1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE EM CIDREIRA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
TAMARA NUNES DA SILVA
A CRIANÇA SURDA: O PROCESSO DO INGRESSO ESCOLAR
CIDREIRA
2012
2
TAMARA NUNES DA SILVA
A CRIANÇA SURDA: O PROCESSO DO INGRESSO ESCOLAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
Prof. Vinicius Martins Flores
Orientador
CIDREIRA
2012
3
TAMARA NUNES DA SILVA
A CRIANÇA SURDA: O PROCESSO DO INGRESSO ESCOLAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
APROVADO EM: ......./......./.......
BANCA EXAMINADORA:
______________________________
Prof. Esp. Vinicius Martins Flores
______________________________
Prof.ª Me. Erika Lima
______________________________
Profª. Dra. Valquiria Parode
4
Dedico a todas as pessoas que contribuíram para esta pesquisa.
5
AGRADECIMENTOS
Ao orientador Vinicius Martins Flores.
Ao meu noivo Cleomar Pires.
A minha família.
A minha sogra Wany Ferreira.
6
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.
Clarice Lispector
7
RESUMO
O presente trabalho apresenta um estudo de campo se estende em algumas regiões, como no Litoral Norte, Porto Alegre, Região Metropolitana e no Vale dos Sinos situadas no Estado do Rio Grande do Sul. Com o objetivo voltado em conhecer como é o ingresso escolar das crianças surdas destas regiões, bem como saber quais caminhos que as famílias percorreram até chegar com o filho na escola de Surdos e como é pensada a educação de surdos nessas escolas que faço a pesquisa. Para isso, utilizo como instrumentos para obtenção de dados, uma revisão bibliográfica, pesquisa de campo, e questionários. Com a utilização destes instrumentos de pesquisa, foi possível observar a vida familiar e escolar, como também a cultura das crianças surdas observadas, possibilitando assim uma análise de dados que resulta numa reflexão sobre os caminhos que os pais percorreram até descobrirem que existe uma escola própria para o ensino de surdos que respeita e estimula a língua de sinais. Percebem-se também como os pais enxergam o ensino oferecido para o filho e quais evoluções a escola oportuniza para o desenvolvimento de seus educandos.
Palavras-chave: surdo - Cultura surda - Escola de surdos.
8
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9
2. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA ...................................................... 12
3. MARCO TEÓRICO E LEGAL ........................................................................................ 13
3.1 FRAGMENTOS DOS MOVIMENTOS SURDOS .................................................. 13
3.2 EDUCAÇÃO BILÍNGUE ......................................................................................... 15
3.3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 16
3.4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 19
3.5 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL ................................................................................. 22
4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 27
5. ETAPAS A SEREM CONCRETIZADAS....................................................................... 28
5.1 CRONOGRAMA ................................................................................................... 28
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ....................................................................... 29
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 34
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 36
9. APÊNDICE ...................................................................................................................... 38
9
1. INTRODUÇÃO
Quando nos deparamos com uma pessoa surda, o primeiro sentimento que nos vêm é de incapacidade, e ao mesmo tempo, de curiosidade sobre como estas pessoas vivem sem escutar nada. Muitas são as causas de uma pessoa nascer surda ou ficar surda, porém, poucas são as pessoas sabem destas causas ou que possuem conhecimento sobre esta nova cultura que irá se formar, ou seja, a cultura da pessoa surda. Algumas curiosidades surgem no ato, e umas delas é de como fazem para se comunicar e viver neste mundo onde o que prevalece é a cultura ouvinte, mas engana-se aquele que pensa que o surdo é incapaz e que não possui uma língua, uma forma de se comunicar.
[...] percebe-se que os problemas comunicativos e cognitivos da criança surda não têm origem na criança e sim no meio social em que ela está inserida, que freqüentemente não é adequado, ou seja, não utiliza uma língua que esta criança tenha condições de adquirir de forma espontânea, a língua de sinais. (GOLDFELD; MARCIA, 2002, p.56).
Segundo Furtado (2008, p.118) “É interessante a existência de uma cultura surda, bem como é muito válido o fato dos surdos possuírem costumes próprios, hábitos próprios, características próprias, já que possuem uma língua própria.”
Ao falar de surdo e cultura surda, é preciso se voltar para questões familiares e estudantis deste povo, os primeiros sinais de comunicação para a criança surda surgem por volta de seus doze meses de idade a partir dois anos de idade já começam a fazer as primeiras combinações. A partir deste momento é de grande importância o contato com uma cultura surda, ou seja, com grupo de pessoas surdas, pois através deste contato a criança irá construindo sua identidade cultural.
É preciso que esta integração, seja feita o mais breve possível, é importante também estudar, ou seja, freqüentar uma escola de surdos que é a mais apropriada para a pessoa surda, pois ali ela já estará interagindo com pessoas do seu mesmo grupo cultural, poderá presenciar e contribuir para esta comunidade que está formando sua cultura.
Para isso, é importante que os pais identifiquem e aceitam a surdez do filho, dando-lhe apoio, carinho, e tendo ciência que a melhor comunicação que o filho pode ter é a linguagem visual, ou seja, que tenha propriedade da linguagem de sinais que é utilizada pela localidade onde moram, aqui no Brasil, a língua é Libras
10
(Língua Brasileira de Sinais), e o local mais indicado para que o filho aprenda esta língua, que será sua língua materna, é freqüentando uma escola para surdos.
A Libras foi reconhecida pelos brasileiros como a Língua Oficial da Pessoa Surda, com a publicação da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que declara que a Libras é uma forma de comunicação e expressão, de comunidade de pessoas surdas do Brasil.
Tendo como base este breve contato/conhecimento sobre a cultura surda, através de uma cadeira de Libras no Curso de Licenciatura em Pedagogia, e puder presenciar um menino surdo contando um pouco de sua história e passando a imagem de não sentir vergonha e sim orgulho de ser surdo, coloquei-me diante da curiosidade de estudar e conhecer mais sobre este povo, esta cultura.
Partindo deste pressuposto, e o contato que tive com a Língua Brasileira de Sinais através de uma disciplina no Curso de Licenciatura em Pedagogia. Aprendi através do viés teórico que o surdo possui uma cultura própria, que precisa interagir com os outros surdos para construir sua identidade. E que o sujeito Surdo pode e deve sim frequentar uma escola, seja de ouvintes ou surdos, sendo a mais indicada à escola para surdos, pois lá poderá se integrar com pessoas de mesma cultura, e aprenderão a utilizar a língua de sinais.
As crianças surdas, mesmo as que não são expostas a língua de sinais e não recebem nenhuma forma de tratamento fonoaudiológico para adquirir a língua oral, adquirem alguma forma rudimentar de linguagem, elas simbolizam e conceituam pois vivem socialmente, interagem e se comunicam de alguma forma. A diferença é que, não tendo acesso a uma língua estruturada, a qualidade e a quantidade de informações e assuntos abordados são muito inferiores àqueles que os indivíduos ouvintes, em sua maioria, recebem e trocam. Os surdos, nestas condições, só conseguem expressar e compreender o aqui e agora. (GOLDFELD; MARCIA, 2002, p.62).
