A Contação de Histórias: uma prática eficaz na formação do leitor

A ideia de desenvolver esse tema surgiu a partir de um projeto desenvolvido durante a disciplina de Estágio Supervisionado I do Curso de Letras, intitulado Hora do Conto. A partir desse trabalho, pudemos perceber como realmente as crianças se envolvem com o texto e com as histórias, quando são convidadas a ouvi-las. Dessa experiência, surgiu o interesse em pesquisar um pouco mais sobre o assunto. Com isso, logo percebemos que, por incrível que pareça, não há uma vasta bibliografia sobre o tema. Há pouca referência teórica, isto significa que, embora o assunto seja muito discutido, ainda são poucas as obras produzidas sobre o tema.

Mas uma coisa é certa: é impossível não relacionar o tema contação de histórias às questões ligadas à leitura já que, como é sabida, a criança que ouve histórias, certamente tornar-se-á alguém que gosta de ler e contar histórias. Sobre leitura, entretanto, sabemos que há uma vasta literatura nesse campo pois, no Brasil, há décadas, vem se estudando sobre a formação do leitor, discutindo-se sobre a importância do ato de ler, o fracasso no ensino da leitura, dentre outros aspectos relacionados ao tema.

Tal preocupação se dá pelo fato de como está e, de certa forma, sempre esteve a leitura no Brasil. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil realizada pelo instituto Pró-livro em 2010, houve um aumento dos índices de leitura de 150% nos últimos dez anos. Passou de 1,8 livros por ano em média, para 4,7. Mas esse índice ainda é pequeno comparado ao de países mais desenvolvidos como a França, uma vez que lá, por exemplo, os franceses leem cerca de sete a dez livros ao ano, segundo dados da Unesco. Isso também se deve ao fato do preço acessível das obras francesas que custam cerca de três Euros na França; menos até que um café na Cidade Luz. A principal indústria cultural francesa é a leitura.

O Brasil ainda não reconhece “a questão do livro e da leitura como algo realmente importante e estratégico para seu presente e, sobretudo, para construir outro tipo de futuro”, como aponta Jorge Yunes, presidente do Instituto Pró-Livro.

Para Garbelini (2009), entretanto, se de um lado há pesquisas como essas que já vêm apontando certo avanço no campo da leitura, por outro lado, há os resultados das avaliações oficiais que não são nenhum pouco animadores.

 

O balanço do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) mostra que os estudantes do 3º ano do ensino médio tiveram em 2005 - o último ano avaliado - o pior desempenho desde 1995. Em 1995, os estudantes obtiveram índice de proficiência 290 em português e 281 em matemática. A escala vai de zero a 500. Em 2005 os índices chegaram a 257,6 (português) e 271,3 (matemática). São os piores da série nas duas disciplinas. (notícias.uol.com.br/educação)

 

A leitura é colocada, na maioria das vezes, como a grande vilã para justificar tamanho fracasso. “É que os alunos não sabem interpretar o que leem”, dizem.

 

Dessa forma, o trabalho desenvolvido com a leitura nas escolas repercute negativamente na mídia, na sociedade e, principalmente, entre os professores de Língua Portuguesa que acabam sentindo-se como os únicos e principais responsáveis pela situação constrangedora. (GARBELINI, p.4, 2009)

 

Esse fato leva-nos a buscar novas alternativas metodológicas que contribuam para com a melhoria do trabalho com a leitura nas salas de aulas: a contação de histórias pode ser uma alternativa para formar leitores realmente competentes e que vejam o ato de ler como uma ação lúdica, prazerosa e não como um castigo e tortura.

Dessa forma, o grande desafio ainda é a formação de leitores. Sendo assim, o tema pesquisado decorre da questão de como contar histórias pode contribuir para a formação do futuro leitor, uma vez que, ao ouvir as histórias, a criança pode passar a interessar-se pela leitura e, assim, o prazer de ler tornar-se-ia mais constante em nosso meio.

Não há dúvidas de que incentivar as pessoas através de histórias contadas é essencial para a formação de novos leitores, porém, é necessário que a escola, sendo a principal influência em relação à leitura, procure demonstrar esta prática aos alunos, e não obrigá-los a ler, caso contrário, em vez de incentivar a leitura, estará desestimulando-a. Também cabe à família contar histórias, sabendo que esta tem um papel fundamental em toda educação.

Este trabalho, portanto, objetiva detalhar a importância da contação de histórias para o desenvolvimento de novos leitores competentes e compreensivos, oportunizando-os a vivenciar experiências de leitura, de forma atraente e agradável, e, assim, expandir conhecimentos e ajudar na construção de cidadãos críticos e produtivos.

Compõem este trabalho, três capítulos sendo que o primeiro procurará tecer um resgate histórico sobre o ato de contar histórias. Num segundo momento, detalharemos a importância do contar histórias para a formação do leitor enfocando os papéis da família e da escola nesse processo e, por fim, daremos sugestões e dicas de como tornar-se um bom contador de histórias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1 A Contação de histórias ao longo da História

 

Era uma vez... um hábito milenar: o de contar histórias.

Diz-se que esse costume remonta aos primórdios da humanidade quando ainda não havia a escrita e os materiais que pudessem manter e circular os registros históricos, e na atualidade própria das classes iletradas, a tradição oral era a única forma de comunicação. Nesse sentido, “contar histórias é um meio de comunicação ancestral”. (SISTO, 2005, p.28)

Essa prática, no entanto, foi intensificada na Grécia Antiga e no Império

Árabe – por meio das famosas histórias presentes na obra “As mil e uma noites”, contadas por Sherazade.

