A experiência tem me ensinado que a democracia não é conquista definitiva, da qual se possa descuidar. É construção permanente…”

DILMA ROUSSEFF- 5 DE JULHO DE 2016.

 

O Brasil vive hoje mais um momento dramático de sua história. Vive sobretudo um momento de arbitrariedades. Momento este de ruptura institucional e democrática, ruptura do que a Constituição Federal que não é lá essas coisas todas que dizem por aí, chama de Estado Democrático de Direito. Momento conturbado, fruto de quatro perdas consecutivas por aqueles que se achavam “donos” do poder e do Brasil. Momento de incertezas, de vazios, de silêncios e temores. Momento de retrocessos e caos, gerado pela injustiça contida no mais íntimo do ser humano, que obcecado pelo poder não mede esforços para a tomada de tal. Momento de GOLPE político, diferente daquele que já observamos lá em 1964, dizemos golpe pois não há crime algum como eles querem, que constitua crime de responsabilidade por parte da Presidenta da “República Federativa do Brasil” Dilma Rousseff, único motivo pelo qual em um presidencialismo um chefe de Estado pode ser afastado de seu posto.

Este é um momento também de hipocrisia, ou melhor, hipocrisias, elas são muitas e por isso plurais. Em nome de “Deus” profanaram a fé, pela “família” entristeceram suas amantes, pela nação, renderam-se aos interesses do exterior. A palhaçada de 2016 empreendida pelos deputados analfabetos e donos de circo tornou-se espetáculo mundial. O mundo mais uma vez riu da república dos bananas como bem disse a Senadora Gleise Hoffmann. Não, o Brasil não era mais só o lugar das “putas”, do futebol e do carnaval, tornou-se o lugar da hipocrisia, do cinismo, do golpismo, da vergonha internacional. Coloram o país em um estado de decadência em todos os sentidos possíveis. Os sepulcros caiados, para usar as palavras de Cristo, foram vistos. Como esquecer dos homens santos da fé? Eduardo Cunha, Malafaia, Feliciano! Amém, Amém que os anjos digam amém. As mazelas escancararam-se. O povo padece. As conquistas de longos 14 anos da era petista, declinam dia após dia ao peso puramente do egoísmo daqueles que não tiveram a legitimidade das urnas.

 

Está apto para ser presidente do maior país da América Latina, um traidor? Alguém que trai sua companheira de chapa, não trairá também o povo brasileiro ? Não será nossa massa traída, esquecida e excluída desse processo mentiroso de democracia? UM GOLPISTA que não teve a coragem de comparecer ao fim das olimpíadas Rio 2016, com medo de vaias, está apto para ser presidente? Não ele não está! Primeiro porque nunca consegui os votos necessários para ser eleito presidente, segundo porque é um fraco, quase caduco. O governo interino mal começou e já trazia em seu bojo todos os parasitas da corrupção. Como acreditar nessa ponte para o futuro que ele tanto falava? Isso nunca foi uma ponte, é uma “pinguela” como disse a Deputada Benedita da Silva. Pinguela porque a massa não estar nesse projeto de governo, porque os pobres sempre perderão, serão esquecidos, serão massacrados para o bel prazer dos que se beneficiam com essa palhaçada toda. O TEMER disse que “impeachment é algo natural em uma democracia”, por essa pequena e idiota frase, percebe-se o quão leigo e descompromissado com a política de seu país, o golpista é.

 

Acusam a Presidenta Dilma de Crime de responsabilidade, quando nada consta contra ela, que diferente de todos eles, tem uma biografia digna de menção, limpa, não vergonhosa. Ela tem uma biografia escrita em meio as lutas, por isso resiste e não desistirá até o último momento. Sim , o crime. Qual crime pesa contra Dilma Rousseff? O crime de Dilma Rousseff foi ter dado continuidade as políticas sociais e inclusivas que permitiram nosso povo continuar buscando aquilo que é seu por direito. Se a classe trabalhadora tudo produz, tudo a ela pertence. O CRIME de Dilma Rousseff foi permitir que mais e mais negros, pobres, excluídos e marginalizados ocupassem os bancos das universidades de nosso país, privilégio de uma classe reduzida e minoritária. O crime de Dilma foi ter sido a primeira mulher a chegar a presidência de nosso país, contrariando os machistas opressores de nossa sociedade. O crime de Dilma foi expandir o FIES, PROUNI, o ciências sem fronteiras, o bolsa família que muitos dizem ser a bolsa miséria, que permitiu melhores condições de vida ao pobre. Lula e Dilma entenderam que antes da revolução é preciso que o povo coma, que o povo mate sua fome. O menino pobre de Pernambuco, sabia o que era fome. O crime de Dima foi ampliar de forma grandiosa o minha casa minha vida, que já beneficiou mais de 2 milhões e 760 mil cidadãos brasileiros, afetando a renda dos donos de imóveis por isso tanto ódio. O crime de Dilma, foi ter se juntado com Lula para levar água ao sertão nordestino, foi ter investido em uma das maiores obras do mundo: a transposição do Rio São Francisco. Esse é o crime que pesa sobre Dilma Vana Rousseff.

