JESUS, ANA PAULA Q. B. DE.

 

 

A DIFICUDADE DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN NO CICLO I DO ENSINO FUNDAMENTAL

STUDENTS OF INCLUSION DIFICUDADE WITH DOWN SYNDROME IN THE CYCLE I ELEMENTARY SCHOOL

 

TABOÃO DA SERRA

2016

ASAS PARA VOAR

Dona Esmeralda tinha um filho excepcional, aleijado: Clodoaldo, a grande cruz da sua vida. Um dia, Dona Esmeralda passou pelo Orfanato da cidade. Falou com a Irmã Diretora do estabelecimento e obteve o que desejava: um coleguinha para seu filho passar o tempo, nos fins de semana. A escolha recaiu em Luiz Henrique, um menino ligeiramente corcunda, de rosto triste, 11 anos de idade.

Clodoaldo, afeiçoou-se rapidamente ao novo amigo. Brincavam juntos, viam televisão, escutavam música. E a mãe recomendava constantemente: "Meu filho seja muito delicado com o Luiz Henrique para não magoá-lo. Trate-o como se fosse um garoto normal, igual a todos os outros. “Em um sábado à tarde, os dois meninos curtiam juntos um programa infantil, olhos fixos no televisor”. Em dado momento a mãe escutou seu filho dizer a Luiz Henrique: “Luiz Henrique, você sabe o que é isso nas suas costas”? É o lugar onde estão as suas asas. Qualquer hora dessas Deus vai abrir e você sairá voando como os anjos..."

Emocionada, Dona Esmeralda foi abraçar os garotos, buscando disfarçar as furtivas lagrimas que rolavam dos seus olhos.

Lição: As crianças tem olhos, coração, sensibilidade e sabedoria que nós, adultos, por vezes, desconhecemos ou deixamos morrer, definhar.Rebelamo-nos tão facilmente contra o sofrimento, porque não descobrimos ainda os segredos do milagre. Um defeito, conflitos, angustias, cruzes, dores e desafios podem dar-nos asas para sobre voar o comodismo, a mediocridade. Quando aceitos com humildade, fracassos, derrotas e limitações, não raro se convertem em degraus de crescimento na Escada da Vida.

Pe. Roque Schneider, SJ

RESUMO

Esta pesquisa apresenta a problemática da inclusão de alunos com Síndrome Down no ciclo I do Ensino Fundamental Brasileiro, seja nas escolas públicas ou particulares, a eficácia e os percalços da presença do professor qualificado nas salas de aula; os avanços e dificuldades da comunicação de relações interpessoais e vivências entre Síndrome de Down familiares com a participação da educação inclusivas proposta para o âmbito escolar do nosso país. Conclui que a educação utilizada como veículo de transformação do cidadão, tem falhado no desempenho de seu papel principal, á partir disso precisa-se obter uma atitude positiva em relação à inclusão das pessoas com Síndrome de Down no ciclo I Ensino Fundamental fazendo com que as mesmas não se sintam excluídas nos espaços educacionais. Para finalizar o trabalho é necessário enfatizar o papel da família para aquisições e ressaltar, que toda bibliografia pesquisada, a importância da família nos processos de construção da aprendizagem.

Palavras chave:  Inclusão, Síndrome de Down, Educação

ABSTRACT

This research presents the issue of inclusion of students with Down syndrome in the cycle of Fundamental Brazilian education, whether in public or private schools, the effectiveness and the mishaps of the presence of qualified teacher in the classroom; the advances and difficulties of communication and interpersonal relationships between family experiences Down syndrome with the participation of the proposed inclusive education for the school environment of our country. Concludes that education used as the citizen transformation vehicle, has failed in the performance of its primary role, you will from that one needs to get a positive attitude towards inclusion of people with Down Syndrome in the cycle I Elementary School causing they do not feel excluded in educational spaces. Finally the work is necessary to emphasize the role of families for acquisitions and to emphasize that all researched literature, the importance of the family in the learning processes of construction.

Key words: Inclusion, Down Syndrome Education

INTRODUÇÃO

A hipótese que se levanta é de ser preciso conhecer a Síndrome de Down e suas características específicas, assim como as leis de ensino especial para favorecer a parceria entre família, escola e sociedade numa interação constante e efetiva que a educação integral do sujeito exige.

O atual momento discute a questão da inclusão social e tem sido tema de diversos debates entre pesquisadores, médicos, educadores, assistentes sociais e áreas que se ocupam do tratamento e cuidado com pessoas com Síndrome de Down.

Com a obrigatoriedade, gratuidade, igualdade e permanência do aluno garantido em lei, à instituição escolar abre suas portas aos alunos com necessidades especiais.

Neste sentido, a escola traz ideias voltadas para a valorização do ser humano, do que é diferente aos olhos do que se acha normal e luta pelo fim do preconceito. Por isso, se faz muito importante e propício nos dias atuais de uma pedagogia inclusiva.

Inclusão significa parceria, reconhecer o outro, aceitar e ser aceito. A escola jamais poderá trabalhar esse processo de forma isolada, ou seja, precisa da contribuição tanto da família como da sociedade. A família é o primeiro e o mais importante contato da criança com Síndrome de Down com o mundo e suas relações, dando-lhe suporte para a ampliação do contato social com os elementos da sociedade juntamente com a escola num movimento integração.

O processo de inclusão, as leis e a Síndrome de Down, este foi dividido em partes que não se fragmentam, mas se completam para o entendimento da inclusão da criança na rede de ensino regular. O primeiro capítulo diz respeito consta direito a Inclusão de pessoas com Síndrome de Down, as Leis, a Inclusão e a História da Síndrome de Down, considerando que se não conheço ignoro, se conheço mudo de atitudes.

O segundo capítulo aos Procedimentos de criança com Síndrome de Down apresentando o conceito de educação para todos; as leis e documentos internacionais da legislação brasileira; e a inclusão escolar com novas perspectivas.

O terceiro capítulo diz respeito à Inclusão e ressalta as Leis.

O quarto capítulo refere-se à Educação Especial da pessoa com a síndrome num movimento de interação escola e família na construção do sujeito.