 

E podemos ainda pensar nos aedos, bardos, rapsodos, jograis, trovadores, saltimbancos, menestréis, bufões, que de diversas formas contavam histórias e difundiam obras, E o que dizer de um dos livros mais antigos – a Bíblia- que fala também por intermédio de histórias? E como esquecer os contadores de histórias das sociedades tribais primitivas, em seus papéis de transmissores da história e do conhecimento acumulado por gerações, em crenças, mitos, costumes e valores preserváveis pela comunidade? (SISTO, 2005, p.28)

De acordo com Sisto (2005), Platão já se referia à importância dos contos para o desenvolvimento da pessoa: “primeiro os contos, depois a ginástica, para a educação ética das crianças gregas.” O mesmo autor cita Aristóteles para quem “ouvir uma boa história é também experimentar um efeito catártico”.

 

Quando se conta uma história, começa-se a abrir espaço para o pensamento mágico. A palavra, com seu poder de evocar imagens vai instaurando uma ordem  mágico- poética, que resulta do gesto  sonoro e do gesto corporal, embalados por uma emissão emocional, capaz  de levar o ouvinte a uma suspensão temporal. (SISTO, 2005, p.28)

 

 

Segundo Caruso (2011) os textos de tradição oral são histórias contadas em voz alta por um narrador a um grupo de ouvintes. Essa é uma tradição que data da pré história.  Até hoje, nas tribos primitivas da África, da Austrália ou mesmo do Brasil escutar um narrador contando histórias ainda é um costume comum.

A importância social da narrativa oral, cujas finalidades variam de acordo com as circunstâncias, gerou muitas maneiras de contar uma história. Isso criou vários gêneros de narrativas como o conto (popular, maravilhoso, de fadas), as fábulas, os apólogos, as parábolas, as lendas e os mitos. (CARUSO, 2011)

 

Para Caruso (2011) por meio dessa diversidade de narrativas entra-se em contato com ideias que já fazem parte do patrimônio cultural da humanidade. O advento da escrita ajudou a preservar as narrativas da tradição oral, desde as mais remotas, como as do Antigo Egito e da Mesopotâmia, até as mais recentes, como os contos de fadas.

Foi no séc. XVIII, na Alemanha, que teve início a preocupação com o conhecimento científico das narrativas populares (maravilhosas, jocosas, míticas, lendárias, etc., etc.) que vinham sendo transmitidas oralmente de geração para geração. Os primeiros estudos dessa matéria narrativa, recolhida da memória do povo, se deveram ao arqueólogo Winckelmann (1717-1768) e aos filósofos Herder (1744-1803) e Hartmann (1842-1906). Todos eles, por diferentes caminhos, buscavam na literatura primitiva dos mitos, lendas e sagas germânicas, guardadas pela memória popular, encontrar as bases para uma filosofia da história da humanidade. (CARUSO, 2011)

Divulga-se, entre os estudiosos, a consciência de que as narrativas maravilhosas (que eram contadas ”ao pé do fogo” durante os longos dias de inverno, enquanto as mulheres fiavam), muito mais do que mero entretenimento, eram um meio extremamente eficaz para a transmissão dos valores de bases dos grupos sociais. A literatura oral (sob a forma de contos de fadas, sagas, lendas, contos, etc.), foi, inclusive, chamada de “filosofia da roda de fiar” (rocken philosofie).

Segundo Herder (apud, Caruso, 2011) tais narrativas (de tradição oral e que constituíam o foclore de cada povo) continham, sob formas simbólicas, reminiscências de antigas crenças (“sabedoria” ou “fé”) que há muito estavam enterradas e completamente ignoradas pelos novos tempos. No início do séc. XIX, com eclosão dos estudos filológicos e linguísticos comparativos, intensifica-se o interesse pela literatura oral, folclórica e tem início a procura sistemática de textos antigos e de testemunhas orais que pudessem fornecer novo material para a pesquisa. Foi ainda na Alemanha que (devido principalmente ao trabalho dos filólogos Wilhelm e Jacob Grimm) essa busca, organizada e perseverante, alcançou sua maior amplitude e prestígio.

A difícil procura e fixação dos textos utilizou-se das fontes vivas da Tradição Popular: as cantigas e estórias repetidas pelas crianças, - consideradas “verdadeiro ponto de transição entre a alma popular e a inteligência culta” e gravada pela memória dos velhos, - homens e mulheres do povo, que sempre foram os grandes agentes de conservação e transmissão das tradições herdadas.

Com essa recuperação da memória ancestral, uma grande descoberta é feita: apesar da diversidade de suas regiões de origem e das enormes diferenças de cultura entre os povos que as criaram, essas várias narrativas primitivas, transmitidas oralmente através dos séculos, apresentavam enormes semelhanças de motivos, argumentos, tipos de personagens, tipos de metamorfoses, etc., etc. Semelhanças essa que só poderiam ser explicadas pela existência de uma fonte comum (que as pesquisas acabaram por localizar na Índia antes de Cristo).

Foi, pois, esse gigantesco trabalho de recuperação das fontes vivas de cada nação (representadas pelas narrativas orais e folclóricas e textos novelescos arcaicos) que revelou aos homens o fantástico caudal de narrativas que, a partir de uma fonte-mãe (as narrativas indianas em sânscrito), foram sendo tecidas, desmanchadas e novamente tecidas com mil outros fios, como uma fabulosa tapeçaria de Penélope que, impregnada de maravilhoso, recobre todos os povos da terra.

Para Caruso (2011) alguns dos mais importantes pesquisadores dos contos da tradição oral universal foram o francês Charles Perrault (1628-1703), que recolheu várias histórias ainda muito conhecidas, como "Cinderela" e "O Pequeno Polegar", entre outras. Os alemães Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859), que ficaram conhecidos como os Irmãos Grimm, dedicaram grande parte de suas vidas a recolher histórias contadas oralmente por pessoas comuns.

