A CIBERCULTURA E A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA SOCIEDADE EM REDE

 

José Raimundo ALVES*

RESUMO

Este artigo tem como objetivo propor discussões e reflexões teóricas sobre o que está acontecendo com a educação atual relativa às circunstancias da Cibercultura e seus desdobramentos; bem como o papel da internet, do currículo escolar, do hipertexto e da avaliação. É um despertar para chamar a atenção do professor, do aluno e da sociedade em geral para essa nova realidade que o mundo promete fornecer.

Palavras Chaves: Educação – Currículo – Tecnologia – Cibercultura – Ensino

 

RESUMEN

Este artículo tiene como el objetivo proponer discusiones y reflexiones teóricas sobre lo que está ocurriendo con la educación de ahora relativa a las circunstancias de la Cibercultura y sus desdoblamientos; bien como el papel de red internet, el currículo educativo, el hipertexto y la evaluación. Es un despertar para llamar la atención del profesor, del alumno y de la sociedad en general para esa nueva realidad que el mundo promete ofrecer. 

Palabras Claves: Educación – Currículo – Tecnología – Cibercultura - Enseñanza

Introdução 

 

A sociedade atual já está na era da informação instantânea, ou como muitos dizem tempo real, inicialmente o radio e a televisão fez esse papel de emissor dessas informações; posteriormente veio o telefone e por último a internet. Sendo que este último instrumento diferenciou-se dos outros; pois alem de propor a fazer a comunicação de massa dos dois primeiros abriu a viabilidade de comunicação individual do terceiro e deu a condição de prestação de serviços socioeconômicos de todos.

A construção deste artigo partiu de leituras bibliográficas que tratam e propõem reflexões sobre esse conceito fundamental que começa a aparecer e fazer parte da sociedade pós – moderna, que é a compreensão de Cibercultura no contexto educativo. Seu objetivo é contribuir mais possibilidades de discussões e debates sobre os temas nele escrito.
A Cibercultura e a Educação

A educação brasileira encontra-se diante de um dilema; como associar o Cibercultura ao processo de ensino e aprendizagem. Onde os professores da escola atual precisam trazer a concepção teórica e prática contida no âmbito da Revolução Cientifica e Tecnológica – RCT para a sua prática de ensino dentro ou no contexto da sala de aula. Para compreender melhor as transformações que já ocorreram até aqui e as que virão. PAPERT conta a seguinte parábola.

Imaginemos viajantes do tempo de um século atrás – um grupo de cirurgiões e outro de professores do ensino fundamental – cada qual mais ansioso para ver o quanto as coisas mudaram nas respectivas profissões em 100 anos ou mais no futuro. Imagine o espanto dos cirurgiões entrando em uma sala de cirurgia de um hospital moderno. Embora pudessem perceber que algum tipo de operação estava ocorrendo e até mesmo adivinhar qual o órgão operado, estaria tentando fazer ou qual finalidade dos muitos instrumentos estranhos que ele e sua equipe cirúrgica estavam utilizando. Os rituais de antissepsia e anestesia, os sons de alarme dos aparelhos eletrônicos e até mesmo as luzes intensas, tão familiares às plateias de televisão, seriam completamente estranhos para os visitantes.

Os professores viajantes do tempo reagiriam de forma bem diferente a uma sala de aula do ensino fundamental. Eles poderiam sentir-se intrigados com alguns objetos estranhos. Iriam constatar que algumas técnicas convencionais mudaram – e provavelmente discordariam entre si se as mudanças foram para melhor ou para pior -, mas perceberiam plenamente a finalidade da maior parte do que se estava tentando fazer e facilmente poderiam assumir a classe. PAPERT (2008 pag 17).