Portanto a inclusão da criança com Síndrome de Down seja um desafio sim, mas impossível, não. Pois, conhecer a proposta de inclusão e a Síndrome de Down é que faz toda a

diferença no momento de educar para proporcionar maior qualidade de vida para essas pessoas.

Pessoas com necessidades especiais sempre fizeram parte do mundo, seja em famílias ricas ou pobres. O mundo, as sociedades, as pessoas são os que sempre fizeram questão de não enxergar o deficiente.

1-       A História da Síndrome de Down

 

A síndrome de Down (SD) tem registros antigos na história do homem, sendo os primeiros trabalhos científicos datados do século XIX. Contudo, a história da humanidade mostra crianças com SD sendo retratadas, principalmente, por pintores como Andrea Mantegna (1431-1506) e Jacobs Jordaens (1539-1678). Em1838, Esquirol fez referência à síndrome em um dicionário médico. Outros registros são constatados na história, por exemplo, no livro de Chambers, datado de 1844, no qual a síndrome de Down é denominada “idiotia do tipo mongolóide”, e na descrição feita por Edouard Seguin (entre 1846 e 1866) que se referia à síndrome como um subtipo de cretinismo classificado como “cretinismo furfuráceo” (Schwartzman, 1999a).

Entretanto, o reconhecimento da Síndrome de Down como uma manifestação clínica só ocorreu com o trabalho de Langdon Down, em 1866, que foi influenciado pelos conceitos evolucionistas da época. Em seu trabalho, Langdon Down afirmava a existência de raças superiores a outras, sendo a deficiência mental característica das raças inferiores. Além disso, a tuberculose, presente nos genitores de crianças com SD daquela época, era considerada como um fator etiológico.

Depois desse trabalho inicial, vieram outros que contribuíram para aprofundar o conhecimento sobre a Síndrome de Down. Dentre eles, os trabalhos de Fraser e Michell (1876), o de Ireland (1877), que distinguiu a “idiotia mongolóide” da “idiotia cretinóide”, o de Wilmarth (1890) e o de Telford Smith, em 1896, que descobriu uma técnica de tratamento para estas crianças utilizando o hormônio tireoidiano. Mas, foi somente em 1932, que um

oftalmologista holandês chamado Waardenburg sugeriu que a ocorrência da síndrome de Down fosse causada por uma aberração cromossômica. Dois anos mais tarde, em 1934, nos

Estados Unidos, Adrian Bleyer supôs que essa aberração poderia ser uma trissomia. Parecia, portanto, que a descoberta da causa da síndrome de Down estava próxima. Contudo, foram necessárias mais de duas décadas para que isto ocorresse. Foi somente em 1959 que o Dr. Jerome Lejeune e Patrícia A. Jacobs e seus respectivos colaboradores descobriram quase que simultaneamente, a existência de um cromossomo extra (Schwartzman, 1999ª).

A denominação de Síndrome de Down só foi proposta após várias outras denominações terem sido usadas: imbecilidade mongoloide, idiotia mongoloide, cretinismo furfuráceo, acromicria congênita, criança mal-acabada, criança inacabada, dentre outras. Obviamente, alguns desses termos apresentam um alto grau pejorativo, incluindo o termo mongolismo, que foi amplamente utilizado até 1961, quando as críticas contrárias ao seu uso despontaram. Em decorrência disso, segundo Schwartzman (1999ª), esta terminologia foi suprimida nas publicações da Organização mundial de Saúde (OMS), a partir de 1965, prevalecendo à denominação de Síndrome de Down, embora o termo mongolismo ainda seja utilizado na linguagem cotidiana.

2-       O Que é Síndrome de Down.


         A síndrome de Down é decorrente de uma alteração genética ocorrida durante ou imediatamente após a concepção. A alteração genética se caracteriza pela presença a mais do autossomo 21, ou seja, ao invés do indivíduo apresentar dois cromossomos 21, possui três. A esta alteração denominamos trissomia simples.

No entanto podemos encontrar outras alterações genéticas, que causam síndrome de Down. Estas são decorrentes de translocação, pela qual o autossomo 21, a mais, está fundido a outro autossomo. O erro genético também pode ocorrer pela proporção variável de células trissômicas presente ao lado de células citogeneticamente normais. Estes dois tipos de alterações genéticas são menos frequentes, que a trissomia simples. 

 Estas alterações genéticas decorrem de "defeito" em um dos gametas, que formarão o indivíduo. Os gametas deveriam conter um cromossomo apenas e assim a união do gameta materno com o gameta paterno geraria um gameta filho com dois cromossos, como toda a espécie humana. Porém, durante a formação do gameta pode haver alterações e através da não-disjunção cromossômica, que é realiza durante o processo de reprodução, podem ser formados gametas com cromossomos duplos, que ao se unirem a outro cromossomo pela fecundação, resultam em uma alteração cromossômica. 

Estas alterações genéticas alteraram todo o desenvolvimento e maturação do organismo e inclusive alteraram a cognição do indivíduo portador da síndrome. Além de conferirem lhe outras características relacionadas a síndromes. De forma geral algumas características do Down são: o portador desta síndrome é um individuo calmo, afetivo, bem humorado e com prejuízos intelectuais, porém podem apresentar grandes variações no que se refere ao comportamento destes pacientes. A personalidade varia de indivíduo para indivíduo e estes podem apresentar distúrbios do comportamento, desordens de conduta e ainda seu comportamento podem variar quanto ao potencial genético e características culturais, que serão determinantes no comportamento.

3-      Aspectos Citogênicos da Síndrome de Down 


            Recentemente concluiu-se que a trissomia do 21 livre é muito frequente e decorre de erros, que propiciam a formação de gametas com dois cromossomos 21 e normalmente é comum em mulheres de idade avançada:


Estudos recentes, com polimorfismos de DNA (sequência de DNA, produzidas, por enzimas de restrição e que passam de uma geração a outra) do cromossomo, estabelecem que aproximadamente 95 % dos casos resultam de não-disjunção na meiose materna. Destes 76 % a 80 % são erros no processo de meiose. Assim a não-disjunção na meiose materna é responsável por 67 % a 73 % de todos os casos de trissomia do 21 livre. (ANTONORAKIS; SHERMAN, apud SCHWARTZMAN, 1999, p. 38).


