INTRODUÇÃO

As questões raciais no Brasil apresentam-se de forma velada e mesmo assim deixam marcas irreversíveis no coração de quem sofreu a discriminação. Na verdade para se conversar sobre preconceitos muitas vezes é necessário deixar as emoções de lado e tratar sobre o assunto tranquilamente, como algo desconhecido, o qual o pesquisar irá desbravar. Quero iniciar essa pesquisa falando do porquê do interesse por esse tema e apresentando algumas razões e circunstâncias associadas ao meu envolvimento e desenvolvimento com a temática das questões raciais na educação infantil.
Há cinco anos participei de um curso preparatório para o vestibular "só para negros" chamado Steve Biko, na verdade não era para apenas negros, era aberto para toda a comunidade de baixa renda de Salvador. O curso tinha o propósito de incluir os jovens negros ativistas da luta contra o racismo, oriundos de comunidades negras, no ambiente da Universidade Pública.
Esses jovens reconheciam a Universidade como um espaço de poder a ser ocupado pelos negros, como forma de interagir criticamente com o conhecimento hegemônico circulante na academia e, através disso, assegurar a esta comunidade uma inserção mais digna e mais igual na sociedade brasileira. Não foi por acaso que essa organização foi denominada Steve Biko. Os jovens fundadores do instituto estavam, então, impactados com a história de liderança de Bantu Stephen Biko (1946-77), mais conhecido como Steve Biko, na luta contra o Apartheid, a política de segregação racial vigente na África do Sul entre os anos 1948 e 1990. Steve Biko organizou o Movimento de Consciência Negra, cujo objetivo era desenvolver o orgulho e a auto-estima dos negros sul-africanos como eixo central para a luta contra as desigualdades entre brancos e negros, politicamente legitimadas no país.
Esse curso foi oportunizador para estudos específicos sobre os preconceitos raciais, sem os quais eu não teria uma visão ampla sobre a existência e permanência da segregação racial velada. Dei continuidade durante a observação em uma escola particular em Salvador, pude perceber que ainda pouca coisa mudou, e que infelizmente esse cursinho existirá e reafirmará a lei 10.639 a qual estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e cultura afro-brasileira e africana na Educação do Ensino Fundamental e Médio. È uma das muitas conquistas da luta de vários movimentos, pela forma violenta que os negros foram tratados no passado, que hoje ainda marcam crianças, jovens e adultos. Marcas essas que se iniciam no jardim de infância inclusive os preconceitos herdados da nossa história e da nossa cultura. Sem desconsiderar a nossa história de vida que inclusive nos leva a enxergar melhor os impedimentos a mudança.
Voltando ao estágio de observação lembro-me de duas meninas negras, que iam para a escola juntas carregando as suas bonecas brancas toda sexta feira, pois a escola permitia que os alunos levassem os seus brinquedos preferidos para brincaram na sala. A professora a fim de oportunizar um ambiente de diversão para as crianças. Ligou a televisão e colocou o DVD da Xuxa, elas e as coleguinhas foram para a frente da televisão e começaram a dançar, imitando as paquitas. Foi aí que alguns garotos rindo disseram: "sai daí neguinhas, não existe paquitas pretas". Percebi o quanto elas ficaram tristes e param de dançar. E o pior é que a professora não se importou com o que os meninos estavam fazendo e simplesmente disse que eram para as meninas esquecerem que eles estavam ali presentes. O que significou que a professora não percebeu que tal comentário tinha caráter segregatório, faltando-lhe entendimento para reconhecer indicativos de preconceitos e combatê-los.
É na pré-escola necessário incluir práticas de diálogos sobre as questões do racismo, ainda que exista a falta de reconhecimento da diversidade étnica e cultural, nas práticas públicas. Na educação infantil, existem evidências das questões raciais e do preconceito, durante o estágio percebi também que as crianças negras revelam muitas, vezes, o desejo de serem brancas, de cabelo liso, querendo se comparar com personagens televisivos e dos contos de fada, o qual reforça a imagem estereotipada que a criança negra faz de si, evidencia a negação da condição racial.
O relato da professora regente do grupo quatro, após um episódio tido como "coisa de criança", na hora do recreio estava chuviscando e então a professora informou para a sala que eles não iriam para o parque e sim brincar na sala. As crianças começaram a brincar tranquilamente com as suas bonecas brancas e carros. Foi quando notei que havia muitas bonecas brancas e apenas uma boneca negra. Uma das meninas brancas selecionando as bonecas que iria brincar de ser suas filhas ao pegar na negra disse: "- Essa não, essa não é minha filha não". Tal fala e atitude evidencia que as crianças diferenciam-se em muitos aspectos, e a identidade de cada uma é moldada por sua participação como membro de grupos variados.
As crianças brancas logo descobrem o poder de suas palavras e de seus xingamentos, as referências negativas à cor da pele (neguinha, carvão) e ao cheiro (fedorenta), associam a cor preta à sujeira (não toma banho) e as usam principalmente como uma arma em situações de disputa, de conflito. Como não são repreendidos pelos professores, acabam reproduzindo a situação inúmeras vezes, como que autorizados" por eles. Por outro lado, as crianças negras tendem a silenciar cada vez mais e a fugir das situações de conflito e de disputa, isolando-se. Quando reagem, às vezes de maneira desproporcional, sem controle, são criticadas e advertidas. Assim, vão silenciando esta situação gera um círculo vicioso difícil de ser rompido sem ajuda. Entre os professores há silêncio também. Não falar sobre as situações de racismo, preconceito e discriminação na escola faz com que o problema pareça não existir.
Se, por um lado, a atitude de silêncio dos professores diante de situações de humilhação entre as crianças é uma tentativa de considerá-las como "naturais" ou "individuais", evitando falar sobre o assunto para não "esticá-lo", por outro lado, essa atitude também é uma valorização da não reação das crianças negras ao serem humilhadas. De qualquer modo, isso só contribui para a aprendizagem do silêncio.
A partir desse contexto considerei pesquisar sobre as relações existentes entre crianças negras no jardim de infância. A fim de analisar as relações de preconceito étnico- racial na educação infantil. E problematizar qual a importância em tratar sobre as relações raciais na educação infantil.
Essa relevância justifica-se devido a educação infantil ser um direito de todas as crianças, de outro lado porque , o reconhecimento das diferenças , neste caso se dá na infância, quando trabalha-se a diversidade étnica quanto ao combate a desigualdades. Aspecto central para se conquistar democratização e justiça social.
A escola no segmento da educação infantil promove a socialização, na qual se estabelece relações entre crianças com diferentes famílias e culturas.
Favorece a construção da identidade da criança. Dentro da escola e principalmente em uma sala de aula que parece ser homogênea, porém existem diferenças raciais, culturais e religiosas.
As questões raciais, os preconceitos são hoje pulsantes em todos os lugares, principalmente, em nosso país. Embora nossa herança cultural seja intensamente marcada pela miscigenação de raças. O negro tão presente em nossa cultura e história, ainda sofre exclusão social, assim como outras etnias.