Além de escreverem as histórias, os dois estudiosos também registravam o modo como eram faladas, isto é, a linguagem popular de seu país. Finalmente, pode-se citar o dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875) que registrou muitas histórias da tradição oral de seu país. Seus contos, como "A Menina dos Fósforos" ou "A Pequena Sereia" também continuam a fazer sucesso ainda nos dias de hoje.

No Brasil, Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) foi um dos mais importantes pesquisadores da nossa cultura popular brasileira. Autor do "Dicionário do Folclore Brasileiro" registrou diversas narrativas populares, imortalizando personagens como o Saci, a Mula-sem-cabeça e o Curupira.

 

 

1.1  Histórias que o povo conta

Segundo Caruso (2011) o adjetivo popular significa, segundo o dicionário Houaiss, "relativo ou pertencente ao povo, especialmente à gente comum". O conto popular, portanto, é uma narrativa de tradição oral que não possui um autor específico, é anônimo, criado em local e época ignorados, e passado através de gerações. Ainda de acordo com a autora, por ser constantemente recontado, sofre modificações ao longo do tempo. É comum nessas narrativas a criação de personagens típicos da região na qual a história se originou. É um dos mais antigos gêneros da tradição oral, uma manifestação cultural que surge de modo espontâneo e não tem um compromisso com a cultura formal.

O conto popular possui uma riqueza expressiva e imagética e tende a ser universal, isto é, possui simbolismo e uma estrutura narrativa que é facilmente reconhecida e admirada pela maioria das pessoas, sejam adultas ou crianças, pessoas alfabetizadas ou não-alfabetizadas, gente instruída ou pessoas sem acesso à cultura formal, isto é, à escola. (Caruso, 2011)

Apesar de nascer do imaginário do homem simples e não ter uma vinculação com regras e normas, o conto popular possui particularidades em sua forma de composição. Por exemplo, em geral, os personagens são pessoas simples que, após muitas aventuras, conseguem vencer na vida, por assim dizer. Nestes contos, em geral apresentam-se muitos enigmas e desafios que exigem dos personagens inteligência e esperteza.

 

 

1.2 Contos Maravilhosos

É fantástico e "maravilhoso" algo sobrenatural, que nos surpreende, encanta e fascina. O conto maravilhoso é aquele que procura tornar concretas e verossímeis histórias cujo caráter derivam para o devaneio e a fantasia.

Para Caruso (2011), nestas narrativas, que se passam num tempo que não é real nem especificamente determinado, tudo pode acontecer. Os espaços onde elas ocorrem, em geral, são misteriosos e sombrios, como grutas e florestas. Os personagens principais passam por conflitos e são auxiliados por seres sobrenaturais, com poderes e capacidades extraordinárias.

Para Barbosa (2009) os contos de fadas mantêm uma estrutura fixa. Parte de um problema vinculado a realidade ou não; (como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho), que desequilibra a tranqüilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de soluções, no plano da fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões, duendes etc.)

Outrossim, Bettelheim (2000, p. 62) afirma que:

.

A maior contribuição dos contos de fadas é em termos emocionais, propondo-se, e realizando concretamente quatro tarefas: fantasia, escape, recuperação e consolo, desenvolvendo a capacidade de fantasia infantil; fornece fugas necessárias falando aos medos internos da criança, às suas ansiedades e ódios, seja como vencer a rejeição (como em "João e Maria"), ou os conflitos edípicos com a mãe (como em "Branca de Neve"), ou a rivalidade com os irmãos (como em "Cinderela").

Os contos aliviam as pressões exercidas por esses problemas, favorecem a recuperação incutindo coragem, ânimo a criança, encorajando-a na luta por valores amadurecidos e a uma crença positiva na vida. Auxiliar uma criança a crescer, jamais quis dizer preservá-la de qualquer choque, nem pô-la ao abrigo de tal forma do real, mesmo que o real seja elaborado pelo espírito humano. Bettelheim sugere ainda que os contos auxiliam a criança crescer significando, ao contrário, dosar a abordagem de certas realidades, de certos problemas, tentar torná-la progressiva, proporcional às forças, a resistência da própria criança. (BARBOSA, 2009)

Nos contos maravilhosos a característica principal são as situações sobrenaturais e a presença de seres e objetos mágicos e encantados, Transformações, metamorfoses e ações extraordinárias de um modo geral podem acontecer a qualquer momento da história. (Caruso, 2011)

 

1.2.1 Contos de fadas

Há também um tipo de narrativa maravilhosa nas quais as transformações, em geral, são particularidades de determinados seres encantados, dotados de grandes poderes mágicos. Trata-se dos contos de fadas. As histórias desses contos, em geral, possuem personagens como príncipes, princesas, camponeses, entre outros, que são auxiliados pelas fadas, ou seus similares do sexo masculino, os magos, gênios etc.

De acordo com Caruso (2011) a palavra fada vem do latim fatum que significa destino. Estes seres encantados orientam ou modificam o destino das pessoas. Por serem muito generosos e terem poderes sobrenaturais, eles surgem na "vida" dos personagens nos momentos de grandes dificuldades, quando parece que é impossível superar os conflitos.

Nos contos de fadas, como em muitas narrativas literárias, existem episódios ou situações de equilíbrio e desequilíbrio que vão se modificando, de acordo com os acontecimentos que provocam a passagem de um estado para outro. O que prende a atenção do leitor são estas situações de conflitos e as soluções que vão acontecendo durante a narrativa.

