Palavras chave: formas de acompanhamento, família, escola.

Abstrat: This article discusses some reasons why most parents do not have as its responsibility to assist children in their school activities and tips on how to help their children get good study habits. Parents have a view that simply just pay good schools for their children, pay school transportation more expensive, buy all the school supplies needed for the student to develop by itself and nothing else, however, nothing replaces parental monitoring child's school life. It is a literature survey of qualitative character.

Keyword: forms of monitoring, family, school.

Introdução
Desde o nascimento de um bebê ele passa a ter como base de sobrevivência a família, e durante seu desenvolvimento ele vai passando por idades e uma destas idades é a escolar. Neste momento surge uma nova fase, onde os pais precisam reservar tempo para auxiliar os filhos com as atividades escolares deste período. É comum verificarmos nos dias de hoje o desinteresse dos pais em auxiliarem os filhos. Isso leva-nos a questionar o porquê desta falta de responsabilidade tendo em vista que este acompanhamento torna-se quase indispensável para transformar o filho em um aluno produtivo.

Concepção de família

Em uma de nossas disciplinas de psicopedagogia levantou-se o seguinte questionamento: O que é família? E nos veio à seguinte resposta:

Família é o ideal de Deus para a humanidade;
Família é o centro do equilíbrio do homem;
Família é o ponto de referência de idas e voltas do ser humano na sua jornada aqui na Terra;
Família é um "forte" para os filhos;
Família é um caminho onde você sempre pode caminhar com segurança;
Família é a primeira escola, onde você recebe as primeiras lições sobre a vida, sobre a confiança, segurança, prática de bons hábitos e sobre Deus.
Luiza Moura, psicopedagoga, UNASP/UNB/FAAMA, 2011


Partindo-se do conceito que a família age como uma unidade, de modo a estabelecer um equilíbrio e assim tentar mantê-lo a qualquer custo, pode se observar que os pais não entendem o termo "a qualquer custo" e na maioria das vezes acabam deixando de lado ou em último plano a educação (acompanhamento) dos filhos.

Histórico sobre a problemática Familiar

Os estudos sobre a família brasileira nos mostram que a rede familiar no período colonial era uma instituição vertical, baseada no parentesco, lealdades pessoais e territorialidade. A base dessa estrutura, segundo Kuznesof (1988) era o parentesco ritual, a ajuda mútua, a troca e o clientelismo. Os casamentos endogâmicos, tanto da elite como das classes populares, preservavam a propriedade e consolidavam as posses. No fim do século XIX tornaram-se mais comum no Brasil os casamentos exogâmicos até como resposta às transformações socioeconômicas que ocorriam nessa época. Tornaram-se as famílias mais horizontais e menos verticais.
Os estudos sobre a família no Brasil têm como marco referencial básico o trabalho realizado por Gilberto Freyre em 1933, sobre a mesma no período colonial. Durante muito tempo, família brasileira foi sinônimo de família patriarcal enquanto sinônimo de família extensa (CORREA, 1982, p. 25). Tal rótulo não era representativo de uma família denominada brasileira, pois existiam outras formas de composição familiar no Brasil mesmo no século XIX. (SAMARA, 1983)
Pesquisas mais recentes nos ressaltam a imensa diversidade de composições familiares no nosso país, que colocam a necessidade de estudo e revisão da família brasileira. Essa revisão teve um marco importante na década de 70, quando houve o aparecimento de novas pesquisas sobre o assunto. Da Matta (1987, p. 125) nos diz que:

Uma reflexão mais crítica sobre a família permite descobrir que, entre nós, ela não é apenas uma Instituição social capaz de ser individualizada, mas constitui também e principalmente um valor. Há uma escolha por parte da sociedade brasileira, que valoriza e institucionaliza a família como uma instituição fundamental à própria vida social. Assim, a família é um grupo social, bem como uma rede de relações. Funda-se na genealogia e nos elos jurídicos, mas também se faz na convivência social intensa e longa.