CAPÍTULO I

1. A INFÂNCIA E A ESCRAVIDÃO

A história geral relegou aos negros um papel secundário, dificultando o seu caminho em direção a inclusão social e criando um estado de desigualdade difícil de ser alterado. Desigualdade, não somente nos aspectos sociais e financeiros, demonstrando uma estrutura cultural e social que acaba por mascarar uma discriminação mais profunda: a desumanização e desvalorização, o não reconhecimento simbólico das tradições e saberes do povo africano.
Baseado nestes fatos, vale ressaltar o contexto histórico dos africanos e dos seus descendentes no Brasil e no mundo. Durante a Idade Média na Europa, as crianças não eram consideradas cidadãs. Pois elas não tinham funções antes de começar a trabalhar. Segundo Arruda: "Em fins do século XIX, os índices de mortalidade infantil não eram vivenciados com dor e sofrimento, As crianças eram identificados como anjos tanto se fosse branco quanto negras" (ARRUDA, p.141).
Com o passar dos tempos elas amadureciam e já encontravam-se em idade própria para o exercício da cidadania, pois haviam ingressado no mundo adulto. Contudo as crianças das camadas sociais baixas se diferenciavam das crianças das camadas altas, pois as crianças ricas eram vistas com olhos mais flexíveis, bondosos, para os adultos eram especiais, pequenos notáveis, porém os menos favorecidos tinham que trabalhar como adultos e mesmo assim não eram notados.

