UNIVERSIDADE NILTON LINS- PRÓ-REITORIA DE PÓS- GRADUAÇÃO

 

A CAPACIDADE FUNCIONAL DO IDOSO

E O BEM ESTAR NA VELHICE

 

 

 Nayara Prado do Nascimento*

 

 

RESUMO

                                            

O envelhecimento está diretamente ligado com as alterações físicas, psicológicas e sociais do indivíduo. Tais alterações são naturais e gradativas. Assim, o envelhecimento é um fenômeno fisiológico, progressivo inerente ao ser humano. Com base nesse conceito nosso objetivo é identificar suas limitações funcionais, doenças e incapacidades que ocorrem no processo do envelhecimento, consequência da perda contínua da função dos órgãos e sistemas biológicos, podendo levar o idoso à dependência de outras pessoas. Este fenômeno tem múltiplas dimensões, como por exemplo, a física, a psicológica a social e seus aspectos. Entre eles, a saúde percebida e a capacidade funcional são de suma importância que devem ser avaliadas, assim como o bem-estar subjetivo, indicadas por satisfação e autonomia. A qualidade de vida tem relação direta com a existência de condições ambientais que permitam aos idosos desempenhar comportamentos biológicos e psicológicos adaptativos. É importante privilegiar o idoso a questão da autonomia e independência, que favorecem a um envelhecimento ativo e saudável.

Palavras-chave: Envelhecimento. Capacidade Funcional. Qualidade de vida.

[1]

Introdução

 

            A abordagem da temática do envelhecimento inclui, necessariamente, a análise dos aspectos culturais, políticos e econômicos relativos a valores, preconceitos que permeiam a história da sociedade.

            Entende-se que envelhecimento é um processo vitalício e que os padrões de vida que promovem um envelhecimento com saúde estão formados neste princípio. Porém, vale salientar que fatores sócio-culturais definem o olhar que a sociedade tem sobre os idosos e o tipo de relação que ela estabelece com esse segmento populacional.

            Assim, o envelhecimento envolve uma série de alterações que vão ocorrendo no organismo ao longo do tempo vivido. Este processo provoca mudanças nas funções e estrutura do corpo e o torna mais suscetível a uma série de fatores prejudiciais, estes podem ser tanto internos quanto externos (falha imunológica, renovação celular comprometida, estresse ambiental, calvície e redução da capacidade de trabalho e da resistência, entre outras), o que só tende aumentar a perda dos papéis sociais, solidão e perdas psicológicas, motoras e afetivas.

            Tendo em vista, essas deficiências voltadas para a pessoa idosa é que procuramos neste estudo abordar como objetivo a qualidade de vida no processo de envelhecimento, visando à capacidade funcional do idoso, tendo como foco o bem estar na velhice. A mesma tem sido ponto de atenção por parte das autoridades, da família e da sociedade civil. A metodologia usada na pesquisa é de caráter bibliográfico visando uma análise crítica sobre está temática.

            Às manifestações somáticas da velhice, é considerada a última fase do ciclo da vida, as quais são caracterizadas por redução da capacidade funcional. É importante salientar que o envelhecimento voltado para qualidade de vida e a capacidade funcional do idoso e do grupo etário, está inserido numa sociedade de consumo e consequente sociedade produtiva, onde estar e sentir-se útil significa produção. O corpo ao longo da histórica, sempre foi carregado de conotações negativas, onde desde a era industrial até o tempo atual, o corpo é visto dentro de parâmetros que valorizam a força, a produção, o rendimento e a funcionalidade corporal a serviço da classe dominante.

            É nesta sociedade que nos deparamos com a exclusão social e econômica da pessoa idosa, bem como a inversões de papéis, onde os filhos assumem o poder sobre os pais quando envelhecem e tornam-se estorvo para a sociedade. Deste modo, procuramos trabalhar o envelhecimento apontando pontos positivos e negativos firmados pela sociedade capitalista. Dentro deste contexto, o corpo é que predomina deixando de ter caráter saudável para dar lugar aos modelos corporais, fundamentado em parâmetros juvenis.

