José Benjamim da Silva*

O presente artigo traz como objetivo apresentar algumas características e a importância do processo de formaçãosobrea constituição do homem enquanto sujeito numa visão filósofica, referente aos filósofos Platão, Agostinho e René Descartes.

Fulminada pelo castigo, que a sua falta lhe atraiu, a alma tomba das alturas e passa a habitar um corpo ao qual se liga por uma união meramente acidental. Esta alma tem a semelhança com o que é divino, imortal, uniforme etc.

A alma é o princípio vivificador do homem, e unido ao corpo formam uma nova substancia (o individuo), para animá-lo e vivificá-lo. Desta união, a natureza corporal se funde por intermédio da natureza da alma com a natureza suprema divina. Esta substância (alma) única, confere ao corpo a vida, a beleza tanto interior quanto exterior e toda a sua organização. A alma está toda inteira ao corpo e, toda inteira em cada uma de suas partes, totalmente presente em cadauma das partes do corpo, a alma pode fazer valer em todas elas a totalidade de sua força. Torna-se a alma o elo entre as idéias divinas e o corpo. A alma, graças à sua natureza espiritual, ela se abre para aquelas idéias espirituais. Já o corpo, devido à sua extenção espacial é incapaz de uma participação direta nas idéias, estando submetido ao domínio e governo da alma, ou seja, depois que o corpo e a alma se fundirem no mesmo ser, ao corpo cumpre por natureza sujeitar-se e ser governado, e a alma dirigir e dominar(Fedron,79 e 80a). Entretanto, a alma está sujeita às necessidades do corpo, este opõe mil obstáculos, pela necessidade que temos, além disso, o corpo suscita em nós amores, cobiças, receios, imaginações de toda a sorte e tolices inúmeras.

A psicanálise lacaniana pauta em seu curso a constituição do sujeito e os seus fracassos no processo de socialização. Portanto, recorreremos a Justo (2004) doutor em psicologia, para apresentar este contexto Justo faz uma correlação entre a psicanálise lacaniana desde suas origens à contextualização da cultura e da educação do sujeito. E, posteriores, ele apresenta quatro tópicos que explicam o surgimento do sujeito:

O primeiro versa sobre as constituições do "EU" na interação com o outro.

O segundo trata sobre heranças culturais que herdamos dos genitores. O terceiro apresenta um conceito sobre as fundações referenciais da gênese do sujeito. O quarto conclui a agregação dos conceitos tratados previamente à educação, no intuito de apresentar uma metodologia adequada para o professor como mediador do nascimento da autonomia na pessoa (FERREIRA,adeir).

Da união entre alma e corpo, surge o homem(sujeito), este se entronizará às implicações sociais, econômicas, filosóficas, políticas, biológicas, culturais e escolar. Conquanto, a relação interpessoal é a dimensão que mais lhe propiciará maior desenvolvimento na do seu ser, isto é, possibilitará demasiado entendimento de ser realmente o que é.

A estrutura de formação da criança enquanto sujeito a partir da teoria de Lacan, mostra que as heranças hereditárias funcionam com matriz de comportamento na sociedade e, sobretudo na escola. No que se refere ao fracasso do sujeito,pode-se afirmar que, o problema do fracasso tem sua raiz nas relações primárias (familiares), ainda neste estágio o sujeito se encontra em meio à formação de sua personalidade, estando em contato direto com idéias e juízes alheios, em que muitas vezes acabam adotando para si, e conseqüentemente ocultando os próprios. Porém, nesta fase é mister que haja um equilíbrio em relação às influências. Contudo, para realizar sua vivência, o sujeito precisa do outro como uma espécie de bula para lhe passar culturalmente os hábitos necessários, pois ele não herda biologicamente toda estrutura da vida, por isso o sujeito é criativo, porque nada está pronto. Somente mais tarde, começará por se autoquestionar, e, em meio a tantos, se sente refutado, confuso e passará por crises, indignações, desconhecimento do self, dúvidas etc.

Encontrando uma solução somente a partir da razão. O sujeito é livre, em decorrência da razão e do pensar, a condição do conhecer carece de provas inferenciais ou concretas, a experiência e a observação poderão dar a cartada final, quando se há uma dupla verdade, mas é apenas um auxilio da razão. Na qual a substancia pensante é a própria estrutura abstrata do cogito (razão) com as incertezas, as certezas e o dualismo. E a substância extensa é o seu próprio corpo com suas leis próprias, os sentidos, a estrutura biológica etc. Chegado à fase adulta, o sujeito deve ser consciente de sua ampla e dicotomia estrutura para obter maior êxito em suas relações de conhecimento. Diferenciado entre a contemplação e as exigências cotidianas da vida, o sujeito, para a verdade exige a evidencia e a distinção que se, alcançadas, nos dão o juízo.

Se for verdade que é preciso pensar segunda a verdade e viver segundo a razão, para o sujeito é mais triste perder a razão do que a vida, já que neste caso se perderia a razão da vida. Assim o eixo da reflexão e da ação se desloca do ser para o pensamento, de Deus e do mundo para o homem, da revelação para a razão. Reconhecer-se-á o homem, que o erro é um produto seu, e a idéia não é Deus, mas, o efeito de uma causa proporcional, pois Deus é quem coloca a idéia dentro do ser (do homem).

Em relação ao sujeito, pressupõe-se que a morte seja o resultado das decadentes relações interpessoais, da qual mau êxito (fracasso) é apenas uma evidência. Adestarte, dir-se-á que a alma é o que anima o corpo, lhe comunica a vida e o movimento. A alma é o que tem mais semelhança com o que é divino e mais se parece ao que mantem sempre de igual modo a sua identidade. Logo, a alma deve separar-se do corpo para alcançar a verdade, ou seja, por mais alto que sejam os direitos da alma sobre o corpo, ela não pode designar-se a viver com ele, são incalculáveis os danos que sofre dos atrativos e concupiscência da matéria.

Enquanto possuirmos o corpo e a alma estiver mergulhado nesta corrupção, impossível nos é alcançar o que desejamos, isto é, a verdade. Ora, essa verdade (conhecimento) é alcançada não por meio dos sentidos, antes se afastando deles. O espírito possui, portanto uma vida própria que se desenvolve sozinha, independente do corpo. Ao cumprir sua busca a alma lança-se em direção àquilo que é puro, eterno, imortal e sempre igual a si mesmo, e sentindo a própria afinidade a isso, ali permanece por todo tempo que lhe for permitido, encontrando paz no seu vaguear. E posta em contato com tal realidade permanece ela mesma constante e imutável (Fédon 27).

Enquanto espírito, a alma é feita para a idéia, dela se alimenta e por ela vive a vida do espírito. Mas a idéia é eterna, imutável. Conseqüentemente, a alma, que é afim a ela mesma e vive dela, é também eterna e imutável. Com efeito, se o que se encontra num sujeito é eternamente duradouro, é lícito que este seja da mesma forma eternamente duradouro. Mas, visto que, cada ciência reside sempre num sujeito, é preciso que a alma dure para sempre. Dado que a ciência é verdade, e a verdade dura para sempre, a alma também dura para sempre, nem se poder nunca dizer que ela morre (Agostinho, Solilóquios II,13).

*José Benjamim da Silva. Cursado em Informática básica e avançado (SECTEC/GO). Cursado em Relações Humanas e Inteligência Emocional (RH) (SBCP-UEG/GO). Graduando do curso de Filosofia no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília, DF.