(...) A criança- escrava brasileira é na maioria dos casos, objeto de uma dupla criação pouco coerente: de um lado seus senhores e adultos livres requerem sua afeição, porém desejam que ela seja obediente, simples e fiel. De outro lado, sua comunidade tenta absolvê-las. As crianças brancas, com os quais passa frequentemente seus primeiros anos, não são também criadas pelas escravas, as mucamas africanas? Crianças brancas e pretas são embaladas pelas mesmas canções de ninar, aprendem os mesmos contos vindos da áfrica, hoje inteiramente incorporados ao folclore brasileiro (MATOSO, 1990, p. 128).

Segundo as ideias de Matoso, pode-se perceber que as crianças negras brincavam de roda e diversas brincadeiras infantis, no entanto, sua infância é interrompida para iniciar o aprendizado do trabalho. A prática do abandono infantil revela uma indiferença do valor da criança no século XIX. Na narrativa histórica olhar para o passado, traz uma reflexão para o presente. A fim de solucionar questões do cotidiano escolar atual marcado por um processo de globalização, o qual é o liberalismo. Cujo não considera importante o papel social da educação infantil para a democratização da educação.

(...) A criança terá de criar suas próprias defesas e, mesmo assim, será ferida em sua afetividade. È a idade em que o mundo infantil explode. A pedagogia que é imposta resume-se no seguinte: obter êxito no ofício para o qual, por especial privilegio, foi escolhido, dessa maneira aspirar á elevação da hierarquia dos escravos e, um dia, talvez comprar sua liberdade, ou fracassar e ser repelido para o meio dos trabalhadores braçais sem qualificação, obrigados a uma vida de trabalho extremamente dura, severa, degradante e muitas vezes desumana. (MATOSO, 1990, p. 120).


A lei do ventre livre, outorgada em 1871, reforça ainda mais o abandono das crianças negras pelos senhores de escravos, os quais se livravam do fardo de uma criança que não era útil, e que também trazia para as senhoras da burguesia o problema da educação das crianças de suas escravas. Perpetuou-se de fato a sua condição de escrava, elevando-se o índice de crianças negras abandonadas, não diferenciando-se após a Abolição da escravidão em 13 de Maio de 1888 na qual não realizou-se um programa de políticas públicas para atender essa pessoas que encontrariam na sua liberdade mais um entrave para a construção de sua dignidade humana.
Portanto, ao longo da História do Brasil, o negro sempre foi considerado à margem da sociedade por ser negro e pobre. Em 1980, cresce a resistência e a luta através do movimento negro, que resgata e se fortifica em sua organização para ampliar os seus direitos e combater o racismo. Uma das grandes vitórias do movimento negro unificado foi ter na Constituição Federal do Brasil, que a prática de racismo é considerada um crime inafiançável: "Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo. Cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação no Art. 3º, IV)". Com a implantação desta lei os direitos dos negros ficam assegurados, encorajando-os a buscar os seus direitos enquanto cidadãos, sujeitos de direitos e pertencentes à História do seu país, como agentes construtores e transformadores do contexto histórico, cultural e social.
Favorece a construção da identidade da criança. Dentro da escola e principalmente em uma sala de aula que parece ser homogênea, porém existem diferenças raciais, culturais e religiosas.
As questões raciais, os preconceitos são hoje pulsantes em todos os lugares, principalmente, em nosso país. Embora nossa herança cultural seja intensamente marcada pela miscigenação de raças. O negro tão presente em nossa cultura e história, ainda sofre exclusão social, assim como outras etnias.

