Como ensinam Eduardo Bittar e Guilherme Assis de Almeida, a Filosofia está relacionada à noção de amor à sabedoria (2009, passim).

Interessante notar, nesse sentido, que os primeiros filósofos gregos não concordavam em serem chamados de sábios, por terem consciência do muito que ignoravam.

A humildade, portanto, é uma característica marcante da seara filosófica, a tal ponto de Platão, pela voz de Diotima, ensinar a Sócrates, que o filósofo está entre o sábio e o ignorante, concluindo ser o amor de natureza filosófica. Já que o Amor é o amor pelo belo. E, a mais bela das coisas é a sabedoria (SOUZA; PALEIKAT; COSTA, 1991, passim).

Assim, o filósofo deve ter a consciência de que tudo o que se possa discutir/dizer, já foi dito/discutido anteriormente, e em maior profundidade (e com mais propriedade), por alguém.

Desse modo, os filósofos, acreditamos, preferem ser conhecidos como amigos da sabedoria (portanto, filósofos), tão simplesmente.

A partir dessa premissa, tem-se que a Filosofia reflete-se, no mais alto grau, nessa paixão pela verdade. Representa o amor pela verdade que se quer conhecer. Sempre com maior perfeição, levando-se em conta os pressupostos últimos daquilo que se sabe (lugar hoje disputado pela ciência).

Por tal razão, figura como ave símbolo da Filosofia, a coruja, que se trata da ave de Athena, para os Gregos, ou Minerva, para os Romanos – Deusa da Sabedoria, em ambos os casos.

A coruja figura como símbolo da racionalidade e da sabedoria (Sophía). Representa uma atitude desperta, daquele que procura, daquele que não dorme, daquele que age sob o fluxo lunar (BITTAR; ALMEIDA, 2009, passim).

Ou seja, daquele que não dorme quando se trata da busca do conhecimento. Daquele que tem a capacidade de enxergar mesmo nas trevas. Daquele, portanto, que mantem-se desperto, enquanto tudo à volta parece descansar.

Por tais razões, a coruja representa, em suma, o amor à Sabedoria. O olhar atento para a compreensão do mundo. E mais, a coruja representa a capacidade de absorção reflexiva da experiência humana.

O filósofo, em suma, volta-se para o processo de convívio com o espanto diante do mundo.

Por outro lado, o filósofo, assim como a coruja, distancia-se para melhor compreender e para melhor avaliar.

Ponto interessante. Ainda, valendo-se dos ensinamentos de Eduardo Bittar e Guilherme Assis de Almeida (2009, passim). Sobre a arte da filosofia e a figura do filósofo é possível fazer a comparação com a figura do mosteiro e da fortaleza.

Portanto, o filósofo, assim como o monge e o soldado guardião, busca uma especial colocação diante do mundo, seja para a contemplação, seja para a defesa. Desse modo, a observação segue a função de apreensão e compreensão.

O filósofo busca ligar o pensamento com a função de compreensão e acaba por agir sobre o mundo, como o guardião da própria racionalidade.

E, o peso da racionalidade, muitas vezes, mostra-se pesado demais para uma só dimensão de realidade, por mais lúdica que se possa tentar fazer a vida. É um risco que se assume (em sendo filósofo), ao se buscar apreender e compreender, pela caminhada na senda do amor à verdade.

REFERÊNCIAS

BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

PLATÃO. Os Pensadores. José Américo Motta Pessanha (org). José Cavalcante de Souza, Jorge Paleikat e João Cruz Costa (trad. e notas). 5ª ed. São Paulo: Nova Cultura, 1991.