Segundo colocado anteriormente é de extrema importância que o surdo participe de uma escola desde cedo, ou seja, por volta dos dois anos de idade, quando já reconhece e utiliza alguns sinais. Assim terá contato cedo com a língua de sinais e desenvolverá a comunicação mais breve, terá contato também com conhecimentos de sua cultura, que está se formando pelo meio onde está inserido, ou seja, a escola de surdos.
A inclusão do aluno com surdez deve acontecer desde a educação infantil até a educação superior, garantindo-lhe, desde cedo, utilizar os recursos de que necessita para superar as barreiras no processo educacional e usufruir
11
seus direitos escolares, exercendo sua cidadania, de acordo com os princípios constitucionais do nosso país. (BRASIL, 2007, p. 14 )
Tendo este pequeno conhecimento sobre surdo e sua cultura, o que me interessou em pesquisar este tema foi saber que a educação para Surdos é um direito assegurado por lei. Que ainda são poucos os profissionais da área de Língua Brasileira de Sinais, mas que nosso Estado do Rio Grande do Sul já existem algumas escolas com a educação para surdos, por isso, minha curiosidade é em saber como ingressam estes alunos surdos, ou seja, como a família acolhe este filho surdo e qual o caminho percorreu até chegar com o filho na escola.
Desenvolvo/direciono minha pesquisa com tema voltado para a criança surda – o processo do ingresso escolar, com os objetivos de conhecer como é a vida familiar e escolar de crianças surdas no Rio Grande do Sul, bem como saber como estas crianças foram acolhidas por suas famílias, como os pais descobriram que o filho era surdo, quais caminhos percorreram até chegar com o filho na escola, como a escola recebe e se importa com a educação desta criança. Para isso, utilizo como instrumentos para obtenção de dados, uma revisão bibliográfica, bem como de pesquisa de campo, estudos de casos, e questionários.
Inicio fazendo um breve relato do local de realização da pesquisa, histórico dos primeiros movimentos da cultura de surdos. Logo, mostro uma revisão bibliográfica de teóricos e legislação, e encerro com apresentação de dados da pesquisa e análise reflexiva destes dados.
12
2. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada no litoral norte, na cidade de Porto Alegre, região metropolitana e Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul. Todas as escolas pesquisadas são de surdos, ou seja, uma escola especifica, com um ensino pensado e praticado para pessoas surdas. Estas instituições de ensino são de rede privada e pública, atendem alunos de todas as classes econômicas, e que todos compartilham da mesma língua que é a Libras (Língua Brasileira de Sinais).
As escolas oferecem ensino fundamental, e as disciplinas ofertadas são Libras, português, matemática, ciências, inglês, educação física, ministras por professores bilíngues, com cursos de formação para professores para Surdos em nível de extensão universitária e/ou de especialização em Libras. Para manter a estrutura escolar, as instituições contam com apoio municipal e/ou estadual, sendo apenas uma das escolas que foi realizada a pesquisa que utiliza de recursos próprios por ser privada.
As escolas atendem em torno de setenta alunos cada uma, contam com equipe diretiva, coordenação, possuem salas de aulas relativamente pequenas, organizadas de acordo com as necessidades e objetivos docentes, contam com sala de recepção, secretaria, coordenadoria, sala de artes, mini casa, laboratório de informática.
Por serem escolas de Surdos, os professores ministram as aulas na primeira língua do discente Surdo que é a Libras, assim adaptando todo o currículo escolar e atividades de acordo com essa modalidade de língua. Assim oportunizando um aprendizado amplo, na mesma dimensão que outras escolas regulares trabalham.
As escolas desejam ser reconhecidas por suas especificidades no ato de ensino e planejamento. Procuram trazer as famílias para próximo a escola, oportunizando que as famílias conheçam a língua de seus filhos, buscando não só uma comunicação entre família e escola, mas sim oportunizando que os pais (familiares) possam se comunicar com os estudantes Surdos em casa e outros espaços. Oportunizando que as famílias possam acompanhar os crescimentos de seus filhos em diferentes épocas da vida social e escolar.
13
3. MARCO TEÓRICO E LEGAL
3.1 FRAGMENTOS DOS MOVIMENTOS SURDOS
Antigamente as famílias onde nasciam crianças surdas, normalmente se isolavam ou se escondiam por vergonha de ter um filho surdo, incapaz. Deixam o surdo em casa, e este só saía acompanhado dos pais. Os surdos eram tratados como deficientes, pessoas que transmitiam vergonha à família por serem diferentes, ou seja, não possuírem as mesmas características da maioria das pessoas, eram fora dos padrões do considerado normal.
Por ser surdo, a comunicação com a família era complicada, e normalmente faziam gestos como comunicação, pois a Língua de Sinais ainda era desconhecida, e não era vista como uma comunicação que oportunizaria o desenvolvimento social e de linguagem, tampouco para a construção de uma identidade.
A falta de uma linguagem e de uma comunicação, estas pessoas não conseguiam atingir seus objetivos e assim não transmitiam nenhuma esperança para a sociedade que lhes tratavam como deficientes. Mais tarde embora os surdos já tivessem a Língua de Sinais e as associações dos surdos, acabava por ser excluído da sociedade, devido ao preconceito e a sua cultura surda.
Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, ás idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. (STROBEL, 2008, p. 24)
Hoje as associações de surdos ainda vivem momentos de lutas na sociedade, pois ainda são várias as ações necessárias para que sejam garantidos os direitos dos surdos, para que sejam reconhecidas suas escolas e associações, bem como ser aceita a cultura exclusiva do surdo. Mas graças a estas lutas das associações que hoje o surdo possui uma língua, uma forma de se comunicar e ter representatividade diante da sociedade.
A educação para os surdos foi uma grande prioridade das lutas de associações e comunidades surdas, pois a educação para estas pessoas estava por causar grande desespero devido a péssimas condições de ensino/aprendizagem e por várias tentativas de querer oralizar (proíbe o método de comunicação visual),
14
para quem de fato não é ouvinte e necessita e possui outra língua, ou seja, a língua de sinais.
Este fato se eleva também pela origem da família, se os pais são surdos, aceitam mais facilidade a surdez do filho, já no caso de pais ouvintes, eles tentam de todos os métodos (através de fonoaudiólogo, aparelho auditivo, implante coclear), fazer com que o filho seja ouvinte, neste momento chegam ao ponto de frustração, até aceitarem que o filho surdo também pode ter uma forma de comunicação, porém diferente da sua, e a partir de então que procuram uma escola de surdos ou classe especial para o filho.
Segundo Klein [200-], “a primeira escola pública para surdos foi fundada pelo Abade L’Epèe, na cidade de Paris em 1760, tornando-se, em 1791, o Instituto Nacional de Jovens Surdos de Paris – INJS (Institut, 1994). Esta escola foi referência na educação de surdos nos séculos XVIII e XIX, de onde se formaram vários professores surdos que fundara novas escolas de surdos em diferentes países, como é o caso do Instituto Nacional de Surdos de nosso país, fundado a partir da chegada do professor surdo Hernest Huet, em 1857, na cidade do Rio de Janeiro.