CAPÍTULO I

1. A INFÂNCIA E A ESCRAVIDÃO

A história geral relegou aos negros um papel secundário, dificultando o seu caminho em direção a inclusão social e criando um estado de desigualdade difícil de ser alterado. Desigualdade, não somente nos aspectos sociais e financeiros, demonstrando uma estrutura cultural e social que acaba por mascarar uma discriminação mais profunda: a desumanização e desvalorização, o não reconhecimento simbólico das tradições e saberes do povo africano.
Baseado nestes fatos, vale ressaltar o contexto histórico dos africanos e dos seus descendentes no Brasil e no mundo. Durante a Idade Média na Europa, as crianças não eram consideradas cidadãs. Pois elas não tinham funções antes de começar a trabalhar. Segundo Arruda: "Em fins do século XIX, os índices de mortalidade infantil não eram vivenciados com dor e sofrimento, As crianças eram identificados como anjos tanto se fosse branco quanto negras" (ARRUDA, p.141).
Com o passar dos tempos elas amadureciam e já encontravam-se em idade própria para o exercício da cidadania, pois haviam ingressado no mundo adulto. Contudo as crianças das camadas sociais baixas se diferenciavam das crianças das camadas altas, pois as crianças ricas eram vistas com olhos mais flexíveis, bondosos, para os adultos eram especiais, pequenos notáveis, porém os menos favorecidos tinham que trabalhar como adultos e mesmo assim não eram notados.

(...) A criança- escrava brasileira é na maioria dos casos, objeto de uma dupla criação pouco coerente: de um lado seus senhores e adultos livres requerem sua afeição, porém desejam que ela seja obediente, simples e fiel. De outro lado, sua comunidade tenta absolvê-las. As crianças brancas, com os quais passa frequentemente seus primeiros anos, não são também criadas pelas escravas, as mucamas africanas? Crianças brancas e pretas são embaladas pelas mesmas canções de ninar, aprendem os mesmos contos vindos da áfrica, hoje inteiramente incorporados ao folclore brasileiro (MATOSO, 1990, p. 128).

Segundo as ideias de Matoso, pode-se perceber que as crianças negras brincavam de roda e diversas brincadeiras infantis, no entanto, sua infância é interrompida para iniciar o aprendizado do trabalho. A prática do abandono infantil revela uma indiferença do valor da criança no século XIX. Na narrativa histórica olhar para o passado, traz uma reflexão para o presente. A fim de solucionar questões do cotidiano escolar atual marcado por um processo de globalização, o qual é o liberalismo. Cujo não considera importante o papel social da educação infantil para a democratização da educação.

(...) A criança terá de criar suas próprias defesas e, mesmo assim, será ferida em sua afetividade. È a idade em que o mundo infantil explode. A pedagogia que é imposta resume-se no seguinte: obter êxito no ofício para o qual, por especial privilegio, foi escolhido, dessa maneira aspirar á elevação da hierarquia dos escravos e, um dia, talvez comprar sua liberdade, ou fracassar e ser repelido para o meio dos trabalhadores braçais sem qualificação, obrigados a uma vida de trabalho extremamente dura, severa, degradante e muitas vezes desumana. (MATOSO, 1990, p. 120).


