• Introdução

O que é a criatividade? Qual sua importância? Esses e outros questionamentos foram levantados durante a leitura do livro de Ostrower “Criatividade e Processos de Criação” e também no artigo de Santos & Nuñez. Ambos apesar de explorar o mesmo tema, levam o leitor a pensamentos diferenciados e ainda assim parecidos no que se entende pelo conceito de criatividade.

Onde um texto é especificamente voltado para um público geral, enquanto um se restringe a apenas um grupo da população educacional, se complementam nos conceitos, divergem em alguns pontos de vista, são formatos diferentes, mas que buscam a reflexão sobre o mesmo processo.

As comparações feitas e conclusões acerca dos textos são detalhadas no desenvolvimento que segue, pudemos perceber o quanto é necessária nossa reflexão na formação, enquanto educadores sobre a criatividade, que é um instinto que acompanha os seres humanos desde seus primórdios.

A criatividade exposta nos textos, já deixado claro pelos autores desde o título, onde “Criatividade e Processos de Criação” é um livro no qual se discute o potencial humano criativo, enquanto que “O professor e a formação docente: A criatividade e as crenças educativas onde estão?” explora num artigo o desenvolvimento da criatividade no ambiente escolar, os mesmos neste caso complementam-se, visando a construção do pensar criativo do ser humano em geral e o outro especificamente na formação docente e permeando a sala de aula.

Ostrower buscou desenvolver em seu livro de 1977 os processos pelos quais a criatividade evolui na mente humana, e mostrando que a mesma não se restringe a arte, segundo ele a criatividade é elaborada num contexto cultural. Já Nuñez & Santos em seu artigo de 2012 objetivaram seus estudos com relação a criatividade quanto a formação do professor, como é a influência em sala de aula, também como as crenças adquiridas ao longo da vida dos professores e alunos, e como se unem diante do contexto didático no processo de ensino aprendizagem.

Enquanto Ostrower refere-se basicamente a pesquisadores da área do desenvolvimento humano, como psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos e afins. Nuñez & Santos estabelecem o direcionamento do seu artigo essencialmente a professores formadores em universidades, faculdades, bem como para educadores em geral, repensando a forma como a criatividade é tratada diante das crenças em sala de aula.

Em seu livro dirigido as fase do processo de criação, delimita em tópicos esses estágios da criatividade. Enquanto no artigo os pesquisadores restringem o pensamento na pesquisa da criatividade durante a formação acadêmica e como as crenças interferem na evolução desse profissional.

No texto desenvolvido no Artigo de Nuñez e Santos percebemos o foco na criatividade que se busca durante a formação acadêmica e concepção da prática pedagógica. Os mesmos definem a criatividade como potencial humano, assim como Ostrower, ambos compreendem-na como processo contínuo, mas no campo educacional promovendo o “autoconhecimento, o conhecimento mais qualitativo” em sua introdução buscam valorizar a curiosidade. Notamos que os autores do artigo busca a reflexão das instituições e dos formadores, também dos professores, sobre como as crenças interferem no meio criativo na formação e na sala de aula.

Já Ostrower em seu livro explora o campo psíquico o qual se dá o processo de criação na mente humana, como esse fenômeno evolui, instigando o leitor a pensar como ocorre o processo criativo. Em tópicos desenvolve o que seria o passo a passo da construção da criatividade e qual sua necessidade para a evolução da humanidade.

Em seu livro “Criatividade e Processos de Criação” o autor conclui que a criatividade não é exclusivas aos seres privilegiados ou apenas a artistas, mas se expande a diversas áreas do ser humano em suas necessidades diárias. Já Nuñez & Santos destacam que o professor deve refletir acerca da crença e da criatividade na sala de aula e em sua formação, sempre examinando sua prática pedagógica na valorização de seu trabalho, e evolução do processo de ensino aprendizagem.

Criar é um conceito formado mesmo antes do homem ter consciência de sua história, desde os primeiros passos da evolução humana, mesmo sem comunicação oral, os seres humanos sempre fizeram uso dela para sobreviver as adversidades, é um instinto que carregamos até hoje, mais aprimorado é evidente, vemos nos tempos contemporâneos que muitos já pensam não haver mais necessidade de seu uso, já esgotamos nossa evolução, mas será mesmo?

Porém sabemos que não é opção nossa, a necessidade nos leva a evoluir sempre, os ajustar, criar, em termos evolucionistas vemos também que diante de toda a nossa evolução o quanto a criatividade “não se restringiu apenas a arte” (OSTROWER). Está presente no dia a dia, como utensílios domésticos, computadores, o próprio material usado para a construção de nossas residências que se adaptam ao clima onde está localizado, isso enfatiza o quanto a criatividade faz parte de cada ser humanos, claro que com habilidade diferentes, trabalhadas de formas diversas.

Desse ponto de vista sabemos que independe de dom, qualquer pessoa pode ser o que quiser, isso só depende da mesma querer, evoluir, trabalhar com tal habilidade, externar o que está em seu subconsciente e consciente. As crenças de que tudo se dá por vocação vão ficando ultrapassadas, como destaca Nuñez & Santos.

Em certa medida é mais cômodo para os professores creem no amor pela educação, no amor pelos outros, no “dom” e na “vocação”, uma vez que gerará uma capa protetora e justificará, em parte, pela presença de professores mesmo apresentando certas dificuldades de ser professor por inúmeros motivos.

