SORTOGRAFIA: A doença e a escola

CÍCERA MARIA SANTOS¹
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLINICA.

ORIENTADORA: PRISCILA ALESSANDRA SILVA



RESUMO:
A dislexia é um transtorno especifico da leitura, portanto, um déficit linguístico que dificulta a aprendizagem de leitura, escrita, soletração e decodificação. , podendo apresentar alterações psicomotoras, perceptivas e têmporo-espaciais. Apontar a ludicidade como instrumento indispensável na terapia e promover uma evolução no processo ensino-aprendizagem. Contudo, há educador que confunde educando com problemas de alfabetização com aquele com dificuldades de aprendizagem devido a algum tipo de transtorno. Não devemos esquecer que os disléxicos costumam trocar letras ou escrevê-las em ordem inversa e também podem ter dificuldades no aspecto espacial, por isso, podem ser confundidos com o déficit de atenção, hiperatividade, dispraxia, discalculia e disortografia, Nesse sentido, este estudo bibliográfico tem como objetivo sensibilizar o educador sobre a importância do diagnóstico da dislexia na fase escolar para que ele seja um facilitador no processo Ensino-aprendizagem.

Palavras-chaves: Dislexia, Distúrbio, Educação, Aprendizagem.





¹ Professora das séries iniciais do Ensino Fundamental , Ensino Médio em áreas específicas e Secretária Escolar. Graduada em Pedagogia. Aluna do programa de Pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e Clinica, faculdade Atlântico ? FA, Aracaju, Sergipe, Polo Penedo. E-mail: [email protected].
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SUMMARY:
The dyslexia is an upheaval specifies of the reading, therefore, a linguistic deficit that makes it difficult the learning of reading, writing, spelling and decoding. , being able to present psicomotoras, percipient and têmporo-space alterations. To point the ludicidade as indispensable instrument in the therapy and to promote an evolution in the process teach-learning. However, it has educator that he confuses educating with problems of alfabetização with that one with difficulties of learning due to some type of upheaval. We do not have to forget that the dyslexics costume to change letters or to write them in sequence inverse and also they can have difficulties in the space aspect, therefore, can be confused with the deficit of attention, hiperatividade, dispraxia, discalculia and disortografia, In this direction, this bibliographical study has as objective to sensitize the educator on the importance of the diagnosis of the dyslexia in the pertaining to school phase so that it is a facilitator in the process Teach-learning.


