INTRODUÇÃO

Em um estudo realizado pelo instituto IPSOS, foi comprovado que a metade dos brasileiros não sabe localizar o Brasil em um mapa-múndi. Na pesquisa, que contou com 1.000 entrevistados, houve pessoas que não souberam responder, outras indicaram o Brasil em outro lugar (inclusive na África).
Dos entrevistados, 10 % já haviam passado por uma faculdade e nem sequer sabiam que o Brasil se localizava na América do Sul. Será que um aluno do terceiro ano do ensino médio saberia? Um despreparo no ensino de geografia e de cartografia, ou apenas descaso por parte das pessoas, que não vêem importância alguma em conhecer o mapa-múndi?
Estamos convivendo com um volume de informações e notícias cada vez maior, e saber onde se localizam os principais países do mundo, não apenas o Brasil é tarefa crucial no mundo globalizado, que através da tecnologia cada vez mais encurta as distâncias. Nós precisamos, pois, ter a noção exata de que distâncias são estas.



Ensino Cartográfico

O ensino cartográfico se inicia logo nos primeiros anos escolares, porém, é na disciplina geografia que ela se torna mais perceptível. É a cartografia um dos elementos mais importantes na formação da noção de espacialidade e proporcionalidade do aluno.
Mas, não é tão simples de se iniciar o ensino de mapas nos alunos dos primeiros anos do ensino fundamental.É necessário primeiramente trabalhar a função simbólica do aluno.A função simbólica é entendida como a capacidade de perceber a relação significante e significado. Segundo Passini (1994), as crianças recebem mapas complexos sem ter passado por processo de educação cartográfica. Desta forma alunos concluem seus cursos na escola fundamental, analfabetos e despreparados em relação à leitura de mapas, o que pode se estender até o final da formação no terceiro ano do ensino médio.
O professor é muitas vezes culpado de não saber iniciar o aluno na cartografia. A convivência com a cartografia é dada desde o início da infância. Se observarmos uma criança quando começa a esboçar seus primeiros desenhos, vemos sempre o desenho da igreja, da casa, da árvore que fica em frente a sua casa, dos prédios da cidade, etc. Isso já é cartografia.
Diante dessa facilidade do aluno em representar o espaço a sua volta, é necessário que o início da alfabetização cartográfica seja bem feita para que no futuro a leitura de mapas em escala global consiga ser entendida.
Primeiramente, é necessário que o professor inicie a cartografia numa escala local. Ex: o bairro, a cidade. Posteriormente, com o avanço e domínio cartográfico nessa escala, devemos partir para a escala regional: o estado, o Brasil. E, somente após o domínio nessas duas escalas, é que o professor pode iniciar o aluno na escala global. É apenas aí que o mapa-múndi deve ser utilizado em sala de aula.
O processo de iniciação cartográfica se dá desde o início do ensino, nos primeiros anos de escola. Não pular etapas é fundamental em todo o processo. Ao entrarmos na escola aprendemos a realizar diversas ações e procedimentos importantes e que vão nos auxiliar no nosso futuro acadêmico e profissional. Aprendemos a fazer cálculos, a ler e a escrever. Fazem parte da nossa alfabetização: a escrita e a matemática. Por que então não vamos à escola também para aprender a ler e construir mapas?
A alfabetização cartográfica deve ser entendida como algo importante no processo de alfabetização do aluno. Essa alfabetização cartográfica significa preparar o aluno não apenas para a leitura, mas também para a construção de mapas.
Para Passini (1994, p.26):
O processo de leitura nada mais é do que a compreensão da linguagem cartográfica, decodificando os significantes através da legenda, utilizando os significantes através da legenda, utilizando cálculos para a reversão da escala, chegando ás medida reais do espaço projetado e conseguir a informação do espaço representado, visualizando-o.
A cartografia torna-se, portanto, uma importante ferramenta na construção do conhecimento e na representação espacial. Trabalhá-la paralelamente a disciplina geografia e a outras disciplinas, deve ser feita de forma sistemática.