     

   Como já foi citado, na alteração por disjunção, o erro genético ocorre devido a não divisão cromossômica, quando os dois componentes do par cromossômico devem se separar originando células filhas. Neste caso, a divisão incorreta gera uma célula com excesso de cromossomos e outra com falta. 

A célula que fica com dois cromossomos homólogos, que não sofrerão disjunção, se fecundada formará em um zigoto trissômico, por possuir três cromossomos equivalentes ao invés de apenas um par. E como já foi citado é muito comum em mulheres de idade avançada, devido o envelhecimento do óvulo. 

 Para explicar esta relação, entre o envelhecimento do óvulo e o fenômeno de disjunção, muitas teorias foram propostas. 

Segundo alguns autores sugerem que a aneuplóide, já esta presente nos ovócitos por ocasião do nascimento das mulheres e se deve a não-disjunção micótica, durante a embriogenese ovariana. (ZHENG; BYERS apud SCHWARTZMAN, 1999, p.40). 

As translocações, que compreende o processo de mutação genética, se dão pela ligação de um fragmento de um cromossoma a seu cromossoma homólogo. Estas ocorrem em menor frequência, sendo mais comuns entre cromossomos acrocêntricos, por fusão cítrica, as chamadas translocações robertsonianas. Segundo SCHWARTZMAN, (1999), estas são responsáveis por 1,5 % a 3 % dos casos de síndrome de Down. 

4-      Características Principais da Criança Down  e Suas Características Físicas

 

Diversas alterações feno típicas caracterizam a Síndrome de Down, dado que, essas alterações podem ser observadas ao nascimento ou ainda no feto. Contudo, essa observação deve ser considerada em conjunto, e este conjunto de alterações indicará à síndrome.

Os cromossomos são designados por números, isto é, masculino 46, xy e feminino 46, xx. Então, a trissomia ocorre quando existe a presença de um cromossomo extra no cariótipo do indivíduo.

Explica Schwartzman (2003), que quase todos os casos de Síndrome de Down têm sua origem em um erro na divisão celular, ou seja, um erro suficiente para modificar o desenvolvimento embrionário do bebê. A comprovação diagnóstica é feita através de um exame genético: o cariótipo que, logo, confirmará o cromossomo extra no par 21.

Conforme Schwartzman (2003), vários sinais clínicos descrevem recém-nascidos afetados pela Síndrome de Down. Dado que, são muitas as características físicas consequentes da síndrome, logo cada criança acometida apresenta algumas delas mais acentuadas.

De acordo com Schwartzman (2003), as características e etiologia da Síndrome de Down são muitas, visto que algumas delas não influenciarão no desenvolvimento da criança. Contudo, cada característica de forma peculiar marca diferenças físicas como: perfil achatado; nariz pequeno e o osso nasal geralmente achatado, sendo em algumas crianças a passagem nasal mais estreita; hipoplásica (diminuição da atividade dos tecidos da face); boca e dentes pequenos de forma que a língua pode projetar-se para fora; língua hipotônica, com a diminuição do tônus muscular, a língua pode ficar comestrias; o céu da boca ou palato é estreito; os cabelos são finos e lisos; possuem pregas epicântica ou pregas palpebronasais que se estendem do nariz até a parte interna da sobrancelha cobrindo o canto interno do olho; as orelhas são pequenas com baixa implantação, assim, a borda superior da orelha na sua maioria é dobrada e os canais do ouvido estreitos; prega palmar transversal única; as mãos e os pés tendem a ser pequenos e grossos e existe uma distância entre os dedos dos pés, um espaço maior entre o dedão e o segundo dedo; nas mãos ocorre o encurvamento dos quintos dígitos; a parte posterior da cabeça é levemente achatada, o que é denominado de braquicefalia e a Síndrome de Down podem ocorrer qualquer raça, povos negros, amarelos e brancos.
             Segundo SCHWARTZMAN (1999), a síndrome de Down é marcada por muitas alterações associadas, que são observados em muitos casos. As principais alterações orgânicas, que acompanham a síndrome são: cardiopatias prega palmar única, baixa estatura, atresia duodenal, comprimento reduzido do fêmur e úmero, bexiga pequena e hiperecongenica, ventriculomegalia cerebral, hidronefrose e dismorfismo da face e ombros. 
            Outras alterações como braquicefalia, fissuras palpebrais, hipoplasia da região mediana da face, diâmetro fronto-occipital reduzido, pescoço curto, língua protusa e hipotônica e distância aumentada entre o primeiro, o segundo dedo dos pés, crânio achatado, mais largo e comprido; narinas normalmente arrebitadas por falta de desenvolvimentos dos ossos nasais; quinto dedo da mão muito curto, curvado para dentro e formado com apenas uma articulação; mãos curtas; ouvido simplificado; lóbulo auricular aderente e coração anormal. 
             Quanto às alterações fisiológicas podemos observar nos primeiros dias de vida uma grande sonolência, dificuldade de despertar, dificuldades de realizar sucção e deglutição,

porém estas alterações vão se atenuando ao longo do tempo, à medida que a criança fica mais velha e se torna mais alerta. 

A criança Down normalmente apresenta grande hipotonia e segundo HOYER e LIMBROCK, citado por SCHWARTZMAN (1999), o treino muscular precoce da musculatura poderá diminuir a hipotonia.

A hipotonia costuma ir se atenuando à medida que a criança fica mais velha e pode haver algum aumento na ativação muscular através da estimulação tátil. (LOTT apud SCHWARTZMAN, 1999, p. 28). 

Alterações fisiológicas também se manifestam através do retardo no desaparecimento de alguns reflexos como o de preensão, de marcha e de Moro. Este atraso no desaparecimento destes reflexos é patológico e resulta no atraso das aquisições motoras e cognitivas deste período, já que muitas atividades dependem da desta inibição reflexa para se desenvolverem como o reflexo de moro, que é substituído pela marcha voluntária. 

