1.    Introdução                                                                 

O presente trabalho busca apresentar uma análise da época da ditadura militar no Brasil (1964 – 1984), a partir das obras de Francisco Buarque de Holanda¹, mais conhecido como Chico Buarque.

São muitos os relatos referentes à ditadura militar, mas não se pode afirmar que são todos baseados nos reais fatos históricos deste período, e por este motivo é importante entender como era a sociedade nesta época, a partir da arte musical que se encontra nas mensagens das canções de Chico Buarque, que visam à luta contra a ditadura e manifestam preferências políticas que incomodaram a censura da época, muitas vezes impedindo Chico Buarque de trabalhar e compor suas músicas.

Seguindo a mesma linha, essas letras também podem ser transportadas para a nossa atualidade, pois evidenciam o que é de mais essencial da ditadura, servindo de compreensão para tal momento histórico, e para as relações humanas em geral. 

 

2.    O golpe militar e a censura das artes 

O autoritarismo trazido pelo governo de Getúlio Vargas² ao Brasil, no fim da Segunda Guerra Mundial, nos traz o liberalismo mesmo que em um curto período, quando nasce Chico Buarque de Holanda.

Já no governo de Juscelino Kubitschek³, surge o “desenvolvimentalismo”, e com a inauguração de Brasília o país dá início ao desenvolvimento artístico, trazendo consigo artistas consagrados, como por exemplo, João Gilberto, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Ruy Guerra, entre outros que mudaram a visão brasileira e revolucionaram o cinema, as músicas e arquitetura do país.

Contudo, Chico Buarque no auge dos seus 20 anos (1964), quando começa sua vida artística e intelectual, estoura o golpe militar, iniciando uma nova ditadura aos próximos 20 anos. Na década de 60 o país passa pelo despertar da participação social das políticas assim como os movimentos estudantis nas várias camadas sociais, o movimento sindical mobilizado pelos agricultores, o Comando Geral dos Trabalhadores e ainda as Ligas Camponesas, que geraram grande representatividade nos destinos da nação.

“Tudo isso expressava grande inquietação social, em parte explicada pela situação crítica da economia do país, e que, na esfera política, se refletia em episódios tensos”.

(Bolle, 1980, p. 93) 

Ainda neste período ocorreram a renúncia de Jânio Quadros4, e a posse de João Goulart5 (vice-presidente), oferecendo novas ideias econômicas e sócias que desencadearam o golpe de 1964, agravando a crise econômica e os conflitos políticos e sociais do país. Porém, não intimidados pela repressão, artistas e estudantes intensificam-se, fazendo surgir novos grupos de teatro, desenvolvendo na arte um âmbito nacionalista.

Neste momento a Música Popular Brasileira cresce atingindo a população e tratando abertamente à sociedade tudo o que não era permitido, que por sua vez, ao final da década de 60, faz com que o regime militar se veja ameaçado, incomodando-os.

Vários artistas musicais foram considerados inimigos do regime militar, entre eles, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Taiguara e Geraldo Vandré, entretanto, o mais censurado dos inimigos do regime foi Chico Buarque, sofrendo o reflexo da censura em todas as suas obras, que se iniciou juntamente da sua carreira. A Música Popular Brasileira, nesta época foi vista e tratada como algo nocivo à sociedade, pois o governo afirmavam que eram ofensivas à moral, às leis e aos costumes do Estado.

Após os primeiros anos do rígido governo militar, a ditadura se solidifica no governo de Artur da Costa e Silva6, que assume o poder em 15 de março de 1967 e permanece até 31 de agosto de 1969, proibindo literalmente tudo, através do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968, e é nesta fase que as manifestações estudantis crescem com a indignação das inquietações políticas, e de 1965 a 1968 surgem a Era dos Festivais  com seu movimento musical. Já no governo de Medici7, desenvolve-se a “política do desaparecimento” que prendeu e torturou muitas pessoas, continuando a censura agora também no teatro, no cinema, na TV, universidades e principalmente na música que destacava a “revolta” da sociedade.

