A DICIPLINA DE HISTÓRIA COMO AUXILIO NO COMBATE A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Acadêmico: Ana Paula Oliveira dos Santos

Orientador: Ricardo Oliveira

Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI

Curso: Licenciatura em História (HID0424)

Data: 27/11/2015

 

RESUMO

Este trabalho de reflexão desenvolvida ao longo do desenvolvimento deste artigo. Que uma pesquisa de campo de caráter quanti-qualitativo que busca auxiliar o combate a intolerância religiosa através da disciplina de história, já que a história em si, fala da historia de algumas religiões na maioria dos conteúdos escolares no ensino fundamental e Médio, através do estagio realizado na escola Estadual de ensino Médio Rio Tocantins (CAIC). As primeiras reflexões sobre religião foram feitas na antiga Grécia e Roma, já a História das Religiões nasce no século XIX com a finalidade de recorrer aos métodos cientifico histórico. Para investigar como as aulas de religião e história influenciam em suas vidas. E qual seria a melhor forma de combater a intolerância religiosa nas escolas, já que o papel dos professores é educar forma cidadãos livres de preconceito que saibam viver em sociedade.  Combater a intolerância religiosa é um recurso que o professor de historia tem nas mãos, mostrando alguns fatos históricos de intolerância religiosa e suas graves conseqüências para a humanidade e a importância desses comportamentos serem combatidos para que não se repitam, mas os mesmo erros, e pra que isso ocorra de forma, mas abrangente possível e com maior eficiência e necessário que o educador se comprometa a abordar assuntos ditos como “polêmicos” sem mascaras sem esconder ou por pra baixo do tapete. Isso invalida à democracia que há no Brasil, e não mostra à diversidade cultural as varias visões de pontos de vista tão diferentes, mas que devem ser respeitados.

 

Palavra chave: Intolerância, combater, cultura

INTRODUÇÃO

O termo religião portuguesa procede do latim (religionem) refere-se ao caráter comportamental marcado pela rigidez.

Segundo João Marcos Verella (1996), Um dos registros mais antigos de intolerância é o episódio do bezerro de ouro, relatado em Êxodo 32:26.

 A dificuldade de tratar desse assunto não é recente, a intolerância esta presente na história da humanidade desde muito tempo. Há muito fatos históricos originados pela intolerância religiosa, como, o holocausto, o conflito na faixa de gaza e o ataque terrorista em Nova York que derrubaram as torrem gemias, em meio a outros conflitos que fazem parte de nossa historia.

O ensino religioso e a História é um exemplo, entre muitos, de como a religião está ativamente atualizado na esfera pública e no espaço público, que levantar intensos debates entre diversos intérpretes no cenário político, pedagógico, religioso, acadêmico.

O objetivo deste trabalho é discutir as diversas abordagens da disciplina de história como instrumento de combate a intolerância religiosa nas escolas é de estrema importância pra uma sociedade democrática Durante meu estagio pude analisar vários fatores que me levaram a entender todo o processo de ensino religioso e de história e como isso é passado aos alunos e a maneira como eles entendem. Além disso, realizamos uma entrevista com o professor orientador, na qual ele descreveu sua opinião sobre o assunto

 Uma dimensão importante desta pesquisa foi o levantamento dos conteúdos veiculados durante as aulas, a saber: drogas, aborto, família e trabalho. Para se entender melhor como se da o processo de introdução religiosa para os educados.

Para Freud, a intolerância é a expressão de um narcisismo, e num estado de angústia infantil, a intolerância associa o estranho ao hostil. Ele avalia o vínculo social a partir do narcisismo o que permite pensar de uma nova maneira a intolerância de um grupo, sua agressividade e seu fanatismo. “A violência contra o que aparece como diferente, logo ameaçador, procederia não apenas de um desejo de dominação ancorado na natureza humana, mas igualmente de uma exaltação artificial suscitada pelo sentimento de haver compensado em definitivo as carências”.

Em outras palavras, existe um desejo de predomínio inerente ao homem e também uma caça de ser completo, sem ausências. Quando ele se encontra diante de uma situação que contesta esses dois elementos, gera um anseio de estar sendo ameaçado e diante desta suposta advertência, a intolerância surge como uma defesa para não ser contraria À intolerância religiosa adiciono a intolerância política, cultural, étnica e sexual, que estão presentes no cotidiano dos indivíduos: no domínio do espaço doméstico, nos locais do trabalho, nos espaços públicos e privados, assumindo, muitas vezes, formatos sutis de coação (violência física ou moral) e manifestações extremadas de ódio, envolvendo todas as esferas das relações humanas.