5-      O Desenvolvimento da Criança com Síndrome de Down

 

Nos primeiros meses de vida, o desenvolvimento psicológico é observado através das reações motoras, afetivas e pela vocalização. Visto que, as crianças com a síndrome apresentam reações mais lentas e a hipotonia interferem no desenvolvimento psicomotor que depende do tônus muscular, como por exemplo: sorrir. Assim, o sorriso é mais curto e menos intenso, e demoram mais para responder a estímulos visuais e auditivos.

Para Casarin (2003), a criança precisa de um maior contato visual, porque o contato do olho também é mais lento, e ela demora mais para observar tudo que está a sua volta. Então, sua ligação com o ambiente é tardio.

Existem diferenças quanto à memória auditiva imediata, neste sentido, a criança não conserva informações. Logo, retém apenas algumas palavras do que ouve, e isso pode prejudicar o aprendizado da gramática e da sintaxe.

Casarin (2003, p. 277) afirma: “A exploração do ambiente faz parte da construção de mundo da criança, e o conhecimento que ela obtém por meio desse movimento exploratório formará sua bagagem para se relacionar com o meio ambiente. [...]”.

A criança utiliza comportamentos repetitivos, estereotipados, exploratórios e desorganizados, e como foi dito, explora menos que crianças sem a síndrome. Dessa maneira, demonstram pouca ligação com o ambiente.

Conforme Casarin (2003), o jogo simbólico e atividades de faz de conta também apresentam mais lentos, com comportamentos de repetição. Dado que, algumas crianças com a Síndrome de Down apresentam ainda déficit de atenção que pode comprometer seu desenvolvimento em tarefas e relacionamentos. Portanto, o distúrbio de atenção dificulta o desenvolvimento social e cognitivo, e as relações entre objetos e eventos.

Para Casarin (2003), estudos afirmam uma aparente desordem na sequência cronológica no desenvolvimento de pessoas com a Síndrome de Down. É preciso considerar que o desenvolvimento cognitivo de uma criança com a síndrome não é somente mais lento, mas principalmente, é um processo que se dá de forma diferente, mais individual, professor e aluno.

A mesma autora discute sobre a hipotonia muscular que contribui para o atraso no desenvolvimento motor, e esse atraso evidentemente afetará o desenvolvimento de outras áreas de atuação. Existe pouco comprometimento no desenvolvimento social e emocional da criança.

Conforme Schwartzman (2003), o desenvolvimento da autossuficiência apresenta problemas na alimentação, uma vez que alguns bebês apresentam desinteresse na comida e pode apresentar constipação intestinal ou diarreias. As crianças com a

Síndrome também apresenta dificuldades na mastigação e deglutição, e o controle dos esfíncteres também é atrasado.

Para o mesmo autor, o desenvolvimento cognitivo também mostra atrasos consideráveis como em atividades de exploração do ambiente e atividade como: passar brinquedos de mão em mão e achar um objeto escondido debaixo de um pano.

Mesmo nas brincadeiras, a criança com a Síndrome de Down tende a explorar menos que crianças sem a síndrome. E, as atividades lúdicas devem ser de acordo com o nível cognitivo da criança, assim, o professor deve estar atento ao desenvolvimento diário do aluno, e os pais devem também trabalhar essa percepção em casa, para de fato acompanhar todo o desenvolvimento. A estimulação no sentido de favorecer a atividade lúdica e o faz de conta é fundamental.

De acordo com Schwartzman (2003), a linguagem é a área que a criança com a síndrome apresenta maior atraso. Demora cerca de dezoito meses para emitir a primeira palavra e apresentarão ao longo dos anos dificuldades para aquisição de regras gramaticais, o que será explicado no próximo tópico de forma mais detalhada.

Na idade escolar ocorrerá um maior progresso nas habilidades comunicativas, sendo totalmente possível, a alfabetização da criança com Síndrome de Down.

Popularmente, os indivíduos com Síndrome de Down são tidos como bem humoradas pessoas afetivas e calmas, com prejuízos intelectuais moderados.

Schwartzman (2003) alerta que existe uma grande variação no comportamento dos indivíduos com Síndrome de Down e grande diferença entre eles no que se refere ao potencial genético e as características familiares e culturais.

Schwartzman (2003, p. 58) expressa que:

[...] não há um padrão estereotipado e previsível em todas as crianças afetadas, uma vez que tanto o comportamento quanto o desenvolvimento da inteligência não dependem exclusivamente da alteração cromossômica, mas também do restante do potencial genético bem como das importantíssimas influências derivadas do meio.

A deficiência mental é uma característica da Síndrome que proporciona um atraso em todas as áreas do desenvolvimento e da inteligência. O comportamento e o desenvolvimento da inteligência podem ser afetados, mas não depende da alteração cromossômica.

Conforme Schwartzman (2003), alguns protocolos de acompanhamento de indivíduos com Síndrome de Down têm sido utilizados com a finalidade de detectar o mais

cedo possível ou de se evitar, quando possível, condições que podem comprometer a qualidade de vida destes pacientes. Na vida adulta: testes de função da tireoide anuais; orientação no que se refere à possibilidade de uma vida independente, à sexualidade e ao trabalho; visitas ao dentista duas vezes por ano; orientação nutricional e quanto a atividades físicas; atenção para sinais de deterioração intelectual; atenção para a ocorrência de depressão.

Quanto mais cedo for detectado o problema, maior a chance de desenvolvimento. Carinhosas e dóceis, boa parte das crianças com Down respondem bem às atividades que estimulam seu senso rítmico e a socialização, como teatro e dança. Se bem integradas a uma escola, é possível que, por volta da pré-adolescência, já estejam alfabetizadas. Mas é preciso estar atento com relação a problemas cardíacos e respiratórios.

A alteração genética que caracteriza a Síndrome de Down, além das alterações fenotípicas, traz ainda alterações em outros sistemas do organismo, e principalmente o sistema nervoso central (SNC).