Em 1880 com o Congresso Internacional de Educadores de Surdos, em Milão, decidiram a proibição da língua de sinais, porém só participaram da votação professores ouvintes, ou seja, por conta da exclusão dos professores surdos, acabaram por não poder votar.
A partir de então diminui o número de surdos que se envolviam com a educação e assim foi até os anos 60, onde iniciam outros movimentos em busca da conquista da língua de sinais. Surgem defensores da língua de sinais e começam a pensar métodos de ensinar surdos, bem como fundam associações e federação de surdos.
A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (2005), relata que em 1952 se tem notícias de uma escola para surdos que ocupava o prédio onde hoje se encontra a sede da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas portadoras de deficiência e de altas Habilidades no RGS – FADERS. E é em 1966 que é criada a Escola Especial Concórdia pra surdos em Porto Alegre. A luta iniciada pelos seus alunos surdos fez com que fosse a primeira escola do RGS a abrir perspectivas para o uso da língua de sinais na educação de surdos.
15
Desde então começam a criação de associações e outras escolas pelo Rio Grande do Sul. Hoje o Rio Grande do Sul, tem escolas no Litoral Norte, Região Metropolitana, Vale dos Sinos. Estas escolas são próprias para surdos e contam com profissionais habilitados para ministrarem as aulas em língua de sinais, ou seja, são escolas que defendem uma cultura, uma comunicação e uma educação própria para surdos, onde são levada em consideração sua realidade e suas condições de aprendizagem, bem como valorizam a língua materna (língua de sinais).
Nestas escolas onde o currículo é totalmente voltado para a educação do surdo, ele pode aprender com outros surdos, trocar experiências e partilhar de uma mesma cultura e tudo isso favorece para construção de sua identidade e de seu reconhecimento com surdo e como humano capaz de alcançar seus objetivos.
3.2 EDUCAÇÃO BILÍNGUE
A educação bilíngue entende-se por ser a segunda língua que o surdo deve ser apropriar e por conseqüente que seja a língua de seu país, mas para que isso aconteça é necessário que ele saiba primeiro a sua língua materna, ou seja, a língua de sinais. Para isso é importante que os pais também saibam língua de sinais, para garantir uma ambiente de comunicação adequado a pessoa surda.
Para alfabetizar o aluno surdo faz-se necessário trabalhar algumas etapas importantes: o objeto, o sinal (LIBRAS) e o código escrito. Seu vocabulário para produzir um texto escrito dependerá do número de palavras que a ele forem ensinadas e, fundamentalmente o uso fluente da língua de sinais. O ensino da língua portuguesa escrita deve passar pela visualização e associação com os sinais que ele conhece e os que são empregados na LIBRAS.(STREIECHEN, 2011, p. 162)
Então sendo assim, para o surdo poder aprender outra língua é preciso que ele conheça e saiba usar a sua primeira língua que é a Libras, para após esse processo possa construir seu aprendizado de segunda língua, que nesse caso é a língua portuguesa. Mas para que estas construções aconteçam é necessário que o professor fique atento as dificuldades e desenvolvimentos do aluno, fazendo um processo de alfabetização em uma e outra língua, alternando e observando os progressos individuais.
16
3.3 REVISÃO DA LITERATURA
Levando em consideração que estarei falando de contexto de família e escola para surdos, é preciso caracterizar quem é o surdo? Qual cultura pertence? Qual língua utiliza para comunicação? Como é a escola que frequenta?
Surdo é toda pessoa que não escuta, ou seja, ele não se reconhece como uma pessoa com deficiência auditiva, e sim um sujeito que utiliza uma língua gesto-visual e suas experiências visuais.
Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.(BRASIL, 2005, Art. 2º)
Segundo Santana (2007), o diagnóstico da surdez traz, junto com ele, os pré-construídos culturais em relação ao “ser surdo”: impossibilidade de falar, de aprender, falta de inteligência, insucesso na escola, dificuldade em conseguir um emprego, etc.
Isso acontece porque nos dias de hoje mesmo com tantas conquistas pelo povo surdo, o preconceito e falta de informação sobre o ser surdo, ainda é grande, e leva as pessoas a continuar pensado que os surdos são incapazes e coitadinhos, ou seja, que são deficientes.
Mas este pensamento vendo sendo mudado aos poucos, ou seja, o surdo está conquistando seu espaço através das políticas de organizações, associações, legislações, inclusão nas escolas e/ou escolas para surdos, inclusão no mercado de trabalho, etc.
Os povos surdos através de sua cultura que é formada pelas trocas de experiências entre um próprio grupo de surdos que usufruem da mesma língua, se reúnem e compartilham de uma mesma experiência visual, e assim constroem sua identidade. Existe o multiculturalismo dentro da própria cultura surda, ou seja, no Brasil os surdos compartilham de uma cultura, porém esta cultura é diferente entre todos estados do país, digo com isso que, por exemplo, os surdos que moram no Rio de Janeiro possuem e compartilham de uma cultura diferente das pessoas surdas que moram no Rio Grande do Sul.
Conforme Strobel (2008, p. 24), Cultura Surda é:
[...] o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e modificá-lo a fim de ser torná-lo acessível e habitável ajustando-o com as suas percepções visuais,
17
que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes, e os hábitos de povo surdo.
Esta cultura se remete a costumes típicos de um povo que se comunica e retém conhecimento através de uma língua visual. A língua visual utilizada pelo povo surdo aqui do Brasil é a Língua Brasileira de Sinais – Libras, usada principalmente por pessoas surdas, pois se desenvolve por uma combinação de sinais feitos com as mãos. É uma língua que possui estrutura gramatical especifica e é composta pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico.
Reconhecida pela Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002, entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras:
[...] a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.(BRASIL, 2002).
A língua de sinais propicia a inserção da pessoa surda ao mundo, é através dela que ela se comunica. De origem francesa, a Libras não é universal, ou seja, cada país possui uma língua de sinais, sendo que pode ter expressões que diferem de região para região.
Conforme Silva (2003, p. 46), a Língua de Sinais é:
[...] uma língua visuogestual, criada pela comunidade de surdos. [...] é o meio natural de comunicação entre os surdos, e a criança deve ser exposta a ela o mais cedo possível [...] é a única língua que permite a pessoa surda aceder a todas as características lingüísticas da fala. A Língua de Sinais é, portanto, indispensável a inserção da criança surda no fluxo natural da linguagem, por depender de um canal de transmissão acessível (visual – espacial) ao surdo.
Pela Língua de Sinais que é tão importante para o surdo, é que ele deve ter contato o mais cedo possível com ela através de grupos, associações e principalmente por uma escola de surdos, pois nestes ambientes terá maior facilidade em aprender e compartilhar de uma mesma língua. Só assim o surdo entenderá e irá compreender as pessoas e as coisas ao seu redor, tendo assim, um maior desenvolvimento pessoal.
Para aprender a se comunicar em Língua Brasileira de Sinais a pessoa surda precisa frequentar a escola para surdos ou escola com classe inclusiva, pois
18
lá encontrará professores qualificados para lhe atender e colegas com suas mesmas necessidades.