           Os tópicos a serem explorados neste artigo são os seguintes: O processo de envelhecimento, a Capacidade funcional e Qualidade de vida. Em relação ao processo de envelhecimento vamos conhecer o chamado ciclo da vida onde se inicia o envelhecimento, depois suas suscetíveis mudanças nas alterações físicas, sócias e psicológicas. A capacidade funcional está diretamente ligada com a atividade da vida diária do idoso, este mantém desempenhar adequadamente suas funções cognitivas e motoras. E a qualidade de vida é a percepção do bem estar de uma pessoa, tanto no âmbito físico, mental e social. Na velhice uma vida saudável está ligada com a manutenção com a saúde e autonomia como satisfação.

 Processo de Envelhecimento

 

           A idade cronológica é muito utilizada para determinar o início do processo de envelhecimento, mesmo sendo imprecisa em muitos aspectos, ainda são essenciais para a determinação de faixas etária em estudos, pesquisas, índices demográficos, etc.

                                Figura 1

                      Fonte:Retirada do site: www. bionared.blogspot.com.br em 16 de Março de 2012.

          A figura 1 vem nos mostrar o processo de envelhecimento, quando nascemos já estamos envelhecendo, podemos classificar também como ciclo da vida e as chamadas gerações.

           Segundo Mazo, Lopes, Benedetti, (2004) o ciclo de vida dividiu-se de acordo com o valor de produção e consumo de bens, desta forma a “primeira idade” (crianças e adolescentes que apenas consomem); a “ segunda idade”(jovens e adultos- que consomem e produzem) e a“ terceira idade” (idosos – que não produzem e só consomem).

            Quando o ser humano envelhece, há uma série de mudanças em sua imagem externa e no seu comportamento, este processo se caracteriza principalmente pelas alterações físicas mais aparentes como o engelhar da pele e o embranquecimento dos cabelos. Outros que iniciam, a partir dos 30 anos de idade, porém que acentuam mais tarde a diminuição das capacidades físicas, como a força, resistência, agilidade, velocidade e equilíbrio; devido ao envelhecimento dos órgãos que os compõe, conhecidos como sistemas orgânicos (respiratório, cardíaco, digestório, urinário, e músculo-esquelético). Além da diminuição da acuidade visual, paladar, olfato, audição, e diminuição da produção de hormônios e enzimas.             

            Deste modo, pode ser caracterizado pelo declínio de nossas capacidades físicas, mas que refletem diretamente na condição social e psicológica do indivíduo o qual chamamos de alterações. Tais alterações segundo Zimerman, 2000 são naturais e gradativas. É importante salientar que essas transformações são gerais, podendo se verificar em idade mais precoce ou mais avançada e em maior ou menor grau, de acordo com as características genéticas de cada indivíduo e, principalmente, seu  modo de vida.

            Santos (2000 p 58:60) in,Mazo, Lopes, Benedetti (2004) citam os diferentes tipos de envelhecimento formulados por de forma sucinta, são:

Envelhecimento biológico: é um processo contínuo durante toda a vida, com diferenciações de um indivíduo para outro, e até diferenciações no mesmo indivíduo, quando alguns órgãos envelhecem mais rápido que outros. Envelhecimento social: ocorre de formas diferenciadas em culturas diversas e está condicionado á capacidade de produção do indivíduo, tendo a aposentadoria como seu referencial marcante. Envelhecimento Intelectual: começa quando o indivíduo apresenta falhas na memória, dificuldades de atenção, na orientação e na concentração, enfim, apresenta modificações desfavoráveis em seu sistema cognitivo. Envelhecimento funcional: acontece quando o indivíduo começa a depender de outros para o cumprimento de suas necessidades básicas ou de suas tarefas habituais. O envelhecimento é um fenômeno fisiológico, progressivo e inerente a todo ser humano.