O cérebro de indivíduos com Síndrome de Down possui uma redução, em relação ao peso, se comparado a indivíduos sem a síndrome, em cerca de 10% - 50%, enquanto o cérebro de indivíduos adultos “normais” pesa de 1200 a 1500g em pessoas com a síndrome é de 700 a 1100g. Além disso, também o peso do tronco cerebral e do cerebelo é relativamente menor do que o do cérebro, pois “O peso do tronco cerebral e cerebelo representam 12,7% do peso encefálico total em crianças normais e de 12% nas crianças com SD” (SCHWARTZMAN, 2003, p. 51).

Contudo, Schwartzman (2003, p. 58) afirma que: [...] crianças com SD2 têm grandes diferenças no que se refere às suas personalidades e podem apresentar, da mesma forma que

indivíduos sem alterações cromossômicas, distúrbios do comportamento, desordens de conduta ou outros quadros neuropsiquiátricos.

Conforme Schwartzman (2003), algumas alterações clínicas podem surgir nas pessoas com a Síndrome de Down, como: alterações da Tireoide que poderá iniciar-se em qualquer idade; as alterações Cardiovasculares; as alterações Oftalmológicas e Auditivas; as alterações Gastrointestinais e Imunológicas; Leucemias; alterações Esqueléticas, Respiratórias e Pulmonares; doença Periodontal e o Envelhecimento Precoce.

Schwartzman (2003) explica ainda que outra alteração clínica ou característica seja a pele e fâneros, o excesso de pele na região da nuca e fissuras da língua, que não altera o gosto da comida e nem causa desconforto, mas, partículas de comida pode se acumular nestas fissuras e causar irritação no local. Pessoas Down também possuem frequentes problemas relativos ao sono, o que é chamado de apneia ou síndrome do sono inquieto. A síndrome do sono inquieto revela que durante o sono ocorre uma atividade motora, logo, um sono inquieto.

De acordo com o mesmo autor, a apneia do sono pode ocorrer devido à hipotonia dos músculos da faringe, da língua e devido ao tamanho reduzido da cavidade oral e da faringe. A apneia reduz temporariamente o oxigênio no cérebro, o que interrompe o sono. Consequências como o ronco, sonolência durante o dia e muito cansaço podem ocorrer. A hipotonia é uma condição do tônus muscular, isto é, quando quantidade de tensão ou resistência do músculo ao movimento está baixa, por isso reduz a força muscular.

6-      A Estimulação da Criança em Idade Escolar

À medida que a criança Down consiga se comunicar andar e se integrar em um grupo, poderá frequentar uma escola maternal, onde a presença de crianças normais será de grande benefício, auxiliando no seu desenvolvimento. Por outro lado, a frequência às escolas comuns não será benéfica somente para as crianças portadoras, mas também às crianças normais, que se habituarão a conviver com crianças com deficiência de desenvolvimento e a compreendê-las.

A professora poderá desfazer os preconceitos das famílias conversando e mostrando a seus alunos que um trabalho livre e criativo não é prejudicado pela presença desta criança mais lenta no aprendizado. É importante para ela estar presente naquela classe e, apesar da lentidão, seu progresso será evidente.

As escolas especiais no Brasil são poucas e raras; normalmente nem existem em cidades pequenas. As grandes cidades contam com mais recursos escolares, apesar de ainda insuficientes, para este tipo de atendimento. Essa escassez de escolas especiais torna um pouco mais lento e difícil o aprendizado das crianças portadoras de síndrome de Down, pois no momento que se inicia o ensino da escrita, da leitura e do cálculo, ou seja, o Curso de Alfabetização (C.A.), a grande maioria dessas crianças tem necessidade de um

aprendizado muito mais lento e individualizado, que deve ser acompanhado em classes menores, nas quais se pode suprir a dificuldade de atenção e aplicar tarefas onde não haja competição.

Nestas classes, os estímulos distrativos podem ser controlados. É preciso que ruídos acidentais (como buzina de carros, barulho da rua, avião passando) não se tornem mais importantes do que a ação iniciada.

De uma forma geral, comprova-se que a criança Down que frequenta escola com pequeno número de alunos e professores especializados tem o mais rápido progresso no aprendizado da leitura, do cálculo e da escrita.

7-      A Estimulação da Atenção

Luria (1963, apud Lefèvre, 1981), considera o estado de alerta imprescindível como substrato da aprendizagem e entende que o cérebro em ação é o que torna o homem capaz de pensar e de agir.

Todos os estímulos sensitivos, visuais ou auditivos são programados e organizados para que a atenção consiga desprezar o que é acidental e selecionar o que é importante. A seleção e a discriminação são intimamente ligadas ao estado de alerta.

Por isso, toda a criança precisa estar atenta e vigilante para aprender coisas novas. Quando consegue esta capacidade de atenção, se concentra no problema proposto e tenta resolvê-lo. É preciso lembrar que crianças menores têm dificuldade para manter a atenção em um problema proposto, pois a função cerebral responsável pelo alerta evolui lentamente e a duração do tempo de atenção, à medida que estas crianças crescem, vai aumentado.

Os exercícios visam aumentar a duração desse tempo, mas lentamente, respeitando a capacidade individual de cada criança. Todas as técnicas de estimulação mencionadas anteriormente conduzirão a criança a uma maior capacidade de atenção. Luria (1963, apud Lefèvre, 1981), entretanto, ressalva que a criança Down apresenta uma fadiga muito rápida: sua atenção naturalmente se mantém por menos tempo.

Lourenço (1952, apud Lefèvre, 1981), organizou uma série de testes para crianças Down de diversos meios sócio-econômicos, com o intuito de estudar as funções mais necessárias ao aprendizado da escrita e da leitura. Em seu estudo, a partir de uma adaptação da linha de abordagens do autor, encontram-se sugestões de exercícios,

comentadas na seção seguinte, que solicitem todas as seguintes funções: atenção e memória visual; atenção auditiva; noções de espaço e esquema corporal.