1 - .INTRODUÇÃO

Quando se fala em dislexia, fala-se em distúrbio de aprendizagem de leitura. Vallet (1989) é quem melhor define a dislexia, pois considera as contribuições de diversos estudos realizados a cerca desse distúrbio. Para ele, a dislexia é uma das formas de inaptidão para aprendizagem que resulta em distúrbios de leitura significativos.
Vallet também abrange as deficiências psiconeurológicas que acompanham a dislexia. Entre eles, inclui os distúrbios de orientação, tempo, linguagem escrita, soletração, memória, percepção auditiva e visual, habilidades motoras e habilidades sensoriais relacionadas.
Falar de dislexia ainda é algo incomum nas escolas. Pouco se ouve e entende muito menos, mesmo sendo a dislexia uma das mais comuns deficiências de
aprendizado. A situação se torna mais grave pela falta de conhecimento dos educadores e da carência de profissionais qualificados nos estabelecimentos de
ensino. Fazendo com que muitas vezes uma criança dislexa passe por uma criança desatenciosa e problemática enquanto que a criança que tem só falta de interesse seja considerada uma dislexa.
Para a Linguística, a Dislexia é uma síndrome de origem linguística, "é um defeito de aprendizagem de leitura caracterizado por dificuldades na correspondência entre símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal identificados" (DUBOIS, 1993, p. 197). Para Dubois (1993), a
dislexia interessa de modo preponderante tanto à discriminação fonética quanto ao
reconhecimento dos signos gráficos ou à transformação dos signos escritos em signos verbais.
A necessidade de se considerar o não aprender como um processo, no qual inúmeros fatores estão atuando, deve recair sobre todos os profissionais que acabam sendo envolvidos numa situação de aprendizagem. Também será necessário que nas as escolas atuem uma equipe de profissionais composta por: professores, psicopedagogos, fonoaudiólogos e até neurologista.
Uma equipe formada por esses profissionais terá facilidade de detectar mais cedo o problema existente na criança e consequentemente chegar a um diagnostico favorável. Mas enquanto os administradores não entende o verdadeiro sentido de uma formação com êxito total ficara mais fácil que as escolas tenham acesso especial ao que se refere a área da saúde para pelo menos ter apoio dos profissionais disponíveis na localidade e, assim conseguir um apoio melhor na detectação do problema.
É de grande importância entender que a saúde psíquica dos alunos é um fator que interfere no seu sucesso ou fracasso escolar e no processo de ensino
Aprendizagem e ficar claro que o ponto de vista é que é o ponto da questão, como diria o músico Raul Seixas, na canção "Que luz é essa".
Frente à problemática, percebe-se a necessidade de pesquisar sobre a dislexia devido à confusão que muitos educadores, ainda, na atualidade, enfrentam perante as dificuldades encontradas pelos educandos durante o processo de alfabetização.
Desta forma o objetivo deste trabalho é refletir sobre o preconceito aplicado em alunos com dificuldades de aprendizagem, bem como analisar uma nova metodologia para sanar esta situação insuportável que se encontra a educação no nosso município e quem sabe no país. Onde professores talvez por falta de conhecimento ou talvez de opção de trabalho não vestem a verdadeira camisa de educadores.
O aluno é rotulado sem nem mesmo tentar um diagnóstico reprovando-o nos primeiros meses de aula ou simplesmente decidem que esses são dislexo e jogam para a série seguinte para não ter o trabalho de realmente prepara-lo de acordo com a sua necessidade.
Na segunda opção ainda é um dos maiores problemas, pois mesmo sendo rotulado como desleixos não conseguem ajuda dos profissionais qualificados, causando um problema sério, pois não tendo ajuda necessária se continuar na escola este aluno pode criar uma barreira entre seus colegas e professores, tornando-se rebelde para encobrir a vergonha de ñ ser capaz de acompanhar a série e entender que seus colegas podem ser mais inteligentes que ele e que só se escondendo por trás dessa barreira pode encobrir seus problemas.
Não esquecendo também que a primeira opção faz com que o aluno seja desmotivado a continuar seus estudos aumentando assim o numero absurdo de evasão e consequentemente aumentando também o numero de analfabetos no nosso país.

2 - DISLEXIA-DISORTOGRAFIA

Neste estudo, será discutido o distúrbio relacionado à aprendizagem escrita e da leitura, quando um disléxico apresenta problemas com a escrita, isto é geralmente diagnosticado como a grafia ou disgrafia. Quando esse problema envolve desvios ortográficos, chama-se de disortografia. A leitura e ortografia não são faces da mesma moeda, e a neurologia pode comprovar isso.
Pessoas que sofrem alguma lesão cerebral e que apresentam um grande distúrbio na capacidade de leitura, não manifestam nenhuma dificuldade no registro escrito. A ortografia é um processo mais complexo porque há um número maior de alternativas grafêmicas para um determinado fonema.
Baseando-se em Mousinho (2003), a dislexia é um transtorno especifico da leitura, portanto, um déficit linguístico que dificulta a aprendizagem de leitura, escrita,
soletração e decodificação. Disléxicos geralmente soletram muito mal.
O processo de leitura é muito complexo e exige muito do leitor que tem que reconhecer os símbolos, decodificá-los e processar a mensagem, para só, então, entender e compreender. Isto não quer dizer que crianças disléxicas são menos inteligentes; aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população.
É necessário que pais e educadores estejam cientes de que um alto número de crianças sofre de dislexia e que ela persiste apesar da boa escolaridade. Caso contrário, eles confundirão dislexia com preguiça ou má disciplina.
É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio de mau comportamento dentro e fora da sala de aula. Portanto, pais e educadores devem saber identificar os sinais que indicam que uma criança é disléxica - e não preguiçosa, pouco inteligente ou mal comportada.
Em virtude da maioria das escolas não estarem preparadas com profissionais adequados para atender e diagnosticar esta situação o mais correto é quando o educador suspeitar de um caso de dislexia procurar o apoio da instituição escolar e conversar com os pais/cuidadores para que seja feito um acompanhamento com profissionais qualificados. Ao trabalhar em conjunto com uma equipe multidisciplinar, o educador poderia auxiliar a criança a superar esta dificuldade de aprendizagem.
Acredita-se que a melhor forma de trabalhar com a dislexia em sala de aula é desenvolver diferentes estratégias de ensino-aprendizagem. O quanto antes, a dislexia for identificada e tratada pode possibilitar aos educadores a criação de estratégias para que o disléxico saiba lidar e superar as dificuldades encontradas no decorrer de sua vida.
A discussão podem proporcionar a motivação e a vontade de aprender sempre. Em nenhum momento a dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela ou para seus pais.
Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso no futuro.
Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram grande sucesso profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador
dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora).
Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress.