            No entanto, o envelhecimento não será necessariamente patológico. Tendo em vista que encontraremos na senilidade, caracterizada pelo declínio físico diretamente associado à desorganização mental que está vinculado a uma precária qualidade de vida. Mas podemos ter um envelhecimento que não prejudique tanto a qualidade de vida, que é a senescência, um fenômeno fisiológico, identificado pela idade cronológica, pode ser considerado um envelhecimento sadio, onde o declínio físico e mental é mais lento.

            O processo de envelhecimento de hoje é bem diferente do inicio do século, pois eles passavam por uma verdadeira seleção natural, enquanto nos dias atuais, graças aos processos da medicina, muitas pessoas conseguem manter suas patologias controladas e sobrevivem durante muitos anos. Isto que dizer que o idoso há anos atrás detinha a condição de sábio em todas as suas atividades. Porém, com os avanços da ciência e tecnologias, o que importa são dados comprobatórios no cuidado com a saúde e de suas respectivas doenças.

            O Estatuto do Idoso Lei n° 10.741 de Outubro de 2003, do Título II referente aos direitos fundamentais, ressalta que:

Art.8° O envelhecimento é um direito personalíssimo e sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vigente. Art.9° É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.

          É de suma importância perceber que o idoso também faz parte de nossa sociedade, é um direito e não uma exclusão, por isso é amparado pela Lei juntamente com o Estado para dar subsidio as suas necessidades, mediante a intervenção de políticas públicas para obter condições dignas de vida.

         O reconhecimento dos direitos do cidadão quando envelhece é um fato novo. Assim, o estatuto estabelece os direitos do idoso, assegurando-os como dever não só da família, mas também da sociedade e do poder público com a absoluta prioridade de que as pessoas idosas sejam compreendidas, desfrutem de vida plena e saudável, segura e satisfatória, em condições de liberdade e dignidade de viver, junto de sua família e em sua comunidade.

    Capacidade Funcional do Idoso

           A capacidade funcional (CF) do idoso é definida pela ausência de dificuldades no desempenho de certos gestos e de certas atividades da vida cotidiana. O comprometimento voltado para este relaciona-se aos aspectos orgânicos, é a perda ou alteração das estruturas ou funções sejam elas psicológicas ou fisiológicas. A incapacidade é a falta ou limitação de uma habilidade, que resulta de um comprometimento, para realizar uma atividade rotineira. A desvantagem seria um prejuízo social resultante do comprometimento e da incapacidade.

                                 Figura 2

       

 

 

 

 

 

 

                          Fonte: www. senado.gov.br em 20 de Fevereiro de 2012

           A figura 2 vem nos mostrar o idoso que é capaz de fazer suas atividades do dia-a- dia, sem ajuda de familiares, ou seja, tem sua independência garantida. Cabe ressaltar que, um envelhecimento saudável e bem sucedido é marcado por uma redução no risco de doenças e pela prevenção ou reversão da perda funcional, garantindo a manutenção de uma vida independente e autônoma.

            A capacidade funcional segundo Wenger et al (1984) apud Mazo, Lopes, Benedetti (2004) é vista como a capacidade de realizar as atividades da vida diária de forma independente, incluindo atividades de deslocamento, atividades de auto-cuidado, participação em atividades ocupacionais e recreativas, ou seja, a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias a uma boa vida, incluindo um sono adequado.

            A OMS (Organização Mundial da Saúde, 1997), definiu saúde como forma de bem-estar geral e a capacidade de se autogovernar, sugerindo o emprego de avaliações multidimensionais para o diagnóstico mais precisam da saúde populacional. No que se refere o idoso, a OMS realça a capacidade funcional e sua independência como fatores preponderantes para o diagnóstico de saúde física e mental dessa população (Diogo, Neri, Cachioni, 2006).

                                                                                                    Figura 4

  Figura 3

Fonte: www.alexandrelevangelista.com.br                                      Fonte: www.diabetescenter.com.br

Em 20  de Fevereiro de 2012                                                             Em 22 de Março de 2012

           Na figura 3 e 4 procuramos explorar a atividade física como ponto primordial para se chegar a um envelhecimento saudável, bem como uma boa alimentação.