 

 

 

 

 

 

 

2 A família e a escola no mesmo papel: contar histórias

 

2.1 A família: primeira contadora de histórias

O primeiro momento que a criança passa a ter contato com o texto oralmente, geralmente é pela voz dos pais. Não importa qual seja a primeira história contada. O importante é contar uma história, ler sempre. Levar a criança a buscar o imaginário, fazer com que ela tenha a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, e encontra ideias para solucionar problemas. Tudo pode nascer de um texto.

Contar histórias torna-se uma responsabilidade muito ampla, é a possibilidade de passar os amplos significados de um texto, fazer com que o ouvinte descubra os segredos do mundo imenso que todos vivemos. A história contada passa aos ouvintes sensações importantes, tais como: a tristeza, a raiva, o medo, a alegria, as emoções, e tantas outras mais. Faz com que viva intensamente aquele momento, sentir a historia, pensar sobre ela.

Através de uma história pode-se levar a criança a descobrir outros lugares, outro jeito de ser, de agir e de pensar. É obter conhecimentos sem estar procurando-os. Quando se conta uma história abre-se o espaço para um momento mágico e prazeroso entre a família;

Sisto nos mostra uma boa maneira de pensar sobre isto: “existem muitas maneiras de se chegar ao mundo. Existem algumas maneiras de conhecer o mundo. Mas não há como escapar: o mundo é uma grande história que se lê diariamente.” (SISTO, 2005, p.26)

As histórias contadas desenvolvem nas crianças o potencial critico, desperta o interesse de querer saber mais e mais..., e querer ouvir de novo a mesma história. Desperta a curiosidade de buscar informações e outras opiniões sobre o texto lido. Faz com que procurem outras historias do mesmo autor e também procurar conhecer outros autores.

 

2.2 A mudança que uma história faz em nossa vida

Quem já se sentiu triste, ao final de uma história contada sabe o poder que um livro tem. Uma história nos proporciona prazer, traz emoções e causa impactos relevantes. A partir de uma história que está sendo contada, passamos a nos imaginar como se fizéssemos parte dela, nos colocamos no papel da história, sentimos o que realmente está se passando naquele momento.

Uma história contada passa muito conhecimento até mesmo nos ajuda a entender o mundo, e a nós mesmos. Além de ampliar nossa capacidade de comunicação estimula nossa criatividade e aumenta nosso vocabulário. Uma boa história amplia no geral nosso conhecimento, além de ser envolvente e emotiva.

Inteiramente uma história da nossa vida, quem pratica a leitura está sempre adquirindo conhecimentos, quem sabe ler tem o poder, torna-se apto a se deparar com as barreiras existentes, mas conseguindo ainda vencê-las. Faz de um pensamento uma fonte de informações, e torna-os mais visíveis. No livro como incentivar o habito de leitura, Richard (1991) deixa clara a importância da leitura e o que ela nos proporciona:

 

A leitura favorece a remoção das barreiras educacionais de que tanto se fala, concedendo oportunidades mais justas de educação principalmente através da promoção do desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual, e aumenta a possibilidade de normalização da situação pessoal de um individuo. (RICHARD, 1991, p.11)

 

Os livros sempre foram os portadores do conhecimento de uma geração para outra, portanto sempre tiveram suma importância em nosso meio. O conhecimento deve ser contínuo, sempre ir à busca de informações novas. Todo bom leitor se torna um bom aprendiz, e este sempre estará à busca de novas sabedorias. Consequentemente, todo bom leitor, poderá ser um bom contador de histórias.

 

 

2.3 Incentivando a leitura x contação de histórias

Basta ouvir uma história para começar a procurar novas leituras. Segundo o Ministério da Educação (MEC), “a leitura é um ato precioso”.

Ler é um ato valioso para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. É uma forma de ter acesso a informações e, com elas buscar melhorias. Quem pratica a leitura desde cedo, já está se preparando para vida, obtém conhecimentos e proporciona maior facilidade para escrever.

Um grande passo para incentivar uma pessoa a ler, é lendo. Em um meio onde uma pessoa tem o hábito de leitura sempre, e acaba fazendo citações da obra lida para seus colegas, ela está ajudando voluntariamente o colega a ter gosto pela leitura, pois apenas de mencionar trechos de um livro, já está passando o desejo do outro a saber mais sobre o assunto. A partir do momento que a pessoa observa sua leitura, percebe seu entusiasmo, ela por si fica curiosa. Um simples demonstramento faz com que outro passe a procurar saber mais sobre a história.

Quando contar uma história não necessita contá-la por inteira, uma parte contada já estará despertando no ouvinte o desejo de saber o final. E assim procurando outras histórias desde seu inicio até o fim.

Certamente uma pessoa que está em um meio social onde as pessoas mantêm o hábito de leitura, virá a ler também. Richard nos traz isto de forma clara:

 

Os hábitos são mais bem incorporados se tem como base modelos de comportamento tirados do meio, “ideais” apresentados pelos pais, professores e, sobretudo, pelo grupo que o jovem freqüenta. O hábito é um dos resultados mais importantes da socialização. (RICHARD,1991, p.70.)

 

Para isto é necessário que o indivíduo sinta que vale a pena. Para este processo a escola é um ótimo meio, quem melhor que um professor para despertar em seus alunos o prazer da leitura.

 

 

2.4 A escola que conta histórias

Certamente não é assim em todos os casos, porém vale lembrar que a escola tem o papel fundamental para formação de leitores. O professor deve demonstrar interesses e necessidades sobre a leitura e assim benefícios levando a uma posição firme e permanente ao hábito. Tentar descobrir quais os interesses e motivação que eles apresentam em relação a leitura, refletindo de um modo de vista total.

