Em uma noite sombria, final de inverno, nuvens pesadas pairavam perdidas ao sabor do vento. A lua, senhora da noite, vigia dos mistérios noturno emitia uma luz fraca e opaca que deixava um tom sombrio e mórbido, clima propenso as aves noturnas que entoavam seu cantar melancólico, entre elas, a que mais trazia calafrio aos corações das pessoas era o mensageiro dos infortúnios, a coruja, ave agourenta que sobrevoava um terreno baldio com seu cantar, prenunciado a chegada do mercado do destino. Lá, neste terreno, um grupo de crianças brincava sem da importância a clima nefasto que se formava uma brincadeira começará no final da tarde e já se estendia pelos braços da noite.

Todos brincavam em grande alegria, mesmo contrariando os mandos de seus pais que já haviam proibido que eles fossem para aquele lugar. Mas, tudo que parecia divertido, acabaria para uma das crianças: uma menina de doze anos como o maior pesadelo de sua vida. Ela, enquanto as outras crianças estavam distraídas, correu e se escondeu por trás de um poste de eletricidade que ficava a uns dez metros de distância do terreno. Lá, escondidinha via as outras crianças: duas meninas e quatro meninos, loucos a procurá-la, no entanto, ela ria baixinho para não ser descoberta. Assim, aquele lugar, que parecia perfeito, em poucos segundo, traria-lhe algo terrível.

O poste ficava a uns cinco metros de uma cerca de arame farpado, que estava encoberta por grandes ramagens. A cerca se estendia por uma grande extensão de terra, tinha sido instala para impedia que pessoas estranhas entrassem sem permissão na propriedade, um sítio muito antigo que ficava a uns quinhentos metros das casas mais próximas. Neste, em seus dias de funcionamento, os antigos moradores, pessoas muito estranhas pelo que contavam as pessoas que os conheceram, tinham uma criação de porcos que matavam e vendia para o açougue da cidade.

A propriedade tinha uma casa grande, na qual os donos moravam, hoje já em ruína, mas muitos móveis antigos, mesmo com o tempo, conservam sua beleza, todos cobertos por grande quantidade de poeira, pois, desde o misterioso desaparecimento dos donos, ninguém já mais entrou na casa.

O atual dono, um parente muito distante, que tinha herdado a propriedade, morava fora da propriedade, em outra cidade, nunca quis viver na casa, construirá outra, no entanto, foi embora, pois dizia que a propriedade era mal assombrada e ninguém conseguia viver lá. E, muitas outras histórias: feitiçarias, desaparecimentos de crianças, foram contadas pelos antigos funcionários, hoje, muitos já falecidos e outros tinham deixado a propriedade.

Contam que em noites de pouca lua uma figura sinistra era vista rodando a área, igual aquele dia.

A menina, que encolhida via seus amigos ao longe, foi tomada por um grande medo. Um vento frio acompanhado por um uivo longo a fez virá rapidamente, um grande calafrio catacumbal correu todo seu corpo, ela, lá encostada, viu perto da cerca uma sombra negra de um homem parado olhando para ela, neste momento, as forças lhe sumiram, sua voz não sai, quando tentou correr, a figura com um salto de lobo caçador pulou na frente da menina e lhe cobriu todo o corpo com uma manta negra, por instinto e no último respirar ela deu um grito. Seus amigos, que corriam de um lado para o outro, pararam assustados quando ouviram o grito. Perplexos ficaram por alguns minutos parados, congelados de medo. Mas, um dos meninos, o mais velho, com dezesseis anos, deu um grito, pois se lembrou da menina, correu até o lugar de onde tinha vido o grito, mas ao chegar não encontrou ninguém, a menina tinha sumido. Junto ao poste encontrou apenas uma pequena tiara de plástico que pertencia à menina. Neste mesmo instante, outro grito foi ouvido, mas desta vez era um grito fraco e vinha da direção da cerca. O menino, desesperado correu até a cerca, afastou a folhagem e viu perto de uma casa que ficava no sitio um vulto negro fechando a janela rapidamente, e, também, ouviu, de novo, o chamado da menina, agora mais fraco, vindo lá de dentro.

Ele gritou chamando o nome dela, mas não teve resposta e lutando contra o medo atravessou a cerca de arame farpado. Os outros, que assistiam, ao longe, ainda assustados, quando o viram atravessar a cerca correram ao seu encontro. Todos atravessaram a cerca, no caminho foram pegando pedaços de paus. Ao chegarem a casa, os garotos, com pedaços de paus na mão tentavam insistentemente arrombar a janela e a porta, mas tudo em vão. Chutavam e gritavam insistentemente. Lá dentro se ouvia uma risada fantasmagórica. Móveis batiam com grande força no chão e nas paredes. De repente, tudo parou e o único som que se ouviu foi o uivar do vento nas frechas da casa.