“o AI-5 foi um golpe dentro do golpe, um golpe de misericórdia na caricatura de democracia. Caímos, aí sim, na clandestinidade” (Gabeira, 1984, p. 119). 

            Com a censura aumentando cada vez mais, a sociedade se divide, uns contra a diplomacias, outros contra as lutas armadas. Mas apesar disso, os dois grupos são considerados contestadoras do regime, sofrendo assim uma repressão maior dos militares que, por sua vez, os mataram, torturaram, prenderam e exilaram essas pessoas, já que o AI-5 oferecia os devidos poderes repressivos ao governo. 

 

3.    Quem foi Chico Buarque de Holanda na ditadura militar 

Obviamente todos os passos que se desencadearam na ditadura militar, refletiram na cultura em geral, e assim como era de se esperar, os artistas também se dividiram, e isso ocorreu principalmente na música. Um grupo reivindicava e criticavam a realidade social afrontando o regime militar, e o outro que se utilizava da linguagem para esconder suas mensagens de revolta em suas composições musicais, assim como faziam Chico Buarque de Holanda, e o poeta Geraldo Vandré.

Chico Buarque como grande apreciador e estudioso da língua portuguesa, no ano de 1966, encara uma final de disputa com o ilustre Geraldo Vandré, que dividem o primeiro lugar no II Festival de Musica Popular Brasileira, apresentado pela TV Record. Chico se apresenta com sua composição “A banda”, com a companhia da cantora Nara Leão.

Já em 1968, pela TV Globo, Chico participa do II Festival Internacional da Canção, recebendo mais uma vez o merecido prêmio de primeiro lugar com sua obra “Sabiá”.

As músicas de Chico Buarque evidenciam o sofrimento e angustia vividos pela sociedade brasileira da época, mostrando de forma sutil o medo, o terror, o sofrimento solitário das pessoas, sobrepondo a esperança com a desesperança. Por este motivo e por possuir forte domínio das palavras, o que influenciava o desconforto do governo, Chico foi considerado um inimigo fortemente criticado por compor letras alienantes, o que fez com que o cantor criasse novas músicas mais diretas diante de sua tamanha indignação, o que lhe gerou algumas músicas proibidas pelo regime, como “Apesar de você” e “Cálice”, além de inúmeras fichas na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS).

Contudo, Chico Buarque foi um dos poucos artistas que tiveram a coragem de falar do povo, de “uma gente sofrida” e suas preferências políticas abertamente em suas canções, em meio à ditadura militar e incomodando profundamente a censura, o que o auto-exilou na Itália em 1969, levando-o em seguida à França. Neste período, Chico compôs “Milagre brasileiro”, “Jorge Maravilha”, e “Acorda amor”, com seu pseudônimo adotado como Julinho de Adelaide, para driblar a censura.

De volta ao Brasil, o cantor continuou suas composições, apresentou-se com Caetano Veloso e Maria Bethânia, e uma das músicas que Chico mais criticou a ditadura militar, foi em uma carta em forma de música que compôs em homenagem a Augusto Boal, que vivia exilado em Lisboa, “Meu caro amigo”.

Além de suas canções, Chico desenvolveu peças de teatro, o que tornou suas mãos no teatro brasileiro, constantes e imprescindíveis. Suas peças como “Roda viva”, “Calabar: o Elogio da Traição”, “Gota dàgua”, e “Opera do malandro”, além de suas várias participações em canções e textos de peças teatrais.

O teatro de Chico Buarque é até hoje lido e reverenciado na literatura brasileira com extrema importância e peso, e suas dramaturgias oferecem uma reflexão sobre as perdas e vitórias, angústias, dificuldades, preocupações e dores de uma sociedade que sofreu com a violência do abuso de poder e da censura de uma ditadura enrijecida.  

 

4.    “A banda” 

Composição de Chico Buarque de Holanda, no ano de 1966, que o fez vencer o II Festival de Música Popular Brasileira. 

