ESCRITO PELAS PROFESSORAS: LUCIANA ROSSI NASCIMENTO, NEIDE ROSSI E MARIA ZILDA BARBOSA

Através dos conhecimentos culturais trazidos pela criança, a escola promove interações significativas entre a arte e a educação e toma possível o interesse, a curiosidade, a criação e a expressão pessoal. De forma responsável oferecendo o acesso à sociedade, para que exerçam uma cidadania mais consciente, critica e participante.

O fazer artístico amplo, que requer mais do que a execução de um único trabalho, tem a visão que abrange a produção artística e os vários elementos da história e das vivencias pessoais.

Para que a criança tenha espontaneidade nas expressões artísticas no que tange as diferentes linguagens, com suas formas e normas, são necessárias inúmeras vivencias e emoções anteriores e estímulos externos. A situação geradora provoca um prazeroso caminho até sua configuração sensível, significativa e espontânea que é própria da criança.

O processo criativo e o desenvolvimento progressivo são ampliados de acordo com as experiências, os interesses e necessidades do grupo e sua identificação com os aspectos emocionais contidos nas obras que são advindo da experiência real e vivida.

“A imaginação, ou seja, a função criadora e combinatória depende de nossas experiências, sendo um dos impulsos básicos de conduta humana. Assim ela precisa ser nutrida por muitos e variados desafios. A educação e a arte têm ai um espaço de responsabilidade, na direção do desenvolvimento de uma sociedade mais consciente e mais humanizada.”

(De Camillis,2002) 

A criança pequena começa espontaneamente a exteriorizar suas experiências interindividuais graças aos diferentes meios de expressão que estão a sua disposição: desenho, modelagem, o simbolismo do jogo, a representação teatral, canto, dança, etc. A educação artística deve cultivar estes meios de expressão e encorajar as primeiras manifestações estéticas.

Segundo Piaget existe, de um lado, a realidade material ou social a qual a criança deve adaptar-se e que lhe impõe suas leis, regras e meios de expressão. E a essa realidade que se submetem os sentimentos sociais e morais, os pensamento conceitual ou socializado, com os meios coletivos de expressão constituídos pela linguagem, etc.

As primeiras manifestações espontâneas que se pode chamar de arte infantil, devem também ser vistas como síntese entre a expressão do eu e a submissão ao real. As crianças procura satisfazer seus desejos e adaptar-se ao objetivo e a outros sujeitos,

em certo sentido ela continua a se expressar, mas também ensaia inserir o que pensa e o que sente no mundo de realidades, objetivos e comunicáveis que constituem o universo material e social.

A educação artística deve ser antes de tudo, a educação da espontaneidade estética e da capacidade de criação cuja presença é manifestada na criança pequena.

A escola pode contribuir para esse desenvolvimento artístico deixando o aluno expor sua criatividade nas atividades propostas dentro das diferentes linguagens artísticas: dramatizações, danças, músicas, arte visual e até mesmo nos jogos e brincadeiras. Assim a criança exteriorizará sua aprendizagem de forma espontânea, desfrutando desses momentos de descoberta, de experiências e de expressão criativa.

A influência da mídia no desenvolvimento artístico infantil

 Em sua relação com  a arte a criança cria uma representação gráfica daquilo que está presente no seu cotidiano, dentro de sua cultura e assim com muito interesse e autonomia constroem sua visão de mundo. E a  mídia  direta ou indiretamente influencia no desenvolvimento artístico da criança, que busca a transformação das linguagens através da TV e de outras novidades tecnológicas de onde retira e reinterpreta na construção da cultura lúdica. Vendo, imaginando, falando, desenhando, elaborando hipóteses, brincando, a criança  a criança representa com diversas linguagens. O conhecimento de si, do outro e do mundo vivendo as conseqüências do confinamento cultural, experimentando os limites e as possibilidades da cultura das ruas, navegando pelos espaços da sibercultura  as crianças vão construindo novas sensibilidades e novas formas da sociabilidade.          
            Segundo o referencial curricular para a educação infantil, as histórias as imagens ou os fatos do cotidiano podem ampliar a possibilidade de as crianças escolherem temas para trabalhar expressivamente. Tais intervenções educativas devem ser feitas com o objetivo de ampliar o repertório e a linguagem pessoal das crianças e enriquecer seus trabalhos. Os temas e as intervenções podem ser um recurso interessante desde que sejam observados seus objetivos e função no desenvolvimento do percurso de criação pessoal do aluno.
            O processo de ensino visa uma aprendizagem significativa, com a qualidade de um envolvimento pessoal a criança é vista como um todo nesse processo, tanto sob o aspecto sensível quanto sob o aspecto cognitivo – o processo não pode ser estático – O professor ensina e o aluno aprende, deve ser dinâmico. Enquanto ensina o professor também aprende,  o aluno também ensina. É muito importante que alunos e professores se relacionem como pessoas.       
             Na verdade, nesse contexto é que poderíamos dizer que as crianças são inovadoras na produção de suas culturas e esse processo só ocorre quando usamos os recursos tecnológicos para uma mediação escolar intencional onde possam participar na sociedade com possibilidades de explorar sua própria identidade e seu investimento afetivo sobre as mídias.
            Atualmente o desenvolvimento tecnológico aplicado  às comunicações vem modificando consideravelmente as referências musicais das sociedades pela possibilidade de uma escuta simultânea de toda produção mundial por meio de discos, fitas, revistas, computadores, jogos eletrônicos, cinema, publicidade etc. Essa diversidade de supores permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade e então poderá fazer uma avaliação da qualidade das próprias produções e as dos outros e assim dar um novo significado para a linguagem musical.  
            A escola pode ter um papel importantíssimo na garantia da igualdade de acesso a esses bens inclusive através da mídia-educação, ao reaproximar a escola de alguns desafios da sociedade contemporânea. Assistir um vídeo ou filme com amigos, rir, imaginar, brincar e interagir com jogos em alguns casos aprender e conhecer, certamente ajuda a criança a se alfabetizarem nas múltiplas linguagens. Prevalecendo as dimensões informativas e cognitivas dos filmes. O professor deverá apresentar aos seus alunos produções culturais criteriosas e relevantes, pois a maioria das crianças tem acesso ao cinema pelo consumo de filmes pela TV ou pelo vídeo, isso reforça a importância das mediações culturais da família e da escola.
            Através da apreciação de diversas mídias como: vídeos, cinema, documentários, outdoors, livros, revistas, fitas, CDs e até cenários, a escola poderá desenvolver a auto-expressão e produção contextualizadas com as vivências. Aprendemos com as crianças que sala de aula é lugar de boas conversas, de boa música, de movimentos, expressão corporal e de múltiplas descobertas. E o papel do educador é costurar possibilidades de aprendizado com todo repertório que as diversas mídias e suportes oferecem para ser usados no cotidiano escolar. Tal qual uma colcha de retalhos, juntando fragmentos que construíram a história do grupo de forma uniforme, porém com suas particularidades.