Para entendermos melhor esta temática se faz necessário partirmos de conceitos como "grupos sociais", "concepções de culturas" e as "diferentes culturas" que se manifestam dentro de um grupo social.

No primeiro momento percebemos uma tendência natural do ser humano da procura de uma identificação em alguém ou em alguma coisa. Quando uma pessoa se identifica com outra e passa a estabelecer um vínculo social com ela, ocorre uma associação humana. Com o estabelecimento de muitas associações humanas, o ser humano passou a estabelecer verdadeiros grupos sociais.

No site mundo e educação encontramos uma definição de grupo social: "...grupo social é uma forma básica de associação humana que se considera como um todo, com tradições morais e materiais".[1] Assim sendo, para que exista um grupo social é necessário que haja uma interação entre seus participantes.

Os grupos sociais possuem uma forma de organização, mesmo que subjetiva. Outra característica é que estes grupos são superiores e exteriores ao indivíduo, assim, se uma pessoa sair de um grupo, provavelmente ele não irá acabar. Os membros de um grupo também possuem uma consciência grupal, certos valores, princípios e objetivos em comum.

Segundo Luciano Gallino os grupos sociais se diferem quanto ao grau de contato de seus membros. Os grupos primários são aqueles em que os membros possuem contatos primários, mais íntimos, como a família, grupos de amigos, vizinhos. Diferentemente dos grupos primários, os secundários são aqueles em que os membros não possuem tamanho grau de proximidade como grupos religiosos e partidos políticos. Outro tipo de grupos sociais são os intermediários, que apresentam as duas formas de contato tanto primária como secundária como a escola. (GALINO,2005:235)

Segundo Roque de Barros Laraia podemos conceituar a concepção cultural como "um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualqueroutra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade." (LARAIA,1986:25)

Complementando o conceito apresentado por Roque de Barros o homem é possuidor de umconjunto de sinais que tem por objetivo de multiplicá-los infinitamente, de retê-los, de comunicá-lose transmiti-los aos seus descendentes como herança.

Para chegarmos a um conceito de diferentes culturas é necessário buscar a definição de cultura. De fato, definir cultura seria provocar a confecção de uma tese de doutoramento só no estudo da etimologia desta palavra. Porém, Jorge Okasaki define como práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço e no tempo. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e preenchem a sociedade. Explica e dá sentido ao universo social, é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período.[2] Pré-supondo este conceito bem definido podemos definir o termo "diferentes culturas" como sendo a experiência particular de um povo, que visa explicar os fenômenos sociais mais particulares. Assim sendo, cada sociedade possui a sua cultura, que particulariza por demais a sua identidade social.

Diante destes conceitos podemos ver o grupo social como sendo um conjunto de pessoas que assumem a sua identidade própria, a sua linguagem própria, o seu vestuário próprio... O grande problema está no pensamento ideológico, que é um pensamento formulado pelas massas dominates para formar a cabeça das massas mais humildes tendo como princípio primeiro a manipulação de informações. É praticamente impossivel reter o pensamento ideológico já que ele está presente em todos os aspectos de uma sociedade. Encontramos o pensamento ideológico nos programas de televisão, na programação das rádios, nos jornais e revistas... Este pensamento vai infiltrando na cabeça dos elementos dos chamados grupos sociais e vão manipulando informações, apresentando verdades, como o que vestir, o que falar, o que comer, como proceder...

É importante ainda falar que a ideologia não está preocupada com o respeito a cultura assumida outrora por aquele grupo social, já que o objetivo do pensamento ideológico é claramente único "a dominação de uma classe".

Essa dominação compulsiva do pensamento ideológico dá uma ideia que toda a sociedade, formada por esses pequenos grupos deveriam ter uma única cultura, deveriam viver uma única situação social. Agora é necessário levar em conta que a construção da cultura não se faz por uma imposição, mas por uma contrução levando em conta a experiência histórica de um povo que cria os seus mitos, os seus sistemas filosóficos como uma forma de expressão sentimental diante da sua própria história. Em ordem prática, nem todas as sociedades poderão celebrar o dia das bruxas já que esta comemoração faz parte de uma cultura norte americana. Assim também poderíamos falar que é impossivel imaginar um norte americano celebrando as festas juninas tão apreciadas etão caracteristicas do povo brasileiro. Acredito que esta comparação desmascara essa tentativa ideológica que impor uma única cultura, que poderíamos defini-la como a cultura do mais forte, do que pode mais.

Esta imposição cultural feita pela ideologia provoca num grupo social a sua destruição, já que aquele grupo social é por si mesmo grupo social pela sua identidade própria. Outro problema que podemos enumerar aqui é a questão da moral, já que a ordem moral é também algo particular de cada grupo social. Impor uma certa cultura como uma cultura única a ser vivida é causar uma tremenda desordem social já que ainda sim encontraremos dentro dos pequenos grupos sociais a resistência de alguns que utilizando de senso crítico tentarão desmascarar a cultura ideológica, porém causando uma tremenda desordem já que nem mesmo a linguagem que antes utilizavam agora não está mais sendo entendida, uma vez que um dia fora modificada pela cultura ideológica.

Poderíamos ficar aqui enumerando causas e mais causas, hoje vivida concretamente pela sociedade moderna. No entanto, acredito que para um estudante que na faculdade toma contato com o pensamento filosófico, fica no lugar mais claro do seu coração o sentimento do senso crítico, a certeza que a cultura é parte de um povo, contruída em cima da história de um povo, que os pequenos grupos sociais são grupos concretos, que possuem sua identidade própria, por conseguinte sua cultura própria, mas diante destas realidades concretas existem também as ideologias como pensamento dominante, tendo como objetivo o manipular pensamentos. Temos apenas um caminho a seguir, o caminho de Sócrates, Platão e Aristóteles que construiram a sua cultura usando da reflexão, da sua capacidade racional. Precisamos ser mais racionais, mais ponderados e críticos a fim de que o pensamento ideológico não assole nossa cultura e a destrua nos fazendo perder a unica coisa que nos faz sermos o que somos, a nossa identidade.

BIBLIOGRAFIA

GALLINO, Luciano. Dicionário de Sociologia. 1.ed. São Paulo: Paulus, 2005. 235 p.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de Janeiro, 1986, 25 p.



[1] Disponível em <http://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/grupos-sociais.htm> Acessado em 24/06/08.

[2] Jorge Okasaki é consultor em planejamento e desenvolvimento de produtos, administrador de empresas e palestrante especializado em criatividade. Informação concedida em palestra realizada na Semana de Administração do Centro Universitário Assunção – SP – Capital no dia 14/04/08.