A escola, muitas vezes, “falha” na hora de contar histórias para os alunos. Os professores acabam lendo de modo corrido, sem ter se preparado, sem planejamento e acabam estragando o que era para ser inesquecível para os alunos.

Um conto deveria ser contado em vez de ser lido. Quando lido deve haver entonação, provocando envolvimento emocional na história e nos ouvintes. O ato de ler nasce a partir do momento em que se ouvem histórias, portanto, não devemos falar do ato de contar histórias, sem falar do ato de ler. É lendo que nos tornamos leitores e é sabendo ler, que nos tornamos um contador de histórias.

Dessa forma, essa arte amplia o universo literário, desperta o interesse pela leitura e estimula a imaginação através da construção de imagens interiores. Narrar uma história será sempre um exercício de renovação da vida, um encontro com a possibilidade, com o imaginário e o desafio de, em todo tempo e em todas as circunstâncias de construir um final a maneira de cada leitor/ ouvinte

A contação de histórias age na formação da criança em várias áreas. Contribui no desenvolvimento intelectual, pois desperta o interesse pela leitura e estimula a imaginação por meio da construção de imagens interiores e dos universos da realidade e da ficção, dos cenários, personagens e ações que são narradas em cada história.

Outro ponto em que atua é no desenvolvimento comunicativo devido a sua provocação de oralidade que leva a criança a dialogar com seus colegas ouvintes e a (re)contar a história para seus amigos que não estavam presentes naquele momento. Com isso também é desenvolvida a interação sócio-cultural da criança ao proporcionar essa interação entre crianças e a criação de laços sociais e formação de gosto pela literatura e artes. A criança recebe influência até em seu desenvolvimento físico-motor, devido a manipulação do corpo e da voz de que faz uso ao ouvir e recontar as histórias.

As escolas devem promover a formação de seus professores das séries iniciais possibilitando o contato com conceitos e técnicas de formação para contadores de histórias para capacitá-los para a percepção e uso dos valores do texto, das múltiplas possibilidades de abordagem do texto literário, para vivenciarem o contar histórias associando à teoria e a prática a partir do acervo pessoal como a memória afetiva e as histórias da infância e assim promover a interação de suas interfaces com os demais textos, e posteriormente, divulgar a arte de contar histórias com seus diversos enfoques de leitura, (re)apresentação.e representação.

As histórias também desenvolvem uma função de construção de conhecimento social da realidade junto a formação de valores e conceitos, pois embora seja ficção, o texto literário tem o poder de revelar a realidade social e até desmascarar suas mentiras, de forma que “a ficção pode ser mais real que o que se quer real, e o real pode ser mais ficcional que o que se quer ficcional” (Roland Barthes).

Em uma sociedade tecnicista como a sociedade atual, contar e ouvir histórias é uma possibilidade libertária de aprendizagem e uma atividade de suma importância na construção do conhecimento e do desenvolvimento.

A leitura ocupa um lugar em grande destaque, na escola. Torna-se obrigação da escola passar para os alunos conhecimentos que ainda não fazem parte da formação deles. Ler para os alunos é fundamental, seja fatos que estejam acontecendo no momento ou ficção que pode chamar a atenção para a realidade. O importante é transmitir conhecimento e atrair a atenção deles para procurarem buscar tais conhecimentos por meio da leitura.

De acordo com Silva (1988, p. 02):

 

Se é relativamente fácil constatar a presença da leitura na escola, torna-se um pouco mais difícil discutir as condições concretas de produção da leitura, nesse contexto. Mais especificamente, a importância e a necessidade do ato de ler, para professores e alunos, são irrefutáveis, porém é necessário analisar criticamente as condições existentes e as formas pelas quais esse ato é conduzido no contexto escola.

 

É de fato muito importante ressaltar a leitura na escola. Mas torna-se difícil analisar de qual forma trabalhar os textos com os alunos, pois muitos leem por obrigação, não gostam de ler, pela forma como a leitura é cobrada.

Portanto, a contação de histórias torna-se para o aluno um ato de leitura prazerosa. Uma história contada de forma clara prende a atenção de todos. E, assim gera a curiosidade para buscarem eles próprios a leitura.

Não é necessário para a contação e histórias utilizar-se apenas de textos fictícios, pois é possível trabalhar fatos da realidade, acontecimentos históricos. O importante é saber contar bem o texto de forma clara, para que todos entendam aquilo que está sendo falado. Devemos levar o aluno à reflexão, a pensar de modo a fazer aquilo que é certo.

Infelizmente, na maioria das vezes não é trabalhada a leitura de forma clara com os alunos do ensino fundamental; esses são os que chegam ao ensino médio sem saber interpretar e escrever textos.

Assim comenta Silva (1988, p.06):

 

Tal fenômeno não ocorre ao acaso e nem por culpa dos estudantes - ele é uma decorrência da não – integração curricular entre as diferentes disciplinas oferecidas pela escola, que, além de desprezar as condições de produção da leitura por parte dos alunos (tempo, acesso aos textos, habilidades adquiridas,etc...), propõe uma “enxurrada de livros e/ou apostilas” para o encaminhamento das aulas.

 

Por outro lado, há professores que usam do meio pedagógico como unívocos de leituras realizadas. Fica claro que a busca de conhecimento deve ser intercedida pela leitura, porém, esse ato pedagógico vai exigir muito mais que isso.

