A DIFÍCIL ARTE DO ENTROSAMENTO
Publicado em 14 de setembro de 2009 por vitor souza
Um dos mais graves problemas enfrentados atualmente nas salas de aula se refere ao descaso de muitos estudantes pelo que o professor tenta ensinar. Na raiz da questão encontramos vários fatores, alguns já exaustivamente apontados, mas para os quais pouco estamos conseguindo encontrar soluções.
Creio que a análise, a reflexão, mesmo que sobre algo a respeito de que muito já se falou, pode ser um importante passo para buscarmos possíveis soluções.
Muito se fala que a escola deve ser um lugar atraente para o aluno, ou seja, o aluno deve gostar do que está vendo na escola. Defende-se que o professor torne suas aulas “divertidas”. Nesse ponto, surge uma pergunta:
Qual é mesmo a principal função da escola?
A resposta é imediata: entre outras coisas, a função da escola é PREPARAR O ALUNO PARA OS DESAFIOS DA VIDA. E aí temos a seguinte indagação: que aluno formaremos se não o habituarmos a encarar com seriedade suas obrigações, mesmo as obrigações que não são “divertidas”? Ao assumirmos, sem uma análise crítica, o discurso de que a escola deve ser atraente, estaremos desprezando nossa função de educadores. A vida nem sempre é divertida, e as competições que aguardam nossos alunos do lado de fora dos portões da escola não se destinam a quem se formou na base da “diversão”, mas sim na base do preparo sério, da maturidade para encarar os desafios de um mundo cada vez mais competitivo.
Por outro lado, o mundo atual, ainda que pese sua seriedade, oferece atrativos aos alunos, para os quais os professores devem estar atentos e aprender a trabalhar . Na chamada sociedade informatizada, o aluno tem ao alcance dos dedos todas as informações que ele procura. O que lhe falta é aprender a trabalhar essas informações, transformando-as
Nesse ponto, deparamo-nos com um relacionamento difícil, uma diferença muito grande entre a linguagem falada por grande parte dos professores e por uma parcela significativa de jovens alunos. A difícil arte de entrosamento entre esses dois universos torna ainda mais árdua a tarefa de educar e preparar para a vida. Como educadores, devemos estar atentos a essa dinâmica do mundo moderno e aprender a usar a linguagem da tecnologia e da velocidade. Por outro lado, os estudantes devem entender (e ser levados a entender) outra língua, a qual muitos deles desprezam: a língua da maturidade, a língua que ensina a encarar os desafios com seriedade, mesmo que a situação não seja divertida. Os pais, a sociedade e muitos educadores que defendem uma escola puramente divertida e atraente devem ajudar a fazer os jovens entenderem essa necessidade.
Quando as diversas linguagens envolvidas no cotidiano escolar se encontrarem, haverá um maior entendimento, um diálogo mais profícuo entre aluno e professor. E aí, o entrosamento entre esses dois agentes pode nos levar a uma educação mais eficaz.