Hoje a grande maioria dos pais, já estão mais informados e procuram matricular o filho o mais cedo possível para ter contato com a língua, mas e a escola está preparada para receber este aluno?
As escolas regulares com certeza não estão preparadas para receber estes alunos surdos, pois não possuem profissionais bilíngües na área de Libras, não possuem um projeto, nem currículo apropriado para atender estas crianças e suas famílias. Outro aspecto da rede regular de ensino é a questão da dificuldade em um aluno surdo de integrar numa sala de ouvintes, pois estes não sabem nem tem paciência para se comunicar com surdo, com alguém que não fala sua língua (Libras), e o surdo assim como qualquer pessoa precisa de um colega, um companheiro para trocar experiências (necessidade do igual).
Podemos destacar e muito o fato do despreparo dos professores para atender estes alunos, ou seja, não possuem conhecimento algum em Libras, já parte daí a dificuldade, pois não conseguem se comunicar com o surdo, e assim os prejuízos quanto ao desenvolvimento da aprendizagem, isso porque não estão num ambiente onde suas experiências e sua cultura é relevante. Com isso, acabam por abandonar a escola e saírem frustrados e sem evoluções.
Existem também as escolas com classe especial de educação, que muitas vezes não possuem uma equipe totalmente formada por profissionais qualificados na área e também por conta de não possuírem um projeto e um currículo totalmente voltado para atender aos surdos, acabam por sua vez pecando na educação destas pessoas que necessitam de atenção e aprendizagem mais especifica.
Por conta destes e de outros fatores que atrasam o aprendizado e desenvolvimento do surdo, que o mais recomendado é uma escola de surdos, onde possui materiais e profissionais qualificados para atender esta demanda de alunos.
O surdo grava todas as imagens que vê, mas não ouve, portanto não sabe as denominações. Quando vem para escola, não adianta apenas mostra-lhe o sinal ou escrita sem apresentar o objeto e vice-versa.
Portanto, a criança surda deve ser inserida a escola assim que a surdez for diagnosticada, pois, antes de iniciar o processo de alfabetização, ela deve adquirir uma língua [...] no caso é a Língua Brasileira de Sinais. ( STREIECHEN, 2009, p. 161).
O direito do surdo em se matricular na escola que quiser é garantido por lei (LDB/96 art. 54),e as políticas públicas estão voltadas para esta permanência do
19
aluno em escola regular, porém, como ele poderá se desenvolver em um lugar onde a língua falada não é a sua, como poderá interagir com os colegas se ele não é ouvinte, e em muitos casos a escola não possui tradutor, é complicado ficar em um meio onde é totalmente distante do que você precisa para se identificar, desenvolver uma cultura e trocar experiências. Alguns surdos frequentam escolas regulares, mas não conseguem concluir os estudos, pois são grandes as dificuldades encontradas, e assim, acabam por abandonar o espaço escolar. Isso acontece porque ali ele não consegue interagir com os colegas, o surdo precisa estudar em pares, ou seja, precisa ter dois surdos estudando juntos para surgir alguma troca de informação e interação.
As escolas para surdos ainda são poucas e os profissionais especializados nesta área de educação também, mas vale o esforço para que a pessoa surda possa ter um ensino de qualidade e está inserida num ambiente escolar onde se identificará com professores e colegas, tornando assim um caminho mais propício para a aprendizagem de sua língua, cultura, identidade.
Conforme Quadros e Perlin (2007, p.154):
[...] surdos rotulados como agressivos ou nervosos na história tinham essas atitudes por causa do problema da falta de comunicação. Ainda hoje alguns surdos mostram mau comportamento por causa da falta de comunicação com a família e por isso não sabem se comportar adequadamente.
Para que esta educação de qualidade com profissionais qualificados aconteça, é preciso que a família acredite no potencial do filho e que conheça as vantagens da aprendizagem da língua de sinais para o surdo, bem como a importância de trocas de experiências entre os grupos de surdos.
3.4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Falar sobre criança surda, surdez, língua de sinais, escola para surdos, cultura surda, deixa muita gente perdido, pois muitos pensam que ser surdo é ser incapaz, coitadinho, e deixam de imaginar e conhecer a história das pessoas surdas, ou seja, suas lutas e conquistas.
Anos atrás o surdo era visto com um deficiente e muitos não acreditavam no potencial, não conseguiam enxergar e acreditar que ser surdo, não afeta sua capacidade intelectual, nem sua habilidade para aprender as mesmas coisas que
20
um ouvinte, porém em uma outra língua e então tentavam oralizar, ou seja, fazer com que o indivíduo conseguisse adquirir a linguagem oral por meio de estimulações, através de aparelhos auditivos, médicos, e implantes, acreditavam que assim, os surdos conseguiriam viver no mundo onde a educação e cultura que prevalece é a dos ouvintes.
Hoje isso ainda acontece quando um surdo é in/excluído na escola regular, tentam oralizar, por este motivo o correto e melhor é incluir/matricular na escola para surdos.
Para escolas. uma das dificuldades em trabalhar com um currículo que respeite a diferença surda está nos poucos profissionais surdos com formação em educação ou áreas diretamente relacionadas a formação escolar e lingüística no mercado de trabalho.E é nesse ponto que vamos ver acontecer uma grande “corrida” dos surdos [...](LOPES e DAL’IGNA, 2007, p.146)
A educação é muito importante para o desenvolvimento intelectual e linguístico da criança surda, para isso, o primeiro passo para esta realização, tem que partir da família, ou seja, dos pais, que devem acreditar que o filho é capaz como qualquer outra criança, devem procurar por uma escola que acolha o filho de forma adequada, isto é, instituições que tenham um currículo apropriado para esta criança, possuam professor de língua de sinais, interpretes, para que possam ajudar e auxiliar no aprendizado, é necessário que os pais também conheçam o trabalho destes profissionais e que tenham contato com a língua de sinais para assim poderem ter uma comunicação maior e melhor com o filho.
A criança ao estar matriculada em uma escola, começa ter contato com a língua de sinais, e isso significa conhecimento e envolvimento com o mundo ao seu redor, pois tendo uma língua para se comunicar, fica mais seguro de si e de suas capacidades. Para que todas as competências do surdo ser desenvolvidas, é importante e muito o apoio da família, uma escola especializada para atendê-lo, ou seja, com profissionais qualificados e consiga propor uma integração, professor-aluno, aluno-escola, escola-professor-família.
Com a integração entre aluno, família e escola, fará com que o desenvolvimento educacional ocorra de forma homogênea, pois os grandes agentes destes acontecimentos estão unidos em busca de um mesmo objetivo, isto é, alfabetizar a criança de forma adequada para a cultura que fará parte, a inserção na cultura surda.
21
Cada construção, aprendizado, vai contribuir para o desenvolvimento da identidade cultural, irá aprender a língua, hábitos e costumes desta nova etapa de vida que por consequente vai ir se tornando sua identificação.
Quando o surdo se integra com a cultura surda, sejam na escola, associações, ele descobre a cada dia uma capacidade diferente, própria de si e da sua cultura. E para que o processo de matricula, frequência na escola, inserção na cultura surda, é preciso que a família apoie cada movimento.