Não há um se quer que hoje tenha moral para pedir o impeachment da presidenta. Nenhum. Hipócritas, hipócritas, hipócritas!!! Usando as palavras da própria presidenta: “por que querem fazer um impeachment sem crise?”, é simples, é a única forma de barrar a mudança. É a única forma de parar a Lava-jato. Nem que para isso, muitos sonhos deixem de ser sonhados. E nem que uma mulher honrada padeça ao peso das injustiças desse sistema político podre e defasado. Em sua defesa ao Senado golpista, pelo seu advogado José Eduardo Cardozo, Dilma em um trecho de sua carta fala: “ como já se disse poeticamente, também dá fruto doce, a adversidade”, talvez o único fruto doce desse caos todo seja o seu grande exemplo. A flor desse lamaçal é sem dúvidas minha presidenta Dilma Roussef. Como ela mesmo disse sobre si mesma, uma mulher marcada pelo tempo mas, que ainda tem força para lutar por seus ideais.

Se você caro leitor, um dia já foi vítima de uma grande injustiça, saberá o que sente a Presidenta neste momento. Segundo a presidenta: “ o que mais dói nesse momento é a injustiça. O que mais dói é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política.” Não tenho dúvidas de que esta carta foi escrita em meio a lágrimas e grande amargura de alma.

 

Se este GOLPE, disfarçado com o nome de impeachment, for concretizado, só reafirmaremos para nós mesmos e para o mundo aquilo que sempre soubemos. O Brasil e suas instituições são uma vergonha e uma farsa. O voto popular de nada servirá, a “voz” do povo que nunca historicamente foi ouvida, agora só se confirmará. A democracia é uma mentira, se o golpe for concretizado. A democracia de nada nos servirá se a vontade popular não for respeitada e acatada. Erramos muito por acreditar que este sistema político nosso, a democracia, estava consolidada. Estávamos errado. Ela é mais frágil do que aparentava-nos. Tomo aqui as palavras da Presidenta:

o maior risco para o Brasil neste momento é continuar a ser dirigido por um governo sem voto. Um governo que não foi eleito diretamente pela população não terá legitimidade para propor saídas para a crise. Um governo sem respaldo popular não resolverá a crise porque será sempre, ele próprio, a crise.”

 

Não, o ódio de toda a oposição não é contra Dilma Rousseff. Não sejamos ingênuos, nem inocentes. O ódio nasceu muito antes de Dilma chegar a Presidência. Nasceu com o nascimento do Partido dos Trabalhadores- PT, que amedrontava toda essa lógica de dominação e opressão. O ódio é muito anterior a 2016, ele é uma construção histórica. E contra o ódio é necessário muito amor. Amor para continuar acreditando que a mudança é possível, que o Brasil pode ser ainda um país sério, que a revolução é possível. Que os presidentes serão respeitados no exercício de seu mandato e não interrompidos por um grupo desonesto, legitimado por uma massa desprovida do conhecimento histórico, e por outra que se julga “esclarecida”. “É preciso amor pra poder pulsar.” Não podemos desistir de lutar por esse Brasil que queremos. E jamais descuidar da DEMOCRACIA.

Termino com as palavras da primeira MULHER PRESIDENTA DA HISTÓRIA DO BRASIL, DILMA ROUSSEFF:

A vida me ensinou o sentido mais profundo da esperança. Resisti ao cárcere e à tortura. Gostaria de não ter que resistir a à fraude e à mais infame injustiça. Minha esperança existe porque é também a esperança democrática do povo brasileiro, que me elegeu duas vezes Presidenta… Aprendi, porém que quando se está do lado certo da história e se empunha uma bandeira justa, nunca se deve renunciar à uma boa luta, por mais difícil que ela seja… Quem deve decidir o futuro do país é o nosso povo. A democracia há de vencer.”

Vencerá? Só o tempo e a História nos dirá.

YAGO FELIPE CAMPELO

(Mestrando em História pela UFCG-PB)