Não apresentar a cartografia como se fosse um simples método ilustrativo, pois, ela é muito mais do que isso e deve ser entendida também como importante método de construção do conhecimento e dos saberes geográficos.
Segundo os parâmetros curriculares nacionais de geografia (1999), o aprendizado por meio de diferentes formas de representação e escalas cartográficas deverá estar contemplado, nesse momento, em que se inicia o aluno nos estudos geográficos, como também ensinar a realizar estudos analíticos de fenômenos em separado mediante os mapas temáticos, tais como: clima, vegetação, população, solo, cultivos e agrícolas, etc.
Por tanto, a alfabetização e utilização da cartografia já estão previstas no currículo escolar, tal como nos parâmetros curriculares, que servem de base para a formulação dos conteúdos.
Nos primeiros contatos com a cartografia, a atividade mais comum aplicada pelos professores é a pintura de mapas. A prática da ilustração e pintura de mapas é a tempos utilizada pelos professores de geografia, mas, pelo que se observa não é uma técnica muito eficiente de ensino cartográfico.
Uma das maneiras mais prazerosas e fáceis de iniciar o processo de alfabetização cartográfica nos alunos é a utilização de maquetes.
O uso da maquete permite a operação de fazer sua projeção sobre o papel e discutir essa operação do ponto de vista cartográfico o que envolve representar em duas dimensões o espaço tridimensional, representar toda a área sob um só ponto de vista e guardar a proporcionalidade entre outros elementos representados. Assim,a passagem para o mapa geográfico será mais fácil (ALMEIDA,p.18,2001)
Muitas vezes a falta de preparo dos professores, ou simplesmente a falta de material didático e de mapas agravam esta situação.
O que, no entanto, está sendo observado, é que pelo menos nas escolas estaduais do estado de São Paulo, os mapas estão em contato com os alunos através do caderno do aluno, uma espécie de apostila que é distribuída as escolas estaduais. No caderno de geografia o conteúdo é bastante abrangente e os mapas estão presentes em todos os volumes.
Não que a presença de mapas seja algo recente em livros escolares, muito pelo contrário, os mapas estão presentes há muitos anos nos livros didáticos de geografia e também de história.
A cartografia serve também como auxiliar na disciplina história. As grandes navegações, as grandes conquistas de territórios e a própria história do Brasil são mais facilmente explicadas através de mapas.
Quando, por exemplo, o professor de história for ensinar aos seus alunos a história do descobrimento do Brasil, ele ao utilizar-se de um mapa, vai conseguir mais facilmente ilustrar o quanto a rota da caravela se desviou de seu curso antes de chegar ao Brasil.
Podemos notar que sem a presença de um mapa seria impossível mostrar aos alunos qual a rota feita pelos grandes descobridores como, por exemplo: Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama, Bartolomeu Dias e Pedro de Covilha. Todas as histórias dos descobrimentos não passariam de palavras soltas, e o entendimento de cada um ficaria por conta apenas da imaginação.
A interdisciplinaridade da cartografia alcança inclusive matérias como a matemática. A utilização da matemática se faz no momento em que o aluno faz o cálculo de escalas, o que é fundamental para se ter noções de distâncias.
Pelo que observamos, a cartografia é utilizada durante toda a vida escolar dos alunos e está presente nas disciplinas: geografia, história, artes e até matemática.
Apesar desse convívio com a ciência cartográfica, muitas pessoas não vêem importância em utilizar desse conhecimento durante a vida. Muitos não acham necessária a interpretação dos mapas no dia-a-dia e acham que os mapas do mundo servem apenas para geógrafos e estudantes. Mudar essa percepção é tarefa difícil e que requer o auxilio das diversas disciplinas escolares, que precisam utilizar-se dela como um método natural de entendimento do mundo e como mais uma ferramenta a ser utilizada em sala de aula.



Não conhecemos o mapa-múndi ?