            A realização de uma tarefa de maneira satisfatória envolve a participação e o desempenho adequado das funções cognitivas, motoras e psicológicas. No contexto gerontológico, segundo terminologia utilizada por Gordilho et al. (2000), a capacidade funcional é caracterizada pela manutenção das habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma, sendo a sua avaliação realizada mediante o uso de instrumentos multidimensionais.

           As doenças, incapacidades e limitações funcionais ocorrem no processo de envelhecimento, conseqüência da perda contínua da função dos órgãos e sistemas biológicos, podendo levar o idoso à dependência de outras pessoas ou equipamentos específicos para a realização das atividades diárias. Mas mesmo os idosos com alguma doença podem manter a capacidade funcional e participando do contexto social.

            É importante salientar no que tange o Estatuto em relação à saúde: É assegurada atenção integral ao idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde- SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos. Segundo o Estatuto do Idoso nos apresenta o seguinte:

§ 1° A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:II- Atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;III- Unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;V- Reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde. 

           Existem diferentes classificações sobre as Atividades da Vida Diária- AVD

citada e apresentada por Cotton (1998) apud Mazo, Lopes, Benedetti (2004 p. 82),apresentaremos algumas das principais:Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD): auto-cuidado, dentre  essas atividades estão: vestir-se, alimentar-se, tomar banho, et. Atividades Intermediárias da Vida Diária (AIVD): auto-cuidados, manutenção e independência que são: fazer compras, cozinhar, limpar a casa, lavar e passar roupa. Atividades Avançadas da Vida Diária (AAVD): função necessária para se viver sozinho; entre elas, estão às funções ocupacionais, recreacionais e prestações de serviços comunitários.

            Quando se consegue realizar as atividades de vida diária, sem a necessidade de intervenções de terceiros, estabelece-se uma sensação de bem estar com as próprias capacidades e “utilidade” e evita-se constrangimentos que podem gerar um quadro psicológico de depressão.

Qualidade de vida do Idoso

 

            Nas últimas décadas, a qualidade de vida tem sido um dos grandes focos de atenção de autoridades e também da população. Para Paschoal (2004) in Freitas et al (2006) a qualidade de vida é a percepção de bem-estar de uma pessoa, que deriva de sua avaliação do quanto realizou daquilo que idealiza como importante para uma boa vida e de seu grau de satisfação com o que foi possível concretizar até aquele momento.       

                                                          Figura 5

 

                                             Fonte:-www.portalvalegospel.com.br em 10 de Março de 2012.

           Na figura 5 temos o acompanhamento médico que está diretamente ligado a qualidade de vida. Todo idoso, deve fazer uma avaliação médica  a cada seis meses, como forma de prevenção a doenças e no cuidado com a saúde.

            Segundo Rowe  apud Diogo, Neri, Cachioni (2006) propõem que existem três aspectos considerados fundamentais para que haja um bom envelhecimento ou a manutenção de uma alta qualidade de vida, citando a liberdade de doenças e o engajamento com a vida e a competência física e mental.

             Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) segundo FLECK (1988)   “qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida e no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

            Os idosos têm como parâmetro de saúde uma vida independente, sobre a qual possuam controle, sem a necessidade de serem cuidados. Na velhice, uma vida mais saudável está intimamente ligada à manutenção ou à restauração da autonomia e da independência, que constituem bons indicadores de saúde.

           A qualidade de vida é estudada por várias disciplinas com certa polêmica na definição de conceitos (Bowling, 1995; apud Lima (2008) propôs um modelo conceitual de qualidade de vida que inclui: competência comportamental, condições ambientais, qualidade de vida percebida e bem-estar subjetivo). A competência comportamental abrange a saúde, a funcionalidade física, a cognição, o comportamento social e a utilização do tempo. As condições ambientais incluem a influência do ambiente físico e social na qualidade de vida.