3 - APLICAÇÃO DA SOCIOLINGUÍSTICA AO DOMÍNIO DA DISLEXIA-DISORTOGRAFIA

Fishman (1986 apud PEREIRA, 1995) define a sociolinguística como o estudo das relações sociais entre a estrutura linguística e a estrutura social, incluindo padrões semânticos subjacentes e também os sistemas de comportamento cultural.
Não que a conceituação de Fishman (1986 apud PEREIRA, 1995) esteja incorreta, mas ainda prefiro entender a sociolinguística como uma ciência que relaciona a linguagem com a sociedade, pois conforme Alkmim (apud MUSSALIM, 2001), linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável (apud MUSSALIM, 2001, p. 21), Mesmo que minha preferência seja considerada simplista demais para Camacho (apud MUSSALIM, 2001), não deixa de ser uma realidade.
Camacho (apud MUSSALIM, 2001) fez uma excelente delimitação dos variados enfoques que se abrigam sob o rótulo Sociolinguística, devido aos inúmeros estudos da linguagem no contexto social.
Não será necessário descrever essas diferentes delimitações da Sociolinguística, pois vou referir apenas dois estudos realizados por Pereira (1995). Tais estudos mostram resultados da aplicação da sociolinguística ao domínio das dificuldades de leitura e escrita.
No primeiro estudo, as dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita são concebidas em termos sociológicos gerais, enquanto que, no segundo, tais dificuldades são abordadas com maior rigor sociolinguístico, em que são postuladas
como resultado de um défice linguístico, associado à classe social. Pereira (1995)
ainda distingui no primeiro estudo

"aqueles que falam de uma influência direta e massificante do meio socioeconômico sobre a leitura e a escrita, e aqueles que preferem uma abordagem indireta com base em fatores de mediação, tais como, por exemplo, atitudes pedagógicas e afetivas do meio familiar." (PEREIRA; 1995; p. 103)