Mesmo após pelo menos sete anos estudando a disciplina geografia e mantendo contato com a cartografia, e mais precisamente com mapas, nos formamos, entramos na universidade e apesar disso não conhecemos o mapa do mundo, isso de acordo com um estudo realizado pelo instituto IPSOS e divulgado na revista veja ( REVISTA VEJA, 2007) .
No estudo, foi comprovado que a metade dos brasileiros não sabe localizar o Brasil em um mapa-múndi. Na pesquisa, que contou com 1.000 entrevistados, houve pessoas que não souberam responder, outras indicaram o Brasil em outro lugar (inclusive na África). Dos entrevistados, 10 % já haviam passado por uma faculdade e nem sequer sabiam que o Brasil se localizava na América do Sul.
As pessoas não vêem importância em conhecer o mapa-múndi e nem acham necessário saber localizar os países mais importantes do cenário mundial. Os noticiários diários, a mídia impressa e até as rádios nos passam a todo o momento informações a respeito de economia ou fatos importantes ocorridos em todos os países. Os países que possuem as maiores economias do mundo são geralmente os que estão em maior evidência e saber localizar cada um deles no mapa-múndi deveria ser tarefa fácil para um estudante do ultimo ano do ensino médio e que está, portanto, a um passo da universidade.
Tomando como base a pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, também foi realizada uma pesquisa quantitativa para avaliar o grau de conhecimento em relação ao mapa-múndi, de alunos que estão cursando o terceiro ano do ensino médio.
Foi escolhido aplicar o questionário a alunos do último ano do ensino médio, pois, esses alunos em tese deveriam já ter adquirido todo o conhecimento cartográfico básico, levando-se em conta o ensino normal.
Outro fator que foi determinante à escolha desses alunos foi o fato de estarem a poucos meses de terminarem os estudos e, portanto, deveriam estar preparados para o vestibular.
O questionário consistiu em uma prova simples, na qual o aluno deveria identificar em um planisfério do mapa-múndi, dez países que, segundo a previsão de economistas, formarão o ranking das dez maiores economias do mundo no ano de 2010.
Os países que deveriam ser identificados são: Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha, Brasil, Espanha e Índia.
Foi aplicada a prova a 133 alunos do 3º ano do colegial em três escolas estaduais paulistas. As cidades onde foi realizada a pesquisa foram Sumaré e Ibitinga, no interior do estado de São Paulo, e Vinhático, no estado do Espírito Santo.
Na cidade de Sumaré, a pesquisa foi aplicada a duas turmas do 3º colegial da escola estadual Alice Antenor de Souza.
No município de Ibitinga, a prova foi aplicada a duas turmas na escola estadual Professor Ângelo Martino, e à uma turma de supletivo do 3º colegial da escola estadual Professor Dr. Victor Maida.
Na cidade de Vinhático, no Espírito Santo, a prova foi aplicada a alunos, também do 3º ano do ensino médio, da escola estadual do ensino fundamental e médio Padre Manoel de Nóbrega.
Com o simples objetivo de quantificar quais os países os alunos sabem identificar e também qual a porcentagem de alunos que sabem localizar o Brasil no mapa, o resultado mostrou resultado surpreendente.
Diferentemente da pesquisa do Instituto Ipsos, que mostrou que apenas 50% dos brasileiros conseguem identificar o próprio país no mapa, a pesquisa realizada por nós revelou que 92% dos 152 alunos souberam identificar a localização exata do Brasil.
Outro número que a pesquisa mostrou foi que 87% dos alunos souberam identificar a localização dos Estados Unidos da América. Um número bastante surpreendente e que também não condiz com a pesquisa Ipsos, que indicou que apenas 18% dos brasileiros entrevistados souberam localizar o país.
Os demais resultados: 79% dos alunos souberam identificar o Japão corretamente; 80% a China; 79% a Índia. A localização exata da Alemanha foi indicada por 56% dos alunos. Um porcentual um pouco maior dos alunos identificou corretamente a Itália (68%) ? talvez pela forma peculiar desse país, uma bota, amplamente divulgada na mídia.
Mais da metade dos alunos souberam localizar a Grã-Bretanha (54%). Dos 10 países que os alunos deveriam identificar os menos indicados corretamente foram: Espanha (52%) e a França, com apenas 42% de acertos.
Vale ressaltar, que a escola estadual Professor Ângelo Martino, de Ibitinga, foi classificada como a melhor escola estadual do estado de São Paulo, no ENEM ( exame nacional do ensino médio) no ano de 2007. Talvez esse dado tenha contribuído para uma melhora nas estatísticas de acertos, pois, comprova a qualidade de ensino naquela instituição.
Mas, independente da pesquisa ter sido realizada em uma escola, onde a qualidade de ensino está acima da média das escolas públicas, o fato é que nossos alunos estão, em tese, mais bem preparados em matéria de mapa-múndi do que esperávamos antes da realização das pesquisas. Sabemos agora, que ao menos sabem identificar qual a localização do Brasil no globo terrestre, e que essa informação pode parecer banal, mas é muito importante na formação intelectual de cada um.