Os sujeitos surdos, quando têm possibilidade de aproximação com seus semelhantes, e também quando começam a interagir efetivamente nesses grupos de formação espontânea, começam a estabelecer novos valores sociais e novas referências sociolingüísticas que os trazem para uma nova composição cultural. [...] Um exemplo está no aprendizado da fala para o surdo. Esta, quando o surdo está integrado com seus semelhantes, deixa de ser um objetivo e passa a ser visto como um recurso alternativo na comunicação com ouvintes. (MACHADO, 2008, p. 92).
Por todas estas questões que podemos perceber que melhor para a pessoa surda, é frequentar lugares de surdos, pois encontrará pessoas com limitações e gostos, costumes, semelhantes aos seus, e isso deve ser levado mais em conta ainda, quando a família é de ouvintes, pois não compartilham da mesma cultura que o filho.
A família é a base para o desenvolvimento de qualquer criança, e para isso precisa acreditar em seu potencial, querer que o filho cresça, crie independência para poder interagir tanto com surdos quanto com ouvintes, ou seja, viver socialmente.
Até aqui falei da importância da família em acreditar e apoiar o filho surdo, mas agora pergunto, e o professor, está preparado para receber e ensinar este aluno?
Os professores de escolas públicas regulares, nem sempre, ou quase nunca estão preparados para atender um aluno surdo, isso porque na maioria da vezes não possuem cursos de Libras e tampouco um planejamento para inclusão deste aluno de forma integral durante a realização da atividades propostas em aula. Outro motivo de tamanha dificuldade é que grande parte destas escolas não possuem intérpretes, o que complica mais ainda o desenvolvimento do aluno para sua comunicação, e com isso na maioria das vezes tentam oralizá-los.
A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio
22
e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.(BRASIL, 2005a).
Mesmo estando em lei, os professores continuem sem preparo, isso porque a Lei é do ano de 2005 e os professores que atuam nas escolas já possuem formação anterior ao ano desta da lei. O que poderiam fazer para que esta realidade mudasse seria criar novas leis para garantir o direito dos cidadãos e ao mesmo tempo oferecem qualificação para os professores. Porque não resolve de quase nada criar leis e não preparar os profissionais para que se adéquam a nova realidade que irão encontrar nas escolas, salas de aula.
O processo de integração/inclusão, que vê como positiva a inserção do aluno na escola regular, o faz fundamentado na idéia de aproximá-lo das pessoas “normais”, e também porque julga os surdos como capazes de acompanhar os ouvintes e de se desenvolverem como eles. Entretanto, os surdos que freqüentam a escola regular, na maioria dos casos, apresentam dificuldades lingüísticas que, além de complicar o trabalho do professor, acarretam o fracasso escolar (repetência e desistência/evasão). (MACHADO, 2008, p.72-73)
Por estes motivos que é necessário a pessoa surda frequentar escolas para surdos ou com classes especiais, pois lá encontrará profissionais qualificados em receber, atender e ensinar este aluno. Saberão quais métodos de ensino são mais apropriado, bem com terão uma maior interação e comunicação no ambiente de ensino-aprendizagem. Com isso, o aluno se desenvolverá de forma integral em todas as atividades proposta e estes motivos farão com que continue a ter vontade de estudar, pois diferente da escola regular, esta terá profissionais qualificados, colegas de uma mesma cultura e interesses voltados para os mesmos objetivos.
3.5 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
Várias ainda são as pessoas e famílias que são incrédulas quanto aos direitos e potenciais de uma criança surda, porém apesar de desconhecido por alguns, os direitos estão assegurados em lei e cada dia que passa o movimento em favor que estas leis se cumpram vem aumentando.
As pessoas surdas possuem uma cultura própria, uma língua própria e isso fazem que com se tornem diferentes em alguns pontos das demais crianças ouvintes, ou seja, a criança surda se comunica por linguagem visual, e as ouvintes
23
de forma oral e isso faz com que alguns costumes sejam diferenciados, próprios de pessoas surdas.
Alguns movimentos já vinham sendo feitos desde o século XIX, porém a partir do século XX, que os movimentos ganharam força e se intensificaram. No ano de 1994 com a Declaração de Salamanca, que visa a inclusão social e educação inclusiva, o direto de surdos e deficientes vem sendo cada vez mais discutido e se intensifica cada dia que passa com suas conquistas alcançadas.
Vários são as lutas e discursos acerca dos direitos dos surdos, e o que descrevo aqui é o direito a escola, ou seja, precisam ter currículos voltados para a inclusão, mas como se é pesando um currículo para atender ouvintes e surdos num mesmo ambiente escolar? Existem profissionais que consigam dar uma aula integralmente numa turma de ouvintes e surdos?
Pelo que tenho visto isso é improvável, pois ouvintes e surdos num mesmo ambiente escolar geram conflito de linguagem, ou seja, o ouvinte irá se comunicar com ouvinte e o surdo com surdo e sendo assim não haverá interação entre eles. E quanto os profissionais teriam que falar linguagem de sinais com o surdo, traduzir para ouvinte ou falar oralmente com o ouvinte e traduzir em Libras para o surdo, ou então se comunicaria com o surdo e com o ouvinte de forma isolada e isso com certeza dificultam o andamento da aula. Ou então ao invés do professor ficar traduzindo e interpretando a própria aula, ele teria em sua aula um intérprete, mas isso também atrapalharia o andamento, pois este profissional iria intermediar a comunicação entre o professor e o aluno surdo e assim deixaria em certos momentos de aula o aluno ouvinte de lado.
Se pensar em currículo de escola normal que inclua os surdos, sempre irá gerar um grande conflito, pois os surdos possuem uma linguagem, costumes, hábitos e cultura diferente dos ouvintes, e os profissionais desta área ainda são poucos, para se pensar em educação para surdos primeiro é necessário se pensar onde estão e quais profissionais sabem se comunicar em linguagem de sinais.
Conforme Karnopp e Quadros (2001, p.11):
As crianças surdas precisam ter acesso a educação na Libras. Os direitos humanos prevêem isso e é dever do estado garantir que isso aconteça. O processo educacional ocorre mediante interação lingüística e todos os professores devem dominar a Libras para serem professores de surdos. Esse deve ser o ponto de partida de uma seleção de profissionais que queiram trabalhar com surdos. [...] Todos os conhecimentos escolares devem passar pela Libras. Pensar em formação de cidadãos conscientes é
24
pensar em dialogo e em troca e isso precisa ser na Libras com surdos brasileiros.
Hoje há vários direitos conquistados pela comunidade surda, porém o surdo ainda luta para que as escolas para surdos continuem a funcionar, sem precisar retirar estas crianças de um ambiente em que já estão familiarizados e com profissionais qualificados para irem para uma escola regular, onde não há estrutura para receber estes alunos e profissionais despreparados.
É preciso que as escolas estejam munidas de professores e materiais para atender a estes alunos que acabam por desistir de estudar quando freqüentam uma escola regular despreparada para sua escolarização. É necessário que o professor conheça a cultura surda, bem como a vida familiar desde aluno para que possa entendê-lo da melhor forma possível em conjunto com o intérprete.
