, ao passo que o homem se torna senhoria da globalização e não vice versa.

Este tema foi apresentado por Thiago Alvarino cujo tema foi: "Doutrina social e ação eclesial – por uma civilização do amor" (24/11/2009)

O apresentador expôs que a autoridade da Igreja em matéria social baseia-se basicamente no fato de ser ela a "mestra em humanidade", pois com seu milenar trabalho humanístico, muito contribuiu, e continua a contribuir, pois carrega consigo não só a experiência de fé, mas todo um arsenal cultural, filosófico e científico para que tenha voz e vez no mundo secularizado em que vivemos.

A ação eclesial deve levar em conta os quatro passos da Ação Evangelizadora: o serviço, o diálogo, o anúncio do Evangelho e o testemunho. Aqui vamos ressaltar somente o primeiro passo.

Como primeiro passo para a ação evangelizadora e transformadora da sociedade, a Igreja deve estar a serviço, serviço esse que "pressupõe o respeito aos outros, o conhecimento de concepções de vida, de seus problemas existenciais, de seus anseios e frustrações, de suas alegrias e tristezas" (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil 2008-2010, 51).

O homem moderno quer pautar sua vida e sua morte unicamente confiados ao progresso cientifico e tecnológico. "Com efeito, para Bacon, resulta claro que os descobrimentos e as recentes invenções são apenas um começo e que, graças à sinergia entre ciência e prática, seguir-se-ão descobertas plenamente novas, surgirá um mundo totalmente novo, o reino do homem" (Spe Salvi 17).

Para Marx, "o progresso rumo ao melhor, rumo ao mundo definitivamente bom, já não vem simplesmente da ciência, mas da política – de uma política pensada cientificamente, que sabe reconhecer a estrutura da história e da sociedade, indicando assim a estrada da revolução, da mudança de todas as coisas" (Spe Salvi 20).

Compêndio da Doutrina Social da Igreja resume ressaltando que o Estado deve defender "o princípio da subsidiariedade, que corresponde: o respeito e a promoção efetiva do primado da pessoa humana e da família; valorização das associações e das organizações intermédias, nas próprias opções fundamentais e em todas as que não podem ser delegadas ou assumidas por outros..." (n. 187).

"O bem comum" foi exposto por Ricardo M. L. C. Valente (24/11/2009)

O trabalho apresentado consta de inúmeras citações magisteriais. O expositor conceituou o bem comum dizendo que é o bem de todos e de cada um, permanecendo comum, porque indivisível. E é indivisível porque somente quando os indivíduos se juntam é então possível alcançá-lo, aumentá-lo e preservá-lo, também em vista do futuro.

É importante ressaltar que o bem comum seja entendido como a dimensão social e comunitária do bem moral. "Assim como o agir moral do indivíduo se realiza em fazer o bem, assim o agir social alcança a plenitude realizando o bem comum" (CDSI nº164).

O bem comum, como fora dito, está necessariamente em referência à pessoa humana, comportando em si mesmo três elementos essenciais: o respeito pela pessoa humana como tal; o bem-estar social e o desenvolvimento do próprio grupo; e uma ordem justa, duradoura, segura que promova a paz (cf. Catecismo nº 1907-1909).

O Papa Bento XVI, em sua última encíclica Caritas in veritate nº 7, afirma que "é preciso ter em grande consideração o bem comum. Amar alguém é querer o seu bem e trabalhar eficazmente pelo mesmo. Ao lado do bem individual, existe um bem ligado à vida social das pessoas: o bem comum".

O bem comum, portanto, corresponde às mais elevadas inclinações do homem, mas é um bem árduo de alcançar, porque exige a capacidade e a busca constante do bem de outrem como se fosse próprio. Assim, mesmo sendo trabalhoso a conquista do O bem comum, o homem jamais pode deixar de buscá-lo, tendo em vista aquilo que lhe é próprio: "o bem de todos e de cada um".

Considerações finais

O esforço que se exigia por resumir cada aula levou a uma maior compreensão de todos os temas que fora desenvolvidos. Cada vez que se fazia memória das aulas era uma possibilidade a mais de se aprender "para a vida", porque foi necessário fazer uma ruminação de tudo que dito e sintetizar em algumas poucas linhas.

Tudo isso, em suma, deixou este trabalho mais agradável de ler e, sobretudo, abre um leque para novos estudos, ao passo que foram levantados vários outros temas a fins. Deixando não somente os livros falarem, mas também o próprio cotidiano das pessoas, as quais de partia toda a reflexão para alcançar o criador de tudo, Deus.

* Filosofia e cursando Teologia no SMAB

Autor das obras: "Riqueza da humanidade..."

e "Opúsculo do conhecer"

E-mail: [email protected]



[1] LE, n.10

[2] RN, n.11

[3] LE, n.16