A Crise Econômica Brasileira

Fabiano Gonçalves Ferreira[1]

Luana Pereira dos Santos[2]

RESUMO

 

Este artigo busca entender como a crise econômica se desenvolveu até chegar ao momento atual, em que o nosso País passa por uma grave recessão precisando de políticas públicas eficientes, eficazes e efetivas para conseguir se reerguer e continuar seu desenvolvimento econômico e social. Com o aumento do dólar e a taxa Selic cada vez mais elevada o brasileiro está sentindo todos os efeitos negativos desse momento inconstante principalmente quando precisa fazer compras. Esses respingos sobre a economia brasileira tem origem na Crise Econômica Mundial que eclodiu em 2008, em consequência disso estamos diante de sérias dificuldades econômicas e estas podem nos conduzir a uma situação de maior gravidade. Isso vem causando muita preocupação a população, pois o desemprego está cada vez mais constante.

 

Palavras-chave: Crise Econômica, inflação e desemprego.

 

ABSTRACT

 

This article seeks to understand how the economic crisis has developed up to the present time , in which our country is undergoing a severe recession in need of efficient public policies , efficient and effective to be able to rebuild and continue its economic and social development. With the rise of the dollar and the Selic rate increasingly high Brazilians are feeling all the negative effects of shifting time especially when you need to shop . These splashes on the Brazilian economy originates from the Global Economic Crisis that broke out in 2008 , as a result we are facing serious economic difficulties and these can lead us to a more serious situation. This is causing much concern to people because unemployment is increasing constantly.

 

Keywords: Economic crisis, inflation and unemployment.

 

INTRODUÇÃO

 

O Brasil está passando por um grave período de recessão, pois está sofrendo com os efeitos da Crise Econômica Mundial de 2008, fazendo com que empresários adiem investimentos e novos empreendedores aguardem momentos menos incertos para iniciar seus projetos afetando os stakeholders e o desenvolvimento econômico e social do país.

Com isso, toda a população sente os reflexos principalmente a classe mais baixa que vivi de um salário-mínimo, pois com os ajustes para controlar a inflação esses são os que mais sentem os impactos, principalmente na hora de pagar as contas variáveis como supermercado, medicação, combustível e vários outros gastos que são de grande importância para a sobrevivência.

Toda essa reviravolta afetou diretamente o valor do dólar e consequentemente a taxa Selic teve que sofrer sérios ajustes para tentar controlar o dinamismo pelo qual passa a economia. Outra estratégia utilizada foi o aumento de alguns impostos e a criação de novos.

Isso gerou muitas demissões, pois as empresas precisam vender e os consumidores estão cada vez mais endividados por conta da inflação e dos aumentos principalmente com relação à cesta básica, não sobrando recursos para atender as necessidades de segundo grau. Sendo que, dificilmente tem suas necessidades básicas atendidas.

Com tudo isso, podemos perceber que a economia move um país e gera uma dependência constante, onde todos dependem de todos. O fornecedor de matérias- prima precisa da indústria para vender, a indústria precisa dos comerciantes e os comerciantes dependem das compras dos clientes para fazer o processo funcionar, mais esse cliente só vai comprar se estiver empregado utilizando seus rendimentos suprir suas necessidades diárias.

Assim, podemos perceber que o Brasil está necessitando de políticas públicas para melhorar a recessão gerando bons resultados onde todos consigam atender suas necessidades fazendo com que todos os stakeholders[3] cresçam e consigam progredir.   

 

1 Como iniciou a Crise Econômica?

 

            Os motivos que levaram a atual situação econômica do Brasil são muitos, mas alguns deles merecem um destaque especial. O primeiro é a Crise Mundial que afeta intensamente o país atualmente. Essa crise iniciou-se com a crise do subprime[4] foi desencadeada em 2006, a partir da quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos que concediam empréstimos hipotecários de alto risco, arrastando vários bancos para uma situação de insolvência e repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo.

            Sendo que a crise só foi revelada ao público a partir de fevereiro de 2007, culminando na crise de 2008. A quebra do banco de investimento sediado em Nova Iorque Lehman Brothers em 2008 foi seguida, no espaço de poucos dias, pela falência técnica da maior empresa seguradora dos Estados Unidos da América, a American International Group (AIG).

