A derrota de Deus

 

 

            Fui buscar no dicionário o significado de duas palavras: diabo e Deus. O dicionário consultado foi o Houaiss.

            Em páginas finas cada termo era apresentado pelo sentido, acompanhado pela diversidade de uso no cotidiano e por sua origem histórica. Estive concentrado tanto no sentido quanto no uso cotidiano.

            Comecei pelo diabo. Depois de folhear um pouco, encontrei-o no lado superior esquerdo da página 473. Um verbete que cobria mais da metade da página; que não era pequena. E por ignorância de minha parte, a palavra “diabo” continha quase cinqüenta e duas formas de uso. Cada qual guardava um sentido singular. Ao ler os exemplos de como se usava o dito termo, logo percebi que haviam formas contraditórias. Se num sentido o diabo era pronunciado para ressaltar as qualidades e habilidades do indivíduo, noutro ele anunciava o homem que comete crueldades.  Além disso, havia um sentido cômico. E nele eu me deleitava de tanto rir.

            Passei para ver Deus. A letra d, por ironia de destino, acolhia tanto ao diabo quanto a Deus. A palavra, que começava com maiúscula, mal completava cinco linhas da página 467. E enunciava, apenas, duas conotações. O nome dado ao criador designava divindade, e mais nada.

            Feito a pesquisa, pude comparar o diabo com Deus. O todo poderoso perdia em significações, e o diabo esbanjava diversidade e contradições. Nesse dia me dei conta que até Deus um dia perde. E nesse mesmo dia, ele havia perdido de lavada. O resultado final foi: Deus 2, diabo 47, ou melhor, Diabo 47 x 2 deus.

 

                                                                                                                                   6 de abril de 2009