A lei do ventre livre, outorgada em 1871, reforça ainda mais o abandono das crianças negras pelos senhores de escravos, os quais se livravam do fardo de uma criança que não era útil, e que também trazia para as senhoras da burguesia o problema da educação das crianças de suas escravas. Perpetuou-se de fato a sua condição de escrava, elevando-se o índice de crianças negras abandonadas, não diferenciando-se após a Abolição da escravidão em 13 de Maio de 1888 na qual não realizou-se um programa de políticas públicas para atender essa pessoas que encontrariam na sua liberdade mais um entrave para a construção de sua dignidade humana.
Portanto, ao longo da História do Brasil, o negro sempre foi considerado à margem da sociedade por ser negro e pobre. Em 1980, cresce a resistência e a luta através do movimento negro, que resgata e se fortifica em sua organização para ampliar os seus direitos e combater o racismo. Uma das grandes vitórias do movimento negro unificado foi ter na Constituição Federal do Brasil, que a prática de racismo é considerada um crime inafiançável: "Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo. Cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação no Art. 3º, IV)". Com a implantação desta lei os direitos dos negros ficam assegurados, encorajando-os a buscar os seus direitos enquanto cidadãos, sujeitos de direitos e pertencentes à História do seu país, como agentes construtores e transformadores do contexto histórico, cultural e social.























CAPÍTULO II

2. RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

No estágio supervisionado na educação infantil alguns fatos me chamaram atenção sobre como as relações raciais se apresentam na educação infantil. Diante a aula no grupo cinco de uma escola particular de Salvador, a professora inicia a sua aula com o momento da acolhida em seguida a rodinha como forma de socialização entre as crianças, os quais conversam, constrói hipóteses sobre determinado assunto abordado pela professora regente. A professora conversou com o grupo sobre os combinados da sala, os quais não estavam sendo respeitados. Falou sobre os brinquedos espalhados pela sala, brigas e desentendimentos sem motivo maior. Durante o diálogo, uma criança verbalizou com outra coleguinha na roda: "Eu não brinco com meninas pretas, nem adianta a pró reclamar, porque eu sou branca, minha mãe me chama de princesa, então eu não vou brincar com essas pretinhas". Se elas pegarem as minhas bonecas elas vão vê. Em seguida o outro colega envolvido com a conversa da menina disse: "A minha mãe não entende porque eu gosto da Janaína, e já disse que se quando eu crescer e quiser namorar com alguma neguinha, ela vai me bater tanto que eu vou me arrepender de ter nascido. Porque ela não nasceu para ter neto preto, parecido com o macaco".
A professora ouviu a conversa e interferiu dizendo: "O que é isso? Não quero saber dessa conversa aqui na sala, nossa sala é do amor e por isso temos que nos unir. Nada de brigas e nem separações entre vocês". Em seguida, conversou com as crianças sobre a peça dos Saltimbancos que eles iriam apresentar no Congresso Infantil promovido pela escola e iniciou a escolha dos personagens da peça saltimbancos e escolheu um menino negro para ser o burrinho. Todas as crianças gargalharam bem alto e apontaram o dedo para o garoto , o qual silenciou e não emitiu reação de desacordo. A professora tentou justificar a sua escolha dizendo que era apenas uma peça e que o garoto era muito inteligente. E pediu para todos pararem de gargalhar porque ela precisava terminar de escolher os outros personagens da peça.
A professora não considerou a oportunidade nos dois momentos para parar e conversar com as crianças sobre as diferenças existentes entre todos os indivíduos e suas peculiaridades. Logo a atitude do docente simplifica, constata o fato do despreparo de alguns professores em tratar em sala de aula sobre as questões raciais do Brasil. Os quais preferem assumir posturas omissas, imparciais. Considerando algumas posturas preconceituosas dos seus alunos como fatalidades humanas.
Essas situações mobilizam reflexões debates sobre igualdade e diferenças segundo Perrucci (1999, p. 7):
(...) Somos todos iguais ou somos todos diferentes? Queremos ser iguais ou queremos ser diferentes? Houve um tempo que a resposta se abrigava segura de si no primeiro termo da disjuntiva. Já faz um quarto século, porém, que a resposta se deslocou. A começar da senda metade dos anos 70, passamos a nos ver envoltos numa atmosfera cultural e ideológica inteiramente nova, na qual parece generalizar-se, em ritmo acelerado e perturbador, a consciência de que nós, os humanos, somos todos diferentes de fato.