Para se tornar um bom leitor é necessário saber das habilidades de produções de textos orais ou escritos. Assim, Ana Maria Ribeiro e Diana Maria Marchi deixam claro:

 

“... A leitura também fortalece especialmente as competências para a produção do texto escrito. Ela alarga a compreensão da língua e de seu potencial expressivo e favorece a incorporação de recursos da linguagem literária na própria produção, instrumentaliza para aquisição de um estilo singular e próprio de falar e escrever.” (RIBEIRO; MARCHI, 2009, p. 14)

 

Apenas o professor é capaz de adequar momentos que levem os alunos a desenvolverem as capacidades de leitura e escrita, afirmando reais ocasiões de aperfeiçoamento de conhecimentos e aprendizagens que aprecia o ler, levando à reflexão e uso critico.

Vale lembrar, contudo, que para se tornar um bom contador de histórias, é necessário ter um amplo conhecimento sobre leitura.

Ninguém nasce sabendo ler, aprende-se ler na medida em que se vive. Assim relata Marisa Lajolo:

 

Eu, por exemplo, creio firmemente na existência de tais seres, ou seja, acredito que disponho de leitores, que os tenho de diferentes tipos, e confesso que prefiro os mais visíveis, aqueles que efetivamente leem o que escrevo. (LAJOLO, 1994, p.34)

 

Não se pode falar que há uma maneira correta de se ler e o que tem que ser lido. Deve-se deixar os alunos livremente a procurar ler aquilo que os interessa. Assim toma-se gosto pela leitura. Um bom leitor sempre estará procurando novas fronteiras, novas leituras, novas descobertas. Estará se perguntando, concordando e refletindo em sua leitura.

Da mesma forma, ninguém nasce sabendo contar histórias, se aprende com o tempo e com a convivência entre os livros e as histórias contadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3 Como contar histórias

 

O ato de contar histórias requer obter práticas. Muitos julgam ser fácil contar histórias, porém estão enganados. São poucos os bons contadores de histórias.

A arte de contar histórias depende muito da expressão do contador, não requer nenhum material. Este por sua vez vem com as mãos livres. Concentra-se na força e expressão corporal. Sua voz deve haver entonação adequada, transmitindo a emoção de cada personagem. 

O bom contador não se preocupa com o papel, pois já sabe a história que irá contar em sua mente, sem nenhum problema.

Para contar uma história, é preciso saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas. Deve haver envolvimento com o texto, acompanhando seu ritmo. Quem conta deve criar o clima de envolvimento e encanto, saber dar as pausas, o tempo para o imaginário de cada criança construir sua imaginação. Há várias formas de contar histórias, irá depender da ideia de cada um. O contador que monta seu cenário, pode ser contada ou cantada, pode haver objetos e ilustrações. Pode ser contada da maneira que mais lhe agradar e do espaço fornecido, desde que todos fiquem a vontade e ouçam bem a história.

Quando for contar história deve fazer daquele momento, um momento especial, portanto é importante mudar o ambiente, deixando-o aconchegante e acolhedor, agradável para todos os ouvintes, para que todos entendam bem a história, fazendo um contato entre o contador e o ouvinte bem próximos.

Lembrando-se que para se tornar um bom contador de histórias, é essencial ter um amplo conhecimento sobre leitura. É fundamental conhecer as praticas de leitura, saber ler um texto e compreende-lo. Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para a compreensão do material lido, senão tudo que for lido será esquecido.

De uma forma geral, passamos por diferentes etapas até termos condições de aproveitamento do assunto lido. Essas etapas irão se acumulando e serão adquiridas informações uteis para serem usadas durante a vida, sempre estarão presentes em nossa história trazendo-nos conhecimentos.

Ler requer ter experiências, é preciso que haja um bom domínio da língua. Pode-se afirmar que uma leitura proveitosa, se da em nosso conhecimento de mundo. Conhecendo informações exteriores do texto além do conhecimento lingüístico. É o conhecimento de mundo que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que se lê.

Conhecendo então a leitura, fica mais compreensível saber como contar histórias. Eis aqui sugestões de como contar histórias, segundo Marilus Valadão Vieira, 1988.

1)    Nunca conte uma história que não interessa ao nível da classe;

2)    É muito importante que as crianças estejam fisicamente bem próximas ao evangelizador, se possível, dispostas em semi-círculo, para sentirem-se próximas mentalmente;

3)    Nunca quebrar a narração para fazer comentários (mesmo ligados à história) nem mesmo para chamar a atenção de alguma criança;

4)    Conhecer bem a estória a ser narrada. O professor que ler a história pouco antes da aula não está apto a narrá-la;

5)    Planejar a apresentação da história antes de contá-la, treinando antes a seqüência dos fatos, ligando-os à apresentação das gravuras ou cartazes a serem utilizados durante a narrativa;

6)    Verificar se a história contém passagens que necessitem de anterior explicação. Caso exista, simplificar ao máximo, passando à sua necessária explicação;

7)    Verificar se a história ainda não é de conhecimento das crianças. O prévio conhecimento diminuiria muito o interesse;

8)    Não ponha ênfase em pormenores sem importância. Além de cansar, tiraria o valor das partes principais;

9)    Contar com naturalidade, usando uma linguagem, usando uma linguagem simples e correta. A linguagem deve estar à altura do entendimento das crianças;

10)  Modular a voz, encarando os ouvintes, sem fixar-se em nenhum;

11)  Nunca interrompa a narrativa, e conte a história com velocidade crescente;

12)  Verificar se as crianças estão bem acomodadas. Acúmulo de crianças tende a quebrar o interesse;

13)  Fale sempre em tom agradável, nem depressa e nem devagar;

14)  Evite comentários inúteis, pois cansam a  criança;

15)  Evite balbuciência (hesitação e timidez);

16)  Evite tartareio: Trocar "tá" por está; "né" por não é; "ocê" por você;

17)  Evite cacoetes: Dizer sempre ao fim da frase... Não é? Certo? Entende? Compreende? Aliás... etc.

