A categoria “poder” sempre esteve associada à realização de ideais formulados pelas classes dominantes. Sua pretensão sempre foi a conquista daquilo que beneficia, direta ou indiretamente, os anseios que abalroam suas divisas. No que diz respeito à organização do ensino no Brasil, desde o surgimento do germe educacional em solo tupiniquim, houve interesses das classes que “ditavam” as regras. Os jesuítas não catequizaram os nativos pelo simples anseio de lhes conferir liberdade de pensamento, mas para conseguirem neles a realização dos ideais da igreja católica. Ora pela monarquia, ora pela república, sempre houve persuasão de interesses: a comunidade oligárquica entendia que a educação seria privilégio dos nobres e deveria ser direcionada àqueles que nasciam com a distinta oportunidade. Na república, mormente no período da crescente industrialização dos anos 30, 40 e 50, os cursos voltados para as áreas de conhecimentos específicos povoaram diversas instituições educacionais e foi, por longa data, fomentada como principal atividade escolar, deixando-se de lado a instrução intelectual para satisfazer a necessidade industrial.

       Há que se valorizar a contribuição dos cursos profissionalizantes, até porque se não fosse por eles, provavelmente não estaríamos lendo esse texto na tela de um computador ou similar, mas a produção acadêmica e catedrática deve se distinguir dos compromissos industriais, sob pena de existirem apenas para servir, e não para construir.