           Rolim (2005 p.125) aborda de forma didática, a qualidade de vida e a apresenta sob dois grandes aspectos: funcional e do bem-estar. No aspecto funcional são observadas as variáveis: Capacidades físicas - desempenho aeróbio, resistência, forca, equilíbrio, flexibilidade e tarefas básicas (andar, sentar, correr, carregar objetos),Capacidades cognitivas - memória, atenção, concentração, compreensão e resolução de problemas.Atividades de vida diária - independência, obrigações, relacionamentos, ações na comunidade, recreação, hobbies.Auto-avaliação do estado de saúde - percepção de sintomas como dor, fadiga, capacidade para o trabalho e atividades cotidianas, limitações de mobilidade e nível de independência.

                                          Figura 6

                                                                                               

                    

                                               Fonte: www.mgg.ciakhalida.com.br em 12 de Março de 2012

           Ainda em relação à qualidade de vida na figura 6 relacionamos ao lazer e bem estar, nos grupos da terceira idade.

            Portanto, fica claro que fatores socioeconômicos e demográficos relacionados à saúde, bem como os fatores ligados as atividades sociais e a avaliação subjetiva da saúde, são domínios comuns que influenciam tanto na percepção das capacidades funcionais quanto na qualidade de vida.

            Neri et al (2000), falam de como manter a integridade mental e física até os últimos anos de vida, para termos um envelhecimento bem sucedido, com menos problemas e ônus para a família e também para a sociedade; para isto são necessários uma dieta adequada, exercícios, um ambiente adequado e disposição para enfrentar problemas inerentes ao processo. Sendo assim uma boa qualidade de vida para o idoso, é que a família e a sociedade estejam cientes de seus direitos e deveres como cidadão idoso, no que tange atividades físicas regulares, saúde mental e participação social.

                                         Figura 7

   

 

 

 

        

 

                                        Fonte:-www.busquequalidadedevida.com.br em 26 de Março de 2012

            A figura 7 vem nos mostrar que as relações de amizade e coleguismo são fundamentais na qualidade de vida do idoso, tendo em vista, o espaço de troca de ideias e informações, a manutenção da produtividade e a  uma rotina saudável. Por vezes, é esta esfera que vai compensar perdas de entes queridos, saída dos filhos de casa, interrupção da atividade de trabalho, diminuição das capacidades físicas – potência e beleza – dentre outros.

             Neri (2001 p. 47:51) diz ainda que há três elementos centrais da definição da qualidade de vida na velhice:

O primeiro é que a qualidade de vida na velhice depende de muitos elementos em interação. O segundo é que a qualidade de vida na velhice é produto de uma história interacional, ou seja, vai se delineando à medida que indivíduos e sociedades se desenvolvem. O terceiro elemento a ser destacado é que a avaliação da qualidade de vida envolve comparação com critérios objetivos e subjetivos associados a normas e a valores sociais e individuais, igualmente sujeitos a alterações no decorrer do tempo..

             Com base na citação do autor podemos perceber  que qualidade de vida tem múltiplas dimensões, como por exemplo, a física, a psicológica e a social, cada uma comportando vários aspectos. Entre eles, a saúde percebida e a capacidade funcional são variáveis importantes que devem ser avaliadas, assim como o bem-estar subjetivo, indicadas por satisfação.

             Assim a qualidade de vida tem relação direta com a existência de condições ambientais que permitam aos idosos desempenhar comportamentos biológicos e psicológicos adaptativos.

 

Considerações Finais

 

            Este artigo cientifico teve como estudo analisar de forma crítica o bem estar na velhice, enfatizando a capacidade funcional e a qualidade de vida da pessoa idosa. Mediante o artigo, analisamos que os idosos necessitam sim de qualidade de vida física, mental e social, onde percebemos uma preocupação mais especifica com esta população que vem se tornando um ponto crucial no cuidar.