Esses dois estudos provam que há uma posição teórica explícita sobre a relação entre o meio social e as dificuldades de aprendizagem de leitura. Isso porque a sociolinguística coloca a hipótese de um défice linguístico em crianças dos
meios desfavorecidos, e também apresenta esse défice como o responsável pelas dificuldades de aprendizagem da leitura. É nesse momento, segundo Pereira (1995) que os teóricos influenciados por Labov preferem falar de interferências linguísticas fugindo da concepção de défice.
No entanto o postulado é o mesmo. Seja chamando de défice ou interferência linguísticas, fica claro que as crianças de meios desfavorecidos tendem a apresentar dificuldades na aprendizagem da leitura, que podem ser de ordem fonológica, semântica, lexical e sintática.
Concordo com Pereira (1995) quando afirma que se no início do ensino da linguagem escrita houver uma perturbação ou seu desenvolvimento insuficiente, é provável que gere uma dificuldade na aprendizagem da escrita, mais especificamente na ortografia, ou seja, a ocorrência da disto grafia.
A limitação que se observa nesse estudo é a não consideração da fonte neurofisiológica e neuropsicológica desse distúrbio. Não que seu estudo não tenha validade, mas deixa lacunas, dúvidas, como se não existisse outros pontos de vista. É inovador, mas ainda não é adequadamente sustentável.
Um exemplo disso é a investigação empírica sobre a disortografia, a partir de uma abordagem sociolinguística, em que Pereira (1995) tomou como indicadores o grupo profissional do pai (= nível socioeconômico) e o grupo acadêmico do pai (nível sociocultural).
Ele estudou, separadamente, as relações que se estabelecem entre o desempenho ortográfico e os índices de ordem social, sem levar, também, em
consideração a predisposição neurológica da criança à dislexia que independe de seu nível social. Partiu da hipótese de que "os sujeitos com competência frustre são predominantemente oriundos de um meio sociocultural e econômico mais baixo" (PEREIRA, 1995, p. 113). Tal comprovação não confirma nem nega a dislexia em tais indivíduos.
Se esse estudo partisse da análise de indivíduos diagnosticados disléxicos para analisar a influência de seu nível sociocultural na superação de tal distúrbio, estaria contemplando os outros estudos científicos.

4 - A DOENÇA E A ESCOLA.

No que diz respeito às relações entre doença e desempenho escolar, o campo ainda é ínsito, e boa parte das pesquisas nesta área acaba ficando restrita ao meio acadêmico, mas alguns apontamentos médicos defendem que determinados traumas e doenças incidem significativamente na capacidade de aprendizagem.
Nutricionistas alertam que a não ingestão de uma determinada quantidade mínima de calorias na infância, o uso de drogas lícitas e ilícitas compromete o desenvolvimento escolar da criança e do futuro adolescente jovem.
No entanto fatores como esses, mesmo influenciando todo o percurso de ensino e aprendizagem, não são considerados quando se trata de aferir o desempenho de um aluno ou do sistema escolar como um todo.
A escola, via de regra, considera todos os alunos como iguais, logo com a mesma capacidade de aprendizagem, o que de acordo com a ciência, não procede, já que indivíduos com histórias de vidas diferentes, tem ritmos diferentes de assimilação.
Além da questão alimentar e psicológica, outras patologias interferem na vida estudantil, como as chamadas dislexias e até mesmo doenças de alto grau de transmissão como gripes, sarampo, varíola, meningite, entre outras, que levaram e levam às vezes suspensão das aulas e alterações no calendário escolar, prejudicando a aprendizagem e o trabalho pedagógico.
Muito embora tenha se obtido sucesso no controle de certas moléstias em que a escola é um potente foco irradiador, uma situação que compromete
sensivelmente o rendimento escolar e que mesmo não sendo atribuído a ela um
caráter de doença, faz seus portadores viverem dramas parecidos com o daqueles doentes, cujo mal biológico é associado a uma série de estereótipos e imagens
distorcidas, é a dislexia.
Este distúrbio ou transtorno na aprendizagem, de caráter neurológico e genético, que nada tem a ver com condição social ou psicológica do sujeito, sendo um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem, cuja evidência maior é uma dificuldade no campo da leitura e escrita, é o que ocorre em maior incidência na escola.
Segundo os estudos realizados por entidades da área como a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), o Instituto Karolinska, na Suécia e a Universidade de Helsinque. Estes estudos apontam que entre três e 10% da população mundial sofre de dislexia.
Nos EUA, onde existem estudos mais frequentes, as estatísticas indicam que em média 20% da população tem algum grau de dislexia, já nas salas de aula de cada 10 alunos 2 apresentam sintomatologia desta condição hereditária, alguns in-
clusive apelando pro suicídio, como forma enfrentar todo os preconceitos de que são vítimas.