            Outras importantes instituições financeiras do mundo, como Citigroup e Merrill Lynch, nos Estados Unidos; Northern Rock, no Reino Unido; Swiss Re e UBS, na Suíça; Société Générale, na França declararam ter tido perdas colossais em seus balanços, o que agravou ainda mais o clima de desconfiança, que se generalizou.

            Algumas empresas brasileiras também sentiram os efeitos desse abalo econômico, dentre elas estão às empresas Sadia, Aracruz Celulose e Votorantim que anunciaram perdas bilionárias.

            O segundo motivo da agravante situação econômica brasileira é a total falta de investimentos em infraestrutura, que tem levado o país a perder competitividade tanto no ambiente interno quanto externo. A explicação para esse caos está na questão estratégica. Já o terceiro grande motivo de termos chegado ao ponto em que está foi a total falta de planejamento estratégico de longo prazo para nossa economia.

 

2 Como foi o desenvolvimento do dólar e a taxa Selic no ano de 2016?

 

            Muitas pessoas acreditam que o dólar não afeta em nada a vida do brasileiro, pois a maior parte não usa essa moeda e não pretende viajar para o exterior, mais não é dessa forma que o dólar afeta a população brasileira. Ele afeta diretamente o consumidor final, empresas importadoras, empresas que tem dívidas em dólar, pessoas que fizeram gastos no cartão de crédito no exterior e quem tem viagem marcada para o exterior.

            Desde o início de 2016 o dólar tem sofrido graves oscilações como mostra a tabela abaixo:

Cotação do dólar dos meses de fevereiro e março de 2016

 