 

Há também as etapas que devem ser seguidas para saber contar histórias:

1)    Incentivo Inicial: Nunca entremos diretamente no início da história. Através de conversações, gravuras, vários tipos de material didático, perguntas e outros recursos, aguçamos a curiosidade e o interesse da criança com relação a ouvir e conhecer a história.;

2)    Apresentação de Expressões e passagens desconhecidas das crianças: Devem ser explicadas anteriormente, a fim de que não haja incompreensão durante a narração;

3)    Apresentação da história: Ao ouvir, as crianças devem estar em semi-círculo, se possível;

4)    Comentário da história: Marcar bem a passagem principal, passando a fixar o objetivo da história, relativo ao tema;

5)    Atividades de desenvolvimento: Perguntas individuais, gerias, reprodução da história e avaliação do aprendido. Pode-se aqui apresentar ainda a respeito do tema: dramatização, desenho, coro falado (jogral), canções e composições de outras histórias referentes ao tema.

 

 

 

Por fim as características do bom contador de histórias:

a)    Conhecer o enredo seguramente, evitando quebras de atenção e desconfiança por parte das crianças;

b)    Confiar em si mesmo, preparando convenientemente;

c)    Não ser afetado, narrar com toda naturalidade;

d)    Não ter gestos bruscos, movimentando-se tranquilamente;

e)    Evitar tiques, estribilhos e cacoetes a fim de não distrair a atenção dos pequenos;

f)      Atender a todos com igualdade;

g)    Tom de voz agradável e não cansativa;

h)   Sentir o que conta, permanecendo atento aos fatos.

(Fonte: Ev. Infantil Volume 1 - Mariluz Valadão Vieira - Editora Aliança - 1988)

 

Mesmo sendo difícil de perceber a contação de histórias está por toda parte, de uma forma simples e diferente. Na praça, na televisão, nas rádios, nos clubes. Por toda parte, onde estamos ouvimos histórias, passou a ser um papel de toda sociedade e não apenas dos professores e da escola.

Mas para as histórias serem significativas terem importância em nossa vida, deve haver entusiasmo, deve ter um momento apropriado. E um jeito correto de ser contada. Sisto nos traz isto de forma simples e clara:

 

Com todo esse fisson veio também a necessidade de atentar para a qualidade do que se tem chamado de “ Hora do Conto” ou “Sessão de Contos” – qualidade de quem conta e do que se conta. Num olhar de relance, pode-se perceber alguns atos prematuros, desde a escolha das histórias até o tempo de preparação. Num olhar mais minucioso, pode-se descobrir que contar histórias não é uma tarefa fácil. É preciso técnica, muita técnica, decorrente da experiência, para não fazer da história narrada outra coisa diferente o que se propõe. As regras não são fixas, mas a transparência dos recursos utilizados fazem-nos descobrir que é preciso ensaiar muito; que não se Poe abrir mão da qualidade literária dos textos contados; que contar uma história é diferente de dizer ou explicar uma história; que a voz e o corpo precisam contar juntos; que o repertório de um grupo não é garantia de sucesso para outro grupo; que a pesquisa e o conhecimento da literatura fazem a diferença; que a maturidade como leitor critico é indispensável. (SISTO, 2005, p.75)

 

De acordo com o grupo de contadores de histórias Morandubetá, deve seguir os mandamentos do contador de histórias:

 

  1. Escolha uma história de que você goste muito e deseja contar;
  2. Leia essa história muitas vezes;
  3. Feche os olhos e imagine o cenário, os personagens, o tempo;
  4. Escolha a voz para o narrador e para os personagens da história;
  5. Exercite seu poder de concentração;
  6. Tenha cuidado com sua postura e os vícios de linguagem;
  7. Conte para alguém antes de contar para todo o mundo;
  8. Na hora de contar, olhe para todos: o olhar diz muita coisa;
  9. Seja natural, deixe falar o seu coração e seduza o ouvinte para que ele deseje ouvir novamente.

 

Deve ter um preparo geral antes de contar histórias. Saber para qual faixa etária se destinará a história e saber os interesses do ouvinte. Saber o tempo de cada história, que também depende da faixa etária e dos interesses do ouvinte as crianças, por exemplo, demonstram bastante interesse por narrativas nas quais se identificam. Vale para o contador situar a história com o ouvinte antes de contar. Facilitando a compreensão do tema e promovendo as identificações com elementos da história.

Deve ter muito cuidado com o tempo de duração, para que todos estejam atentos desde o inicio até o fim da história, evitando projetar sua atenção a outras situações.

  1. Para quem eu contarei?
  2. Quem são meus ouvintes?
  3. Que história contar?

 

 

3.1 FAIXA ETÁRIA E INTERESSES

3.1.1 Pré-escolares

3.1.1.1 Até 3 anos fase pré-magica

  • Histórias de bichos;
  • Contos rítmicos leves lúdicos e bem humorados bem curtos;
  • Histórias com a criança;
  • Cantigas de ninar

O grupo Morandubetá também traz os tipos de histórias interessantes de acordo com as idades.

 

3.1.1.2 De 3 a 6 anos, fase pré-mágica

  • Histórias de bichos;
  • Pequenos contos de fadas com enredo simples e poucas personagens;
  • Poemas;
  • Trava-línguas;
  • Parlendas;
  • Cantigas de rodas;
  • Llimeriques

 

3.1.1.3 De 7 anos, fase escolar

  • Histórias de crianças, animais e encantamentos;
  • Contos de fadas mais elaborados;
  • Aventuras no ambiente próximo: família e comunidade.