Acompanhamento Escolar

Ao analisarmos a família em sua origem e observarmos a formação familiar atual, começamos a entender alguns motivos que levam o aluno ao insucesso escolar.
A família é uma das instituições responsáveis pelo processo de desenvolvimento da aprendizagem realizado mediante práticas exercidas por um daqueles que tem o papel de construtores do conhecimento, os pais.
Segundo Mello, (2007, p. 27):

Quando o filho tenta fazer uma tarefa escolar, não consegue lhe pede ajuda, por favor, não diga: "Filho! Já expliquei mil vezes e você ainda não entendeu?" Prefira dizer-lhe "Filho! Este assunto que você está estudando é realmente difícil. Eu vou lhe explicar novamente e tenho certeza que irá entender melhor, pois você é inteligente". Sente com ele e explique quantas vezes forem necessárias.

Os pais na maioria das vezes não possuem paciência para de certa forma auxiliar os filhos em suas atividades escolares. Não devem em momento algum desanimar mesmo diante da persistência do filho em determinada problemática.
De acordo com Wheeler (1997) quando os pais abdicam da responsabilidade de acompanhar o filho durante os seus anos cruciais (a infância), os danos que ela sofre na mente, no coração e na alma poderão ser irreparáveis. Poucos substitutos contratados para assumir esse papel terão paciência ou o tempo necessário para ajudar cuidadosamente no crescimento dessa delicada flor, de modo que suas pétalas não sejam magoadas.
Não convém aos pais sentirem-se excluídos do processo ensino-aprendizagem, conveniente seria tornarem-se parte ativa no desenvolvimento escolar dos filhos.
A autora Soares (2003, p.70) nos declara que "toda pessoa que cuida, que acompanha uma criança, mesmo que erija uma estátua em sua homenagem, com certeza sentir-se-á gratificada quando esta criança tornar-se adulta e puderem observar seu crescimento. Vale a pena toda dedicação."
O acompanhamento trás uma recompensa satisfatória para os indivíduos envolvidos no processo da aprendizagem.
Não adianta a escola esforçar-se para que o educando aprenda, se a família não abraça este objetivo, as duas instituições devem estar unidas em prol de tal propósito, buscando meios para que o aprendente seja favorecido em constante crescimento e aprendizagem.
As famílias que apresentam êxito escolar utilizam estratégias desde a valorização pedagógica das escolas ao trabalho de acompanhamento escolar e de cultivo de valores no lar.

Formas de acompanhamento escolar
Em uma pesquisa com alguns pais, sobre as formas utilizadas para o acompanhamento escolar dos filhos, feita por Franciele Otto na Acadêmica de Ciências Sociais da Universidade Regional de Blumenau (2007, s/p) chegou-se a conclusão de que:
A forma de acompanhamento escolar sobressalente entre as famílias é a constante supervisão dos exercícios e tarefas transmitidas pelos professores aos alunos, para que estes as executem fora do horário escolar regular. Apesar de apresentarem certas variações na forma de aplicação, todos os pais fazem a utilização de alguma forma de supervisão destas tarefas no lar. Estas formas de supervisão dizem respeito principalmente à presença material dos pais durante a execução das tarefas, colaborando com seus conhecimentos a respeito do tema em vigor.

