A CANDIDATURA DE UM BRASILEIRO À FAO (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA)

Roberto Ramalho é jornalista, pesquisador, blogueiro e estudioso em matéria de assuntos internacionais

O experiente José Graziano, candidato do Brasil a direção da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), atacou a Espanha por ter apresentado candidato próprio para ocupar a chefia do organismo e denuncia traição do país europeu.

Em entrevista ao jornal El País, José Graziano deixou claro que não gostou da atitude do governo espanhol que prometera apoio ao Brasil e, meses depois, apresentou o ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos como seu candidato.

As eleições estão marcadas para ocorrer em junho desse ano. No entanto, todos os cinco candidatos que concorrem ao posto apresentaram seus programas de governo aos países da entidade, sediada em Roma e o brasileiro foi o que mais impressionou e se destacou entre todos os concorrentes.

Além do candidato do Brasil, José Graziano e da Espanha Miguel Moratinos, há outros três candidatos - um iraquiano, um iraniano e um representante da Indonésia. Porém, eles não têm chance contra o brasileiro e o espanhol.

José Graziano é apresentado pelo jornal El País como franco favorito para se eleger o próximo diretor da FAO e o que teria mais chances de conseguir os votos necessários entre os 133 países pobres da FAO.
José Graziano é visto como o pai do Fome Zero e garantiu, na entrevista concedida ao jornal espanhol, que tem todo o apoio da América Latina, Caribe e países de língua portuguesa.

Segundo se informa nos meios diplomáticos, sua experiência o tornaria uma escolha óbvia para o cargo. Mas a entrada em jogo de Miguel Moratinos criou incertezas a candidatura e eleição de José Graziano. A Espanha era até 2009 a maior doadora de recursos para a FAO, com 45 milhões, e pretende agora cobrar de volta essa ajuda que deu por anos aos países mais pobres.

De acordo ainda com analistas internacionais e diplomatas, Miguel Moratinos ainda tem outra vantagem. Como chanceler, manteve contato com o alto escalão de toda a Europa, Oriente Médio, África e ainda pode promover um racha na América Latina.

José Graziano tem a seu favor o seu currículo. "Espero que o resto de países da África, Ásia, Europa e Oceania vote no candidato mais capaz e com experiência demonstrada ao mais alto nível", afirmou ele na entrevista.
Porém, a pouco mais de um mês das eleições para o cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, esteve em Roma, onde defendeu a candidatura do ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome José Graziano.

Em Roma, Patriota se reuniu com o atual diretor-geral do órgão, o francês Jacques Diouf, e outras autoridades. Graziano também estava presente.
As eleições ocorrem de 25 de junho a 02 de julho e serão feitas em várias etapas. Os 191 representantes estrangeiros no órgão têm direito a voto e o mandato tem duração de três anos, indo de 2012 até 2015.

Além de Graziano, estão na disputa pela direção-geral da FAO cinco candidatos: o ex-chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos, o seu maior concorrente ao cargo; o ministro da Agricultura da Áustria, Franz Fischle; o vice-ministro do Bem-Estar Social da Indonésia, Indroyono Soesilo; o ex-representante do Irã na FAO Mohammed Saeid Noori-Naeini; e o ex-ministro de Recursos Hídricos do Iraque, Abdul Latif Jamal Rashid.

José Graziano é agrônomo e professor universitário, e foi o encarregado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de implantar o Programa Fome Zero. O programa é considerado uma referência internacional de transferência de renda, segurança alimentar e redução da pobreza.

Ao se apresentar em março aos embaixadores estrangeiros que vivem no Brasil, Graziano defendeu que a FAO se reestruture internamente para conseguir tomar decisões mais rápidas e descentralizadas. Ele também disse que é preciso ter como meta a erradicação da fome até 2025.

A The Food and Agriculture Organization of the United Nations, isto é, a ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA (FAO), foi fundada em 1945 e tem como função primordial proporcionar e aumentar os níveis de nutrição e a qualidade de vida da população mundial, bem como melhorar a produtividade da agricultura e dar melhores condições de vida às populações rurais.

Contudo, a prioridade específica da organização é o incentivo e auxílio à agricultura de sub-existência e o desenvolvimento rural, bem como a estratégias a longo prazo de manutenção dos recursos naturais através de técnicas apropriadas e econômica e socialmente viáveis.

Esses objetivos são obtidos por meio do aconselhamento aos governos dos países filiados à ONU. Além do mais, a referida entidade dá assistência ao desenvolvimento, pesquisa e fornecimento de informações aos países.

A sede da FAO fica em Roma, ltália.