 

3.1.1.4 De 8 anos, fase escolar

  • Histórias humorísticas;
  • Contos de fadas mais elaborados;
  • Lendas folclóricas.

 

3.1.1.5 De 9 anos, fase escolar

  • Mitos;
  • Contos de fadas mais elaborados;
  • Antigo testamento como mito;
  • Histórias verídicas;
  • Histórias de humor.

 

3.1.1.6 De 10 anos, fase escolar

  • Mitos;
  • Mitologia nórdica;
  • Narrativas de viagens;
  • Histórias verídicas.

 

3.1.1.7 De 11 e 12 anos, fase escolar

  • Mitos (hindus, pérsas, árabes, egípcios);
  • Narrativas de viagens;
  • Histórias verídicas;
  • Mitos de heróis.

 

3.1.1.8 De 12 anos em diante, fase escolar

  • Narrativas de viagens;
  • Histórias verídicas;
  • Biografia;
  • Romances.

3.1.1.9 Adolescente e adulto

  • Narrativas de viagens;
  • Histórias verídicas;
  • Biografias;
  • Romances

 

3.2 Onde encontrar histórias para contar

 

A escolha da história é uma forma decisiva no processo narrativo. Podemos usar aquelas histórias que já ouvimos e que gostamos, que ficou armazenada em nossa memória. Mas mesmo lembrando da história é importante pesquisar e saber tudo sobre a história para que não se  esqueça nenhum detalhe da história.

Uma boa fonte de consulta para encontrar histórias é a biblioteca, onde podemos encontrar livros, revistas e até mesmo panfletos que se transformam em narração. Podemos sair de nosso mundo real e entrar no mundo da fantasia e escolher as mais agradáveis para contar.

Existem grandes variedades de material à disposição. A internet hoje é uma grande fonte de pesquisa, com ela podemos encontrar inúmeros mitos, lendas, fábulas, parábolas, folclores, contos em geral.

Devido a grande quantidade de material à disposição, nem sempre será fácil escolher a história. É interessante para começar, escolher uma história ligada de alguma forma com a própria vida. Tendo então, mais autonomia para contar e mais facilidade na forma de expressão, assim transmitindo sabedorias e prazeres a todos os ouvintes.

 

 

 

 

 

Conclusão

 

A escolha do tema para desenvolver esse Trabalho de Conclusão de Curso, deveu-se ao fato de que uma das atividades mais significativas vivenciadas durante o Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa I foi o Projeto Hora do Conto, que objetiva contribuir com a formação de leitores por meio da contação de histórias.

Assim, desenvolver esse trabalho, mais que um trabalho de conclusão de curso, foi uma pesquisa prazerosa pois, foi possível conhecer um pouco mais sobre a importância dessa ação tão simples, que é a contação de histórias e que está ao alcance de todos, (já que  a família e a escola podem envolver-se nesse processo),  mas que pode sim, fazer muita diferença na formação do futuro leitor. Sabemos que o Brasil não é, ainda, um país de leitores e devemos todos nós, educadores, lutarmos e trabalharmos para que essa realidade mude e sejamos um dia um país cujo nível cultural seja bem melhor.

A pesquisa demonstrou que para contar histórias não é necessário um grande “arsenal “de materiais e/ou talento especial, mas bastam boa vontade e uma boa história. Não importa onde, nem para quem, o importante é sempre contar.

Acreditamos que ao apresentarmos as práticas de contação de histórias pudemos contribuir para que professores e, quem sabe, os pais possam repensar a formação de leitores por meio da contação de uma boa história, fictícia ou real.

Assim, seria importante que as escolas redescobrissem esse prazer e viabilizassem ações que priorizassem em todas as faixas etárias a contação de histórias.

 

 

 

 

 

 

 

Referências BIBLIOGRAFICAS

 

Abramovich, Fanny. in Literatura infantil:  gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 2008.

Banberger, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo: Ática, 1991.

Bitencourt, Ricardo Barbosa. Contação de Histórias e as novas tecnologias 2009 - Arte e Ciência. http://www.webartigos.com/articles/13659/1/as-novas-tecnologias-e-a-contação-de-Histórias-em-sala-de-aula. Acesso em 11/10/11 às 19:30.

 

Braga, Ttheóphilo. Contos tradicionais portugueses. 2 vols. 2ª ed. Lisboa, 1915; Cascudo Câmara, Dicionário do Folclore Brasileiro, 2 vols. Rio de Janeiro, 1962; id., Literatura Oral. Rio de Janeiro, 1952;

 

Caruso, Carla. Histórias atravessam milênios. http://educacao.uol.com.br/portugues/literatura-oral-historias-atravessam-milenios.jhtm. Acesso em 11/11/2011.

 

Ceia, Carlos. E - dicionário de Termos Literários. www.edtl.com.pt/index. Acesso em 13/11/11 às 14h00min.

 

Filipouski, Ana Mariza Ribeiro; Marchi, Diana Maria. A formação do leitor jovem: temas e gêneros da literatura. São Paulo: Edelbra, 2009.

Garbelini, Silvia. Leitura em Prática na Escola - Projeto de Intervenção Pedagógica.  Universidade Estadual de Londrina: PDE, 2009

 

Lajolo, Marisa: Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1994.

 

Silva, Ezequiel Teodoro da. Elementos da Pedagogia da Leitura. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 1988.

 

Sisto, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. 2ª ed. Curitiba: Positivo, 2005.

 

YUNES, Jorge. Retratos da Leitura no Brasil. Instituto Pró-Livro. Disponível em: www.prolivro.org.br. Acesso: 27/10/2010.

 

www.wikipedia.org/wiki/Literatura_oral. Acesso em 12/11/2011