Considerando a realidade brasileira na qual as escolas públicas e particulares têm surdos matriculados em diferentes níveis de escolarização, seria impossível atender às exigências legais que determinam o acesso e a permanência do aluno na escola observando-se suas especificidades sem a presença de intérpretes de língua de sinais. (BRASIL,2004,p.59)
As escolas além de oferecem um ensino de qualidade aos surdos, devem também ter profissionais qualificadas para atendê-los, ou seja, o professor deve saber se comunicar em língua de sinais ou trabalhar em conjunto com um intérprete de Libras, o que em escolas municipais e estaduais é difícil de encontrar, só assim o aluno conseguirá acompanhar a aula.
O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. [...]A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado[...] (BRASIL, 2010).
O intérprete sendo um bom profissional e transmitindo as informações recebidas para o aluno surdo, fará com que ele permaneça na escola o tempo necessário para concluir a escolarização, na escola também deverá ter outros alunos surdos o que facilitará a troca de informações e experiências entre eles, pois, se um aluno estuda em uma escola onde há somente ele e o intérprete que se comunica por Língua Brasileira de Sinais, o contato e comunicação com os demais será mais limitada, por isso, então, que é indicado a estes alunos a estudarem em classes especiais ou escolas próprias para surdos, assim poderá efetuar uma troca
25
e informações e comunicação maiores, através de uma mesma língua, ou seja, Libras.
Segundo a Lei 10436 de 24 de abril de 2002, Parágrafo único:
Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Através da Língua Brasileira de Sinais os alunos surdos conseguem se comunicar, se expressar, trocar informações, enfim conseguem entender o mundo, e este contato com a Libras deve acontecer o quanto antes, até mesmo antes de iniciar a vida escolar.
As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. (BRASIL, 2005a).
O aluno surdo deve se alfabetizar em sua língua e depois em outra língua, ou seja, português ou outra. Por isso a necessidade deste aluno estar na escola desde que começa a fazer as primeiras combinações de sinais, ou seja, por volta dos dois anos de idade, pois assim terá um contato mais cedo com a língua de sinais e conseqüentemente mais facilidade em se alfabetizar.
Garantir o acesso a língua de sinais é garantir a aquisição da linguagem e aquisição de valores, culturas e padrões sociais que perpassam através do uso da língua. A criança surda precisa ter acesso a Libras e interagir com várias pessoas que usam tal língua para constituir sua linguagem e sua identidade emocional e cultural. (KARNOPP e QUADROS, 2001, p.11).
A escola de surdos também precisa ter profissionais qualificados, que conheçam a língua de sinais, a cultura surda, bem como costumes desde povo. A equipe diretiva e demais funcionários devem trabalhar em comum acordo e com que rege o projeto político pedagógico escolar, que deve visar a integração pessoal e social da criança surda.
[...] o AEE deve integrar o projeto político pedagógico da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. Para a oferta deste atendimento, deve ser disponibilizado: professor para Atendimento Educacional Especializado, profissional para atuar em atividades de apoio, tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais, guia intérprete, entre outros. (INCLUSÃO JÁ, 2012)
26
As famílias precisam conhecer sobre os direitos dos surdos e a partir daí devem procurar uma associação e uma escola propicia para que o filho comece a freqüentar e participar da cultura que lhe é semelhante. Freqüentando estes espaços o surdo irá se desenvolver de forma concisa trocando idéias e vivências com um mesmo grupo de sua cultura e para que tudo isso ocorra da melhor forma, é necessário sempre o apoio integral da família.
27
4. METODOLOGIA
O estudo teve início com leituras, contato com o professor orientador na disciplina de Libras durante a graduação de pedagogia, e as demais coletas de dados foram feitas através de uma pesquisa de campo, onde foi realizado um contato com escolas de surdos, bem como realização de questionários com equipe diretiva, professores, alunos e família de alunos surdos. As escolas aqui referidas estão localizadas no litoral norte, região metropolitana e vale dos sinos, no Rio Grande do Sul.
A pesquisa é de cunho qualitativo, de caráter participante, pois houve contato da minha parte, diretamente com as escolas, equipe diretiva, professores e alunos. Para coleta das informações, usei como instrumentos, questionários, observações, conversas informais.
Conforme Furtado (2008, p. 34), observação e entrevista são:
[...] a observação ocupa lugar de destaque nas novas abordagens de pesquisa, sendo muito útil para que se descubram aspectos novos de um problema. É importante também a entrevista, ela representa um dos instrumentos básicos para a coleta de dados. [...] Desempenha papel importante não apenas nas atividades cientificas, mas também em diversas atividades humanas.
As observações foram realizadas durante algumas aulas, já as entrevistas foram feitas por meio de questionários, onde um foi destinado para o professor, para o aluno, e outro para família. Completando dessa forma a análise do tema pesquisado com referencial teórico embasado na realidade presenciada através do decorrer da pesquisa.
28
5. ETAPAS A SEREM CONCRETIZADAS
5.1 CRONOGRAMA
Mês
Procedimento
Janeiro/12
Fevereiro/12
Março/12
Abril/12
Maio/12
Junho/12
Julho/12
Escolha do tema
X
Escolha do orientador
X
Orientação
X
X
X
X
X
X
Leitura de Referências
X
X
X
X
X
Visitas nas escolas
X
Contato com as escolas
X
X
X
X
Esquematização de recolhimento de dados
X
X
X
X
Apresentação Banca
X
29
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
A minha análise tem como base as visitas nas escolas, conversas com professores, observações do espaço escolar e questionários realizados com pais, alunos, professores. Minha curiosidade era saber qual o caminho os pais percorriam antes de chegarem com o filho numa escola para surdos.
Conforme observei a maioria dos alunos de todas as escolas, são oriundos de outras cidades, ou seja, não moram na cidade sede da escola e dependem de transportes para chegarem à escola. Pontuo assim, que estes alunos gostam do ambiente escolar onde estão inseridos, a familiarização com o espaço escolar é mais forte que a distância da residência e a escola. Claro que devemos levar em consideração, que estes alunos são crianças e os pais cuidam de sua rotina diária, acredito que os pais continuam nesse desafio diário de levar seus filhos, por além de acreditar na escola é ver a vontade dos filhos em estar nesse espaço de aprendizagem.
Para a maioria dos alunos, ser surdo é uma coisa normal, pois tem Libras, ou seja, como não seriam normais se são capazes de fazer tudo que um ouvinte pode realizar inclusive, se comunicar. Ver essa situação de ser Surdo como um sujeito com problemas, então não seria ai que os pais deveriam se importar com esta falta de comunicação e se instruírem para poder se comunicar com o filho, será que estes pais ainda não acreditam no desenvolvimento do filho surdo?
São questões realmente complicadas de se ter conclusões, porém as hipóteses são várias, como por exemplo, os pais ainda não possuem confiança na escola, na língua de sinais, não aceitam o filho ser surdo diante da sociedade predominantemente ouvinte, ou então o que eu realmente acredito que seja o motivo por não se apropriarem da linguagem do filho, é tempo, isso tempo, para poder ir até a escola, em associações, pois trabalham e como já foi falado anteriormente, as escolas são em outras cidades, assim dificulta o contato. Até porque até os pais acreditarem no potencial da escola e do filho, é algo demorado certa que a primeira coisa que fizeram quando desconfiaram e/ou descobriram que o filho era surdo, foi levar ao médico, onde a maioria dos profissionais encaminhou para otorrino e fonoaudiólogos, e ainda em alguns casos desestimularam a família dizendo que o filho nunca iria escutar e de certa modo se desenvolver por causa da surdez.
