Há pessoas que prometem o “milagre urgente” propagando-o nos diversos meios de comunicação social como se fosse um produto comercial. Até parece que essas pessoas são os proprietários da graça de Deus, e Deus o empregado manipulado que produz os milagres.
Há diferentes interpretações sobre o significado do milagre. Muitos analisam como sendo um fato prodigioso, descido do céu, uma intervenção divina nas situações humanas e nas leis da natureza.
Com base na reflexão bíblica cresce a compreensão para a função religiosa de sinal do milagre. No evangelho de João, aparece uma série de ações concretas que o autor considera como sinais: relato de Caná, a cura do filho do oficial real e a do paralitico. Em geral todos esses fatos são também considerados como milagres.
 Na visão cientifica milagre é o que não tem uma explicação natural e que é cientificamente insolúvel. O termo milagre provem de miraculum, isto é, algo de admirável, que causa admiração. Milagre é aquele fato ou realidade, admiráveis em que o homem percebe a presença de Deus que se revela. Na Bíblia milagre pode ser fatos comuns (por do sol, beleza da natureza) ou fatos incomuns (curas, revivificação de um cadáver). As palavras mais usadas na Bíblia para expressar aquilo que chamamos de milagre são: sinal, força, coisa admirável.
A característica essencial é revelar a presença de Deus: uma força que atua provocando uma coisa admirável, por isto se torna um sinal de Deus. A reflexão bíblica considera o milagre como uma palavra que Deus fala ao homem a fim de comunicar algo. Nessa mesma perspectiva, a Bíblia vê os sinais de Deus na vida cotidiana, nas coisas comuns da existência e a história do passado.
 Diante do milagre não é importante perguntar se é verdade, mas qual a mensagem que Deus quer transmitir. Os milagres realizados na Bíblia não são  magia, superstição, pois também haviam deuses milagreiros entre os pagãos. Para ter fé não é preciso evidentemente de “milagrismos”. A fé não corresponde com princípios de que são necessários milagres para crer. Não são os milagres que levam a fé, mas a fé que leva ao milagre. O caminho mais seguro para fé não são prodígios, mas um encontro pessoal com Jesus.
As expressões usadas nos evangelhos para definir as obras realizadas por Jesus são: dynamis (ato de poder) ergom (obra) e semeiom (sinal). Os milagres de Jesus foram vistos pela comunidade primitiva como expressão do amor de Deus e não tanto para exaltar a sua pessoa. Jesus não faz por fazer, ou para satisfazer as curiosidades humanas, nem para se auto promover. Jesus nega a Herodes que desejava ver milagres (Lc, 32, 8) no deserto a pedido do demônio (Lc, 4. 3-12).
A maioria da multidão que procurava e acompanhava Jesus desejava os milagres para crer, mas Jesus conhecendo seus corações não executa ações que levassem o povo a admirá-lo por causa dos fatos (fora de comum) realizados (Jo, 6, 26). Assim Jesus não faz nenhum milagre em Nazaré por causa da falta de fé.
Jesus comunica através dos sinais a mensagem da presença amorosa de Deus no meio do povo. O critério evangélico é mudança de vida, criar uma intimidade com Deus que se revela em Jesus sendo um Pai amoroso. Cada um deve perceber em sua vida a presença de Deus de maneira pessoal. Contemplar a beleza da criação é um milagre. O ser humano tem um grande defeito de reclamar de tudo, de querer consertar as coisas do seu jeito, e se esquece de agradecer, de cuidar e amar a vida.
 Os sinais não provêm de poder mágico e divino. Os milagres fazem parte de uma doação de amor livre e espontâneo de Deus ao homem. Nada melhor que a própria Sagrada Escritura para nos mostrar o verdadeiro sentido do milagre.