Sendo assim torna-se mais fácil ser professor, apenas pelo amor, desvalorizando aquilo que também é profissão como outra qualquer, ajudar a formar, transmitir conhecimentos, ser a ponte entre a ignorância e o saber, outras frases bonitas que definem, tudo isso ajuda cada vez mais na desvalorização do bom profissional, que se dedica, mas também se especializa, encontra métodos, estuda meios para a formação acadêmica e influencia social na vida do indivíduo.

Diante disso sabemos que a criatividade está presente no nosso cotidiano e na nossa evolução constante, seja como humanos, ou formadores. Na sala de aula não deixa de ser diferente, por exemplo o estudo da história compreende o passado e nos faz refletir como estamos no presente, elevando nosso pensar em como melhorar o futuro. Ostrower cita que “evocando um ontem e projetando-o sobre o amanhã”, o homem ter consciência de sua memória é segundo ele um dos processos pelo qual a mente passa para criar.

A criatividade faz parte de cada um de nós seres humanos, a forma como a colocamos em prática, ou seja a inovação, é que nos diferencia. Alguns até são tidos como gênios por conseguirem expressar através da arte, da ciência, sendo assim expor a criatividade faz parte do processo mais complexo, enfim tornar consciente todo o sistema é a parte mais difícil do processo criativo, mas que todos somos capazes desde que nos propúnhamos a conclui-lo.

Portanto a criatividade é definida como a capacidade de criar novos, de transformar e tudo isso envolve processos que são mentais e são de extrema importância para o desenvolvimento humano, e aquilo que diz respeito a sala de aula, é imprescindível na evolução cognitiva dos alunos em todos os campos educacionais.

O livro “Criatividade e Processos de Criação” pode encontrar-se ligada ao processo educacional em diversos contextos, pois a educação é feita de processos e está em constante evolução, no que define o autor do livro em seus tópicos, como seres humanos em formação os alunos passam em cada processo daquele quando está em sua evolução de ideias, bem como no desenvolvimento cognitivo.

Na discussão em relação ao texto de Nuñez & Santos onde a educação é o ponto central de seu estudo, onde o potencial humano é todo voltado para a criatividade na formação e vida profissional do professor, e sua influência na sala de aula. O que reflete suas crenças no processo criativo, e na formação de seus alunos.

Os textos levam o leitor a reflexão sobre os processos criativos, bem como a sua importância em sala de aula, no que tange a informação, tomamos consciência dos processos mentais pelos quais passamos para criar, transformar, e também com isso nos auxiliar, pois necessitamos estar em constante mudança no processo educativo.

Nuñez & Santos fazem uma discussão muito plausível em relação ao dom, nos dias atuais sabemos que todo ser humano é capaz daquilo que se dispõe a fazer, e que sendo assim, o que almeja pode conseguir, é lógico que habilidades se tornam diferentes e mais evidentes em uns e outros não, porém isso não quer dizer que aquele cuja habilidade não se evidencia não poderá desenvolvê-la.

Os processos de criação adotados por Ostrower são perfeitamente levados a sala de aula, pois estamos em busca do desenvolvimento e da evolução, da transformação do ser, seja individual ou coletivamente, no que diz respeito a isso os estágios definidos por ele são encontrados do meio educacional.

  • Considerações Finais

Diante de toda a leitura, podemos notar que a criatividade está presente nos detalhes mais simples da vida humana, que através dela evoluímos até o que chegamos hoje, é certo que precisamos sempre estar evoluindo.

E como a educação é uma das armas contra o atrofiamento da criatividade, nos dias como o de hoje, onde tudo está pronto, essa evolução que é necessária a nós deve ser instigada no cotidiano, seja para desenvolvimento das habilidades em disciplinas do currículo, seja em áreas que o aluno demonstre interesse, e através disso possamos extrair novas ideias que facilitarão nosso cotidiano.

Vemos todos os dias nossa vida rodeada, ainda de problemas, como o lixo a violência, tragédias diversas, e portanto devemos dessa visão extrair novas ideias para a evolução da humanidade, e se não estimulamos nossa mente, não expandimos nossos pensamento, em nossa formação, ou na sala de aula, formando alunos pensantes, talvez estejamos atrasando esse avanço, com ideias retrogradas, e crenças que desfavorecem o pensamento livre, individual ou coletivo.

Nosso papel quanto educador, também é de estimular novos pensamentos, ajudar nosso alunos desde pequenos a criarem hipóteses, serem cidadãos com suas próprias opiniões, dentro das salas de aula que encontramos normalmente, sabemos que não é algo fácil, afinal normalmente o sistema transforma a escola numa empresa cheia de metas sem rumo algum.

Entretanto sabemos que existem nos lugares mais inimagináveis, professores que sabem da importância do desenvolvimento intelectual, mas também como pessoa de seus educandos, portanto não é geral que a educação não tenha preocupação como futuro das gerações.

Enfim é de suma importância para os pedagogos, principalmente, refletirem suas crenças, seus meios, seus métodos, e quais suas escolhas para a formação acadêmica e cidadã de todas as faixas etárias que venha encontrar nas escolas. É sim nosso papel estimular a criatividade, como supracitado para a própria sobrevivência.

  • Referências

NUÑEZ, I. B.; SANTOS, F. A. A. O Professor e a formação docente: a criatividade e as crenças educativas onde estão? Holos, Natal a 28, v.2, 2012

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 9 ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 187 p. Ilus