Os meninos assustados não sabiam mais o que fazer. Um deles, o mais jovem, saiu correndo gritando por socorro, atravessou a cerca sem dar conta das pontas perfurantes do arame que rasgou sua roupa e penetrou na carne. Correu, correu seus gritos ecoavam por toda a parte chamando a atenção dos moradores da redondeza. Todos, espantos, começaram a sair de suas casas e correram levados pelo garoto para ao lugar que estavam seus amigos. Do meio do mato de dentro do sitio, também, veio um grupo de moradores de outro sitio vizinho e tinham ouvido os gritos, cerca de uns dez moradores, entre mulheres e homens, muitos armados, segurando machados, foices e ceifadores. Um dos homens, que segura um grande machado, quando chegou foi logo mandando as crianças se afastarem. Com uma machadada começou a bater na porta, cada pancada ecoava pelo ar e de dentro da casa gritos alucinantes eram ouvidos.

Quando a porta foi derrubada, uma grande fumaça saiu de dentro inebriando todos que estavam lá fora, mas o homem que tinha derrubado a porta se recuperou rapidamente e entrou, quando passou por cima da porta, que rangeu com seu peso viu, ao longe, a menina deitada em um canto da parede, ela parecia estar desacordada, junto dela algumas figuras pequenas como crianças rosnaram ao vê-lo. A cerca de uns cinco metros da menina, um homem com um ar sombrio, com cerca de uns oitenta anos, segurando uma bengala na mão esquerda, estava sentado em uma cadeira de balanço feita em madeira escura. Ele se balançava com o olhar voltado para o teto da casa. Os móveis, muitos deles, estavam jogados nos cantos das paredes, uns quebrados, outro apenas amontoados um por cima do outro. O abajur que ficava no centro da sala, dependurado no teto, balançava de um lado para o outro em um ritmo compassado, várias peças, pequenas pedrinhas em vidro que ornamentavam o objeto começaram a cair ao chão criando sons aterrorizantes.

O homem quando viu o invasor entrar deu um grito assustador que gelo o coração do mais valente que estava presente e, logo em seguida, uma sequência de explosões se fizeram presente em todo o ambiente. Várias fagulhas começaram a aparecer em diversos pontos da casa, mas nenhum móvel ou objeto fora consumido, as chamas dançavam fantasmagoricamente e varias risadas eram ouvidas.

Poucos minutos depois, três homens entraram atrás do homem que tinha entrado primeiro, um senhor de estatura baixa, gordo, careca, barbudo, vestindo uma calça longa e uma camiseta suja. O homem correu em direção da menina sem dar atenção para o velho, que agora estava de pé e balançava no ar a bengala em fúria. Pegou a menina, seguro-a firmemente em seus braços, as criaturas que rosnavam nesta hora, em fúria, tentavam atacar o homem, mas com o machado ele às intimidou, Quando ia se afastando chutou uma cadeira que fora arrastada por uma força invisível em sua direção e começou a correr. Uma voz em um tom fantasmagórico mandava que ele parasse e soltasse a criança. Mas, ele não deu atenção e continuou a correr. Quando foi chegando perto da porta da saída, outra cadeira, agora arremessada no ar, acertou sua costa com grande força fazendo-o tombar ao chão. Os outros homens, que esperavam na entrada, todos muito assustados, correram e pegaram o homem e a meninas e saíram arrastando os dois para fora.

Quando todos tinham saído, uma grande explosão, agora mais forte, seguida de um riso lacônico, fez a casa incendiar toda. O fogo consumia tudo. Labaredas subiam ao céu e uma fumaça negra como um manto cobriu o céu. Em poucos minutos toda a casa já estava coberta por uma grande chama. No meio das chamas uma sombra negra e sinistra apareceu com um sorriso tenebroso no rosto, logo atrás, uma senhora de uns setenta anos acenava para todos e de seus olhos corriam lágrimas, junto dela doze crianças, entre elas a menina.

Todos que assistiam a cena, neste momento, ouviram uma voz que dizia:__ Aquelas que me pertencem me virão ao tempo certo!__ Após a fala a casa foi toda consumida pelo fogo, em questão de segundos, nada, absolutamente nada, restou. A casa sumiu por encanto e com ela a menina.

Pouco tempo depois, um dos netos, que já estava muito velho, veio à cidade e contou que a casa possuía uma maldição, e de tempos em tempos, ela reaparecia para colher almas dos inocentes. Mas, o fogo, aquele que tudo consome, transformou-se no portal entre os dois mundos...

FIM