8-       Exercícios Estimuladores

Algumas pesquisas comprovaram que há um déficit de “memória visual” na criança Down, pois ela tem mais dificuldade para guardar imagens vistas do que uma série de palavras ouvidas. A atenção e memória visual constituem a capacidade de reter informações recebidas pela visão. Como a criança Down tem dificuldades relacionadas a essa habilidade, há necessidade de exercícios para que guarde, lembre e reconheça mais prontamente o que já foi visto.

Para o estímulo da “atenção auditiva” podemos usar jogos, pois essas atividades melhoram a concentração no som repetido. Junto ao trabalho de esquema corporal, deve ser introduzido o ritmo de uma forma bem atraente, o que auxiliará a memória e a atenção da criança. Pode-se, por exemplo, variar o ritmo, usando batidas fortes e fracas, rápidas e lentas no tambor, para que a criança marche devagar ou depressa; com outro tambor, ela pode, ainda, imitar o ritmo das batidas.

As canções infantis, por sua simplicidade, devem ser usadas, em andamento lento, com as palavras bem articuladas, para que sejam bem compreendidas. Este tipo de música geralmente atrai as crianças, estimulando a sua atenção e sua discriminação auditiva.

Devemos lembrar que é o nosso corpo, nas suas “relações com o espaço” e com os objetos, que vai proporcionar as condições para o aprendizado da leitura e da escrita (Lefèvre, 1981, p. 96).

Os exercícios com o objetivo de amadurecer a consciência do “esquema corporal” auxiliarão no aprendizado escolar e também em todo o trabalho posterior à escola, na profissionalização, independência e socialização.

A criança que participar dessas atividades estará aprendendo a agir de forma adequada e madura pela sua fala e pelo seu corpo, com gestos e movimentos em sequência harmoniosa no tempo e no espaço. Também Sampaio (1969, apud Lefèvre, 1981) propõe uma programação para jogos de expressão livre, preparando a criança para a conscientização de

 

seu esquema corporal e para as possibilidades de seus movimentos. Ela planeja essas atividades em etapas sucessivas, a ser introduzidas progressivamente na estimulação.

O objetivo de tais exercícios é fazer a criança se movimentar, trabalhar o corpo globalmente, sentindo sua postura e equilíbrio e movimentado todos os membros.

Em sequência, Sampaio (1969, apud Lefèvre, 1981) sugere jogos dramáticos: histórias inventadas, no faz-de-conta – fingir que se ganhou um presente, que se está triste porque um brinquedo quebrou imitar soldados, robôs, bailarinas, etc.

A sociedade atual não aceita conviver com as “diferenças” entre os indivíduos e tem o que podemos chamar de “péssimo hábito” de discriminar aqueles que não apresentam um padrão pré-determinado de conduta. As pessoas com síndrome de Down não se enquadram, certamente, neste “padrão” estabelecido e são, portanto, rejeitadas sem muitos argumentos. Isso é conhecido como “pré” conceito, ou seja, a rejeição antes mesmo da tentativa de inclusão.

Existem algumas medidas que podem ser tomadas a fim de favorecer o processo de inclusão social do indivíduo com síndrome de Down:

  • Esclarecer a população sobre o que é síndrome de Down;
  • Não gerar um clima apreensivo quando for receber em um grupo de pessoas comuns, um indivíduo com síndrome de Down;
  • Favorecer o diálogo e a participação da pessoa com síndrome de Down em atividades escolares ou extras escolares;
  • Estimular as relações sociais em atividades de lazer, como esportes, festas, atividades artísticas ou turísticas;
  • Não tratar a pessoa com síndrome de Down como se fosse “doente”. Respeitá-la e escutá-la.

Essas atitudes deveriam ser tomadas não apenas em relação às pessoas com síndrome de Down, mas também em relação a todas as pessoas com necessidades especiais.

9-      Visão Escolar sobre a Inclusão

A inclusão escolar requer mudanças de paradigmas e novas perspectivas educacionais, visto que a segregação de pessoas com necessidades especiais não ocupa mais espaço na atual sociedade. Por conseguinte, surge um novo cenário que possibilita as diversas manifestações e atividades humanas dentro da sociedade.

As instituições rotulam seus alunos, intitulam seus professores em especialistas e separam os educando por modalidades de ensino, porque na verdade as escolas estão marcadas por uma visão determinista, mecanicista, formalista e reducionista.

Assim, o objeto de uma ação formadora, global, humana e que respeita as diferenças não será alcançada como propõe a inclusão.

Para Mantoan (2006) é preciso redefinir o planejamento educacional para uma educação global, cidadã, sem preconceitos e que perceba e valorize as diferenças, ou seja, uma educação contrária à visão determinista, mecanicista, formalista e reducionista. Desse modo, o paradigma educacional do formalismo da racionalidade será desfeito e surgirão novas possibilidades de educação para todos.

Entende-se que é importante diferenciar os termos integração e inclusão. Porquanto, integração significar integrar, formar algo num todo unificado e inclusão significa compreender, fazer parte ou participar de algo. Logo, a inclusão é diferente da integração, uma vez que incluir é fazer parte, e o homem necessita de participar ou sentir se parte de.

Lutar pela igualdade, qualidade de vida, acesso à escola é direito de qualquer ser humano. Logo, crianças ou adultos com Síndrome de Down participam dos mesmos direitos à educação, ao lazer, saúde e cidadania. A Síndrome de Down não é empecilho para uma vida saudável, útil e feliz, mas é preciso conscientização e responsabilidade social para que esse direito a vida prevaleça.

O sistema educacional também deve se preocupar em incluírem-se de acordo comas necessidades que o aluno possui, porque a escola é a ampliação da vida em sociedade das crianças o que não poderia ser diferente com pessoas que nascem com a Síndrome de Down.

De acordo com Voivodic (2008), é importante ressaltar que as instituições de ensino não devem privar o deficiente de experiências reais em nenhuma circunstância, pois todas as experiências são úteis para o seu aprendizado e seu ajustamento social.

A criança precisa receber estímulos desde bem pequena, para alcançar maior qualidade de vida e o desenvolvimento nas áreas da cognição. “É necessário, porém, romper com o determinismo genético e considerar que o desenvolvimento da pessoa com SD3 resulta não só de fatores biológicos, mas também das importantes interações com o meio” (VOIVODIC, 2008, p. 46).

