INTRODUÇÃO:

A velocidade com que estão acontecendo-as as informações no mundo globalizado, também não é diferente no esporte e no que refere-se o objeto de estudo que é o futsal.Todas as publicações científicas, em relação a assuntos relacionados ao desporto, são muitas em todo o planeta. A cada dia que passa, novos livros e revistas são lançados com as mais variadas informações a respeito de exemplos de treinamentos. Essas informações são, na sua maioria, baseadas em pesquisas e estudos científicos através de métodos da Fisiologia do Exercício, do Treinamento Desportivo, e também na Medicina Esportiva, Psicologia Desportiva e outros assuntos pertinentes aos esportes individuais e coletivos. O mundo está passando por muitas mudanças e não é diferente com o esporte que, por sua vez, traz glórias e heróis a seus países. Desse modo, com toda a evolução técnica existente, faz-se necessário pesquisar, obter dados científicos, produzir trabalhos específicos para cada modalidade esportiva, e não somente apostar no genótipo e fenótipo dos indivíduos desportistas. Procurei, com este objeto de estudo, centralizar a preocupação no futsal por vivenciar experiências como árbitro na Federação Catarinense de Futsal. Essa experiência me permite acompanhar constantemente o trabalho realizado pelos treinadores da cidade de Chapecó, SC. Com este estudo, desejo contribuir para a modalidade crescer e se desenvolver mais em nosso país. Apoiados ao pensamento de Bello Junior (1998), a busca constante de resultados positivos faz do futsal, hoje em dia, uma das modalidades mais praticadas no país, sendo que uma grande parcela dos praticantes deve-se também ao grande número de mulheres que vêm aderindo a esta modalidade. Vale ressaltar que é necessário cada vez mais que os profissionais da área e os praticantes dessa modalidade desempenem papéis de contribuição para o fortalecimento da modalidade do desporto. É necessário observar o crescimento e desenvolvimento do futsal, com inegável progresso em termos qualitativos. Houve aperfeiçoamento da parte mecânica do movimento e também da parte técnica, o que proporcionou ao atleta maior velocidade, força, destreza e equilíbrio. A periodicidade dessas informações, vitais para a renovação dos processos, dependerá do desenvolvimento de um sistema que disponibilize os dados de cada atleta para poder prescrever os exercícios conforme as necessidades de cada um. É nesse contexto que este trabalho se apresenta na tentativa de mostrar resultados que possam auxiliar na preparação no futsal. (apud BELLO JUNIOR, 1998, p. 17), faz-se necessário despertar nos novos profissionais, os quais pensam somente na prática do esporte, que o fomento da pesquisa científica e dos trabalhos teóricos são também importantes e justificados. Para que o salonismo possa tornar-se um diferencial e conquistar resultados magníficos entre os demais esportes, é preciso estar embasado e estruturado em estudos científicos, estatísticos e teóricos atuais.

PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO

Optou-se pela esta categoria adulta do Futsal masculino pelo fato de haver pouca referência bibliográfica nesta modalidade, sentindo a necessidade de pesquisa e produção de conhecimento a este respeito. Vale salientar também que a escolha da equipe APTI FUTSAL, justifica-se pelo fato a equipe estar participando, pelo segundo ano consecutivo, da Liga Nacional. Campeonato que reúne as melhores equipes do futsal do país. A amostra para este estudo foi constituída por 16 atletas do sexo masculino, na faixa etária entre 17 e 33 anos, da equipe adulta de futsal da Apti Futsal Chapecó, que participaram da Liga Nacional e também do Campeonato Catarinense da Divisão Especial (2006).

Para Thomas e Nelson (2002), a pesquisa é um estudo de status eamplamente é utilizada na educação e nas ciências comportamentais. O seu valor está baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos, e as práticas, melhoradas por meios de observações, análise e discrição objetiva e completa. Por meio da pesquisa observacional, obteve-se dados quantitativos e qualitativos referentes às pessoas e às situações. Nesta pesquisa não existe interferência do pesquisador, nem manipulação do objeto de pesquisa. Procura-se somente estudar e analisar as freqüências que ocorrem esses fenômenos.

A coleta dos dados ocorreram durante o ano de 2006, aconteceu da seguinte maneira:

Primeiramente, no início da temporada (Janeiro de 2006), foram feitos os exames médicos, com interrogatório e histórico de doenças e lesões, por um médico ortopedista e traumatologista. Também foi aplicado, por um cardiologista, o exame cardiológico, realizado em esteira ergométrica e, ainda, exames laboratoriais, como hemograma completo e exame de urina.

Após as coletas dos dados referentes à pré-temporada, o professor responsável pela equipe prescreve o treinamento, possibilitando a análise e descrição do treinamento, servindo como conclusão do curso de Educação Física tranformando-o em um artigo. Depois de posse dos primeiros dados, decidiram utilizar programas de treinamentos quinzenais, com uma fase de pré-temporada nos primeiros quinze dias, dando ênfase para a preparação física.