Nas famílias em que os conhecimentos escolares incorporados pelos pais não alcançam mais o nível necessário para auxiliar os filhos, ou seja, onde não há superação em nível de conhecimento escolar dos filhos em relação aos pais, a supervisão se dava por meio da vigilância, verificando se as tarefas eram realmente feitas.
Nestes casos, como os pais não conseguem saber de imediato se as tarefas estão sendo executadas corretamente, deve-se manter um nível elevado de monitoramento do rendimento escolar dos filhos, usufruindo meios legítimos como as notas e os comentários dos professores.
É essencial que as atividades continuem também extraclasse de aula por meio das lições de casa e torna-se necessário o incentivo dos pais para o desempenho escolar do estudante. Pesquisas comprovam que quando os pais participam da vida escolar do filho, as notas aumentam em cerca de 20%, nos afirma Adriana Maria Romano (diretora de uma Unidade Escolar).
Além de acompanhar os filhos, os pais devem estimular que o aluno aprenda um pouco mais do que a tarefa exige. Uma boa maneira de estimular o hábito pelos estudos é orientar os filhos a aprenderem um pouco além daquilo que o professor ensinou.
Em entrevista à revista Crescer ? Especial Saúde & Educação (2010) a psicóloga Ana Gonçalves Corrêa nos afirma que. "desde cedo, é fundamental incutirem-se hábitos de estudos e rotinas de trabalho".
Para se alcançar o sucesso escolar, na opinião da especialista, deve entender que todos somos diferentes, sendo importante que o plano de estudo atenda às características e capacidades individuais de cada um, ou seja, um método de estudo que se revela eficaz para um filho não tem de ser, necessariamente, adequado a outro.
No entanto, devem ser contemplados, também, momentos de pausa, que se destinem a outro tipo de atividades lúdicas ou à prática de exercício físico, etc.
Abaixo algumas dicas de como favorecer e acompanhar de forma saudável as atividades escolares dos filhos.

? Ambiente de estudo equilibrado;
? Elogiar o trabalho, empenho e esforço;
? Incentivar os estudos;
? Acompanhar de forma pessoal (presencial);
? Estimular a escuta e a compreensão;
? Responsabilidade combina com diversão;
? Mostrar interesse pelas atividades do filho;
? Ajudar o filho a tornar sólido o hábito de estudar;
? Demonstrar confiança no filho fazendo com que ele acredite em si mesmo.
Segundo OLIVEIRA, 2009
A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para a aprendizagem, e participar não significa estar todos os dias na escola ou ensinar o dever de casa. Pais analfabetos podem participar da vida escolar dos filhos organizando formas para que eles tenham momentos de estudos diários e conversando sobre sua dificuldade com os professores.

A importância que cada família dá à escola e ao ato de estudar também influenciará bastante no comportamento das crianças frente aos estudos

Contribuições da Psicopedagogia ao tema

Pensar em acompanhamento escolar, seja na família ou na própria escola, requer do psicopedagogo uma fixação em vários e diferentes sistemas, pois sua mediação também vai levar em conta a complexidade de seu campo de atuação.
A psicopedagogia, ao considerar o processo de aprendizagem como resultado de uma construção que envolve as relações do sujeito que aprende, nos vários contextos em que está inserido, não pode deixar de se preocupar com o processo relacional que se estabelece entre a escola e a família, através deste pensamento entende-se que o sujeito tem sua vida envolvida com as relações que ele estabelece de acordo com a sociedade e a instituição na qual ele faz parte, isto retrata o pensamento sistêmico estabelecido pela Psicopedagogia.
Segundo POLITY,2001 pg- 16
A hipótese é que crianças e jovens com dificuldade de aprendizagem podem ser beneficiados com uma intervenção familiar, que lhes possibilite sair da posição portadora do sintoma para a construção de uma nova relação com o saber. Pois, penso que seja qual for a etiologia da dificuldade de aprendizagem o grupo familiar é fator decisivo para a condução e/ou resolução da situação.

