A contemplação de uma conduta destrutiva; uma conjugação filosófica para a “saudação” das “traições humanas”.

 

Toda vez que penso em você

Eu sinto passar por mim um raio de tristeza

Não é um problema meu mas é um problema que achei

Vivendo uma vida que não posso deixar para trás

Não faz sentido em me dizer

"A sabedoria de um tolo não vai te libertar"

Mas é assim que as coisas são

E é o que ninguém sabe

E a cada dia minha confusão cresce

(Bizarre Love Triangle – New Order).

 

 

Lights out - We live in a world

of darkness.

No doubt - Everything's up for sale.

We sleep - All of the world is burning.

We pray - To god for a better deal.

Nothing is sacred - Back then or now.

Everything's wasted...

Is that all there is?

Can I go now?

  (Judas by my guide – Iron Maiden)

 

 

 

 

 

 

É notório para alguns cientistas que a traição é algo intimo nos limiares de conduta dos seres humanos.
         Somos traídos, constantemente, por nossos, sentimentos, ideais, pensamentos, pessoas, sociedade, família.
         Mas e aqueles, que não tem o direito nem de serem traídos?

Platão dizia, que “a traição é um princípio de integridade”, pois por mais banalizada que ela seja, a “fidelidade” é uma invenção “dos homens para que seus desejos fossem reprimidos”.  
         Se até o filho de Deus foi traído, será que então vivemos em um mundo onde, para demonstrar atenção e afeto para nossos semelhantes é necessário um toque de sarcasmo e malícia sempre com o objetivo de se aproveitar para algum beneplácito de satisfação própria, ou de alguma coisa em especial?

Deter-se preso a tratados, acordos, que promovam a discriminação como o “Apartheid” na África do Sul, separando brancos e negros, revestidos de estandartes classicistas e discriminatória para a sublevação da raça branca?                                                  

 Ser fiel ao Imperador César, e colocar o “Messias” pregado em uma cruz, sendo assim, faria lógica prosseguir com dito popular, “a voz do povo é a voz de Deus”?

Ir ao lado do que maioria pensa, só pra não ficar isolado? Será que o próprio isolamento não seria uma traição a si próprio?

         Seria enfadonho enunciar a flagelação da “fidelidade” de forma completa, sendo somente uma força motriz de utopias para uma rentável solidez de embrutecimento das relações humanas detidas no universo dos sonhos, em pró de uma afetividade consistente e sincera.

         É evidente, que “a traição”, vindo a constituir como uma característica psicológica ou neurofisiológica está intrinsecamente ligada há uma convergência de condutas, ao qual o “indivíduo” que não delinear-se em seus vértices de incredulidade, estará alicerçado a uma conjectura de sensações de coletividade e intimidade argüidas ao esquecimento, profetizando um perjúrio de vim a ser laureado com o grotesco emblema de chacota em relação ao mundo ao qual estão inseridos.

         Vejamos que no resplandecer da “história do homo-sapiens” transcorreram, falácias de promessas de benfeitorias de aspectos pluralísticos (sufrágio universal, liberdade de expressão e imprensa, igualdade para todos...) que antagonicamente vieram a usurpar preceitos atrelados ao bom-senso da “maiêutica”, como no caso do Nazismo, eleito pelo voto livre, ou no Brasil como um bom exemplo de “traição política” está esmiuçado na imagem de Getúlio Vargas, desestruturado emocionalmente e politicamente pelos inescrupulosos interesses do capital estrangeiro, vendo seu racionalismo minguar paulatinamente perante um maçante arregimento de abertura do Brasil aos capitalistas estrangeiros, contaminando seus anseios nacionalistas, indo mais aquém na longevidade da histórica, o triângulo amoroso formado pelos generais romanos Júlio César e Marco Antônio, ardilosos de libido em relação à rainha Cleópatra do Egito.

         Não obstante, qual seria a porvir os limites entre uma “traição” de pleitos calientes de insaciabilidade de ambição e desejo, defronte a subsídios angariados pela rebeldia contra “status quo” do momento “agoráfobo” junto ao escárnio de busca por uma liberdade mais ampla?

         “Fausto” em sua aflição de esgarçar uma fronteira sem limites em sua argúcia de fraternizar um saber total viu-se ludibriado por “Mefistófeles”, Shakespeare em sua dramaturgia, exasperou que a “traição” se sujeita há um entrelaçamento de caprichos desarmoniosos do inconsciente humano, escamoteando uma tutela vivencial de materialismo realístico, arquitetando sua função existencial em proporcionar como virtude, somente aquilo que olhos vêem e o que o coração capta.

         “Ser ou não ser eis a questão”? Parodiando, ser “ser fiel ou infiel, eis a regra”?

         A fidelidade está incrustada em artifícios de acumulação de capital entre corporações multinacionais, enraizadas em relacionamentos de vassalagem durante o período do Feudalismo, nos juramentos de lealdade sanguinários de pseudo-crenças obstinadas ao fatalismo, esquartejando a “criticidade” de uma boa parcela de seus adeptos, prometendo um “oásis” de realizações espirituais, embelezados no “terror” ideológico de seus plantéis discursivos, gerando uma “Khôra” assimetricamente de aniquilação do pensamento questionador enjaulando as gêneses de admissão do “outro”.

         A mácula, “cada um por si e Deus contra todos”, classificando que a concepção do “divino” seria um “joguete” de aspiração as premissas de um verborrágico conglomerado de palavras propedêuticas, sendo um instrumental teórico para a elaboração de cabrestos mentais, tomando auspícios de rotatividade de fanatismo, não estaria se municiando de maquiavélicas engrenagens de repudiação da subjetividade?