A tabela abaixo demonstra o período da Pré-temporada antecedente às fase inicial dos jogos amistosos e os jogos propriamente dito da competição. A descrição da programação da tabela referente-se a 21 dias de treinamento durante a fase de pré-temporada, no ano de 2006, período de 16 de janeiro de 2006 a 5 de fevereiro de 2006, sem a presença de jogos enfatizando a preparação física.

Turno

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

Sábado

Domingo

Manhã

Aeróbio 6 tiros de 5 minutos, com 1 min intervalo

Aeróbio 5 tiros de 1000 metros, intervalo 3 min

Aeróbio 5 tiros de 1000 metros, intervalo 3 min

Aeróbio, 5 tiros de 1000 metros, intervalo 3 min

Aeróbio 5 tiros de 5 minutos, com intervalo de 1 min

Aeróbio 7 tiros de 800 metros, intervalo de 2 min

Treino – bola, 30-40 minutos, média intensidade

Manhã

Treino – bola, 40-50 minutos, baixa intensidade

Treino – bola, 50-55 minutos, baixa intensidade

Treino – bola, 30-40 minutos, baixa intensidade

Treino – bola, 50-55 minutos, baixa intensidade

Treino – bola, 50-55 minutos, baixa intensidade

Descanso

Descanso

Tarde

Circuito Res. Musc. Loc. (RML)

Musculação, 3 x 15

55% a Carga Máxima

Circuito

Agilidade

Musculação

3 x 15

60% da Carga Máxima

Circuito

Res. Musc. Loc. (RML)

Musculação3 x 20 60% de Carga Máxima

Descanso

Manhã

Aeróbio 6 tiros 800m

intervalo3min

Musculação (60%)

velocidade

Aeróbio, 6 tiros 700m,

intervalo de 2 min

Musculação 60% agilidade

Aeróbio, 5 tiros de 600m, intervalo. 2min

Musculação.60% agilidade

Aeróbio 6 tiros de 400m, intervalo. 2min

Tarde

Treino- bola- 50 min, baixa intensidade

Treino- bola- 50-55 min, média intensidade

Hidro- ginástica e recreação

Treino bola, 45 minutos média intensidade

Circuito

(RML)

Treino bola, 30 minutos, alta intensidade

Descanso

Manhã

Aeróbio5 tiros 800m

intervalo3min

Treino, bola, 50 minutos, média intensidade

Treino, bola, 45 minutos, alta intensidade

Treino bola, 40 minutos, média intensidade

Treino bola, 50 minutos 0,média, intensidade

Treino bola, 50 Minutos, Baixa intensidade

Relançamen to e recreação

Tarde

Aeróbio6 tiros de 600m, intervalo 3 min

Musculação 65% velocidade

Interval-treinning Musculação 70%

Resistência Velocidade Tiros de 400m

Musculação 70%

Musculação 70%

Fim da pré-temporada

A descrição demonstra uma atividadeessencial à preparação física dos atletas no início dos jogos da competição, e também um fator determinante para o decorrer da competição, alcançando, com mais eficácia, o objetivo da equipe. A aplicação dos exercícios da tabela acima nos possibilita a perceber a necessidade da avaliação, da auto avaliação e da retificação dos exercícios necessários.

Nessa forma de trabalho, a cada trinta dias seriam refeitos os testes correspondentes à avaliação antropométrica e consumo de oxigênio (avaliação física). Novamente, e assim sucessivamente, para poder acompanhar a evolução da equipe nos períodos de treinamento, e também em preparação para o início dos jogos amistosos e jogos oficiais. A última avaliação física foi realizada novamente na última semana da temporada de jogos da Liga Nacional (agosto 2006), com o intuito de avaliar as alterações físicas decorrentes do programa de treinamento e da temporada de jogos.

Ajuda a comprender o pensamento:

(DANTAS, 1998), diz que a periodização nos orientará na competição e aplicação das cargas de treinamento, devendo sempre ter um caráter oscilatório para promovermos a supercompensação e resguardarmos o atleta do sobratreino ou "overtraining". Para proporcionar aos atletas o alcance de performances máximas ou perto da máxima, é necessário termos o controle de toda a composição do treinamento de alto rendimento, dando assim a devida importância à preparação técnica, tática, física e psicológica. Só com o planejamento e periodização do treinamento é que poderemos controlar todas as variantes do treinamento e corrigi-los quando necessário.

O autor contribui com o objeto de pesquisa, fortalecendo e esclarecendo os métodos, as técnicas, as estratégias e os procedimentos adequados ao treinamento e periodização nos esportes coletivos, o que nos apoiou para a efetivação da aplicação do objeto de pesquisa.

DADOS E PERÍODO DE TREINAMENTO

Para a análise dos dados, foi utilizada uma análise descritiva de toda a sistematização e periodização de treinamento, nos períodos correspondentes às pré-temporada, sem participação de jogos; pré-temporada, com participação de jogos amistosos, e temporada, com jogos oficiais. Para a variável consumo de oxigênio (VO2máx,) levou-se em consideração somente os dados obtidos no final da temporada de jogos 2006. Os dados referentes à gordura corporal (%G) foram analisados individualmente e comparados na pré e pós-temporada através do Teste t de Student, ao nível de significância de p<0,05.