Mapa Mundi e a Globalização

De maneira geral, as pessoas, independente de sua escolaridade, recebem diariamente um bombardeio de informações transmitidas pelas televisões, jornais, revistas e internet. Saber se localizar dentro do planeta é importante para a formação humana e intelectual de cada indivíduo.
O mundo esta cada vez mais competitivo, as informações nos chegam em tempo real de qualquer local do planeta terra. Apesar disso pessoas não vêem importância em conhecer o mapa-múndi e nem acham necessário saber localizar os países mais importantes do cenário mundial. Os noticiários diários, a mídia impressa e até as rádios nos passam a todo o momento informações a respeito de economia ou fatos importantes ocorridos em todos os países.
Os países com as melhores economias mundiais estão em maior evidência, saber localizar cada um deles no mapa-múndi deveria ser tarefa fácil para um estudante do ultimo ano do ensino médio e que está, portanto, a um passo da universidade.
Não sabendo localizar os continentes e países, não vemos com tanta importância os avanços trazidos pela tecnologia, que cada vez mais encurta as distâncias. Não podemos nem se quer entender o porquê de se pegar um avião para viajar para a Espanha sendo que posso ir para a Argentina de carro. Podemos pensar até que o Canadá, por ter como idiomas o inglês e o francês, fica próximo a Inglaterra ou a França. Para quem tem ao menos uma pequena noção do mapa, isso é um absurdo, ainda mais por saber que o Canadá está inclusive em outro continente.
Muitas pessoas dizem que não precisam saber matemática, pois, não vai ser engenheira, ou que não precisam aprender o português com perfeição, pois, não vai ser escritor. Nesse contexto também se encaixa o mapa-múndi, e quando perguntado se é necessário conhecer o mapa logo dizem: não vou ser geógrafo e não vejo serventia em saber a localização dos países.
De fato, não é necessário se utilizar de um mapa-múndi para realizarmos tarefas simples como, por exemplo, ir a um supermercado ou shopping. Porém, tanto no supermercado, quanto no shopping Center, nós consumimos uma infinidade de produtos importados e que chegam dos mais diferentes países e continentes. Muitas vezes, nós consumidores, não sabemos e nem temos idéia da distância que as mercadorias percorrem até chegar ao Brasil, essa noção nos é passada através da leitura simples do mapa-múndi.
Se pensarmos que a globalização começou juntamente com as grandes navegações, e que as navegações pelo mundo começaram somente após o domínio da cartografia, podemos atribuir a ciência cartográfica a honra de ser uma das protagonistas no processo de globalização.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, e que foi divulgada pela revista Veja, não condiz com os resultados apresentados pela pesquisa quantitativa realizada nas escolas do interior de São Paulo. Na matéria realizada pela revista semanal, o brasileiro foi tido como "ignorante" em matéria de cartografia à medida que metade não sabia ao menos localizar o próprio país no mapa.
Já nosso número (92%) diz que pelo menos os alunos que estão se formando no ensino médio sabem localizá-lo.
O que provavelmente tenha ocorrido é que a pesquisa Ipsos entrevistou pessoas com formação variada ? algumas até com nível superior ? levando a crer que já não se lembram mais do conteúdo ministrado no segundo grau. Ao contrário, os alunos entrevistados por nós estão com o conteúdo cartográfico ainda "fresco" na mente.
O próprio desuso de um mapa-múndi poderia causar o esquecimento das pessoas de forma geral. Isso seria comum acontecer, não apenas na relação com os mapas, mas com qualquer conteúdo aprendido na escola e que não se faz uso no dia-a-dia posteriormente.
Temos a plena convicção da importância da leitura cartográfica de mapas- e em especial do mapa-múndi- na formação das pessoas em geral. Independente de qual ramo de profissão a pessoa queira seguir, é importante ter a noção de espaço, noção essa que nos é orientada através de métodos cartográficos.