 

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor 

 

5.    “Sabiá” 

Composição de Tom Jobim e Chico Buarque, no ano de 1968. Esta canção ofereceu a Chico mais uma vitória no III Festival Internacional da Canção. 

 

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar
E a solidão vai se acabar  

 

6.    “Apesar de você” 

Canção de Chico Buarque, composta em 1970, umas das mais fortes em relação à ditadura militar. Esta obra, censurada logo após seu lançamento, trata de amor e abandono. 

 

Amanhã vai ser outro dia

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Esse samba no escuro

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
De "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria

Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença

E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia

Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai se dar mal, etc e tal
La, laiá, la laiá, la laiá 

 

7.    “Cálice” 

Composição de Chico Buarque com participação de Gilberto Gil, em 1973, “Cálice” foi censurada antes mesmo de seu lançamento, por tratar explicitamente da indignação frente à ditadura militar, e só pode ser divulgada no ano de 1978.  

 

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)  

 

8.    “Meu caro amigo” 

Composição de Chico Buarque e Francis Hime, uma carta musicada feita para seu amigo Augusto Boal, exilado em Lisboa, retratando a realidade do Brasil frente a ditadura militar e sua repressão. Lançada no ano de 1976. 

 

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando e também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus 

 

9.    A influência da ditadura militar na atualidade 

Fatalmente, o Brasil sofreu um desgaste cultural muito grande mediante a ditadura militar, e isso espalhou reflexos na nossa sociedade atual, tanto na cultura quanto nos movimentos políticos, e ainda na economia.

Percebemos nos dias de hoje a repressão policial nas ruas, e as formas de torturas “invisíveis” que existem no país, mostrando a fraqueza que o regime militar deixou para o Brasil. Encontramos isso muitas vezes e livremente, onde jovens são espancados e censurados muitas vezes por reivindicarem seus direitos, e acreditando os militares que a democracia “abriu” as portas para isso, fazem do povo um grupo dominado, e ironicamente revertemo-nos a uma ditadura oculta, porém direta, com um espírito de vingança que cresce a cada dia, juntamente com o medo que o povo mantém de protestar ou exigir direitos.

Diante disso, consequentemente a política se desenvolve promovendo mentiras frente à passividade da população brasileira, fazendo crescer a dívida externa, a inflação, o empobrecimento das classes baixas e aumento de ganhos das classes altas, desemprego, crimes e marginalidades, arrancando o véu das violências políticas e econômicas.

A manipulação dos governantes diante da sociedade é muito clara, e isso é percebido inclusive na obrigatoriedade dos votos, na exploração da mão-de-obra, no latifúndio, na educação falha, impostos abusivos, no capitalismo, na corrupção.

A mídia, antes tão criticada e censurada, hoje também faz uso dominante do povo brasileiro, manipulando seus pensamentos, gastos e inclusive os preconceitos étnicos mostrados sutilmente em novelas, propagandas, séries, entre outros.

Contudo, apesar de uma democracia formal, ainda é possível mostrar de forma mais concreta aos jovens de hoje, o desenvolvimento do pensamento humano, sociológico, filosófico e científico, já que este é um período de maior liberdade, para que dessa forma, seja possível a sociedade se utilizar dos “ensinamentos” da ditadura militar juntamente dos abusos atuais, desenvolver uma sociedade mais justa e igualitária.  

 

10. Conclusão 

Diante de toda situação frente ao período de repressão em que Chico Buarque se desenvolveu culturalmente, é evidente a importância deste artista tão consagrado para a cultura brasileira.

Entre tantos fatos na história, a ditadura militar foi a que mais deixou marcas na biografia do Brasil, e a intenção de toda censuram e repressão militar era provar que o país estava em total ordem. Contudo, a liberdade do povo só foi restaurada após o despotismo, e com o fim da censura novos partidos políticos que trouxeram as eleições presidenciais diretas.

Chico Buarque de Holanda, um dos artistas mais censurado na ditadura militar, chacoalhou com total coragem em suas obras aspectos culturais, políticos e sociais, que mobilizaram toda sociedade até os dias atuais em busca de uma vida mais digna e justa, mostrando o quanto ruim foi aquele período contra a liberdade de expressão e lutas individuais.