O autor nos convida a reflexão sobre a construção de ações educativas emancipatórias, que produzam imagens desestabilizadoras de um passado remoto concebido como fatalidade humana, mas como produto da iniciativa humana. Portanto a sala de aula deve se transformar em campo de possibilidades de conhecimentos dentro do qual há que escolher. O silêncio que envolve a temática nas diversas instituições sociais contribui para que as diferenças sejam compreendidas como uma mera desigualdade e que o negro é inferior, mesmo professores que dizem ser comprometidos com a educação, mostram-se neutros para nas suas próprias ações e a subjetividade das suas concepções, principalmente quando são analisadas as relações interpessoais estabelecidas no dia-a-dia da escola.
Diante das situações expostas sobre o comportamento da professora em relação a atitude preconceituosa da criança, percebe-se durante o cotidiano escolar alguns educadores ainda não percebem a presença dos conflitos raciais entre seus educandos e não identificam em quais momentos devem interferir para esclarecer certos conceitos preconceituosos que impedem a realização de uma educação realmente democrática, igualitária.
A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a importância da pluralidade racial na sociedade. A fim de contemplar discussões sobre a diversidade racial, discutir os problemas sociais.
Para possibilitar que os educandos construam suas próprias ideias e entendimento sobre o outro que lhe é diferente. O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido. É necessário que todos digam não ao preconceito racial. Os agentes transformadores da educação precisam unir forças para promover o respeito mútuo e a possibilidade de conversar sobre as diferenças sem melindres e sem preconceitos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Educação Infantil, tempo dos primeiros passos da vida social da criança é importante possibilitar atitudes positivas, estimular o contanto com a estética e pelo imaginário afro e afro- descendente. Trazer a verdadeira história do negro africano no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos.
Ao discutir sobre as questões raciais no cotidiano, dificilmente é possível confirmar que o racismo invade- os nos atos e das outras pessoas e estão embutidos nas nossas vidas, nas mídias e na família. Essa repressão nos faz pensar que as atitudes de diferenciação racistas estão erradicadas na grande maioria das pessoas. Mas o educador e a escola nesse momento têm fundamental importância de trabalhar junto às crianças, de maneira a interferir, construir um diálogo de aproximação e esclarecimentos das diferenças existentes em nossa sociedade. Esse acontecimento inicial parece ter de algum modo subsistido, contribuindo para o quadro situacional do negro. O seu cotidiano coloca-o frente à vivência de circunstâncias como preconceito, descrédito, evidenciando a sua difícil inclusão social. Sendo assim, busca-se por meio deste trabalho compreender como são construídas as relações raciais num dos espaços da superestrutura social do país, que é a escola, e como ela contribui para a formação da identidade das crianças negras. A importância da diversidade e a igualdade de todos os indivíduos perante a lei, legitimando a verdadeira democracia
Em suma, o diálogo sobre os preconceitos na Educação Infantil contribui com o respeito as diferenças como um elo de união, no qual adultos e crianças formam uma grande ligação com a diversidade cultural do país, que se faz presente na adoção de políticas públicas de combate ao racismo e pela igualdade racial , afim de resgatar e reparar as injustiças históricas que perpassam ainda no século .



REFERÊNCIAS:


HANSELBERG, Carlos. A. Desigualdades sociais e oportunidade educacional: a produção do fracasso. São Paulo: Ática, 1987.
HOLANDA, Aurélio Buarque. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Brasiliense, 1992.
MATTOSO, Kátia de Queirós. Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1982.
NOGUEIRA, Oracy. Tanto preto quanto branco: estudos de relações raciais. São Paulo: T.A Queiroz, 1979.
PERRUCCI, Antônio. F. Ciladas da Diferença. São Paulo: Cortez, 1999.
KRAMER, Sônia. Questões raciais e educação entre lembranças e reflexões. São Paulo: Ática, 1995.





































CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Educação Infantil, tempo dos primeiros passos da vida social da criança é importante possibilitar atitudes positivas, estimular o co