30
Segue aqui algumas das repostas coletadas em entrevistas com as mães, quando se é perguntado sobre qual a orientação inicial que o médico pediatra forneceu sobre as questões de educação e comunicação de seu filho?
“Colocar numa escola o mais rápido possível para desenvolver a fala e aprender a se comunicar”.
“Não forneceu nenhuma indicação, percebemos através de nossas necessidades, ela precisava de uma escola surda. Depois dela matriculada fomos fazer curso de Libras, a única orientação foi Secretaria de Educação”.
“Que nosso filho jamais freqüentaria escola e jamais ouviríamos ele falar qualquer coisa. Resumindo que ele não seria nada na vida!”.
“ O pediatra encaminhou para o otorrino”.
Diante dessas confissões fica complicado para a família acreditar numa escola para surdos, claro que mesmo assim alguns foram por indicação de conhecidos procurarem uma escola de surdos. Já outras famílias colocaram o filho numa escolar regular, pois lá se comunicariam com pessoas que falam, porém notaram que o filho não teve evoluções levando assim para o caminho da escola de surdos.
Com os dados coletados com os questionários percebe-se que alguns pais ainda tentam comunicação com leitura labial na comunicação em casa, mas isso é ruim, pois o filho está na escola e lá aprende que sua língua é a Libras. Esse fator de comunicação é um dos fatores pelos quais ainda levam os filhos em otorrinos e fonoaudiólogos, uma esperança do filho se comunicar oralmente, com isso dá para notar que os pais ainda não aceitam totalmente a cultura e escolarização diferenciada que o filho recebe e compartilha com outros surdos e isso é um fator bem complicado e conflitante, pois os pais precisam se conscientizar que se o filho está numa escola de surdos, onde a forma de comunicação utilizada é a língua de sinais, não basta que aprenda e desenvolva esta língua somente na escola, mas sim em todos ambientes que freqüenta, inclusive e principalmente no ambiente familiar. É preciso que os pais respeitem a língua dos filhos e parem de tentar oralizá-los, pois isso só irá deixá-lo confundido sobre sua identidade cultural.
Conforme coloca MARCHESI (2004, p. 176):
A atitude dos pais diante da surdez de seu filho terá uma influência considerável. [...] Há pais que tentam negar sua existência e,
31
conseqüentemente, tratam seu filho como se fosse ouvinte. Outros, ao contrário, desenvolvem atitudes de superproteção. Em uma posição intermediária, mais positiva, estão os pais que aceitam as conseqüências da surdez, criam um ambiente descontraído de comunicação e se dispõem a aprender e utilizar com o seu filho o tipo de comunicação mais enriquecedor.
Mesmo com alguns pais ainda não tendo contato com a língua de sinais, o principal motivo dos pais ter matriculado o filho numa escola de surdos foi à falta de comunicação e desenvolvimento em escolas regulares. Sendo estes os principais motivos, volto a perguntar então porque a maioria dos pais ainda não aprendeu se comunicar na língua do filho? Isso com certeza não teremos uma resposta única e definitiva, talvez com contato mais íntimo com as famílias. E o me leva a crer nisso é que os pais responderam que a escola de surdos é um lugar que causas influências boas na vida do filho, entre elas, evolução, desenvolvimento de comunicação, e como crescimento para o futuro, sem deixar de contar a importância de aprender Libras.
As famílias ainda ficam divididas entre o filho ficar em casa e fazer outra atividade fora dos horários de aula, claro que estes em que os filhos ficam em casa, são os pais que não sabem ou ainda possuem total comunicação em Libras.
Procurando saber também como estes alunos se sentem na escola, lancei algumas perguntas para eles, onde respondem que a maior dificuldade encontrada é na disciplina de matemática, depois vem o português, e por último inglês. Já se tratando a disciplina de mais afinidade, é com a Libras, ganha em disparada.
Foi perguntado também o que mais gosta de fazer durante as aulas, e o gruo de alunos pesquisados responderam que é trabalho em grupo e comunicação visual. Claro, as respostas não poderiam ser diferentes diante de tais leituras que realizei, pois o surdo prefere e necessita ter outro surdo junto de si para trocar experiências, assim preferem trabalhos em grupos, já a questão da comunicação visual, como não poderia ser, se é através dela que estão se desenvolvendo, se aceitando e se descobrindo como surdos e serem capazes diante de toda sociedade.
Procurando atender e interpretar as respostas dos pais e dos alunos, foi realizado um questionário com os professores também, até mesmo para saber como anda o preparo desses professores e destas escolas, pois se é escolas para surdos, os professores precisam conhecer desta cultura e também desta língua usada pelos surdos.
32
Um dos primeiros fatores que a escola procura conhecer é a história familiar, entrevistam os pais e acima de tudo solicitam laudos, e audiometria, ou seja, exame de capacidade auditiva. Depois procuram saber se a criança possui algum contato com língua de sinais, para então iniciar o processo de adaptação escolar, onde o aluno é apresentado a turma e depois, normalmente durante o intervalo, para os demais colegas da escola.
Quanto a aquisição da língua de sinais, vão adquirindo durante as aulas e com contato com o professor e outros colegas, o método mais utilizado é apontar para o objeto e fazer o sinal, para assim o aluno ir botando sentido no objeto e no sinal.
Quando questionados sobre currículo, a maioria dos professores respondeu que a escola procura ter muitos materiais visuais, e acima de tudo os profissionais devem ter capacitação em língua de sinais, e quanto as disciplinas, são ministradas em Libras, e utilizam do português para a escrita. Citam também que o currículo avança na medida em que o aluno aprende.
Até ai, tudo parece andar muito bem, mas quando é questionado a questão da família, e algumas das respostas são as seguintes:
“ A família dificilmente vem a escola”;
“[...] nem todas as famílias interagem com a escola”;
“[...] a maioria dos pais não possuem esse comprometimento com a educação escolar”
Diante dessas colocações, acredito que fique complicado da escola e a família trabalharem em conjunto com a escola, e sendo assim a escola torna-se um espaço mais importante do que a própria família para o desenvolvimento da criança. Os professores colocam também que as maiores dificuldades que encontram além de não conseguirem contato com a maioria das famílias, as questões são variadas, como por exemplo, dificuldade em ensinar o português escrito, dificuldade em algumas aulas de ciências, pois as crianças necessitam de trocas de experiências e bagagem de conhecimento para chegar ao espaço acadêmico.
Por último foi perguntado sobre a experiência de trabalhar com surdo, visto que a maioria dos professores que dão aulas para os surdos são ouvintes. As respostas foram muito diversificadas, mas o que dá para identificar em todas elas é que ensinar surdos é um trabalho constante de lutas e conquistas. Os professores
33
envolvidos possuem fluência ou até mesmo proficiência na Libras, conhecem ou estão conhecendo a cultura Surda, e o processo de ensino-aprendizagem é constante nesse espaço cultura e linguístico diferenciado.