Os números das percentagens mundiais podem ser transferidos para a esco-
la. Já que todos, ou quase todos passam pelos bancos escolares, o que nos remete a pensar sobre o quanto é significante os casos de dislexia nas escolas brasileiras e do mundo.
Além das escassas pesquisas, experiências pessoais vividas por professores
e portadores, dão conta da presença incidente da dislexia na sala de aula e que muitas vezes não é diagnosticada. Um dos casos mais corriqueiros é observado na dificuldade do aluno em relação a língua portuguesa o que não significa necessariamente má alfabetização, mas sim um sinal de uma possível dislexia, mesmo que não diagnosticada oficialmente.
Então, como mostram as pesquisas, e as experiências empíricas vividas pelo professores, a dislexia é uma realidade presente e mal compreendida pelos profissionais da educação.
A repetência é comum nos casos de dislexia, quando esta não é detectada e passa a ser confundida com negligência ou baixa inteligência do aluno. Neste ano letivo, ele apresenta praticamente o mesmo quadro dos anos anteriores, o papel da escola em ajudá-lo restringiu-se a impedir sua progressão à série seguinte.
Além destas vivências cotidianas é possível encontrar uma literatura, ainda que bastante biográfica, de casos de estudantes disléxicos que viveram duras experiências sociais e escolares em razão de serem mal compreendidos na sua condição de portador.
Em "Dislexia: ultrapassando as barreiras do preconceito" de James J, Bauer (1997), um estudante norte americano expulso d e vários colégios e que chegou a
pensar em suicídio diante de todo o preconceito que viveu, só não o fez, por que foi
"salvo" pelas músicas, politicamente engajadas do cantor Bob Dylan, em especial "Times they are a changin" (Os tempos, eles estão mudando). Depois de procurar ajuda este ativista antivietnã dos anos 60, conseguiu adquirir um nível de leitura de um aluno de 8ª série, mesmo já estando com mais de 20 anos.
A discussão deste tema estará ancorada em relatos biográficos e em estudos e pesquisas realizadas por entidades ligadas à análise das dificuldades de aprendizagem e das incompreensões vividas pelos disléxicos.
Estudos realizados por meio de revisão teórica em diversos livros, artigos científicos, revistas e sites relacionados com a temática, associando duas variáveis: dislexia e alfabetização, a fim de buscar a compreensão dos fatos referente à temática abordada.

5 ? METODOLOGIA

A presente pesquisa teve como ponto de partida uma abordagem qualitativa desenvolvida na modalidade estudo de caso, pois segundo Gil (2008) o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados.