Dessa forma e diante de toda conquista que o Brasil chegou, é dever do povo honrar e lutar por um futuro melhor, onde seja possível a defesa de uma pátria cada vez mais justa em seu crescimento e isso é, portanto, resultado e resposta da determinação de homens e mulheres que buscaram, assim como Chico Buarque, uma abertura para seguir adiante com suas lutas, acreditando que a união do povo faz a força. 

 

11. Bibliografia 

ALMEIDA, C. A. Cultura e sociedade no Brasil: 1990-1968. Col. Discutindo a História. São Paulo: Cultural, 1996.

BOLLE, A. B. de M. Chico Buarque de Holanda – Seleção de textos, notas, estudo biográfico, histórico e crítico. São Paulo: Abril Educação, 1980.

CARVALHO, Gilberto de. Chico Buarque, Análise Poético-musical. Rio de Janeiro: Editora CODECRI, 1982.

FERNANDES, Rinaldo. Chico Buarque do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2004.

GASPARI, E. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

GABEIRA, F. O que é isso, companheiro? São Paulo: Abril Cultural, 1984.

KUCINSKI, B. O fim da ditadura militar. Col. Repensando a História. São Paulo: Contexto, 2001.

MACHADO, A. Os anos de chumbo - Mídia poética e ideologia no período de resistência ao autoritarismo militar (1968-1985). Porto Alegre: Sulina, 2006.

REZENDE, Maria José de. A ditadura militar no Brasil (1964-1984) – Repressão e pretensão de legitimidade. Londrina: Eduel, 2001.

 

12. Notas 

¹Francisco Buarque de Holanda Ferreira, nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Poeta, escritor, compositor e intérprete, filho de Sérgio Buarque de Holanda (historiador) e Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda (pianista), é ícone da Música Popular Brasileira e referência musical desde a década de 60.

²Getúlio Vargas, nasceu em 19 de abril de 1882, em São Borja (RS), foi presidente do Brasil durante dois mandatos entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, instalando a ditadura entre os anos de 1937 e 1945. Faleceu em 24 de agosto de 1945, no Rio de Janeiro.

³ Jucelino Kubitschek de Oliveira, nasceu em 12 de setembro de 1902 na cidade Diamantina (MG), foi médico, militar e político. Primeiro presidente do Brasil eleito pelo voto direto entre os anos 1956 e 1961. Faleceu em 22 de agosto de 1976, vítima de um acidente automobilístico na via Dutra (km 165).

4Janio da Silva Quadros, nasceu em 25 de janeiro de 1917 em Campo Grande (MS), foi advogado e político. Em 1964 seus direitos políticos foram cassados pela ditadura militar, retornando à política na década de 70, e sua última vitória política foi no ano de 1985 como prefeito da cidade de São Paulo. Faleceu em 16 de fevereiro de 1992, em São Paulo.

5João Belchior Marques Goulart, nasceu em 1º de março de 1919 em São Borja (RS), formado em direito, iniciou sua carreira política em 1946, foi vice-presidente de Juscelino Kubitschek entre os anos de 1956 e 1961, e  presidente do Brasil entre os anos de 1961 e 1964, sendo deposto pelo Golpe Militar. Faleceu em 06 de dezembro de 1976 na cidade de Mercedes (Argentina).

6Artur da Costa e Silva, nasceu em 03 de outubro de 1902 em Taquari (RS), foi militar e político. Assumiu a presidência do Brasil entre os anos de 1967 a 1969, deixando o mandato por motivo de doença em agosto de 1969 para o General Emílio Garrastazu Medici. Faleceu em 17 de dezembro de 1969, no Rio de Janeiro.

7Emílio Garrastazu Medici, nasceu em 04 de dezembro de 1905 em Bagé (RS), foi militar e político. Assumiu a presidência do Brasil entre 1969 e 1974 governando unicamente em benefício do país. Faleceu em 09 de outubro de 1985, no Rio de Janeiro.