34
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando me despertou interesse em pesquisar sobre surdos, sobre o caminho que os leva até a escola, me deparei com a dificuldade em me aprofundar sobre este assunto visto que, é uma cultura a qual eu não sou pertencente, e a qual teria que ter tempo para fazer as pesquisas de campo. Serviram como estimulo para buscar respostas as minhas curiosidades e procurar outros caminhos já que minha inquietação era saber sobre surdos.
Com total apoio do meu professor orientador, meu principal objetivo com a pesquisa foi investigar um pouco sobre a vida destes indivíduos e conhecer os motivos e caminhos que os pais percorreram até chegar com o filho para matricular numa escola de surdos.
Diante das observações e questionários que realizei, pude perceber que ainda existem alunos que de certa forma ainda não se aceitam como surdos, pois usam aparelhos auditivos, se enxergam como alguém que possui um problema. E isso vai contra as leituras que realizei e conversas que tive com professores, pois tanto nestes referenciais como na fala dos profissionais, os surdos se identificam como pessoas normais, que lutam por uma escolarização própria para eles, ou seja, que as aulas sejam ministradas na língua de sinais e que as escolas sejam somente de surdos, onde assim poderão criam seus próprios vínculos com pessoas que compartilham de uma mesma cultura.
Acredito que estes que ainda não se aceitam totalmente como sendo surdos, é porque pode existir a falta de apoio e/ou desconhecimento por parte da família em querer aceitar que o filho se comunique em outra língua que não seja a oral.
Pude perceber que os profissionais das escolas gostam quando alguém se interessa por saber sobre a cultura surda e que reconhece o surdo como um sujeito cultural que participa normalmente de nossa sociedade através de outra língua, capaz de alcançar todos os seus objetivos. Há aqueles que não falaram diretamente, mas percebesse que se sentem incomodados em revelar esses dados de postura escolares, pelo receio de mostrar as dificuldades que uma escola passa em relação a família.
Quanto ao contato com os alunos, no momento que eu chegava à sala de aula, tentavam logo a comunicação, o que foi muito pequena, pois tenho muito do que aprender desta língua que eles utilizam. Numa das escolas, uma aluna fez sinal que
35
ouvinte que não fala Libras, tem que apanhar, e foi ai que percebi que para entrar no grupo e fazer parte da cultura deles, primeiramente é preciso se comunicar em Libras, dominar a língua é um fator de respeito e carinho.
Consegui observar também aula de educação física, e recreio de alguns alunos. Eles jogam bola com prazer, comemoram os gols e jogadas com tamanha alegria. Já no recreio as professoras ficam sempre observando e algumas procuram realizar brincadeiras que envolvam todos os alunos, percebesse que essas interações são necessárias e fazem a diferença na aprendizagem.
Duas das escolas onde realizei as pesquisas, alguns alunos além de serem surdo, possuem outra deficiência agregada, como síndromes, ou são cadeirantes, e mesmo assim os professores os incluem em todas as atividades, provando que a inclusão acontece dentro da própria comunidade surda e que são capazes de qualquer evolução, desde que tenha a comunicação e língua.
Já se tratando do caminho que os pais percorreram até chegar com o filho na escola, a maioria compartilha da mesma experiência, primeiro faz contato médico, até que este diagnostica que a criança é surda e precisa de outros acompanhamentos clínicos, como outros médicos especialistas e uma escola regular. Dessa forma a maioria dos pais não são presente nas escolas e não se comunicam em língua de sinais. Sendo em minoria os pais que reconhecem o filho como surdo, que necessita de uma outra língua para comunicação e que é de suma importância os pais também saberem sobre esta língua que é usada pelo filho no ambiente escolar.
Para os alunos a maioria se identifica mais com a língua de sinais e educação física, preferem trabalhos em grupos e comunicação visual, e fora do ambiente escolar, frequentam grupos de surdos, vão ao cinema, jogam bola, entre outras atividades, como uma que diz que cuida da irmã.
Quanto a minha posição geral sobre a pesquisa, quanto as minhas curiosidades, posso dizer que encontrei respostas não só para minhas inquietações, como também posso dizer que trabalhar com surdos transmite sentimento de algo prazeroso e enriquecedor no aspecto cultural, linguístico e social.
36
8. REFERÊNCIAS
BRASIL. DECRETO nº 5.626 - Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, 22 de dezembro de 2005. BRASIL.MEC. Lei nº 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Lei nº 10.436 - Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências, 24 de abril de 2002.
BRASIL. Lei nº 12.319 - Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, 1º de setembro de 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. O Tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos. MEC /SEESP, Brasília, 2004.
BRASIL. Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado: pessoa com surdez. Brasília, SEESP/SEED/MEC,2007.
COLL, Cesár. Org., MARCHESI, Álvaro. Org., PALACIOS, Jesús. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2ª Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004.
FURTADO, Rita Simone Silveira. Surdez e a relação pais-filhos na primeira infância. – Canoas: Editora Ulbra, 2008.
GOLDFELD, Marcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionaista. 2ª Ed. – São Paulo: Plexus Editora, 2002.
INCLUSÃO JÁ. Disponível em: http://inclusaoja.com.br/2011/06/02/implementacao-da-educacao-bilingue-nota-tecnica-052011-mecsecadigab/. Acesso em maio de 2012.
KARNOPP, Lodenir, QUADROS, Ronice Muller de. Educação Infantil para surdos. In: ROMAN, Eurilda Dias, STEYER, Vivian Edite.(Org.) A criança de 0 a 6 anos e a educação infantil um retrato multifacetado. Canoas, 2001.
KLEIN, Madalena. Movimentos Surdos e os Discursos sobre Surdez, Educação e Trabalho: a constituição do surdo trabalhador. [S.I.]. [200-].
LOPES, Maura Corcini, DAL’LGNA, Maria Cláudia . In/exclusão: nas tramas da escola. – Canoas: Editora Ulbra, 2007.
37
MACHADO, Paulo Cesar. A política educacional de integração/inclusão: um olhar do egresso surdo. – Florianópolis: Editora UFSC, 2008.
QUADROS, Ronice Müller, org. PERLIN, Gladis, org. Estudos Surdos II. Petrópolis, RJ : Editora Arara Azul, 2007.
RIO GRANDE DO SUL. FNEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos). Política Educacional para Surdos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.
SANTANA, Ana Paula. Surdez e Linguagem: aspectos e implicações neurolíngüísticas. São Paulo – Plexus, 2007.
STREIECHEN, Elisiane Manosso. Por que o surdo escreve diferente?. Paraná, 2011.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis – UFSC, 2008.
SILVA, Ivani Rodrigues. KAUCHAKJE, Samira. GUSUELI, Zilda Maria. Cidadania, Sudez e Linguagem: Desafios e realidades. São Paulo – Plexus, 2003.
38
9. APÊNDICE
Uma amostragem de perguntas realizadas e formato de questionário aplicado em entrevistas.
39
40
41