.A comunicação verbal

Abordada sob aspectos Psicolinguísticos

A comunicação verbal

A comunicação verbal é o meio de comunicação mais comum e utilizado, claro. Esse evento de comunicação, como todos os outros, passou por diversas modificações até que se chegasse ao que temos hoje: a fala objetiva e articulada. A comunicação nos tempos primórdios era através de mímicas e desenhos, o que, de certa forma, retardava a compreensão dos receptores. Foi quando então, resolveram emitir sons que pudessem decifrar o que se queria transmitir.

Ano após ano esse fenômeno se fortalecia e modificava de acordo com a necessidade da população. Surgiram assim, sotaques, dialetos, e até novos idiomas. Por causa dessas inúmeras modificações, o homem notou que a comunicação começara a se perder; cada comunidade comunicava-se apenas entre si. Com isso, houve a necessidade de aprender a língua das outras comunidades.

Hoje, os idiomas existentes no planeta Terra são incontáveis. Escolas de idiomas têm surgido numerosamente, e a procura é enorme. Mas como é difícil aprender uma nova língua… já há um costume e conforto formados em nossas mentes para que possamos nos expressar verbalmente fazendo uso de nossa língua materna, e isso dificulta ainda mais o processo de aprendizagem.

Contudo, quando realmente se aprende um novo idioma, uma nova língua, a mente do falante acaba se confundindo diversas vezes. Ao pensarmos, não em algo especifico, em simplesmente pensar, nossos raciocínios são construídos e compreendidos por nós mesmos através do uso da língua, e claro, da nossa língua materna, que é onde sentimo-nos em zona de conforto. Mas quando se há um contato forte com a outra língua, (segunda língua), os pensamentos começam a se confundir em ambos os idiomas. Eis a questão: Por esse fenômeno ocorre?

A Psicolinguística

Para entender do que se trata o tema, primeiro precisamos saber o que é a psicolinguística.

A psicolinguística é a ciência que estuda a linguagem (oral, escrita ou gestual) e a mente, analisando qualquer processo que diz respeito à comunicação humana, estudando fatores que também podem afetar a decodificação da linguagem. O linguista Noam Chomsky foi quem se aprofundou no tema, tornando-o destaque como disciplina autônoma em 1950.

A partir daí, foi-se buscada uma resposta para indagações com relação aos fatores idiomáticos do se humano.

Uma hipótese

Todo ser, ao nascer, com a convivência em sua comunidade, cria hábitos, age e pensa como todos os membros da comunidade. E claro, se comunicará como eles. A linguagem será aprendida, e depois de certo tempo, ficará gravada e jamais será esquecida. Isso é o que afirmam alguns linguístas.

Entretanto, a aprendizagem de uma nova língua pode afetar significativamente o conhecimento da língua que um ser já possui, isto é, a língua materna, a ponto de em alguns casos esquecê-la quase que por completo.

Com isso, gera-se a dúvida: como pode morrer a língua materna? Será que isso pode mesmo acontecer?

De fato, ainda não há registros de documentos específicos que retratem o tema em questão, mas com estudos encontrados em gramáticas, livros, apostilas e até mesmo a internet, há embasamento suficiente para sua explanação eficaz.

Foram retirados fatores embasadores também através de pesquisas com pessoas que pelos motivos citados nos tópicos anteriores sofreram danos psicológicos com relação a suas línguas maternas.

Vale ressaltar também que, apesar dos fatores apresentados, a pesquisa não passa de especulações, pois eu não posso diagnosticar nada com relação a estudos psíquicos ou neurológicos.

Experiências

Durante cinco meses estive de viagem aos Estados Unidos por um programa de intercâmbio. Lá, trabalhei num parque temático infantil. E como já é sabido de muitos, a Flórida é o estado americano que mais possui latinos, isto é, falantes de língua espanhola. As pessoas saem de seu país de origem e vão, ilegalmente para a Flórida, lá forma família, tem filhos, etc.

Com esses acontecimentos, a criança, ao nascer nessas famílias, lida dentro de casas com a língua materna, no caso o espanhol (ou qualquer outro, citei o espanhol por serem maioria). Até os quatro anos de idade, é a única língua que a criança oficialmente conhece, até ir para a escola, onde terá de aprender o idioma do país que se encontra, no caso o inglês. No começo é um pouco complicado, mas como crianças têm mais facilidade de aprender uma nova língua por estarem em processo de aquisição de uma linguagem, logo aprendem o novo idioma.

Onde trabalhei, muito me impressionou a quantidade de crianças que, com a idade mínima de quatro anos, já falavam fluentemente dois idiomas. Lembro-me de um dia estar dando as orientações do brinquedo as crianças em inglês, quando um amigo meu do Brasil me chamou, então com ele falei em português. Foi quando uma das crianças, com quatro anos de idade, se levanta e grita ao pai que está do lado de fora que eu também falava português. Fique impressionado, pois antes vi a criança conversando em inglês com os outros no brinquedo.

Além disso, tive também meus amigos de trabalho, que eram essas criança já na fase crescida. Alguns deles falavam e escreviam nos dois idiomas perfeitamente. Mas uma colega me intrigou. Ela, até os quatro anos de idade falava apenas espanhol. Ao entrar na escola, adquiriu o inglês, e com o passar do tempo, ela perdeu completamente sua língua materna, lembrando apenas palavras soltas, aleatórias.

De acordo com o estudo de alguns linguistas, como Saussure, um individuo em determinado momento de sua vida, marca, como num interruptor, qual é a linguagem que adquiriu e ela permanece em sua mente. Mas vendo o caso dessa colega, percebi que isso pode ser controverso. A língua materna pode sim ser perdida ou, no caso do interruptor, desmarcada, ou seja, a comunicação verbal passa a ser limitada novamente.

A Psicolinguística nunca explicou casos como esse, o que acaba gerando muitas dúvidas em pesquisadores da língua. Claro que, como disse, são apenas especulações, nada comprovado. A língua ainda é de uma complexidade imensurável, e quando junta à mente humana, que é ainda mais complexa, gera temas de pesquisas infinitos. A língua é fantástica.

Referências bibliográficas

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da língua Portuguesa – 8. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.

POSEAD, Universidade Gama Filho. Metodologia de pesquisa científica – Brasília: 2009.

LEITE, Yone e FRANCHETTO, Bruna. Origens da linguagem – Rio de Janeiro – Jorge Zahar Ed., 2004.

COSTA, Claudio – Filosofia da linguagem – Rio de Janeiro – Jorge Zahar Ed., 2004.