A intervenção psicopedagógica também se propõe a incluir os pais no processo, por intermédio de reuniões, possibilitando o acompanhamento do trabalho realizado junto aos professores. Assegurada uma maior compreensão, os pais ocupam um novo espaço no contexto do trabalho, abandonando o papel de meros espectadores, assumindo a posição de parceiros, participando e opinando.
Ackerman (1986) nos diz que "A família é um modelo universal para o viver. Ela é a unidade de crescimento; de experiência; de sucesso ou fracasso; ela é também a unidade da saúde e da doença".
Entende-se que a família passa a ser um local de crescimento onde se adquiri conhecimento através de práticas, observações, ensaios, tentativas para verificar ou demonstrar algo, ou seja, de um resultado feliz ou de insucesso.
Os pais deveriam entender que é por meio deste vínculo e no lar que acontecem os ensaios, as tentativas e através deles é que vem o conhecimento.
Devem entender eles que essa ajuda faz-se necessária de forma constante e incessante diante dos filhos.
A criança terá muito mais interesse pela aprendizagem se houver colaboração familiar com isso o trabalho psicopedagógico será mais eficiente
O fato do sujeito não aprender, não significa única exclusivamente a "deficiência ou lacuna", no entanto se constrói a partir da relação precisa entre família, escola e indivíduo.
A atuação psicopedagógica, enquanto protetora e facilitadora das relações, repercutirá em envolvimento na manutenção de um sistema familiar com uma saudável circulação do conhecimento, possibilitando o equilíbrio de poder entre seus membros, clareza na definição de papéis e de limites.
Enfim, a intervenção psicopedagógica buscará não se limitar à compreensão da dificuldade, mas à aquisição de novos comportamentos que levem à sua superação.
Góes (1991 pp. 19-21-22):

O conhecimento é construído na interação sujeito objeto e de que essa ação do sujeito sobre o objeto é socialmente mediada. (...) o desenvolvimento do homem enquanto ser humano tem uma gênese social, o homem se a constrói através de sua inserção social, nas relações interpessoais.

A aprendizagem se desenvolve a partir das relações que o sujeito irá estabelecer e uma das relações mais importantes são as relações familiares.

Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico. Os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.


Considerações finais

A família tem parte ativa na formação de crianças, adolescentes etc. esta função que lhes é incumbida de forma natural nem sempre é bem administrada e quando isso acontece na maioria das vezes vem o que chamamos de fracasso, fiasco, insucesso, seja ele nas áreas da vida emocional, social ou até mesmo escolar.
O presente artigo busca orientar pais, educadores, profissionais da psicopedagogia para que os mesmos compreendam o fracasso escolar não como uma falha individual da criança, mas como um conjunto de fatores que consideram a família e a escola, como instituições de maiores amplitudes nas relações sociais.
Referências Bibliográficas

ACKERMAN, N. W.; Diagnóstico e Tratamento das Relações Familiares. Trad. Goulart; M.C., Porto Alegre, Artes Médicas, 1986.

CORRÊA, M. Repensando a família patriarcal brasileira (notas para o estudo das formas de organização familiar no Brasil). In: Colcha de retalhos. São Paulo: Brasiliense, 1982.

DA MATTA, Roberto A família como valor: considerações não-familiares sobre a família à brasileira. Pensando a família no Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo/Edufrrj; 1987

GÓES, M. C. R. A natureza social do desenvolvimento psicológico. In: Cadernos Cedes, ano XX, nº 24, 3ª edição, julho, 2000.

KUZNESOF, E. A. A família na sociedade brasileira: parentesco, clientelismo e estrutura social. São Paulo: editora, 1988.

MELLO, Meibel. Quem ama ensina. Curitiba: Sergraf, 2007

OLIVEIRA, M. A. C. Intervenção psicopedagógica na escola. 2ª Edição ? Curitiba PR. IESD-2009

POLITY, Elizabeth. Dificuldade de aprendizagem e família: construindo novas narrativas. 1ª. Edição. São Paulo: Vetor, 2001.

REVISTA CRESCER. Especial Saúde & Educação ? Novembro 2010

SOARES, A. Construindo o amanhã: o futuro das crianças está em nossas mãos. 7ª ed. Tatuí ? SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007

SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília: Liber Livro, 2007.

WEELER, Joe. Comandos à distância. Portugal-Sacavém: Publicadora Atlhantico S.A., 1997.

http://blogdocemagia.blogspot.com/2011/04/pedido-livros-sobre-terapia-familiar.html. Acesso em março de 2010.