6 ? ANÁLISE E DISCURSSÃO

O estudo de caso foi realizado na Escola Estadual Professor João Valeriano de Oliveira. Localizada na Zona Urbana, com sede à Rua João Ramalho, S/N, Bairro santa Luzia, município de penedo ? AL,.
Criada pelo decreto 1.299 de 22 de fevereiro de 1965, com registro no Censo Escolar nº 27045200 é uma instituição própria de educação escolar pertencente à Rede de Ensino oficial do Estado. Mantida pelo governo do Estado de Alagoas e
subordinada técnica e administrativamente à Secretaria Executiva de Educação e Esporte, CEE/AL, sob jurisdição da 9ª CRE, com sede no município de Penedo. Atualmente funciona nos três horários sendo que nos dois primeiro horários funciona com o Ensino Fundamental e no horário noturno O E.J.A. nas etapas finais.
Atende uma comunidade de baixa renda como: empregadas domésticas, pequenos ambulantes, cortadores de cana, roceiros, catadores de lixo, etc., residentes nos bairros Santa Luzia, Santa Cecília e Santa Izabel. Localizada em um bairro que serve de divisa entre periferia e centro,
E uma escola de médio porte, dispõe de 06 (seis) salas de aula, com 400 alunos, sendo 329 do Ensino Fundamental do 2º ao 9º ANO e 71 da E.J.A. 4ª, 5ª e 6ª Etapa. cozinha, 03 (três ) pequenos espaços onde se usa como uma biblioteca, secretaria e diretoria e uma sala de informática.
Existe ainda um pátio bem arejado, que faz lembrar as escolas antigas, onde as crianças utilizam com espaço de refeitório e de lazer. O quadro funcional da escola é composto por: 01 Diretor, 02 Diretores, 03 Coordenadores Pedagógicos, 01 Secretária, 01 Agente administrativo, 16 professores, 03 merendeiras, 04 serviçais e 05 vigias.
Pudemos observar que em termos de material de apoio pedagógico a escola tem um bom acervo. Existe 01 ( um ) Laboratório de Matemática, 01 (um) laboratório de Informática, 01(um) laboratório de Ciências, Datashow, Vídeos, 02 aparelhos de TV, Serviço de som. Porem todo esse material de apoio não é utilizado com frequência pelos professores. No período de nosso estágio percebemos que ainda existem algumas dificuldades na utilização dos laboratórios. De um lado existem aqueles professores que ainda não estão aberto as novas tecnologias, por outro lado existem aqueles abertos às mudanças, porem pessimistas as reais possibilidades de mudanças na escola.
Iniciamos nosso trabalho nos apresentando a direção da Escola que por sua vez nos recebeu muito bem e em seguida nos apresentou para o restante do corpo de funcionários e professores existentes no momento, os quais se prontificaram em colaborar no que fosse necessário.
Nos dois primeiros dias nos dividimos em grupos e observamos as aulas das 12 turmas. Neste período verificamos a interação professor & aluno, comportamento
individual e coletivo de cada turma.
No 3º dia nos reunimos e decidimos selecionar os alunos que de alguma forma nos demonstraram naquele período algum tipo de comportamento que condiz
com o objeto de nosso estudo. Ou seja: Alunos que poderiam ter problema de dislexia. Pudemos observar que ñ eram poucos que no primeiro contato demostrou algum distúrbio, mas levando em conta o tipo de vida e nível familiar selecionamos 15 alunos. Levamos os nomes para professores e coordenadores que concordaram com a nossa seleção e nos deram mais informações sobre os mesmos.
Dando continuidade ao nosso estágio passamos a observar esses 15 alunos por mais 4 dias. Nessa observação utilizamos vários recursos como: conversa informal, jogos, brincadeiras, Interpretação de textos, músicas, aula de campo como
passeio por algumas ruas dos bairros, eles agindo como informantes de turismo. Enfim utilizamos um método para que eles adquirissem confiança em nós e se adaptassem da melhor maneira ao nosso convívio. Após esse trabalho selecionamos um aluno.
O aluno em estudo é um pré-adolescente de 12 anos, cursando o 6º Ano denominado " A.S.S.", que apresenta um quadro de grande dificuldade de aprendizagem o que nos faz pensar de inicio que é um caso de dislexia.
As análises com o sujeito da pesquisa ocorreram no prédio da própria escola no horário intermediário. Fizeram parte dos procedimentos da coleta de dados Anamnese, observações, questionários e entrevistas do cliente em atividades, como também entrevistamos professores do 6º Ano e sua mãe.
No decorrer do estudo percebemos que o cliente demostrou um grau alto de dificuldade de leitura e escrita, que quando lhe é solicitado alguma tarefa o mesmo reage com agressividade verbal, não aceita enturmação nos casos de trabalho em grupo, nunca trás suas tarefas resolvidas de casa quando solicitadas.
Após analizar com bastante atenção seu comportamento, suas atitudes dentro e fora de sala, analizar a entrevista feita a sua mãe e aos professores, chegamos a conclusão que felizmente esse ñ era mais um caso de dislexia e sim do problema social envolvido com a má interpretação do sistema educacional onde muitos que se dizem educadores defendem que não se pode reprovar em hipótese nenhuma um aluno tem que passar de qualquer jeito.
O que sabemos que não é verdade pois o nosso sistema educacional defende que não se deve reprovar um aluno porque o professor tem no mínimo 200 dias letivos para desenvolver métodos que se adeque a necessidade de seus alunos.
Se utilizando dessa desculpa alguns professores rotula o aluno, deixando totalmente isento do que deve ser seu objetivo de fazer com que ele progrida. Procuram doenças onde não existe para justificar por que ele não aprendeu e no final do ano manda para a série seguinte mesmo sem ter aprendido nada.
O que aconteceu com nosso cliente em estudo foi um caso típico dessa natureza. Já no 6º Ano e necessitando ainda ser alfabetizado, chegando a adolescência o aluno fica envergonhado só de pensar na hipótese de seus professores e colegas descobrirem que o mesmo é ainda analfabeto. Cria uma barreira, nunca procura se enturmar mantendo distância tanto de seus colegas de turma como de seus professores, reagindo com agressividade cada vez que os mesmo se aproximam. Se ninguém procurar ajuda esse será mais um no numero de
Abondono escolar. Será mais um analfabeto no futuro pensando que não conseguiu aprender por ser diferente dos outros sem perceber que não conseguiu por um erro da má interpretação do sistema e por não ter conseguido ajuda de profissionais qualificados.
Ao termino de nosso estágio nos reunimos com professores e coordenadores, entregamos nosso diagnóstico e sugerimos que informassem a mãe do aluno a verdadeira situação pois ainda há tempo de reverter esse quadro. È o que esperamos.

