A dignidade do Professor

Domingo, dia de relaxar. Abro a revista Veja (dez 2010) e leio o seguinte título: Na Turma dos Piores. A reportagem traz uma avaliação da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre o ranking do Brasil na área da matemática (57º lugar), leitura (53º lugar) e ciências (53º lugar). Vale ressaltar que 65 países participaram da pesquisa.
Difícil uma matéria como esta passar despercebida, pois tudo relacionado à educação anda a passos de tartaruga e em marcha ré. Não poderia ser diferente, pois o Brasil é o que menos gasta com educação dos 34 países analisados pelo OCDE.
Sou educadora e percebo a cada ano o descrédito dos profissionais em relação a investimentos na Educação. As escolas cada vez mais precárias, as salas "abarrotadas" de alunos, pois sempre cabe mais um, o salário nada atrativo, os pais se ausentado de sua obrigação e os alunos literalmente empurrando "com a barriga", pois no final sabem que passarão de ano.
A instituição escolar está doente. Você já deve ter ouvido falar em Bullying, Síndrome de Burnout, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Depressão, Estresse, Síndrome de Pânico. E como estão na moda não é mesmo?
Alunos barulhentos e descomprometidos, carga de trabalho excessiva, políticas inadequadas da escola para casos de indisciplina, professores agredindo e sendo agredidos pelos alunos, pais que simplesmente esqueceram sua missão e "depositam" seus filhos na escola, querendo que saiam dali prontos para vida.
Tento ter esperanças e continuo fazendo a minha parte todos os dias, mas confesso que estou cansada. Cansada de ver os pais se preocuparem com os filhos apenas no final do ano, faltando um mês para o término das aulas, pois precisam atingir a média para passar de ano. Cansada de ver que a educação é tratada por muitos como algo supérfluo, cansada de ver os alunos cada vez mais despreparados, desconhecendo conceitos básicos e achando isto normal.
Pais ausentes delegando aos outros uma função que é sua, que é a de acompanhar e orientar. Crianças perdidas, sem um norte para seguir, despreparadas e alvos fáceis para qualquer um que queira delas se aproveitar.
Professores cansados, desestimulados e sem ânimo para acordar todos os dias e enfrentar mais um dia dentro da sala de aula. Infelizmente as coisas parecem piorar a cada ano e somente uma mudança muito grande para conseguirmos fazer com que o professor consiga reaver seu maior tesouro: sua dignidade.

Leila Bambino
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