         A ciência, em seu cambaleante prognóstico “positivista” ambivalente aos mantos de intelectualidade polivalente, estaria consubstanciando-se em gerar a destruição da “ética”, em pró do progresso tecnológico?

          A traição é algo a ser combatido? Ou aceitado?

         Para aqueles que saúdam os notórios lampejos de banalização do bem, estando centrados aos lastros de um moralismo “luliano”, (referência ao filósofo espanhol Raimundo Lúlio, do século XIII-XIV e as suas postergações acerca de moral e responsabilidade), “irrisórios” no propósito de acarretar subterfúgios de locomoção “teleológicos”, com resquícios salvíficos de proto-condutas impudicas de aprendizado consciente, seria isso a idealização de um “Brave New Word”, encabeçado pelo paradoxo sacrifico da ética em uma sortida asseguração do divertimento sem limites?

         O conhecimento não tem a capacidade de absorver ”congenitamente” as mazelas da “caverna-platoniana”, oxalá conclama uma possível construção de um “futurismo de informação”, não se livrando fartamente de eminentes predicados de alienação, estando rusticamente ligado a um estrondoso gigantismo de indiferença, triturando a gestação do “parto das idéias” de Sócrates, arremessando ao ostracismo cognitivo boa parcela das pessoas no cotidiano de suas vidas, dentro de um contexto sócio-cultural global e multiculturalista, semeando um cancro irascível de tecnicismo e condicionamento psíquico.

         Esqueça a ilusão, que a “contestação intelectual” sanaria o devaneio de uma “episterme” de ordem elitista, levando massas de espoliados para um porto de águas calmas de ascensão e reparação econômica e humanística.

         Os “rebentos da traição” detêm várias facetas de identidade, e no seu traçado de maniqueísmo de racionalidade abastecidos de ornados malignos, orquestra uma regência de espaços psicossociais de digladiação metamórficas de “inconscientes coletivos”, sabatinados pelo atavismo de extermínio da capacidade do “ser” em aprender e conhecer.

         Desde a “justa traição” dos amotinados do “Potemkin” de Eisentein, aos sórdidos jogos sexuais de Calígula, como uma “rebelião cíclica” como fuga para sua burocrática realidade, e para seus tediosos e macabros desejos tornando-se um personagem histórico distinto em promover a “excentricidade” em consonância com suas necessidades carnais, emplacando a “sodomização” como lazer para os membros de sua governadoria, a estigma de fidelidade plena a alguém, ou há um sistema ou ordem concebida, ofuscou-se em uma disseminação de estilos lúgubres de não-conformidade com o momento apriorístico ao qual se vive.

         Dissimulando felonias ideológicas, com o direito de livro-arbítrio e autodeterminação dos povos, as revoltas populares contra abusos cometidos pela política de alguns governantes arbitrários a democracia, quedaram-se notórias com as ondas de conflitos no mundo islâmico em 2011 com a chamada Primavera Árabe, sendo reluzente em algumas abjeções para uma desordem epistemológica de clareamento de sentença de univocidade em postular uma separação entre balburdia e apelos por melhores condições de dignidade.

         Freud coloca o arcabouço do desejo tridimensional da “Traição”, como sendo um “valor” universal para o gambito de uma aglutinação nostálgica de feixes para a concepção de uma sexualidade profícua, não descartando sucintamente um “gozo” de ironia que o matrimônio estaria fadado há um “contratualismo” de obediência laboriosa de sexualismo afetivo, tendo como base a necessidade possessão “plena” de seus cônjuges.

         Também rechaçou que estados de histeria, estariam concatenados com a superabundância da monogamia e de uma fidelidade conjugal forçada por dogmas ecumênicos desenhando espaços de vivência entre os corpos como uma institucionalização burocrática do prazer, (a masturbação pode ser classificada a certos lampejos de análise de aclamação, comportamentalista de além-mar do erotismo e fantasias voluptuosas).

         Necessidade de novas experiências ou banalização dos costumes? Natureza humana ou monstruosidade de caráter?

         A “traição” é uma tangente de irrefreada vitalidade, para as justificações de alaridos estruturais inebriantes, de vilanias de integridade e moral.

O corpo e a mente como exalta Epicuro, estão em direções contrárias, o prazer extirpado, produz esferas doentias de mutualismo de conscientização ofegantes de clareza de intelecto, como em franqueza de relacionamentos, sendo o báculo da hipocrisia estética do capitalismo, atingindo por promover uma prenhez
de regras sociais, que emparedam a prática de hedonismo solidário, sendo que aquele que ousa desatinar-se ao jugo dos alucinamentos da carne sem precedentes, venham a serem ungidos como monstruosos realizadores de atributos de caráter de hombridade em um “ethos” de convulsão segregacionista de relacionamentos humanos.

         Estaria a “Paidéia Global”, delongando-se em engatilhar arestas para o provimento da “Traição” como um componente “natural” assim como o caminhar e falar, trilhando um “blecaute” de ensejos de benevolência libertada de segundos interesses?

         Diante do olhar clínico discrepante e injurioso, das glebas emperradas em arquejantes partículas de totalitarização de mentes desarticuladas de opiniões próprias pelo escuso e astucioso advento da pós-modernidade, não seria estranho que a “traição”, viesse a se tornar uma matéria a constar nos currículos das grades escolares.

         “Judas be my guide.. or “Judas is our guide”. (parodiando o título de uma música da banda inglesa heavy metal Iron Maiden).