A crítica de 1922 da Semana de Arte Moderna de 1922

Paulo Gilson Carvalho Júnior[*]


Em 1922 nos dias 13, 15 e 17 no Teatro Municipal de São Paulo acontece “A Semana de Arte Moderna”, um dos eventos mais importantes para a cultura nacional, ocasionando o início da originalidade expressiva nas artes, da imprensa e da cultura do Brasil; nascendo inicialmente com a denominação futurismo paulista, dado por Oswald de Andrade foi confundido com o futurismo italiano, no entanto, nada tinham em comum, pois o paulista tinha como significado somente a 'tendência para o futuro', diferentemente do italiano que já era um movimento que estava em pleno acontecimento na Itália; A Semana de Arte Moderna foi o momento da festa de apresentação pública do movimento que já tinha nascido por volta de 1917, com a exposição de Anita Malfatti e criticada por espectadores, e só se consolidou efetivamente após 1929, quando alguns grupos começaram a se formar e a difundir o pensamento da semana de 22.

A imprensa que muito ajudou a proliferar suas atividades serviram para afirmar e consolidar os objetivos da Semana, que eram transformar o Brasil em um país independente na sua criação e produção artística, além de livrá-lo da influência social e da herança cultural européias; a semana foi divulgada sob três focos pela imprensa, a primeira dizia respeito a um pensamento positivista, apoiando suas manifestações em patrocinar a desenvoltura da independência artística brasileira em relação a cultura européia; a segunda era paradoxal à primeira, pois a semana para eles soava como um aspecto negativo e até infantil, este segundo pensamento da imprensa era dirigido por conservadores, segundo Boaventura “desconhecedores do verdadeiro teor da movimento” e a outra visão era de uma imprensa imparcial, mas bastante polêmica ao atribuir em seus artigos os registros do grau de preconceitos, ingenuidade e provincianismo que regia em São Paulo, esta mostrou também as rearticulações de grupos que romperam com o conservadorismo e aderiram ao modernismo das artes, e dentre os quase cinco anos que se seguiram até a Semana de Arte Moderna foram feitos muitos outros artigos pelos pensadores do movimento, Oswald e Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Hélios e outros, esses espaços jornalísticos serviam de arena para as discussões entre os dois lados, os que pleiteavam pela novidade e outros pela sua negação; como um grande opositor da época destaca-se Plínio Salgado, que dizia querer pensar sozinho, mas que se colocava hora contra o movimento e hora a favor, mais tarde se tornando integralista; em 1917, Monteiro Lobato faz a primeira grande crítica à exposição de Anita Malfatti, na cidade de São Paulo, gerando um grande mal estar nas opiniões da população e bastante distorcida do trabalho da pintora e dos modernistas; a Semana aconteceu em 1922 propositalmente, pois aproveitariam a oportunidade para comemorar o primeiro centenário de Independência política do País e criando ao mesmo tempo uma data para a independência artística brasileira.

Oswald de Andrade já sabia que as apresentações causariam alvoroços, mas apostava que era necessário para a aceitação da sociedade e isso se consumou em meados de 1924 quando o movimento realmente passou a ser entendido pelos paulistas.

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

BOAVENTURA, Maria Eugênia (org), 22 por 22. A Semana de Arte Moderna vista pelos seus contemporâneos. São Paulo: EDUSP, 2000, p. 108.

GONÇALVES. Lisbeth Rebollo. Sérgio Milliet, Crítico de Arte. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992.



[*] Licenciado em História pela Universidade Estadual do Piauí, pós-graduado em Estado, Movimentos Sociais e Cultura pela Universidade Estadual do Piauí, atualmente é professor pesquisador da Faculdade do Médio Parnaíba em Teresina – PI.