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dislexia mesmo não sendo uma doença no sentido clássico, é revestida de uma série de símbolos em torno de seus portadores, quase todos pejorativos desleixado, preguiçoso, mal alfabetizado, desinteressado, baixa inteligência que causam uma multiplicidade danos ao estudante disléxico, incluso aí, a reprovação escolar, por pura dificuldade de entendimento e de informação por parte dos profissionais da educação e da falta de uma política educacional que considere tais variáveis no processo de formação de crianças, jovens e adultos, muito além da piedade, camaradagem da mera afeição, ou de uma nota.
Neste sentido o professor é um participante essencial, pois é ele que convive mais tempo com os alunos e pode detectar possíveis sinais de dificuldades de aprendizagem. Assim não basta que este profissional tenha apenas conhecimentos na sua área de atuação, é preciso que ele seja sensível ao ler e perceber o universo em que atua, dado que neste espaço estão sujeitos com capacidades, necessidades e tempos de aprendizagem diferentes.
Pensar que o micro universo de uma sala de aula é um todo homogêneo, mostrasse cada vez mais uma ideia equivocada e que precisa ser percebida, não só pelos professores, mas por todos aqueles que estão envolvidos na educação dos brasileiros.
Esse tipo de situação evidencia uma carência de discussões e preparação da escola para enfrentar situações além sala de aula, mas que afetam dramaticamente o processo de ensino e aprendizagem.
Some-se a isso a ausência na estrutura escolar de profissionais da área da saúde e da psicologia que deve fazer parte do corpo geral do sistema educacional público, para que os estudantes, principalmente os das camadas populares, possam ser acompanhados na sua trajetória formativa e humana possibilitando aos mesmos conhecerem-se a si mesmos e assim tornarem-se cidadãos plenos de direitos e participantes esclarecidos na construção da sociedade e no convívio entre os seres históricos.
Se quisermos uma escola realmente inclusiva que pratique a justiça no seu amplo campo, é urgente adotar políticas que levem em consideração os aspectos psíquicos relativos à aprendizagem que diferem se de um aluno para outro.
Aliar saber e saúde, fora de imagens metafóricas, é uma ferramenta que possibilitará à escola melhores resultados na sua tarefa de combater o abandono escolar, a reprovação, o buillyng, o analfabetismo funcional e tantos outros aspectos do cotidiano, bem como, torná-la realmente significativa e transformadora aos seus usuários e à sociedade que a mantém e confia no seu caráter de ser uma entidade poderosa na diminuição das desigualdades sociais.

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