A conta do meu tempo,

Quantas vezes, sob pressão, obrigada fui dar conta;

Sem tempo para tanta conta,

Quanta conta fiz, que nem percebi o passar do tempo.

Enquanto fazia a conta do tempo,

Deixava o tempo rolar sem fazer conta;

Esquecendo o tempo, mal pudera supor que o que se conta,

É o que se perde e de volta não trás o tempo.

Por conta de tanta conta, ocupava o tempo,

E da exaustão não me dava conta;

Era-me forçoso apenas dar conta em tempo.

Quando vi então, que buscava tempo sem conta,

Para resgatar o passado, esquecido no tempo,

Percebi a conta do que não fizera, ou pudera fazer conta.

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Se pudesse voltar ao tempo,

E entender o que se conta,

Na certa não gastaria sem conta,

A conta que nos reserva o tempo.

Saberia que a cada qual, fora dado sua conta:

Cada conta com seu tempo;

Conta de passatempo,

Tempo de faz-de-conta.

Início, meio e fim conta o tempo;

A todos, sua conta

Que, a seu tempo, terá de prestar conta.

E, enquanto há roubadores do tempo, sem conta,

Multiplicadores de conta no tempo,

Há quem não faz conta e perde o tempo.

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Não posso, contudo, saber se minha conta,

Inevitável fora ao tempo,

Pois, envolvida no torvelinho do tempo,

Mal tinha tempo para perceber e fazer conta.

Deixava-me levar pela conta do tempo:

Ora prestava conta,

Ora o tempo levava a conta;

E assim, a conta fazia o tempo.

Tempo perdido na conta,

Na conta que não se conta;

Na conta que consumiu o tempo.

Tempo de contratempo,

Conta que subtraiu o tempo;

Tempo apenas que fêz-de-conta.


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Hoje, contudo, o passado tempo,

Faz conta do que se conta;

Espera o futuro sem conta,

Na conta, da contra mão do tempo.

Tempo que a esperança conta,

De um encontro além do tempo,

Com Aquele que é dono do tempo,

E que, de nossas contas, faz tanta conta.

Aquele que deu nova vida ao tempo;

Apagou toda má conta,

Deu início a um novo tempo.

Tempo de renovo que se conta,

Num vaso novo a prova do tempo;

Numa vida eterna, que o tempo não conta.

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E se o tempo ainda me pedir conta,

Do que fiz, do que deixei de fazer a tempo,

Direi que já não tenho mais tempo,

Para perder em fazer conta.

Que um novo sentido encontrei, para o meu tempo,

E isso é o que se conta;

Não me preocupo em prestar tanta conta,

Se agora eterno é meu tempo.

Do futuro não faço mais conta,

Pensar no passado, não sobra tempo;

O presente é o que se conta.

Não vivo ansiosa com a falta de tempo,

Não preciso mais prestar tanta conta;

Jesus me embala nos Seus braços, todo o tempo.


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