Quando se inicia sua obra “A condição humana”, Hannah Arendt afirma que a condição humana não se caracteriza por natureza humana, mas sim a soma total das idéias dos humanos é que se assemelhe com a natureza humana. Hannah diz em sua obra que os homens são seres condicionados: tudo aquilo com qual eles entram em contato torna-se imediatamente uma condição de sua existência. (P.17), pois desde quando se da o nascimento de um indivíduo, esse mesmo já adentra ao mundo na condição de “estranho”, pois há uma espontaneidade a qual esse ser está condicionado ao mundo, por isso que Hannah define o ser humano como um ser condicionado.

Hannah diz que a vita activa é responsável pelas atividades fundamentais da vida, na qual a mesma necessita de três princípios básicos para que o ser humano possa viver na terra. O “labor” atividade que se caracteriza pelo processo biológico, ao metabolismo, onde o ser humano retira o necessário da natureza para manutenção de sua própria vida. O labor tem como condição humana a própria vida. Portanto o labor não garante apenas a nossa sobrevivência, mas a vida da nossa própria espécie.

O “trabalho” é a atividade de transformação da natureza, e está relacionada a capacidade de produzir, onde o trabalho se dá através do artificialismo das coisas,ao materialismo existente nos homens.O trabalho do homem é completamente diferente do que se possa ter na natureza e é ai que está a vida individual. Podemos assim sintetizar que, mesmo que o criador morra, sua obra permanecerá viva, imutável. Dai podemos entender a relação de Hannah com Platão, onde o “mundo das idéias” nos da uma imagem padrão, eterna e imutável do objeto, e de contra partida o “mundo de sentidos” onde tudo “fluir’’, ou seja, nada é perene, nada dura, nele simplesmente as coisas desaparecem”. Esta concepção é chamada por nós de “A teoria das idéias de Platão”. A condição humana do trabalho é a mundanidade.

A “ação” é uma atividade completamente distinta das demais, onde a mesma esta ligada a pluralidade, onde os “homens” e não o homem vive na terra, e é onde está o verdadeiro conhecimento. A ação é a única atividade que se realiza sem a necessidade da matéria. A multiplicação esta ligada a pluralidade, onde todos nós somos seres humanos, mas que ninguém venha ser igual a ninguém no sentido da formação de caráter. A ação é a necessidade de o homem viver entre seus semelhantes. Um fato verídico, que deve ser importante destaca-lo, aconteceu na Índia no ano de 1920, onde viviam duas meninas onde foram chamadas de Amala e Kamala, que também eram conhecidas como meninas lobo, elas foram encontradas dentro de uma caverna  por um reverendo Singh. Suas supostas idades eram entre 2 e 8 anos .Singh levo-as para um orfanato onde ele tinha iniciado um processo de estudo e socialização.Elas não falavam não comiam e o interessante, elas andavam de quatro e uivavam como lobos,Amala a mais jovem morreu dois anos depois de ter sido encontrada  e pela primeira vez Kamala chorou pela morte de Amala,e também o  apego ao convívio com as pessoas que cuidavam dela. Portanto devemos entender que o homem é um ser sociável, deve esta entre outros semelhantes, sendo assim, a condição do homem na ação é a pluralidade.

Hannah em sua obra passa uma idéia de que a vita activa é apenas um modo de vida onde servi apenas para as necessidades individuais, ela quebra a tradição do conceito grego em que se dizia que a vita contemplativa era dado apenas aos filósofos, e agora no cristianismo passar a ser de todos, ela também quebra a visão de pensamento de Karl Marx de que  o conceito de trabalho utilizado por ele é deficiente, onde esse contexto de trabalho produtivo é de sua época. A vida contemplativa é a oposição da vita activa, além disso, podemos ainda associar a vita activa com o trabalho manual e a vita contemplativa com o trabalho intelectual.

Em sua obra Hannah trata também  a contraposição entre eternidade e imortalidade, onde a imortalidade para ela e a continuidade do tempo,a vida sem morte nesta terra e neste mundo.Isso se dá através de grandes feitos e pela capacidade do homem de produzir grandes obras e de realizar feitos heróicos e imortais, onde o mesmo, através das marcas de sua passagem, se tornavam imortais. Para Platão o homem possui uma alma “imortal”,que é a morada da razão.Outra ponto era a experiência do eterno, própria do filósofo,a visão da eternidade.Muitos filósofos como Sócrates não teria  escrito nada (apenas fragmentos), porque ele  não estava preocupado com a fama, ou seja, com a imortalidade.A experiência do eterno, para Arendt, só pode ocorrer fora das ambições humanas. Seu contrário seria a intenção da fama, da imortalidade. Eternidade e imortalidade estão deste modo, em lados totalmente opostos e contraditórios.

Para entendermos a questão das esferas publica e privada da obra”A condição humana”, é importante sintetizar a relação de ambas.A esfera privada é a da família, onde se existia a mais pura desigualdade: os grandes chefes da família comandavam e outros membros da família eram comandados, o chefe da família não era limitado por qualquer lei ou justiça. Do outro lado está a esfera pública, a vida política da polis. Para Aristóteles a esfera publica era a vida política que exercia através da retórica (ação e discurso). Os cidadãos exerciam sua vida política participando dos assuntos das polis. Participando da vida  publica, o homem estaria quebrando, por assim dizer, da vida privada, participando assim da democracia da liberdade e da igualdade.Arendt insere em seu ensaio, posições de Platão e Sócrates, onde o termo social era tido como vida comum das espécies e que não só adentrava a vida humana, mas também a outras espécies animais.Hannah explica que viver na esfera privada e o mesmo de que não se visto.

A promoção social para os gregos não se dava apenas para a esfera privada, mas também para a esfera publica por meio da promoção social. Hannah enfatiza a subordinação da vida publica aos interesses pessoais da família. Isso se deu pelo fato de que as atividades artísticas (musica, poesia, romance) da vida privada caíram no interesse publico, e com isso foi se aprofundando a relação da sociabilidade e a individualidade. A esfera publica, nos da interação de que tudo que é publico deve ser acessível a todos. Quando nos divulgamos uma obra individual ela acaba se tornando publica. Hannah diz que nem tudo deve ser levado ao publico, como o amor e a dor física.

Portanto em “A condição humana” de Hannah Arendt trata-se não apenas das condições humanas de se viver, mas o homem como um animal político, ela também quebra conceitos entre a vita activa e a vita contemplativa, a relação da eternidade e a imortalidade e inúmeros fatos. Ela também enfatiza a importância da política para a sociedade, dirigida à conquista da liberdade.