Tanto a variável VO2 máximo quanto o %G de gordura foram analisados pela estatística descritiva (média e desvio padrão).

DISCUSSÃO DOS DADOS:

O propósito deste estudo foi descrever a sistematização e periodização do programa de treinamento, a variável do percentual gordura corporal (%G) da pré-temporada até a última quinzena que antecedia o final da participação dos jogos da Liga Nacional 2006. Também, são apresentados dados referentes ao consumo de oxigênio (VO2máx), somente com o intuito de caracterizar a amostra participante deste estudo. Durante esse período, todas as atividades realizadas foram minuciosamente registradas:composição corporal, aspectos físicos aeróbicos e anaeróbicos, força e velocidade dos atletas da equipe adulta da Apit Futsal, período de 2006, todos os 16 atletas da equipe participaram desta análise. Para este estudo, somente foram utilizadas as variáveis de %G e VO2máx para caracterização física dos atletas e a descrição da sistematização e periodização do programa de treinamento da equipe estudada. Em algumas tabelas abaixo, estão aparecendo as letras maiúsculas C e F, elas estão sinalizando respectivamentes quando a equipe está jogando em casa e respectivamente fora de casa. Verificou-se que o percentual de gordura corporal teve uma redução de grande diferença, estatisticamente significativa ( P =0,001), havendo assim uma redução do percentual %G que, no início da pré-temporada, apresentava 12,89% ± D.P, chegando no final da temporada com uma porcentagem de 11,26% ± D.P. Para a sistematizarão e periodizações de treinamento, foram utilizadoduas etapa, num primeiro momento comprogramação quinzenal; no segundo momento com programações e períodos mais longos.

CONCLUSÃO:

O presente estudo teve como principal objetivo investigar e analisar á sistematização e periodização de treinamento de uma equipe de alto rendimento em futsal. Num primeiro momento, na fase de preparação, também conhecida como pré-temporada, devemos realizar os testes laboratoriais, aliados aos testes físicos, pois, com os dados obtidos individualmente, poderemos ministrar, com cautela e sabedoria, o que realmente cada atleta necessita, juntamente com o grupo. Na formação da equipe, devemos unir o planejamento tático ao grupo de atletas. Montar um planejamento nos planos físico, técnico e tático sem que o grupo possa corresponder às expectativas, com certeza será somente uma perda de tempo na aplicação e avaliação. Nesse contexto as comissões técnicas precisam elaborar uma programação de treinamento com inteligência e sabedoria, estudando todas as variantes e as possibilidadesque o tempo irá oferecer. Quanto aos indicadores encontrados no percentual de gordura, foram significativos ao verificar as alterações das variáveis antropométricas dos atletas profissionais de futsal do Brasil. Durante esse período determinado, que abrangeu o período de pré-temporada e período competitivo longo, analisamos significativamente as alterações em fator positivo. Hoje, mais do que em qualquer época anterior, os membros da comissão técnica estão preocupados primeiro em analisar a aptidão física de sua equipe, num esporte dinâmico de muita velocidade, estão reconhecendo que é uma das partes vitais para o desempenho futuro de suas equipes. Na literatura, encontramos padrão de VO2máx em jogadores de futebol aproximadamente de 55-60 m1/Kg/min, dados encontrados e registrados em vários times do mundo. Para a equipe da APTI, os resultados encontrados, da mínima em 52,9 ± e a máxima de 62,3 ±, demonstraram que os índices de limiar anaeróbio e VO2 máximo foram semelhantes e até superiores vários resultados de estudos encontrados antes na modalidade. Já para os dados do percentual de gordura corporal houve uma redução significativa, ficando o P =0,001, considerandoo P<0,05, havendo assim uma redução significativa do percentual de %G. Nesse caso, a média, que no início da pré-temporada era de 12,89% ± D P, no final da temporada apresentou percentagem de 11,26% D P. Essa redução do percentual de gordura corporal, deu-se ao longo da temporada, efeito de um programa de trabalho e das cargas de treinamento elaboradas pela equipe técnica, aplicadas aos atletas no período. A esses valores encontrados buscou-se analisar a média do percentual de gordura que outrospesquisadores relatam como ideais para a modalidade, um padrãoem torno do percentual de 11% a 12%. Os resultados apresentados demonstram uma homogeneidade entre os atletas do grupo. Essa variável antropométrica possibilita aos técnicos e cientistas do desporto avaliar e modificar essas medidas para poder prescrever programas de treinamentos adequados. Vale salientar que para a efetivação do objeto de pesquisa não contamos com uma variedade de referência, pois não há produções científicas a respeito, e sim experiências que precisam ser escritas e publicadas. Assim é intenção do artigo contribuir com os profissionais que atuam no treinamento de equipes de alto rendimento do Futsal masculino.

REFERÊNCIAS:

BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, N. Aparecida. Um guia para iniciação científica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1986.

BELLO JUNIOR, Nicolino. A ciência do esporte aplicada ao futsal. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.

DANTAS, Estélio H. M. A prática da preparação física. 4. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998.

THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física.Porto Alegre: Artmed, 2002.