Para Mantoan (2006), a inclusão escolar é uma maneira de mudar a ideia de que o fracasso escolar seja de responsabilidade somente do aluno e consequentemente enxergarem que é um resultado do próprio ensino ministrado nas escolas. A inclusão é uma prática recente que precisa ser aceita e entendida, neste sentido, implica em mudanças de paradigmas e perspectivas educacionais que vise não só os deficientes, mas toda a comunidade escolar.

Nos dias atuais ouve-se falar do fracasso escolar, evasão de alunos e situações de exclusão e inclusão social. Contudo, não é percebido que o fracasso escolar não deriva do aluno, mas de toda a equipe escolar que reluta em não admitir sua culpa e responsabilidade nesse fracasso, ou seja, a escola não admite seus erros e não busca inovar suas ações para reverter esse quadro.

O preconceito é uma problemática existente na sociedade desde muito tempo atrás, pois, excluídos, a pessoa deficiente era discriminada e marginalizada, por ser tida como “diferente”. Contudo, com o passar dos anos e por meio de muitos programas de inclusão e de tratamento, a visão sobre a inclusão começa a ter nova forma, é possível contar com a ajuda da sociedade e do governo para diminuir a exclusão dos deficientes.

De acordo com Voivodic (2008), hoje é possível identificar na sociedade pessoas com Síndrome de Down que conquistaram espaços, vencendo preconceitos e suas dificuldades. Pois, vencer os desafios é a maior conquista da luta pela inclusão dessas crianças na rede do ensino regular. Entender esse processo de inclusão possibilitará avanços sociais e

de transformação. Consequentemente, a educação é um meio de transformação social, que visa proporcionar melhores condições de vida e respeito aos semelhantes.

É percebido que a inclusão considera em seu processo não só os alunos com necessidades especiais, mas todos os demais, isto é, todos sem exceção devem frequentar escolas de ensino regular, dessa maneira, a proposta da inclusão escolar alcançará seu verdadeiro objetivo, que é incluir, inserir, educar, humanizar e respeitar outro.

A inclusão social e escolar é um sonho possível que pode ser alcançado pela equipe escolar em conjunto com a sociedade, visto que, gestores, coordenadores, professores, demais funcionários da escola, alunos e a família, juntos, organizam condições de mudar os conceitos de uma educação bancária e aplicar uma educação mais humana e de qualidade.

CONCLUSÃO

De acordo com a epígrafe “Asas para Voar” como aconteceu com a Dona Esmeralda rotular seu filho deficiente como “Cruz da Sua Vida” acontece com várias outras mães acharam que seus filhos deficientes são cruzes que elas devem carregar para o resto da vida e não procuram ajuda. Sabe-se que toda criança deficiente tem um olhar que nos adultos não temos, ou não queremos ter, isso ainda acontece por falta de informação, que esta pesquisa vai ajudar a muitas famílias ter um olhar de criança para a deficiência.

É evidente que as famílias precisam ser orientadas quanto à maneira mais adequada de estimular o desenvolvimento de suas crianças e cuidar de sua saúde física, mas, elas devem, sobretudo, ser orientadas sobre como estabelecer interações e relações saudáveis com a sua criança com Síndrome de Down, mantendo o equilíbrio do grupo familiar. Neste contexto, as políticas públicas desempenham um papel fundamental, particularmente no que se refere às famílias de baixa renda, uma vez que o gasto com profissionais e com atendimento especializado torna-se caro.

     A educação especial é determinante no processo de estimulação inicial e cabe ao professor de turmas especiais trabalharem suas crianças desenvolvendo nestas capacidades de praticarem atividades diárias, participar das atividades familiares, desenvolverem seu direito de cidadania e até mesmo desenvolver uma atividade profissional. Para isso profissional especializado e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional dos portadores de tal síndrome. 

Apesar de sua complexidade, a educação das crianças com Síndrome de Down é possível, ou seja, são crianças capazes de aprender. A educação visa melhorar sua vida diária, com seus pares e sua autonomia. Logo, a inclusão deve ser ampla no sentido de atender não só a criança, mas toda a sua família, que precisa de orientação pedagógica e acompanhamento de profissionais da saúde, para que a qualidade de vida tanto da criança quanto de seus familiares seja cada vez mais aprimorada.

Crianças com Síndrome de Down fazem parte de uma população que precisa ser incluída na sociedade do século XXI. Visto que, no passado foram segregados e marginalizados, trancados e escondidos, excluídos da vida social. Então, de acordo com Schwartzman (2003) com o passar dos anos e através de estudos científicos e importantes contribuições como a do cientista John Langdon Down e o Dr. Jerome Lejeune e colaboradores, foi possível conhecer e entender a Síndrome de Down, que continua muito estudada nos dias atuais.

Portanto, percebe-se ser fundamental que à atenção dos profissionais esteja voltada para a criança especial, em específico nesta discussão, a criança com síndrome de Down. Isto é, atenção para o aluno e para sua família em sua dinâmica, afetividade e relacionamentos diários. A família é a mediadora das relações da criança Down com todos os outros ambientes, desse modo, conhecer como se processam as interações e relações familiares, possibilita e auxilia o processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança no meio escolar.

Portanto, o objetivo deste trabalho de pesquisa foi alcançado, considerando que as pesquisas bibliográficas trouxeram o entendimento e compreensão da Síndrome de Down e das características específicas da síndrome e como elas se desenvolvem físico e intelectualmente. Questionou-se a questão da inclusão desta criança na rede regular de ensino, por intermédio das leis que garantem o direito de educação a todos e ainda foi possível relacionar a influência da família e da escola no processo de ensino aprendizagem, reconhecendo sua real importância para o bom desenvolvimento da criança com Síndrome de Down.

Apesar da satisfação pela pesquisa feita, reconheço que esta primeira abordagem que não esgota o tema, que ainda merece estudos mais detidos para que se obtenham contribuições ainda mais ricas,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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___________. Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989. CORD. Coordenadoria para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2010.

___________. Lei 8.069/1990 de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2010.

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___________. Lei 9.394/96, de 24 de dezembro de 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2010.