Essa parábola reflete muito bem como as transformações são marcos históricos irreversíveis, quanto elas causam resistência e até mesmo conflitos. Com isso a proposta de mudança tem que ocorrer com o professor, pois em decorrência da nova realidade social; as crianças e os jovens em sua maioria já possuem tendência natural em aprender escolasticamente através dos instrumentos oferecidos pela RCT. O conhecimento sobre a RCT; evento histórico que vai aproximadamente do século XV ao século XIX, que posteriormente vai associar-se a técnica; justificando então a expressão “Revolução Científica e Tecnológica” no séc. XX auxilia teoricamente o professor a compreender e comunicar-se com seus alunos; discutindo como ocorreu o processo de transformação atual. Um mestre que entende de Cibercultura e outras culturas inerentes ou interligadas as tecnologias modernas poderá evitara que o aluno fique passivo ou em posição de alienação ao que a internet, a televisão e o telefone móvel oferecem. Esse entendimento deve ocorre sobre três concepções: o conceito de Cibercultura, ciberespaço e educação aberta, primeiro relacionado a um conjunto de técnicas, práticas, atitudes, procedimentos, pensamento e valor que se desenvolveram conjuntamente ao desenvolvimento da internet e interconexão de computadores no mundo. O segundo que em análise mais profunda complementa o primeiro; pode ser compreendido como o espaço criado ocupado e organizado pelos computadores e suas conexões.  O último que é a educação aberta; trata-se de um conceito que define educação aberta como uma pratica pedagógica em que as atividades são colaborativas, sem restrições e com liberdade para o educando definir os conteúdos de sua própria aprendizagem; ela pode ocorrer tanto na educação presencial quanto na educação a distancia, sendo, no entanto um processo aberto de ensino e aprendizagem.

Grande parte das teorias e dos prognósticos pedagógicos futuristas aponta que a escola do século XXI em diante terá a necessidade de considerar em seu processo pedagógico a inserção da teoria do aluno; caso contrário essa escola perderá sua eficiência ou até mesmo sua importância socioeconômica. Segundo RAMAL (2008) “Na escola das próximas décadas, seremos responsáveis por formar alunos que possam aperfeiçoar os próprios processos de construção do conhecimento”.

Na escola da Cibercultura, a primeira mudança que deve ocorrer é a parte que envolve o currículo escolar. A final existe grandes diferenças entre o que é uma biblioteca virtual que está presente na sociedade através da rede de internet, estruturada através de mapas conceituais e uma biblioteca tradicional com livros organizados por disciplina.

Ao contrario do que muitos pensam; o mundo virtual não nega a realidade humana; pois ele pode ser a própria realidade que vem através dos “downloads” de informações do consumo feito através das compras; como também dos conflitos causados dentro dessas redes de comunicações virtuais denominadas de redes sociais.

Adotar as tecnologias modernas (atuais) é reconhecer a própria evolução histórica das técnicas e dos instrumentos desenvolvidos pelos humanos sobre a superfície terrestre; pois a espécie humana conseguiu evoluir tecnicamente da idade da rocha lascada à idade do satélite e da fibra ótica.

O momento de produzir aquilo que é necessário ou aquilo que queremos chegou. Na realidade estamos na época da alta tecnologia de informação, comunicação e conhecimento; onde produzir e divulgar não é mais exclusividade de instituições universitárias; jornais impressos, editoras ou gráficas oficiais. Ao clique de um dispositivo eletrônico pode-se publicar uma poesia, um livro, um artigo científico, uma receita de bolo ou qualquer outra informação desejada.

Outra questão importante dentro das perspectivas educacionais é o currículo escolar que leva em consideração o hipertexto, pois há um direcionamento para o fim do currículo estruturado verticalmente e fechado conforme o fragmento a seguir.

O hipertexto me parece uma expressão da experiência de fragmentação da contemporaneidade, dividida em múltiplos pontos de uma rede na qual novas conexões surgem conforme a necessidade. Escrevemos e lemos, construímos nossa vida, abrindo janelas, fazendo links que vão nos associar a outros textos, outros fragmentos, outras ideias. Talvez estejamos chegando à forma de leitura e escrita mais próxima do nosso próprio esquema mental: assim como pensamos em hipertexto, sem limites para a imaginação a cada novo sentido dado a uma palavra, também navegamos nas múltiplas vias que o novo texto nos abre, não mais em páginas, mas em dimensões superpostas que se interpenetram e que podemos compor e recompor a cada leitura. RAMAL (2008)

A importância do hipertexto vem em função da não linearidade da realidade atual, seja ela na informática, no trabalho e principalmente na educação. Na informática, por exemplo, se façamos uma pesquisa em buscador qualquer com a expressão “Indústria Brasileira” teremos uma lista especifica de sites; caso façamos com a expressão “Indústria do Brasil” o resultado da lista de sites tende a ser diferente. No trabalho a função do chefe está deixando de hierárquica para se horizontal e colaborativa. O mesmo está acontecendo com a educação onde, por exemplo, um aluno que se forma em Licenciatura em Geografia terá que ser flexível no desempenhar profissional; pois se ele for atuar numa classe de Ensino Médio Regular terá uma realidade; se ele for exercer a mesma profissão em um curso Técnico em Topografia ou afim terá outra realidade. 