          A qualidade de vida na velhice decorre da relação entre as condições físicas, competências comportamentais do idoso e as condições ambientais, mantendo relação direta com o bem-estar percebido. Assim, o idoso que encontra um ambiente (recursos físicos e pessoais) responsivo e adequado ao seu desempenho funcional e competência comportamental sente-se adaptado e apresenta bem-estar subjetivo positivo.

          Apesar de já termos projetos que trabalhem com está demanda da população ainda existem idosos que não estão inseridos em projetos sociais direcionados a seus grupos e que são dependentes da família. Deste modo, é necessário adequação de políticas públicas que visem atender a esta classe populacional que nas últimas décadas só tende a aumentar. E com elas as doenças que acompanham esses idosos, as mesmas tende a gerar complicações de suas atividades da vida diária ( AVD).

           A capacidade física e mental está diretamente ligada à autonomia e a independência, a mesma relacionando-se a qualidade de vida e a capacidade funcional do idoso, onde estes se encontram em ambientes adaptados as suas necessidades, deficiências ou incapacidade, visando favorecer a manutenção de sua independência. Deste modo, o idoso senti-se feliz e realizado quando não tem intervenções de terceiros, dando-lhe muitas vezes sensação de bem estar, evitando constrangimento que podem gerar uma baixa expectativa na qualidade de vida do mesmo.

          A inserção da família é o pilar fundamental para um envelhecimento ativo e saudável, diante de uma sociedade capitalista e preconceituosa com aqueles que já têm mais de quarenta anos, onde sua experiência de vida e sabedoria não é respeitada. Assim, percebemos que a qualidade de vida está ligada nos estudos das ciências humanas e biológica, visando à valorização do controle de sintomas das doenças, a diminuição da mortalidade e principalmente da expectativa de vida que só tende aumentar com a população idosa.

           Portanto, é necessário revificar os idosos e reintegrá-los às relações sociais, diante de si e da sociedade. É através de estudos e pesquisas que vamos poder acompanhar essa classe populacional, procurando manter os idosos ativos é trazê-los para a convivência social, onde possam conversar trocar experiências, praticar atividades físicas e, acima de tudo, proporcionar-lhes a qualidade de vida, promovendo oportunidades de reconhecimento das potencialidades do corpo em idade avançada, de forma que ele possa transmitir suas experiências vividas- individuais ou coletivas- sua história de vida, a outros indivíduos mais jovens e aos seus pares; é um meio de garantir um envelhecimento saudável.

            Concluímos com base neste artigo que à medida que aumenta a idade cronológica diminui-se a capacidade de força, como relatado por estudos anteriores, observando uma diferença significativa entre força de membro superior e de membro inferior. Visto a importância da atividade física para a manutenção da qualidade de vida do idoso se faz necessário à conscientização do idoso quanto ao benefício da atividade e mais estudos que correlacionem o nível de atividade física do idoso e qualidade de vida.

 

Referências

 

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Cotton R. (1998) - Exercício para adultos mais velhos. ACE guia para profissionais de fitness. (ed.). Champaign, Motricidade Humana, 1998.

DIOGO, M. J.; NERI, A.; CACHIONI, M. Saúde e Qualidade de Vida na Velhice.2ªed.Campinas, SP: Alínea, 2006.

 FLECK, M.P.A. et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Rev. Bras. Psiquiatr. 1988. 21(1):19-28.

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 ROLIM, F. S. Atividade física e os domínios da qualidade de vida e do autoconceito no processo de envelhecimento. Campinas, SP. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, 2005.

 

Santos, S. R.; Costa Santos, I. B.; Fernandes, M. G. M. & Henriques, M.E.R. M. (2000). Qualidade de vida do idoso na comunidade: Aplicação da Escala de Flanagan. Revista Latino-americana de Enfermagem, 10 (6), 757-764.

 ZIMERMAN, G. I. Velhice - aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artes Médicas,2000.



*Graduada em Serviço Social. Telefone- 36293646. Email: [email protected] Artigo científico apresentado em Maio de 2012 à Pós- graduação da NILTON LINS, como um dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Gerontologia Social sob orientação da Profª. Drª. Clemência Maia Vital.