A pergunta parece meio boba e desoportuna, mas não o é. Vivemos numa sociedade veloz, apressada, estressada, sem tempo para a escuta, o olhar, a compaixão e a sensibilidade para conosco, para com os outros e para com a natureza. Vivemos uma sistemática de relação com a vida que tem gerado desconforto, doenças psicossomáticas, distúrbios diversos e a produção de uma subjetividade individualista, egocêntrica, indifirente antisolidária, centrada mais na exterioridade de si visando reconhecimento e sucesso individual.

Parece que, a cada dia que passa, distanciamo-nos da ternura vital, da carícia essencial e da cordialidade fundamental, qualidades tão existenciais para o ser humano, pois elas o estruturam, tornando-o mais humano. Quanto menos somos ternos, quanto mais somos indelicados e insensíveis ao cuidado consigo mesmo, com o outro e com natureza, mais nos desumanizamos. Sem exageros, apesar de vivermos em pleno século XXI, no ápice de grandes desenvolvimentos no campo da ciência, da tecnologia e da arte, sentimos que há uma espécie de regressão no que se refere à nossa humanidade.

Podemos dizer que há um processo de perda de referências importantes em nossas vidas: uma delas é saber cuidar de nós mesmos, dos outros, de nossa planeta. Assumir essa atitude é resgatar em nós a humanidade perdida, a cordialidade, a delicadeza e a compaixão.