1 A ORIGEM DAS RELIGIÕES E DA INTOLERÂNCIA

1.1  FUNÇÃO SOCIAL E O CONTEXTO HISTÓRICO

 A tese da intolerância tem sua ascendência histórica nas manifestações religiosas. Um dos apontamentos mais antigos de intolerância é o episódio do bezerro de ouro, relatado em Êxodo 32:26. Aarão, irmão de Moisés, construiu um bezerro de ouro, o deus Apis, na véspera do dia que Moisés desceu da montanha. Moisés reduziu a estátua a pó e mandou matar 23 mil pessoas.

Segundo (Juliana Stck 2013):     

Nos primórdios da civilização, condutas que divergissem da religião oficial eram severamente punidas pelo Estado, que temia que o culto a outra fé, diferente da oficial, pudesse minar o poder central. Nas civilizações mesopotâmicas, por exemplo, qualquer conduta avessa à religião oficial, que cultuava o soberano, era taxada como “bruxaria”, recebendo as mais severas punições, fato que contribuía para manter o poder nas mãos da classe sacerdotal.

O Império Romano convivia com inúmeros cultos, dos quais apenas o judaísmo e o cristianismo sobreviveram até nossos dias. Essas duas religiões não toleravam outros deuses e menos ainda o imperador divino e assim acabaram perseguidas por um Estado que tolerava todas as religiões. O cristianismo a partir do ano 325 definiu seus dogmas e passou a perseguir seus antagonistas como hereges. Esta prática de intolerância continuou por séculos, principalmente durante a idade média através da Santa Inquisição.

 Mais tarde, no século XVI veio a Reforma tendo como principal característica ideológica o livre exame, isto é a liberdade de consciência contrapondo-se à Inquisição que preservava a unidade da Igreja através da repressão. Segue-se um período de forte intolerância, de parte a parte, com perseguições e guerras religiosas. Nesse cenário nasceu a palavra tolerância.

Segundo Weber, um dos fatores que no século XVI favoreceu o desenvolvimento da tolerância religiosa foi o mercantilismo, através do contato com outros povos, troca e circulação das idéias e dos bens intelectuais, particularmente na Holanda no século XVII.

Hoje em dia ainda há muita dificuldade em falar de religião mostra também que há resistência em entender outros valores e respeitá-los. Durante o estagio pude perceber que havia muito problema nas aulas de história, o professor mal entrava em assunto dito como polêmicos  

 Em um adequado momento o professor orientador do estagio me explicar que os conflitos que surgem nas aulas têm relação com a resistência que a maior parte dos professores e dos alunos, católicos e evangélicos, demonstram quando são tratados de temas arrolados às religiões de como, por exemplo, matriz afro-brasileira. Isto mostra a dificuldade de tratar de outras culturas e religiões, que existe um preconceito enraizado na sociedade brasileira desde a colonização.

 2 A IMPOSSIÇÃO DE VALORES AOS EDUCADOS

 As aulas de história foram um espaço propício para tal observação, já que a maior parte dos professores eram católicos e evangélicos, o que poderia ocasionar conflito durante as aulas em virtude da diversidade de religiões dos alunos. No entanto, as implicações curiosamente mostraram uma situação diferente da que imaginava. Pois os alunos não questionam muito alguns valores que o professor passa durantes as aulas quando o assunto esta relacionado com a religião, alguns até tentam, mas por fim predomina o senso comum como, por exemplo, no caso da cultura afro, quando o assunto é religião todos adentram em um consenso de tudo se resume em “macumba”.

Em uma entrevista com o professor orientador do estagio ele esclarece sobre o comportamento dos alunos serem “negativo”:

                                 

 estão perdendo os valores, estão sem referências, o problema é que a maioria deles tem uma família desestruturada, que não consegue dar conta desses valores, aí a gente [os professores de ensino religioso ou história] precisa resgatar isso. (Professor de historia e ensino religioso)

Este cujo de comentário, que relaciona uma suposta perda de valores à família, foi constante durante as conversas que mantivemos com o professor ao longo do trabalho de campo – reforçando o conceito do costume de um discurso religioso de fundamento cristão, embora o professor assegure que não se trata de um conteúdo religioso, mas sim “moral”, generalizando para toda a sociedade, valores que na prática correspondem a princípios cristãos, sem especificar essa contradição. Isso torna complexa a introdução de uma educação voltada para a democracia e o respeito multo.

