A compostagem era utilizada por muitas das antigas civilizações com o objetivo de manter o alto grau de sofisticação de suas agriculturas. Desta forma, incrementava-se a fertilidade do solo com a adição de matéria orgânica. Na Índia, a técnica era bem utilizada até recentemente, contudo, após a Segunda Guerra Mundial ocorreram grandes transformações na agricultura, passando-se a utilizar produtos químicos sintéticos, maquinaria sofisticada, monocultura, manipulação genética de sementes etc. Porém, com a Crise do Petróleo na década de 70 e o conseqüente aumento nos preços dos insumos agrícolas, passou-se a discutir alternativas que se contrapusessem ao sistema agrícola convencional. Todavia, a busca por estas alternativas não durou muito tempo e o que se observa atualmente são problemas inerentes a poluição causados entre outros fatores, pela superprodução de lixo. O lixo é responsável pela contaminação dos recursos hídricos através da penetração no lençol freático, por exemplo; causando direta ou indiretamente danos a biodiversidade, inclusive à saúde humana. Desta forma, atualmente se tem buscado soluções a este problema, sobretudo no que diz respeito à deposição de quantidades cada vez maiores de lixos gerados pela sociedade. A esse problema somam-se os altos custos relativos à coleta, transporte e destinação do lixo. Esses fatores fazem com que tais resíduos sejam, na maioria das vezes, depositados em lixões a céu aberto. Poucas cidades possuem aterros sanitários ou controlados, processos de incineração ou usina de compostagem. De acordo com Jardim (1995), a composição média do lixo domiciliar no Brasil é composto basicamente pelos seguintes elementos: material orgânico, papel, plástico, vidro e metal. Assim, os processos de tratamento destes lixos poderiam ser feitos a partir do descarte seletivo, separando-se o material reciclável do orgânico. Deste modo, além do reaproveitamento do material reciclável, poder-se-ia reutilizar a fração orgânica reciclando-a através da compostagem. A palavra compostagem deriva da palavra composto, conhecida como fertilizante orgânico preparado a partir de restos vegetais e animais. O processo acelera a decomposição que se dá em melhores condições, ocorrendo a estabilização da matéria orgânica, que na natureza se dá em prazo indeterminado, visto que depende de vários fatores. O processo se dá através, principalmente, da ação de microorganismos responsáveis pela decomposição química e pela ação da fauna macroscópica como minhocas, besouros e formigas. O resultado final é a completa estabilização da matéria orgânica na forma de húmus. Cabe lembrar que os adubos químicos também utilizam este composto, porém acrescenta-se a eles pesticidas e outros agentes que afetam a fauna, a flora e conseqüentemente a saúde humana. A matéria orgânica já mineralizada ou humificada aumenta os benefícios oferecidos ao solo, porque o húmus influencia nas propriedades químicas e tem efeito sobre o ph (potencial de hidrogênio). Somente através da compostagem é que o lixo pode ser biologicamente tratado e não o queimando ou enterrando-o. As vantagens da compostagem são inúmeras, desde a diminuição da quantidade de resíduos nos lixões, como também a redução da necessidade de adubação química, diminuindo a pressão sobre os recursos naturais, além de ter o poder de recuperar a fertilidade dos solos. É um processo biológico de transformação da matéria orgânica em substancias estabilizadas com características e propriedades completamente diversas do material que lhes deu origem. O tratamento do lixo orgânico pela compostagem se dá através de três fases básicas e quê estão relacionadas à temperatura: 1. Fase Criólifa: monta-se a pilha de compostos e nesta fase a temperatura é menor que a do ambiente; 2. Fase Mesófila: a ação de microorganismos favorece o aumento da temperatura; 3. Fase Termófila: a temperatura aumenta ainda mais. Após a Fase Termófila, e a decomposição do material, a temperatura começa a diminuir gradativamente. Sendo um processo biológico de decomposição, a presença de água e ar é indispensável aos organismos. Embora haja casos em que a compostagem se de forma anaeróbica (sem ar), porém neste caso não ocorre a completa estabilização. Ela pode ser feita em coxos, caixas, aparatos digestores, enfim, os utensílios para sua manipulação não exigem sofisticação nem demasiados gastos. Porém, cabe destacar aqui que das diversas formas de compostagem, porém a que apresenta maior qualidade em relação aos solos é a compostagem conhecida como vermicompostagem, que é a decomposição dos compostos através da utilização de minhocas. As minhocas consomem matéria orgânica rapidamente e a fragmenta em pequenas partículas que ao passarem por seu sistema digestivo são enriquecidas biologicamente. Logo, nos dejetos expelidos pela minhoca, importantes nutrientes são liberados e estes são bem assimiláveis pelas plantas. Este sistema é muito utilizado em programas de gerenciamento do lixo nas escolas do Canadá, Estados Unidos e Austrália. Diante dos benefícios da compostagem e principalmente da vermicompostagem, vê-se que esta é uma alternativa economicamente viável e que pode e deve começar a ser trabalhada. Ressalta-se que quase todo o resíduo biodegradável, advindo da agricultura, indústria, o lixo doméstico, o esgoto, pode ser usado na vermicompostagem. Logo, não adianta mais ficar em discussões acerca da questão do lixo e na busca de soluções que nunca sairão de projetos, tem-se que começara agir e uma das alternativas de solucionar a problemática relativa ao lixo, é a compostagem. REFERÊNCIAS JARDIM, N. Lixo Municipal: manual de Gerenciamento Integrado. São Paulo: Instituto de Pesquisa Tecnológica, IPT, 1995. KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Agronômica Ceres Ltda., 1985. _______. Manual de Compostagem Maturação e Qualidade do Composto. Piracicaba: Kiehl, 1998.