A produção antropológica que as pessoas criaram através das redes modernas de comunicação também é um fator muito importante para a Cibercultura; nesse caso é a importância da cultura comunitária virtual como sugere SIMÕES:

A cultura comunitária virtual é formada por todas as pessoas que utilizam a rede e que conhecem em maior ou em menor grau seus recursos em termos de linguagem e de domínio de programações. É nesse espaço da cultura comunitária que as pessoas experienciam as potencialidades do meio, em termos de percepção e de interação.

Por fim, a cultura empreendedora também integra a cultura da Internet, composta pelos capitalistas de alto risco que incorporaram o meio como instrumento de geração de riquezas. SIMÕES (2009)

Por ainda não haver um conceito definitivo para Cibercultura; a definição de cultura contemporânea; pós – moderna; cultura digital; o próprio termo herdado da ficcção cientifica e informática Ciber ajuda a conceituar Cibercultura.

A Sociedade em Rede

A sociedade em rede pode ser compreendida como o espaço pelo qual as pessoas interagem através da internet com usos para finalidades capitalistas. E semelhante à sociedade tradicional, ela também envolve desigualdades sociais, que é a participação e a exclusão dos indivíduos. Essa sociedade perpassa por características antropológicas, sociais, filosóficas, linguísticas e culturais.

Apesar da provocação de grandes mudanças; no aspecto econômico global, ela não traz igualdade entre os países. O que mais ocorre é a redefinição categórica da DIT – Divisão Internacional do Trabalho. Um bom exemplo para compreendermos essa situação é só observar o processo de globalização entre os países africanos; os países latinos americanos; os asiáticos e europeus. Isso não significa que as sociedades não estão integradas ou se integrando; pois as socioeconômicas estão acontecendo como SIMÕES define no fragmento a seguir:

Há uma tendência de cada vez mais as sociedades informacionais estabelecerem relações com outras sociedades informacionais, gerando um processo de exclusão daqueles que não estiverem circunscritos nessa lógica. Isso se deve a um conjunto de fatores, como a produtividade, a inovação tecnológica, a criação de redes e a globalização, o que influencia os índices sócio-econômicos de determinada localidade SIMÕES (2009).

Significa que a sociedade em rede ainda continuará com seus novos problemas, conflitos e angústias.

Avaliação Educacional

Na avaliação é necessário sair do método de simplesmente verificar a capacidade do aluno memorizar; passando então a adotar instrumentos avaliativos que analise a capacidade desse mesmo aluno tem de processar e produzir informações de conhecimento bem como a habilidade de tomar decisões diante de determinadas circunstâncias.

 

Consideração Final

A proposta apresentada neste artigo foi fazer reflexões e apontar caminhos em que as pessoas possam entender e interagir diante à Cibercultura, a Educação e a Sociedade em Rede. Esses três pontos representantes da sociedade pós – moderna só existe porque as pessoas os construíram.

 

Bibliografia

 

PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática – cap. 01 – pags 17-34. Edição revisada – Porto – Alegre: Artmed, 2008.

RAMAL, Andrea Cecilia. “Avaliar na cibercultura”. Porto Alegre: Revista Pátio, Ed. Artmed, fevereiro 2000.

SIMÕES, Isabella de Araújo Garcia. A Sociedade em Rede e a Cibercultura: dialogando com o pensamento de Manuel Castells e de Pierre Lévy na era das novas tecnologias de comunicação. Revista Eletrônica Temática. Ano V, n. 05 – Maio/2009.

http://www.insite.pro.br/2009/Maio/sociedade_ciberespa%C3%A7o_Isabella.pdf