Data

Compra

Venda

% Variação

Variação

¯         

01/02/2016

3,9579

3,9591

-1,6200%

-0,065200

­         

02/02/2016

3,9851

3,9860

0,6790%

0,026900

¯         

03/02/2016

3,9161

3,9161

-1,7030%

-0,067900

¯         

04/02/2016

3,8929

3,8941

-0,6130%

-0,024000

­         

05/02/2016

3,9093

3,9100

0,4080%

0,015900

­         

10/02/2016

3,9348

3,9355

0,6520%

0,025500

­         

11/02/2016

3,9820

3,9837

1,2250%

0,048200

­         

12/02/2016

3,9889

3,9895

0,1460%

0,005800

­         

15/02/2016

3,9953

3,9963

0,1700%

0,006800

­         

16/02/2016

4,0680

4,0705

1,8570%

0,074200

¯         

17/02/2016

3,9919

3,9940

-1,8790%

-0,076500

­         

18/02/2016

4,0460

4,0490

1,3770%

0,055000

¯         

19/02/2016

4,0217

4,0227

-0,6500%

-0,026300

¯         

22/02/2016

3,9495

3,9500

-1,8070%

-0,072700

­         

23/02/2016

3,9603

3,9627

0,3220%

0,012700

¯         

24/02/2016

3,9558

3,9568

-0,1490%

-0,005900

¯         

25/02/2016

3,9485

3,9500

-0,1720%

-0,006800

­         

26/02/2016

3,9972

3,9976

1,2050%

0,047600

­         

29/02/2016

4,0012

4,0035

0,1480%

0,005900

¯         

01/03/2016

3,9404

3,9411

-1,5590%

-0,062400

¯         

02/03/2016

3,8871

3,8877

-1,3550%

-0,053400

¯         

03/03/2016

3,8012

3,8022

-2,1990%

-0,085500

¯         

04/03/2016

3,7597

3,7607

-1,0910%

-0,041500

­         

07/03/2016

3,7919

3,7937

0,8770%

0,033000

¯         

08/03/2016

3,7380

3,7389

-1,4450%

-0,054800

¯         

09/03/2016

3,6962

3,6970

-1,1210%

-0,041900

¯         

10/03/2016

3,6402

3,6414

-1,5040%

-0,055600

¯         

11/03/2016

3,5895

3,5910

-1,3840%

-0,050400

­         

14/03/2016

3,6515

3,6524

1,7100%

0,061400

­         

15/03/2016

3,7600

3,7630

3,0280%

0,110600

¯         

16/03/2016

3,7367

3,7391

-0,6350%

-0,023900

¯         

17/03/2016

3,6505

3,6533

-2,2950%

-0,085800

¯         

18/03/2016

3,5802

3,5817

-1,9600%

-0,071600

­         

21/03/2016

3,6083

3,6103

0,7990%

0,028600

¯         

22/03/2016

3,6001

3,6008

-0,2630%

-0,009500

­         

23/03/2016

3,6755

3,6768

2,1110%

0,076000

­         

24/03/2016

3,6793

3,6812

0,1200%

0,004400

¯         

28/03/2016

3,6250

3,6257

-1,5080%

-0,055500

­         

29/03/2016

3,6367

3,6379

0,3360%

0,012200

¯         

30/03/2016

3,6197

3,6197

-0,4670%

-0,017000

¯         

31/03/2016

3,5935

3,5963

-0,6790%

-0,024600

Tabela 1. Cotação do dólar dos meses de fevereiro e março de 2016. Adaptada pelos autores.

Fonte: http://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/dolar-comercial-estados-unidos/?historico

 

            A tabela demostra claramente a instabilidade do dólar ao longo de dois meses do ano de 2016, fevereiro e março, chegando ao máximo com 4,0680 e mínimo de 3,5802 no período.

            Isso afeta o preço de muitas matérias-primas que são importadas como trigo, gás e gasolina. Isso provoca um aumento do pãozinho, do macarrão, da gasolina, por exemplo, e de muitos outros produtos e serviços que dependem de produtores externos afetando toda cadeia de stakeholders.

            Além disso, alguns produtos que são produzidos no Brasil também têm seu preço atrelado ao dólar. É o caso da soja, da carne, do café, do açúcar, do milho. Mesmo que eles sejam produzidos no país, quando o dólar está mais caro fica mais vantajoso para o produtor exportar. Então, se ele mantém o produto para ser vendido aqui dentro, ele vai querer receber mais por isso.

            O dólar elevado afeta toda a economia e a taxa Selic tende a se ajustar para melhorar a situação, trazendo vantagens para uns e desvantagens para outros. De acordo com o site do BACEN:

Define-se Taxa Selic como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais. Para fins de cálculo da taxa, são considerados os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação (art. 1° da Circular n° 2.900, de 24 de junho de 1999, com a alteração introduzida pelo art. 1° da Circular n° 3.119, de 18 de abril de 2002).

            Buscando controlar a economia o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter os juros básicos da economia estáveis em 14,25% ao ano, o maior patamar em quase dez anos. Foi à quinta manutenção seguida dos juros pelo Banco Central. Sendo essa uma das medidas para controlar a inflação

 

3 Os reflexos da Crise Econômica

 

“Economia é a ciência das trocas. É a ciência que trata da utilização com máxima eficiência dos recursos produtivos escassos para o atendimento das necessidades dos indivíduos” (MATESCO, Virene Roxo; SCHENINI, Paulo Henrique, p. 21, 2013).

            O comércio leva o produto ao mercado, faz o dinheiro circular, movimenta a economia do país, gera empregos e cria relações com o consumidor gerando uma relação onde todos dependem de todos para conseguirem atingir seus objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais.

O comércio faz parte do cotidiano das pessoas. Mesmo quem não trabalha no setor tem contato intenso com a atividade comercial, ao menos no papel de consumidor, visitando lojas, supermercados, frequentando shopping centers, restaurantes, lanchonetes, cinemas, locadoras de vídeo, academias de ginástica... Isso vale também para as empresas. Toda companhia, independentemente de sua área de atuação, tem em maior ou menor grau uma atividade comercial, seja para comprar mercadorias, matérias-primas, materiais de consumo, peças e componentes, seja para vender seus próprios produtos ou serviços. (RATTO, Luiz; p. 12, 2008). 

            O comerciante bem-sucedido é aquele que consegue manter um preço que lhe permita vender um volume significativo de mercadorias, cobrir o custo da compra dos produtos, as despesas para agregar serviços e comercializar e, ainda, preservar uma parte para remunerar seu próprio trabalho. Esta parcela é o lucro.

