INTRODUÇÃO

O avanço tecnológico que estamos presenciando nos últimos anos tem proporcionado vantagens inestimáveis ao cidadão, com tecnologias mais rápidas e confiáveis, profissionais bem qualificados com conhecimento científico e interesse investigatório. As instituições de saúde, anteriormente consideradas depósitos de doentes e centros de doenças terminais, transformaram-se em “empresas” modelos de gestão administrativa e fontes de referência em pesquisa científica.

Entretanto, apesar da reforma estrutural que essas instituições sofreram, as reclamações de pacientes e familiares, tanto nos órgãos públicos como privados, de um atendimento sem humanização é alarmante. A saúde é indiscutivelmente a área mais problemática de qualquer governo, consequentemente, a humanização tem relação direta com os problemas estruturais que a área apresenta (1). Humanizar o atendimento é contarmos com um sistema de saúde (SUS) que atenda as necessidades básicas da população; como pensar em humanização sem que discutamos com a sociedade a questão da falta de leitos hospitalares, por exemplo. (2)

O Ministério da Saúde através do Portal da Saúde (3,4), preocupado com reclamações no atendimento, desde 2003, está interessado em promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil. O Portal passou a disponibilizar informações e diretrizes estabelecidadas pelo Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). O PNHAH foi constituído para melhorar através de ações conjuntas a qualidade do atendimento hospitalar, principalmente as relações entre usuários e profissionais da área da saúde. O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais foi um dos primeiros hospitais a fazer parte programa (4).

HUMANIZAR

Humanizar o atendimento não é chamar o paciente pelo primeiro nome, sorrir e acompanhá-lo até o consultório. Basicamente, humanizar é respeitar à individualidade das pessoas. Logo para humanizar o atendimento é necessário saber respeitar, buscar facilidades para que o atendimento da pessoa e/ou de seus familiares seja o melhor possível. Num conceito mais abrangente “humanizar" pode ser uma boa relação médico-paciente, a criação de ouvidorias e "balcões de acolhimento" e até mesmo a melhoria das estruturas do serviço. Pode ser toda e qualquer melhoria que vise o cliente. (5,6)

No livro "As Sementes de uma Medicina Humanizada” Kika Freyre e Paulo Barreto Campelo declaram que: (...) "a arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola, o qual a humanização propicia uma maior probabilidade de bons resultados no atendimento". (7)

INCENTIVOS

O Governo tem investido em incentivos através do Sistema de Informações de Ciência e Tecnologia em Saúde (SISC&T) que gerencia o Programa Pesquisa para o SUS, o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS. O Prêmio Nacional de Incentivo à Promoção de Uso Racional de Medicamentos, o Banco de Consultores e o Pesquisa Saúde (8), além dos conhecidos, PrêmioSaúde – Quem melhorar SUS, a principal linha de atuação é a descentralização do atendimentoe o SUS: “prêmio por boa gestão” ampliação do atendimento à rede SUS, que premia estados e municípios que optarem por medidas que melhorem a gestão.

Algumas instituições como o Instituto de Cardiologia do RS, Hospitais Mãe de Deus, Divina Providência, Santa Casa, Hospital de Clinicas de Porto Alegre entre outros, dão exemplos de boas relações cliente/paciente/prestador de serviço recebendo seguidamente prêmios e destaques.

A Instituição Beneficiente Cel. Massot de Porto Alegre (IBCM) (9), que não deve ser associada ao PNHAH, mas através da simplicidade das atitudes dos seus profissionais, que mesmo cumprindo as formalidades administrativas necessárias para o seu funcionamento,"esbanjam" educação, respeito e cordialidade - humanização. A atenção das equipes de assistência, seja do Ambulatório, Clinica Médica, Odontologia, Fisioterapia, Laboratório e demais serviços), com profissionais que “ainda conversam com os pacientes no corredor”, nos transportando para tempos longínquos, quando médicos e pacientes se conheciam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Independente de Programas educacionais, de atendimento, Cursos de Atualização e/ou outras, a humanização depende quase que exclusivamente da atitude das pessoas envolvidas, de que cada cidadão tenha respeito ao próximo. A humanização está diretamente envolvida com as atitudes empresariais que devem gerar recursos com cumplicidade social e que tenham conscientização, de que para humanizar o serviço também faz-se necessários condições de trabalho adequadas, a ansiedade, a frustração e o descontentamento profissional não podem gerar um bom atendimento, é importante ter pleno conhecimento que a humanização está além das melhorias nas estruturas, aparelhagens e cursos de incentivos.



Referências

1 - Onocko Campos R. Humano, demasiado humano: uma abordaje del mal-estar em la institución hospitalaria. In: Spinelli H. (Org.) Salud Colectiva. Buenos Aires: Lugar Editorial, 2004. p.103-21.

2 - Rios IC. Caminhos da humanização na saúde : prática e reflexão. São Paulo: Áurea, 2009. 179 pp.

3 – Ministerio da Saude. A humanização do SUS. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/index.cfm

4 - ___. Politica nacional de humanização. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1342

5 - Ferreira J. O Programa de Humanização da Saúde: Dilemas entre o Relacional e o Técnico. Saúde e Sociedade 2005;14(3). Dados obtidos on line em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902005000300007 

6 - Simões ALA, Rodrigues FR, Tavares DMS,Rodrigues LR. Humanização na saúde: enfoque na atenção primária. Revista Texto & Contexto 2007;16(3). Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072007000300009

7 - Freyre K, Campelo PR. No terreno das históriasSementes de umamedicina humanizada: histórias para acordar os homens e celebrar a vida. Recife: Edupe, 2009. 246 pp.

8 - Sistema de Informações de Ciência e Tecnologia em Saúde (SISC&T). Disponível em: http://portal2.saude.gov.br/sisct/login.cfm, 2012.

9 - INSTITUIÇÃO BENEFICENTE CORONEL MASSOT. Estatuto / Revisão  Assembléia Geral Ordinária. Porto Alegre, 2010. 13pp.