Antes da invenção da televisão, era relativamente mais fácil se manter uma família unida, só era necessário manter as jovens longe dos "rapazotes" de cabelo lambido para traz, que dirigiam fusca e freqüentavam "lugares impróprios"; levá-las a igreja toda semana para que se arrependam e casá-las o mais rápido possível. Quanto as homens, era relativamente mais simples, eles tinham mais liberdades, mas tinham que se dar ao respeito para serem respeitados, ou seja, podiam fazer de tudo, mas não podiam sair por ai se vangloriando com todos. Era mais funcional também, já que, para se ouvir as noticias do radio naquela época, toda a família se juntava, mas todos ficavam em silencio. Quer coisa melhor que isso?
Como os jovens humanos raramente possuem uma opinião formada ? normalmente isso só ocorre depois de varias decepções e frustrações. Não esquecendo que a mídia sempre influencia em alguma coisa, atrasando o processo ?, fica razoavelmente fácil para uma pessoa adulta, detentora do poder, assumir que ela é incapaz e subjugar suas ações com o intuito de proteger, porém, subjugar ainda é subjugar. Pode-se considerar "opinião formada" uma opinião que leve em consideração todos os conceitos atuais e os futuros, ou pelo menos a maioria deles, por essa razão quando uma garota diz "eu quero por um piercing para expressar a minha individualidade perante a sociedade igual a todas as minhas amigas" um pai tem todo o direito de dizer não e subjugar sua opinião, mas isso certamente a afastará dele.
Oscar Wilde disse "experiência é o nome que nós damos aos nossos próprios erros", essa frase representa perfeitamente o altruísmo paterno em tentar impedir ou, ao menos, corrigir os erros de seus filhos, mesmo que seja sacrificando parte de seu relacionamento com eles. Mas por que os jovens não são capazes de perceber esse sacrifício? É difícil de acreditar que um jovem não perceba que um pai está interferindo em suas ações para seu próprio bem futuro, provável que eles liguem a sua própria incapacidade de prever as conseqüências de seus atos com as atitudes paternas, com isso o resultado é uma imagem de um indivíduo mais velho que só serve para atrapalhar as ações e impedir a felicidade dos jovens.
O mais assustador nessa perspectiva é que, quando se trata de alcançar um jovem, é mais fácil um estranho fazê-lo do que seus entes mais íntimos. Nessa hora o pensamento coletivo aflora e surge o conceito "se meu amigo se jogar da ponte é por que é legal, então eu me jogo também, dane-se as pílulas que ele estava tomando". Esse comportamento existe, pois o tema desse texto pode ser generalizado, todo jovem acredita que ninguém entende ele e que os seus pais só servem para atrapalhar a sua vida, com isso é fácil de se nascer um sentimento de companheirismo e influencia, com os amigos, a partir deste.
Mas o grande vilão dessa historia é, sem a menor sombra de duvidas, a mídia. A principal criadora de estereótipos a serem seguidos; de tendências a serem aplicadas; de metodologias a serem questionadas. Nesse ponto pode-se ser extremamente sincero e dizer que a mídia lucra com a desavença dos jovens e seus educadores. Pois quando há uma briga entre pai e filho, o que o jovem faz? Sim, ele chora (...), mas depois ele sempre se volta para alguma fonte de informações que ele entenda e essa fonte quer fornecer uma isca para que o jovem não saia ou não se canse dela. E qual a maneira mais fácil de fazer isso? Sim, dizendo o que ele quer ouvir ao invés de dizer da verdade! Acha que alguma dessas revistinhas de adolescentes faria alguma espécie de sucesso se estampasse na capa "Os motivos do seu pai sempre grilar com os caras que você conhece na rua e ta sempre pegando" ao invés de "Como conquistar aquele gatinho"? Os apelos são simples: emocionais, com auto-piedade subliminar e sempre muito subjetivos, pois é um fato que as pessoas jovens passam mais tempo chorando e esperando por alguma piedade do que agindo para resolver seus próprios problemas.
É difícil vender uma imagem que se contraponha a autoridade paterna sem um rostinho bonito e algum tipo de conteúdo ? notem que eu não disse "bom conteúdo" ?, é por isso que existem os ídolos Juvenis, aquelas pessoas literalmente criadas para ser a imagem de alguma filosofia de vida que visa lucrar com a carência afetiva de aceitação juvenil. Mesmo em suas imagens eles já expressam isso, e o pior é que isso não vem de hoje. Nos anos trinta, quando tudo era mais rígido, os ídolos juvenis eram sempre moldes de rebeldia que desafiavam o contexto social com seus topetes e suas motos. Ah... Quem dera fosse assim ainda hoje... Infelizmente, atualmente temos modelos juvenis piores, os do passado não tinham muito conteúdo, mas tinham uma imagem legal, os de hoje nem isso possuem. Suas aparências expressam o que já foi dito, carência, infelicidade, ignorância, vagância psicológica e, ultimamente, homossexualismo enrustido. Como? Com franjas que passa sempre a imagem de sofrimento; roupas que sempre expressam a individualidade da pessoa sendo o mais diferente possível do contexto social; musicas melosas que falam sempre de... Eu não consigo terminar essa frase. Seja como for, todo esse estereótipo criado para suprir a carência infanto-juvenil é exatamente o que a danifica psicologicamente, fornecendo pseudo-padrões de independência e moralidade para crianças que nem sequer possuem renda própria para arcar com seus gastos. E por mais incrível que pareça, essas pessoas aparentemente tristes e perturbadas conseguem alcançar os jovens mais que seus próprios pais, Fazer o que? Instabilidade psicológica juvenil vende bem.