Em relação aos conteúdos proporcionados durante as aulas de história, podemos dizer que o próprio é veiculado a partir do aspecto evangélico, com o professor se utilizando de valores que promulgam um vocabulário e uma gramática evangélica, ou seja, circunstâncias que permitem ou não o uso de determinados costumes de acordo com uma moralidade evangélica, e de materiais pedagógicos que são trabalhados durante as aulas, enfatizando a compaixão, o amor ao próximo, os dons de Deus, entre outros.

Essa problemática é abordada por Lui, que analisa que o ensino de historia estende a assumir uma atitude etnocêntrica, na medida em que “é evidente que os valores morais que serão exaltados e transmitidos nas aulas de ensino religioso são valores morais vinculados ao cristianismo” (apud RANQUETAT, 2009).

Esta ascendência cristã, maiormente católica, desvenda uma especificidade do espaço público no Brasil, que tem como característica ser correspondente por grupos predominantes da sociedade brasileira. O ambiente público brasileiro, segundo Roberto Kant de Lima é caracterizado sempre como aparentemente imprevisível e caótico. Para o autor, o domínio do público no Brasil:

contraditoriamente ao domínio da sociedade, não é representado como o lócus da regra local e explícita, de aplicação universal, de todos conhecida e a todos acessível, portanto a todos aplicável por igual, universalmente. Ao contrário, o domínio do público é o lugar controlado pelo Estado, de acordo com suas regras, de difícil acesso (...) é assim o lugar apropriado particularizada mente, seja pelo Estado, seja por outros membros da sociedade autorizados ou não por ele. (2001,p. 109-110).

Abrangemos no que diz respeito às escolas públicas a disciplina de historia, que essa assimilação advém, sobretudo, por parte de católicos e evangélicos, que são a maioria absoluta de professores.

Assim sendo, podemos entender que o ambiente público, no episódio brasileiro, está

Inscrito no paradoxo de uma sociedade fundamentada em princípios liberais bem como em um aparelho hierárquico onde este de certa configura - o que Da Matta (1979) considerou como sendo o dilema brasileiro - fazendo com que para se ter acesso ao público, o organismo utilizado seja o de se adequar particularizada mente dele.

A assimilação, no entanto, não ocorre de forma harmônica, mas sim hierárquica, já que os desiguais grupos religiosos competem desigualmente para se apropriarem do espaço público brasileiro e dele perpetrar uso da forma que melhor lhe convêm.

Mencionando a lei 10.639/03, que abordam respectivamente sobre o ensino religioso e a História e Cultura Afrobrasileira, não tem se concretizado de forma totalmente abrangente na escola pública pesquisada. Isto é, porque plausível ressaltar uma “desarticulação entre a esfera pública e o espaço público” (CARDOSO DE OLIVEIRA, 2002). Na medida em que o fato de agir de acordo com a lei prevista acendeu uma reação negativa no espaço escolar. Sem embargo no plano legal o estudo da história e da cultura afro-brasileira estar previsto nas escolas, sua concretização no plano real se mostra comprometida em emprego de representar uma vertente da sociedade não-legítima no espaço público.

 3. PLURALIDADE CULTURAL NO BRASIL

 

Este tema recomenda uma concepção da sociedade brasileira que investigação explicar a diversidade étnica e cultural que a compõe, compreender suas analogias, marcadas por desigualdade socioeconômicas, e apontar alterações necessárias. Analisar a diversidade não constitui negar a existência de características comuns, nem a probabilidade de constituirmos uma nação, ou mesmo a essência de uma extensão universal do ser humano. Pluralidade cultural quer dizer a afirmação da diversidade como traço fundamental na construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, o fato de que a humanidade de todos se manifesta em forma concretas e diversas de ser humano.

 Ao lembramos a realidade brasileira, percebemos que à desigualdade, que toma conta de nossa sociedade e que a cada dia mais se alarga, soma-se a discriminação racial e o preconceito de classe. Conversamos com as injustiças sociais e raciais. Em tais condições, o preconceito e a intolerância, declarados aberta ou dissimuladamente, tendem também a perdurar. Estes se fazem presentes em todos os espaços: no trabalho, nas escolas, nas universidades, nos meios de comunicação em geral, etc

O reconhecimento da complicação que envolve a problemática social, cultural e étnica é o primeiro passo. Tal reconhecimento assinala a necessidade de a escola instrumentaliza-se fornecer informações mais precisas para questões que vem sendo indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não ignoradas por um silencio constrangedor.

