A CONVERSÃO E SUAS IMPLICAÇÕES

                                                                                                   Atos 8:30-38

    

Introdução

No início do capítulo 8 do Livro de Atos dos Apóstolos (versos 1-2), encontramos a narrativa sobre a morte do primeiro mártir a defender o Evangelho de Cristo – Estevão. E, também, a grande perseguição aos cristãos primitivos. A partir do versículo 3, registra-se que Saulo (antes de sua conversão) assolava e encerrava na prisão todo aquele que se dia seguidor de Cristo.

Do versículo 5 ao 7, surge a figura de Filipe, que descia para a cidade de Samaria, com o propósito de pregar a Cristo. Por meio deste Arauto do Senhor, havia cura de enfermidades (coxos e paralíticos andavam) e também a expulsão de espíritos imundos enquanto ele pregava a Palavra de Deus. 

Entretanto, Filipe ouviu a voz de Deus mandando que fosse a cidade de Jerusalém e, no trajeto deste percurso, encontra-se com um homem etíope, eunuco, e mordomo de Candace, a rainha dos etíopes. Ele pega carona com este homem e observa que ele lia a Palavra de Deus, no Livro do profeta Isaias. Enquanto estavam juntos no carro, conversavam acerca da narrativa registrada neste capítulo do livro que estava lendo. O ungido do Senhor foi usado como Evangelista e Professor para ensiná-lo acerca da interpretação do assunto descrito neste capítulo que falava sobre a pessoa de Jesus Cristo: “Entendes tu o que lês? - Como poderei entender, se alguém não me ensinar? (versos 30-31)

No transcorrer da conversa ele se mostrou desejoso de ser batizado, o que foi possível assim que avistaram um lago: “E indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou para o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou”. (versos 36-38

 Desenvolvimento

Neste capítulo do Livro de Atos dos Apóstolos, embora não haja registro de quanto tempo durou esta viagem, pode-se afirmar que o Eunuco se converteu ao Cristianismo, após receber o ensinamento e a instrução da Palavra de Deus através de Filipe. Inclusive, desejou ser batizado imediatamente, o que foi feito.

De acordo com o dicionário Aurélio, a conversão seria a mudança de religião ou a transformação. Se formos olhar pelas leis de trânsito, seria mudar de direção ou sentido. Entretanto, no campo teológico, pode-se dizer que o real significado da palavra conversão seria “Deixar seus maus caminhos (de impureza e de pecado) e aceitar a Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador, mudando sua maneira de agir de forma que O agrade”.

Com o eunuco, esse processo se deu, teoricamente, de forma muita rápida, mas nem toda conversão ocorre assim. A conversão de uma pessoa ao Cristianismo passa por todo um processo, mas quem determina o tempo deste período é o Espírito Santo de Deus. Uns são convertidos de forma célere, enquanto outros demoram mais um pouco de tempo. Lembre-se: Quem governa o tempo e a nossa vida é o Senhor.

Simultaneamente ao processo de conversão, devem ocorrer algumas mudanças comportamentais na vida do novo convertido. Desta forma, queremos destacar cinco destas mudanças:

1ª - Mudança de vida: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.16). 

 Jonathan Edwards, teólogo reformado do século XVIII, ficou conhecido como o “teólogo do avivamento”, afirmou que: “A prática cristã é a melhor evidência de que um religioso professo é um verdadeiro cristão”.

Ele quis dizer com isso, que o comportamento transformado é a prova incontestável da obra de Deus em nossa vida. Portanto, pode-se concluir que Deus nos chama, separa, capacita e nos envia ao mundo para que, em santidade, proclamemos o seu Evangelho.

       Santidade aqui, entre outras coisas, seria a busca desejada pelos puritanos ingleses de que a santificação só poderia ser produzida de duas formas: a) pela ação do Espírito Santo na vida dos cristãos; b) e que não podemos negligenciar os recursos que Deus tem disponibilizado para nossa santificação, quais sejam, a Palavra de Deus e a Oração.

 2ª - Busca constante em/por Deus: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29.13)

 A nossa conversão tem como propósito primeiro, que glorifiquemos a Deus e, também, que venhamos a desfrutar de uma profunda comunhão (relacionamento) com Ele. No Livro de 2 Coríntios, capítulo 3:18 (texto abaixo), destaca que nossa transformação ocorre na medida em que contemplamos a Glória do Senhor manifestada em Cristo. Desta forma, ao lançarmos nossos olhares sobre Cristo e passarmos a confiar N’Ele, e nos submetermos as suas ordenanças, somos transformados.

 2 Co 3:18. “e todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o espírito”.

Esta busca deve ser constante, devemos ter fome e sede de sua presença. Tudo isso pelo que Ele é, pelo que fez e pelo que Ele ainda fará. Deus há de completar a obra que iniciou em nós.

3ª - Ser membro de uma Igreja Cristã: “Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum...” (Atos 2.44).

 Quando nos convertemos a Cristo, temos que estar debaixo de uma cobertura espiritual. Esta cobertura espiritual aqui na terra foi delegada aos Pastores. Portanto, precisamos nos reunir a uma Assembleia que foi Instituída pelo próprio Deus - a sua Igreja Visível. O Salmo 122:1, enfatiza acerca dessa união entre os irmãos em Cristo.

Sl 122:1 “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor”. (grifo nosso)

A casa do Senhor aqui, entenda-se como um lugar onde o cristão desfruta, com toda a alegria, da intima presença do Senhor, da comunhão do Espírito e do Amor dos irmãos na Fé. Não podemos esquecer que somos imperfeitos e nos relacionaremos com pessoas imperfeitas, portanto, não existe Igreja Perfeita, mas, sim, uma disposição sincera para o crescimento espiritual.

 4ª - Ter uma vida frutífera: “Vos designei para que vades e deis frutos...” (João 15.16)

 A parábola da figueira infrutífera (estéril) é um bom exemplo para nos espelharmos. A frutificação por meio do cristão é um dos imperativos de sua chamada a conversão. Para a obra de Deus não existe desculpas apoiada na velhice, pois o Salmo 92:14-15, diz: “Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes, para anunciarem que o Senhor é  reto (...)”.            

5ª - Celebrar a esperança cristã: “Bem aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus” (Salmo 146.5).

 A vida cristã não te assegura isenção de problemas e sofrimentos, mas somos encorajados e convocados pela Palavra de Deus a celebrar a Esperança dos Santos. “Espera no Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor!” (Salmo 27:14).

 João Calvino disse a respeito da esperança: “Deus não frustra a esperança que Ele mesmo produz em nossas mentes através da sua Palavra, e (...)” Portanto irmãos, devemos como cristãos verdadeiros, esperar pelo Senhor todos os dias, pois se Ele  prometeu, Ele virá nos buscar.

  A.W.Tozer, pastor e escritor americano escreveu: “Neste mundo em que os homens se esquecem de nós, mudam de atitude para conosco conforme ditam seus interesses particulares, e modificam suas opiniões sobre nós pela mínima razão, não é uma fonte maravilhosa saber que o Deus com que nos associamos não muda? 

Conclusão

Existem pessoas que simplesmente se converteram ao Senhor, mas estacionaram no tempo, ou seja, paralisaram e não houve nenhuma progressão frutífera em sua vida cristã. Por certo, quando o nosso Senhor Voltar para buscar a sua Igreja, estas pessoas serão cobradas duramente pelo Senhor. 


Eduardo Veronese da Silva

Membro e Obreiro da As. de Deus - Ministério IX Marcas/Cariacica-ES