            Pode-se concluir que o lucro é o rendimento ou o proveito que se obtém de algo. Este conceito é amplamente usado no âmbito da economia e das finanças para se referir aos ganhos que se consegue obter a partir de um bem ou de um investimento.

            Mais para o comerciante conseguir lucro está cada vez mais difícil, pois as mercadorias estão com preços cada vez mais altos e variados o que faz muitas empresas partirem para a redução de despesas. Só que o principal meio utilizado é a demissão da força de trabalho.

            Demissões em massa, férias coletivas, juros elevados, assim se resume as preocupações dos brasileiros que estão empregados e dos mais de 10 milhões que estão desempregados com cada vez menos vagas disponíveis no mercado de trabalho.

      

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com tudo isso, pode ser observado o quanto o Brasil está necessitando de soluções para problemas que afetam sorrateiramente a sociedade, resultando nessa grave recessão vista nos olhos de toda à população, deixando o brasileiro sem muitas esperanças no que diz respeito ao bem-estar econômico.

Pois, a cada dia se torna mais difícil pagar as despesas necessárias com um salário básico, pois para conseguir se adaptar as nova situação econômica as empresas estão adaptando os preços dos produtos ou serviços para conseguirem se manter no mercado.

Resultando em acontecimentos que deixam o consumidor cada vez mais preocupado diante de situações com a de Maria que foi ao supermercado com 50,00 reais e comprou mantimentos básicos suficientes para quatro dias, três meses depois Maria foi comprar as mesmas coisas e 50,00 reais não foi mais suficiente.

Isso demostra claramente o reflexo da economia em constante oscilação, que traz muitas coisas negativas para toda população. Para solucionar esse grave problema os órgãos governamentais deviriam criar novas formas de reverter essa situação sem afetar diretamente as classes menos favorecidas e sem retirar as oportunidades de trabalho.

 

REFERÊNCIAS

 

Cambio. Disponível em: http://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/dolar-comercial-estados-unidos/?historico. Acesso em 04 de abril de 2016.

 

Circular n° 2.900, de 24 de junho de 1999, com a alteração introduzida pelo art. 1° da Circular n° 3.119, de 18 de abril de 2002.

 

Conceito de Taxa Selic. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/htms/selic/conceito_taxaselic.asp. Acesso em 04 de abril de 2016.

 

MATESCO, Virene Roxo; SCHENINI, Paulo Henrique. Economia para não economistas: princípios básicos da economia para profissionais empreendedores em mercados competitivos. Rio de Janeiro: Ed. SENAC, 2013.

 

PAIVA, Carlos Águedo Nagel; Cunha; André Moreira. Noções de economia. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2008.

 

RATTO, Luiz. Comércio: um mundo de negócios. Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2008.

 



[1] Formado em Pedagogia no UFPI em 2009. Direito na UESPI em 2012. Administração Pública no UFPI em 2015.  Especialista em Gestão Pública pela UESPI/NEAD em 2015.

[2] Bacharel em Administração de Empresas pela IESA/Uniesp Santo André em 2012. Especialista em Gestão Pública pela UESPI/NEAD em 2015.

[3] Stakeholder é qualquer pessoa ou organização que tenha interesse, ou seja, afetado pelo projeto. A palavra vem de: Stake: interesse, participação, risco.

[4] A Crise do subprime é uma crise financeira desencadeada em 24 de julho de 2007, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco (em inglês: subprime loan ou subprime mortgage), prática que arrastou vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo. A crise foi motivada pela insistente manutenção de juros reduzidos pelo Fed (o sistema de bancos centrais dos Estados Unidos), em uma economia extremamente aquecida. A troca de comando em 2006 impediu que um novato assumisse o ônus da freada obrigatória. A crise do subprime foi imediatamente percebida como grave (segundo muitos economistas, a mais grave desde 1929), com possibilidade de se transformar em uma crise sistêmica, entendida como uma interrupção da cadeia de pagamentos da economia global, e que tenderia a atingir, de maneira generalizada, todos os setores econômicos. É considerada como um prenúncio da crise econômica de 2008.