Dentro da escola é uma atmosfera propícia para a valorização da diversidade cultura, como assuntos religiosos que podem ser tratadas com mias clareza, para que os alunos entendam a importância da valorização de outros valores e como essa troca trás benefícios e todos que se permitem essa troca. Segundo os parâmetros curriculares nacionais:

 (...) As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas históricas, na construção de suas formas de subsistências, na organização da vida em social e política, nas suas relações como meio e com outros grupos, na produção de conhecimentos, etc. A diferença entre cultura é fruto da singularidade desses processos em cada grupo social. 

 

 4. CONCLUSÃO

 

Respeito à diversidade religiosa, na prática, a predominância de professores cristãos (evangélicos e católicos), associada às rotinas do cotidiano escolar acaba transformando o ensino convencional em algo que se pretende ser “pluri-religioso”, mas não é, na medida em que não resulta de um acordo entre diversas entidades religiosas, como previa o art. 33, numa das versões da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada em 1996 (9.394). A supressão do da expressão “interconfessional” da LDB, em 1997 (9.475), acabou por reforçar a manutenção do caráter confessional, o que afeta às tradições religiosas que não se encaixam na matriz cristã. Isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

A escola tem um papel terminante a desempenhar nesta metodologia. Em primeiro lugar, porque o espaço em que pode se der a convivência entre crianças de origens e níveis sociais diferentes, com cultura e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece, com visões de mundo diversas. E tratar dessa diferença em sala de aula por professor de história só trás para sociedade cidadãos que saibam viver em uma comunidade livre de preconceito.

 Transformar mentalidades, ultrapassar o preconceito e combater atitudes discriminatórias são finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito mútuo, o que é tarefa para a sociedade como um todo.

Com essa análise foi verificado que é importante abordar das varias religiões nas escolas, para que se entenda a pluralidade cultura que existe em nosso país, e respeitá-la é busca a valorização daquelas que muitas vezes ficam esquecidas e sofre preconceito devido esta relacionada com a etnia de alguns grupos sociais onde estão na marginalização e sofrem também seus freqüentadores sentem preconceito socioeconômico.

Apreciar todos os grupos sociais e étnicos tem historia. Essa historia são distintas entre si e também distintas do que convencionou como historia do Brasil, no singular. Embora as trajetórias das culturas e religiões no Brasil já façam parte dos conteúdos trabalhados pelas escolas, com referencia aos índios, aos negros, aos imigrantes, que se propõe são novos conteúdos, que buscam narrar a historia do ponto de vista dos grupos sociais que a produziram. Conhecer historias, personagens e fatos marcantes da cultura e religião estudá-la e respeitá-la só engrandece a historia brasileira.

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância.

   

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIA

 

 MIRANDA, Ana Paula Mendes de. Entre o privado e o público: considerações sobre a (in) criminação da intolerância religiosa no Rio de Janeiro. Anuário antropológico, Brasília, 2010.

KANT DE LIMA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: o dilema brasileiro do espaço público. In: GOMES, Laura Graziela, BARBOSA, Lívia, DRUMOND, José Augusto (Orgs). O Brasil não é para principiantes. Rio de Janeiro: FGV, 2001.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Luís Roberto. Direito Legal e Insulto Moral: dilemas da cidadania no Brasil, Quebec e EUA. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

RANQUETAT. Religião em Sala de Aula: O Ensino Religioso nas Escolas Públicas Brasileiras. CSOnline - Revista Eletrônica de Ciências Sociais, v. 01, p. 163-180, 2007.

 VOLTARIE, Dicionário de Filosofia, Os pensadores, Editora Abril, 1973.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Luís Roberto. Direito Legal e Insulto Moral: dilemas da cidadania no Brasil, Quebec e EUA. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

GOULART, Julie Barrozo. Entre a (in)tolerância e a liberdade religiosa: a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, suas reivindicações e estratégias de inserção no espaço público fluminense. Monografia de conclusão de curso, Ciências Sociais, Universidade Federal Fluminense, Niterói, julho de 2010.