Segue abaixo a matéria da revista VEJA sobre a pesquisa realizada pelo instituto IPSOS.

E a gente ainda goza dos Americanos?
Em matéria de conhecimentos geográficos, os brasileiros são de uma ignorância que não está no mapa.
O Brasil tem quatro mecanismos federais de avaliação do ensino: o Saeb, o Enade, o Enem e a Prova Brasil, todos de padrão internacional. A cada vez que se divulga um de seus resultados, uma torrente de más notícias sobre a educação é despejada pelos jornais. Mas nenhum desses testes jamais captou um dado tão alarmante quanto o que surge da pesquisa Pulso Brasil, do instituto Ipsos, que acaba de sair do forno.
Os pesquisadores abriram um mapa-múndi na frente dos entrevistados (1 000 pessoas, em setenta municípios das nove regiões metropolitanas) e lhes pediram que indicassem onde ficava o Brasil. Somente metade acertou. É isso mesmo: o levantamento mostra que 50% dos brasileiros não sabem localizar o país no mapa. Houve os que chutaram as respostas.
Vieram desse grupo disparates de corar de vergonha. Para 2%, o Brasil fica na Argentina. Um porcentual pouco maior acha que o país se localiza na África ? a dúvida é se no Chade ou na República Democrática do Congo. Outros 29% nem tentaram responder.
A pesquisa do Ipsos tem a força de um soco na boca do estômago nacional. Quase 10% dos entrevistados que passaram por uma faculdade (tendo completado ou não o curso) não sabem que o Brasil se localiza na América do Sul. Esse porcentual sobe para 30% entre os que fizeram o ensino médio (estágio em que um aluno deveria ter estudado geografia durante pelo menos seis anos) e aumenta para 50% entre os que iniciaram o ensino fundamental. Ignorar uma informação tão simples é o equivalente, em matemática, a não saber adicionar 2 mais 2.
Previsivelmente, o desconhecimento em relação aos outros países é ainda maior. Só 18% dos brasileiros conseguem identificar os Estados Unidos e apenas 3% localizam corretamente a França. Quanto à Argentina, tão citada em piadas futebolísticas, 84% nem sequer desconfiam de que faz fronteira com o Brasil. Esse tipo de informação está longe de ser uma "cultura inútil".
A ignorância do mapa-múndi impede que se entendam as relações de poder entre os países e compromete o aprendizado de história, entre outras disciplinas. "O estudante que não decifra o mapa-múndi não reconhece o mundo concreto que o cerca. É simples assim", resume a secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro. O dado irônico é que os brasileiros atribuem aos americanos uma grande ignorância em matéria de geografia. Gostam de dizer, em tom gaiato, que os gringos não têm a mínima idéia de como se divide o planeta. Não é bem assim.
A mais recente pesquisa sobre o assunto mostrou que 86% dos americanos sabem exatamente onde fica seu país, 81% reconhecem o México, 54% a França e 47% a Argentina. Eles dão um banho, convenhamos.
A péssima qualidade dos professores está na base dessa vergonha, agravada pela falta de mapas nas escolas. Acrescente-se a falta de instrução familiar e pronto: está formado o ambiente propício para criar gerações de brasileiros que exibem uma ignorância que não está no mapa. Nunca antes neste país: e não se trata do Chade ou da República Democrática do Congo.(REVISTA VEJA,2007) .


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, R.D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, p.18, 2001
BRASIL. Secretaria de educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais; Geografia (5ª a 8ª séries). Brasília, MEC/SEF, 1998.
PASSINI, E.Y. Alfabetização Cartográfica e o livro didático: uma análise crítica. Belo Horizonte, MG: Lê, 1994. p.9-41.
PASSINI, Elza Y. Alfabetização cartográfica e o livro didático: uma análise crítica. Belo Horizonte de, 1994
REVISTA VEJA, E a gente ainda goza dos americanos:Em matéria de conhecimentos geográficos, os brasileiros são de uma ignorância que não está no mapa. São Paulo: Abril, edição 2033, 7 de novembro de 2007.