A DIVERSIDADE SEXUAL ENTRE OS ADOLESCENTES E O BULLYNG NA ESCOLA .

MARIA EUGÊNIA TEIXEIRA

RESUMO

A adolescência é um período de descobertas e de construção de sua personalidade. Por isso alguns usam de atitudes violentas para se auto-afirmar em meio ao grupo, enquanto outros são vítimas de tais agressões. Um dos motivos destas atitudes está relacionada a rejeição e a falta de respeito para com o surgimento de novas orientações sexuais na sociedade, e o fato de que desde de cedo os adolescentes já assumirem seus desejos.A escola, que muitas vezes, é o palco de situações assim, tem o dever de combater as ações de jovens que levam seus colegas  à humilhações, insultos e violência física, que caracterizam o bulliyng.

 

INTRODUÇÃO

Há algum anos a sociedade vem passando por profundas transformações no que tange a vida das pessoas, dentre elas tem-se incorporado ao cotidiano das mesmas, situações em que se deparam com novas maneiras de se encarar o gênero  em que o indivíduo se enquadra e as novas formas que ele encontra para viver a sua sexualidade.

Integrando-se gradualmente no convívio social, os sujeitos que assumiram estas identidades que diferem do modelo idealizado como o correto, ainda são vítimas de discriminação e exclusão dos direitos básicos de um ser humano.

E a escola como espaço naturalmente destinado a educação, não só aquela que ensina a ler e escrever no papel, mas a fazer a leitura de mundo como sugere Paulo Freire ( 2000), tem por obrigação abrir os olhos daqueles que a freqüentam e com esta mantém vínculo, ou seja, toda a comunidade escolar, para que enxerguem tais modificações nas relações sociais, através da ótica do respeito ao próximo, sem deixar-se controlar pelo impulso discriminatório que tem se formado ao longo dos tempos em relação aqueles que não querem e nem precisam mais esconder a sua orientação sexual, assumindo assim, de fato, o papel de espaço fundamental para a promoção do respeito mútuo e da igualdade.

Vale ressaltar que a escola é um dos ambientes, mais propícios para os atos de violência contra essas pessoas, seja física ou moral, uma vez que é o lugar, onde se  concentra vários adolescentes, em fase de construção de sua personalidade. Esses comportamentos agressivos no âmbito escolar, que ocorrem de forma intencional e repetitiva, são chamado de Bulliyng, uma palavra inglesa sem tradução ainda no Brasil.

 

DESENVOLVIMENTO

A escola não pode esquecer que a infância e a adolescência são fases intensas de descobertas e que ela própria é um lugar de vivências significativas e de recordações que Lopes ( 2000) chama de marcas, que serão levadas para o resto da vida.

Assim como não pode ignorar que a adolescência é o período em que o individuo está descobrindo a sua sexualidade e buscando as formas de vivê-las com o outro, até porque, isso é bem evidente no comportamento dos estudantes, numa tentativa de chamar atenção para suas descobertas, que muitas vezes, são reprimidas, taxadas como algo inadmissível para os padrões de comportamento desejado pelos funcionários que ali trabalham.

E é desta forma, que fica bem claro que a sexualidade não é algo apenas individual, mas uma questão social e também política como frisa Lopes( 2000).Isso porque é a sociedade que dita o que é certo ou errado e a escola,apenas digere essas regras e reproduz o discurso dela, ajudando a perpetuar o modelo de sociedade em que  é preciso ter a orientação sexual relacionada ao seu sexo oposto para conseguir ser aceito.

Pois como afirma Lopes “a admissão de uma nova identidade de gênero é considerada uma alteração essencial, uma alteração que atinge a ‘essência’ do sujeito”, é como se não sentir-se atraído pelo mesmo sexo fizesse a pessoa a cometer um crime contra o que a sociedade estipulou ser uma lei.

E é exatamente assim que são tratados pelos colegas e até pelos professores, os homossexuais, ou as pessoas que não possuem as características ou comportamentos de acordo com o corpo que possui, pois não são só aqueles que sofrem as consequências de agirem fora dos padrões determinados socialmente e culturalmente ao longo da história,mas todos e quaisquer “menino e meninas que exprimam modelos de masculinidades ou feminilidades muito destoantes do modelo hegemônico, também são vítimas de discriminação e violência”.( BRASIL, 2007, p.32).

Entretanto, as pessoas alvos do preconceito, vistas em um primeiro momento como indivíduos que desafiam o que se tem como modelo de sociedade, passam a ser atacadas, com apelidos pejorativos, xingamentos, humilhações e até espancamentos. Na verdade, torna-se meros objetos de diversão, prazer e poder nas mãos de outros mais fortes.

Por serem, em número menor e apresentar características que destoam dos grupos mais populares, são ainda, pessoas com baixa auto-estima e, portanto, são mais vulneráveis as ofensas, que caracterizam o bulliyng.

É interessante ressaltar que, a escola é uma forte aliada a favor das atitudes que violentam a identidade assumida e que além de tudo ainda, estão sendo construídas nestes jovens, assim como em seus colegas que encontram nas agressões verbais, físicas e psicológicas contra os primeiros uma forma de afirmar, por sua vez, a identidade que também está sendo construída.

Ela se torna responsável para que tais situações de discriminação sejam protagonizadas dentro do seu espaço, através, da forma como são trabalhados os currículos formais e ocultos, na maioria das vezes, desconsiderando essas transformações que ocorrem em todo o mundo e principalmente, ao redor e dentro de seus muros, e que deveriam ter um lugar para serem discutidas por todos e valorizadas como algo que veio com  força procurando o seu lugar na sociedade atual.

CONCLUSÃO

E é desta forma que a escola torna-se conivente com a situação, quando não procura adotar medidas consistentes e eficazes para coibir o bulliyng e principalmente, para fazer germinar a criticidade, ou seja, a capacidade de pensar sobre seus próprios atos,na consciência dos que praticam esses já citados e quaisquer tipos de violência contra os homossexuais,neste caso, o adolescente.

A escola não pode ficar preocupada apenas com a formação intelectual dos alunos que a freqüentam, fazendo que torne-se máquinas prontas para enfrentar o mercado de trabalho, mas deve voltar-se para a questão da formação cidadã e ética dos indivíduos que já estão inseridos em uma sociedade que historicamente e culturalmente é machista, mas que tem se renovado nas últimas décadas e tem abarcado novas identidades, concepções de gênero e de sexualidade.

Assim, as instituições de ensino não podem ser espaços ávidos, exclusivamente, por corpos escolarizados, mas ser locais onde o respeito aos direitos humanos são a base sob a qual está fundamentado o trabalho realizado com os estudantes.