___________. Carta para o terceiro milênio de 09 de setembro de 1999. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/carta_milenio.pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2010.

___________. Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Normas gerais e critérios básicos acerca da acessibilidade de pessoas com deficiência. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2010.

___________. Declaração internacional de Montreal de 05 de junho de 2001.

Sociedade inclusiva. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf. Acesso em: 25 de outubro de 2010.

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CASARIN, Sonia. Aspectos psicológicos na Síndrome de Down.In: José Salomão Schwartzman. (Org.). Síndrome de Down. 2ª ed. São Paulo: Memnom: Mackenzie, 2003, p. 263 – 280.

CRUICKSHANK; JOHNSON. A educação da criança e do jovem excepcional. Porto Alegre: Globo, 1975. 

MANTOAN, Maria Tereza Engler. Inclusão escolar o que é? Por quê? Como fazer? 2ªed. São Paulo: Moderna, 2006.

MILLS, Nancy Derwood. A educação da criança com Síndrome de Down. In:

SCHWARTZMAN, José Salomão. (Org.). Síndrome de Down. 2ª ed. São Paulo:

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SILVA; Dessen. Síndrome de Down: etiologia, caracterização e impacto na família.

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VOIVODIC, Maria Antonieta M. A. Inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

Para referência desta página: 

SILVA, Roberta Nascimento Antunes. A educação especial da criança com Síndrome de Down. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/spdslx07.htm>. Acesso em: dia mês ano.

Fundação Síndrome de  Down – Campinas/ São Paulo http://www.fsdown.org.br/home/index. php

Fundação Síndrome de Down – Mitos e Realidades/Publicidades:

<http://www.fsdown.org.br/site/pasta_145-0_mitos-e-realidades.html/

Mitos e Realidades sobre Sindrome de Down

  1. Síndrome de Down é doença. Mito ou Realidade?

Mito: A Síndrome de Down não é uma doença e não deve ser tratada como tal. É preciso olhar para as pessoas além da Síndrome de Down, pois as características individuais são inerentes a todos os seres humanos.


2. Síndrome de Down tem cura. Mito ou Realidade?

Mito: A Síndrome de Down não é uma lesão ou doença crônica que através de intervenção cirúrgica, tratamento ou qualquer outro procedimento pode se modificar.

  1. Pessoas com Síndrome de Down falam. Mito ou Realidade?

Realidade: A Síndrome de Down não apresenta nenhuma barreira para acessar o código da linguagem, portanto todas as crianças, se não apresentarem outro comprometimento, podem falar.

  1. As pessoas com Síndrome de Down apresentam atraso no desenvolvimento da linguagem. Mito ou Realidade?

Realidade: Há um atraso no desenvolvimento da linguagem que pode ser observado ao longo da infância com surgimento das primeiras palavras, frases e na dificuldade articulatória para emitir alguns sons. Entretanto, não há regra para saber quando e como a criança falará, pois depende das características de cada indivíduo.

  1. Pessoas com Síndrome de Down andam. Mito ou Realidade?

Realidade: As crianças com Síndrome de Down andam, porém seu desenvolvimento motor apresenta um atraso em relação à maioria das crianças.

  1. Pessoas com Síndrome de Down são agressivos. Mito ou Realidade?

Mito: Não podemos generalizar as pessoas com Síndrome de Down, determinando certos comportamentos, pois essa afirmação pressupõe preconceito. Cada indivíduo tem suas características de acordo com sua família e ambiente em que vive.

  1. Pessoas com Síndrome de Down são carinhosas. Mito ou Realidade?

Mito: Grande parte da população acredita que todas as pessoas com Síndrome de Down são carinhosas. Isto se deve ao fato de associá-las às crianças, infantilizando-as e as mantendo em uma “eterna infância”.

  1. Pessoas com Síndrome de Down têm a sexualidade mais aflorada? Mito ou Realidade?

Mito: A sexualidade das pessoas com Síndrome de Down é igual à de todas as outras. Este mito se deve ao fato de que grande parte da população não considera sua sexualidade; desta forma acabam sendo reprimidos e não recebem orientação sexual apropriada, ocasionando comportamentos inadequados.

  1. Pessoas com Síndrome de Down adoecem mais? Mito ou Realidade?

Realidade: Ocasionalmente, como consequência de baixa resistência imunológica, as crianças com Síndrome de Down, principalmente nos primeiros anos de vida, são mais susceptíveis a infecções, principalmente no sistema respiratório e digestivo. Esta propensão vai diminuindo com o crescimento.

  1. Pessoas com Síndrome de Down podem trabalhar. Mito ou Realidade?

Realidade: As pessoas com Síndrome de Down devem trabalhar, pois o trabalho é essencial para a construção de uma identidade adulta. O trabalho faz parte da sua realização pessoal. Atualmente, há muitas oportunidades de trabalho para as pessoas com deficiência devido às políticas públicas.

  1. Pessoas com Síndrome de Down devem frequentar escola especial. Mito ou Realidade?                                                                                                                            

Mito: As pessoas com Síndrome de Down têm o direito de participação plena na sociedade como qualquer outra criança, desta forma deve estar incluída na rede regular de ensino.

  1. Existe uma idade adequada para uma criança com Síndrome de Down entrar na escola. Mito ou Realidade?                                                                                                          

Mito: A criança deve entrar na escola quando for conveniente para ela e para sua família.

  1. Pessoas com Síndrome de Down podem praticar esporte. Mito ou Realidade?

Realidade: As pessoas com Síndrome de Down não só podem como devem praticar atividade física para seu bem estar físico e emocional. A prática de atividade física deve ser realizada aonde for mais conveniente para a pessoa (academia, parques, praças...). Lembrando que para todas as pessoas a avaliação física é importante antes do início de qualquer atividade

  1. Só podemos nos comunicar através da fala. Mito ou Realidade?                             

Mito: A comunicação acontece de várias formas como gestos, expressões corporais e faciais, choro, fala e escrita. Para haver comunicação é necessário estar numa relação onde seu desejo é reconhecido e respeitado.